LIVE bate-papo – “Janeiro Branco” – com a a doutora em Psicologia Leila Medeiros.

A primeira LIVE de 2021 acontece amanhã, sexta-feira, 08  de janeiro, às 17h. O tema será “Janeiro Branco”.  

Convidamos para construir conosco esse momento, a psicóloga clinica com doutorado em Psicologia,  Leila Maria Vieira Medeiros.  Abordaremos, entre outros assuntos, origem e objetivos do “Janeiro Branco”, o aumento dos casos de suicídios e o que  devemos  fazer para manter a saúde mental.  

Live Bate-papo – “Janeiro Branco” – doutora Leila Medeiros.

Sexta-feira – 08 de janeiro – às 17h –

Transmissão pelo Blog do Pilako.

Câmara da Vitória: muito consenso e pouca transparência…..

Nosso lugar tem história. Já ostentamos as seguintes categorias: povoado, freguesia, vila até chegarmos à cidade, a partir de 1843. Mas podemos dizer – indubitavelmente – que a maior transformação, sob todos os pontos de vista, se deu justamente quando fomos elevados à categoria de “vila” – Vila de Santo Antão, a partir de 1812. Nesse contexto histórico, por assim dizer, ascendemos a “lugar autônomo”. Como símbolo maior dessa autônima materializou-se a figura da nossa Câmara de Vereadores.

Ainda no  Brasil Colônia ( até 1822), as  Câmaras faziam de “um tudo” – legislava, administrava, executava e julgava. Com a primeira Constituição Brasileira (1824), já no “Brasil Império”, os mandatos de vereadores foram fixados em 4 anos e o mais votado assumia a presidência, já que não existia a figura do “prefeito”. Em 1905, já no Brasil República,  criou-se a figura da “Intendência”. O tempo passou e com a feição de hoje, as Câmaras Municipais – ou Casas Legislativas – ressurgem depois de 1945. Apesar de todas as atribuições que lhe foram tiradas, o “Poder Legislativo” ainda é o mais poderoso da República Federativa do Brasil.

Pois bem, recentemente – dia 1º de janeiro – tivemos eleição para a  mesa diretora da nossa Câmara de Vereadores – Casa Diogo de Braga. Assumiu para o biênio 2021/22, o vereador André Saulo, também conhecido por André de Bau. Do conjunto dessa legislatura ele se configura num dos mais preparados – advogado, professor e político  com certa quilometragem.

Em particular, a  atividade política brasileira passa por um desgaste visível e até crescente. Para ficar só no campo do legislativo, o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores, convenhamos, com raríssimas exceções,  não vem produzindo bons fatos para reverter esse  quadro.  Nesses espaços,  é público e notório, há muito corporativismo, regalias, “arrumadinho” e porque não dizer corrupção.  Todo os dias divulga-se um escândalo novo.

Sendo as câmaras de vereadores a legitima e verdadeira “Casa do Povo”,  palco natural do livre exercício do contraditório e também  “DNA” do  regime  democrático de direito, com todo respeito aos nobres e amigos vereadores da Vitória de Santo Antão, na qualidade de população, não podemos ver com bons olhos os últimos processos internos, no sentido da escolha dos seus dirigentes. 

Não tem muita lógica, filosoficamente falando, não haver disputas pelo poder da casa. Na eleição imediatamente anterior a mais recente, todos votaram no vereador Romero Querálvares. Algo que foge um pouco a compreensão do processo eleitoral pelo qual os vereadores foram eleitos. Não podemos imaginar consenso sempre, sobretudo  num espaço que tem na sua gênesis  o confronto,  as divergências ideológicas,  o debate do contraditório e do livre pensar, até porque, a mesma (câmara) é  a “caixa de ressonância” oficial de todas as classe sociais, no pleno exercício da  sua eterna dialética, aliás, dialética é palavra que nos faz lembrar o sempre atual filósofo Karl Marx.

Para concluir essas despretensiosas linhas,  espero que os nobres vereadores antonenses estejam atentos às mensagens emitidas pelas urnas no último pleito (2020), em que  praticamente todos os vereadores que foram à reeleição tiveram seus votos reduzidos. Aos  novos que acabaram de entrar, fica o alerta:  a cobrança será ainda maior, isso porque, nas suas respectivas campanhas recentes, vocês produziram mensagens no sentido da mudança do comportamento arcaico e carcomido.

O eleitorado da Vitória amadureceu e com isso o acompanhamento  deverá  acontecer com mais ênfase. Não esqueçamos: estamos em processo de metamorfose, principalmente no contexto da chamada política representativa. Doravante, quem não estiver conseguindo enxergar isso, possivelmente terá vida curta nessa fascinante  e secular atividade.

Viva o Poder Legislativo da Vila de Santo Antão – o nosso primeiro poder…..

INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO: Mamulengo da Mata.

O Museu do Mamulengo de Glória do Goitá abriga uma das coleções de Mamulengo mais importantes do país. Não à toa, Glória do Goitá é reconhecida oficialmente com o Capital Estadual do Mamulengo. Todo esse acervo – de classificação livre – está acessível através de exposição permanente que funciona todos os dias da semana. Assim como prevê o projeto MAMULENGO DA MATA, teremos a visitação guiada em meio a oficinas e apresentações do grupo Teatro História do Mamulengo com o Mestre Bila.

Mestre Bila, batizado como José Edvan Ferreira de Lima, brinca de Mamulengo desde os nove anos de idade. Ele é discípulo de Mestre Zé Lopes e conhecedor profundo das artimanhas do Mamulengo! Fundou o seu brinquedo, o Teatro História do Mamulengo, no dia 16 de janeiro de 2009 e com seus bonecos viajou boa parte do país participando de grandes eventos como: SESI Bonecos do Mundo, Fenearte (premiado no Salão de Arte Popular Ana Holanda em 2016) e Festival de Inverno de Garanhuns.

O Projeto MAMULENGO DA MATA vai acontecer no Museu do Mamulengo de Glória do Goitá, lugar de salvaguarda dessa brincadeira secular, e conta com o apoio da Associação Cultural dos Mamulengueiros e Artesãos de Glória do Goitá que, Mestre Bila, inclusive, foi membro fundador e atua fortemente na Zona da Mata pernambucana. Viva a nossa Cultura Popular!

PROGRAMAÇÃO:

EXPOSIÇÃO DE BONECOS:

De 15 de janeiro à 15 de março, todos os dias da semana, das 09h às 17h (domingos apenas das 14h às 17h).

ESPETÁCULOS DO GRUPO TEATRO HISTÓRIA DO MAMULENGO:

21/01/21 – (presencial).

28/01/21 – (online).

04/02/21 – (presencial).

11/02/21 – (online).

18/02/21 – (presencial).

25/02/21 – (online).

04/03/21 – (presencial).

11/03/21 – (online).

OFICINA DE MAMULENGO (mediante inscrições):

23/01/21 – (presencial).

13/02/21 – (online).

27/02/21 – (presencial).

06/03/21 – (online).

ENCONTROS POPULARES

21/02/21 – (presencial – Mestre Bila e Mestre Bel: Cantigas tradicionais do Mamulengo).

07/03/21 – (online – Mestre Bila e Mestra Titinha: Personagens femininos no Mamulengo).

OBS.: Atividade presencial será no Museu do Mamulengo, rua Cleto Campelo, Antigo Mercado de Farinha, centro da cidade de Glória do Goitá. A atividade online será na página oficial do Museu do Mamulengo: https://www.facebook.com/MuseuDosMamulengos.

 FICHA TÉCNICA:

Edjane Lima (Mestra Titinha) – Coordenadora Geral.

Pablo Dantas – Produtor Executivo e Administrador.

Java Araújo – Designer.

Janaina Maria – Intérprete de Libras.

TEATRO HISTÓRIA DO MAMULENGO

 José Edvan (Mestre Bila).

Tamires Nascimento (Contra Mestra).

Tonho dos Oito Baixos (Sanfoneiro).

Gilberto Lopes (Mestre Bel – Zabumbeiro).

Jacilene Félix (Mateus e Trianguleira).

OFICINA

 José Edvan (Mestre Bila).

Genilda Félix.

Stéfani Leite.

CONTATO:

Edjane Lima (Mestra Titinha) – 081 9 9993-0139.

Pablo Dantas – 081 8803-4169.

E-mail: culturadosmamulengos@hotmail.com

Instagram: @museudomamulengo

Assessoria. 

 

PENSANDO NA VIDA – por Sosígenes Bittencourt.

Organize-se, não Agonize!
Remédio para ansiedade é atitude.
Remédio para timidez é caridade.
Depressão passa. Saia pra vida.
Olhe com bons olhos para iluminar o seu corpo.
Aprenda com o sofrimento o que é felicidade.
Estude. Tudo sem estudo é nada.
Acreditar em Deus e na Salvação da Alma não faz mal a ninguém.

Sosígenes Bittencourt

 

Prefeito Paulo Roberto: “demonstra o teu valor” – “Vitoria merece Respeito”.

Com trajetória pessoal marcada por barreiras sociais, nas primeiras décadas da vida, o hoje bem sucedido empresário do ramo da educação, Paulo Roberto Leite de Arruda, assumiu, pelos próximos 4 anos, o destino administrativo da terra desbravada por Diogo de Braga, em 1626. Sob o ponto de vista político/eleitoral, como já sublinhamos aqui, a sua chapa, formada pelo também empresário do ramo da educação, Edmo Neves, obteve uma vitória maiúscula.

Ao assinar o livro de posse na última sexta (01), o agora prefeito da Vitória de Santo Antão,  Paulo Roberto,  tem nas mãos uma procuração popular para colocar em prática suas ideias e desejos. Nas oportunidades em que esteve no poder, na qualidade de vice-prefeito (1997/2000) e de secretário de três importantes pastas  2009/2016), segundo ele,  faltou-lhe a “caneta” para decidir e fazer acontecer.

É compromisso público dos novos administradores realizar uma gestão transformadora  e transparente em todas áreas. Para encurtar o caminho com a população, no sentido dos serviços públicos ofertados pela municipalidade, Paulo prometeu o “app Minha Vitória” – uma espécie de prefeitura na palma da mão. Na infraestrutura, por exemplo, obras consistentes  em saneamento, requalificação nos mercados públicos, um novo cemitério e etc. Na área cultural,  o  prometido foi levantar o astral dos artistas com  políticas públicas nunca antes praticadas e efetivadas. Tudo isso e muito mais segue na ordem do dia, no sentido da expectativa da população de boa fé.

Com um secretariado híbrido, por assim dizer, formado com critérios técnicos e políticos, com gestores jovens e maduros, experientes e novatos no ramo da administração pública, com perfis diferentes  e etc é  possível dizer que o conjunto tem condições de avançar, na direção das transformações que nossa polis tanto almeja, sobretudo no quesito da “quebra de mentalidade atrasada e centralizadora,  reinante nas administrações públicas locais”. Aliás, é bom que se diga: não adianta ter  no time um quadro do nível de Lionel  Messi  e  não deixa-lo jogar ou mesmo  colocá-lo no banco de reservas.

É bom que se diga também que os novos gestores  já perderam  uma boa oportunidade de mostrar que querem  fazer diferente.  Apesar da boa iniciativa, em convocar  a  imprensa  e transmitir pela internet o anuncio  do relatório final da transição, apesar de não ser especialista nessa área (gestão pública),  podemos dizer que o trabalho foi mal conduzido,  ao não expor, de maneira clara uma espécie de “inventario” da estrutura municipal,  focado nos temas que estão intimamente ligados à sucessão  (estrutura física dos imóveis, contas a pagar, contratos em andamento, folha de pagamentos e etc).

Perdoe-me, mas não vejo como produtivo realçar  relatórios  com  números e fornecedores da administração anterior,  relativos aos  primeiros anos ficais de gestão. Penso eu,  em nada contribui para o entendimento global do que concerne uma transição focada na boa governança. Informações fiscais, pagamentos, fornecedores de anos que não seja o da transição é algo que interessa diretamente aos órgãos de controle  (TCE) e Câmara de Vereadores. Até porque, em ato de diplomação, o prefeito Paulo Roberto disse que não iria governar “olhando pelo retrovisor”.

Sob o ponto de vista político o novo prefeito Paulo Roberto, doravante, terá a oportunidade de ampliar o seu nome para todo estado de Pernambuco. Vitória não é uma “cidadezinha qualquer”. No conjunto político em que o mesmo está inserido, de “índio”,  passou ao patamar de cacique, algo que possivelmente lhe renderá constantes “abalroamentos” no campo da “ciumeira”. Os seus gestos – e não palavras -, daqui para frente, indicará a calibragem dessa difícil equação, até porque, ao seu lado, tem alguns atores já sonhando –   de olhos abertos –  com a sua cadeira.

No mais,  é torcer! Torcer e pedir iluminação divina para que  Paulo compreenda bem a liturgia do cargo que agora ocupa e que não caia na tentação de governar com a intenção de “dividir” a cidade – os meus e os que são contra mim. É possível dizer que o eleitorado da nossa “aldeia” amadureceu, entre outras coisas,  em função da democratização dos meios de comunicação, antes, algo exclusivo aos mesmos. Para concluir, mais uma vez, desejo a Paulo e Edmo sucesso nessa nova empreitada cívica/política/administrativa/histórica…..

Bando de Loucos: histórias de superação em ano de pandemia….

O calendário mudou. Se para os brasileiros o ano só começava de fato a partir da primeira segunda-feira  após a quarta-feira de cinzas, em 2021 só irá começar realmente quando estivermos vacinados contra a COVID-19, até porque,  no ano em curso,  nem  o tradicionalismo reinado de momo se enxerga no horizonte, antes, previsto para acontecer na quinzena de fevereiro.

A data da virada do ano é sempre algo muito simbólico. Com ela, um “mundo”  de novas possibilidades descortinam-se. Fecham-se  ciclos quase na  mesma proporção que outros  abrem. Nessa esteira em movimento uniforme constante – que se chama  tempo – precisamos manter o equilíbrio, algo sempre desejável, mas nem sempre possível.

Pois bem, na virada de 2019/2020 estava decidido a treinar e me preparar para  correr uma meia maratona (21 km) no novo ano (2020). Até me inscrevi numa  – Meia Maratona dos Fortes -, que estava prevista para acontecer nos primeiros dias de maio, próximo passado. Com a pandemia, a partir de março, todos os eventos nesse conjunto foram canceladas ou adiados, sem previsão de datas.

E agora?

O mundo foi obrigado a desacelerar e, em ato contínuo, as atividades físicas pessoais e coletivas  tiveram que ser reinventadas. De olho na balança, a dieta teve que ser mais rigorosa para não “jogar fora” as conquistas, algo que se perde com tanta facilidade. Soberano a tudo isso, mais que nunca,  fez-se necessário  governar as emoções, incertezas e, sobretudo o medo do futuro, algo intrinsecamente ligado a nossa saúde mental.

Refeita a rota, antes planejada, apesar de tudo, consegui fazer os meus primeiros 21km ainda em agosto (2020). Outros 23km em setembro e mais outros  21km em outubro.

Resumo da ópera: no primeiro domingo de 2021, saindo da Vitória ainda com o céu escuro, juntamente com um “bando de loucos”, fiz a minha primeira Meia Maratona oficial, antes prevista para maio de 2020. Várias  vitorias numa. Agora, é manter o foco e seguir perseguindo o  rumo dos 42,195 km para entrar no seleto grupo dos “MARATONISTAS”.

GRUPO VAPOR DA VITÓRIA – ESCOLA DE MARATONISTAS…..

Posse Paulo Roberto: tristeza X alegria – por Pedro Ferrer.

Não fui à posse do prefeito recém eleito, todavia ouvi pela Tabocas FM e li no Blog do Lissandro. Faltar à festa do Paulo deixou-me triste. Fui às últimas posses e não queria faltar a esta. A posse de um mandatário é fato histórico relevante. Nosso Instituto Histórico, relicário da História municipal, não podia estar ausente. Fez se presente na pessoa do artista plástico Fernando do Nascimento, diretor de Patrimônio. Razões de saúde forçaram-me ficar em casa. Sou do grupo de risco; evito aglomerações.

Deixando a tristeza e a choradeira do lado. Ouvindo os discursos, especialmente o do Paulo, entrei em êxtase. Vibrei com as propostas e os compromissos assumidos no momento da posse. O novo prefeito promete um olhar diferenciado para os pilares que fazem brotar o espírito nativista, patriótico enfim de amor à terra natal: história, cultura e tradição. Pulsei e vibrei de alegria com as palavras do novo prefeito. Resta-me torcer pela concretização. Paulo, todos sabem, é um empresário da educação, assim sendo tem um foco diferenciado para a formação das nossas crianças e dos nossos adolescentes.

Sentimos um vácuo histórico na formação dos nossos alunos. Exemplifico: aproximadamente 3 mil alunos visitam anualmente nosso Instituto. Procuro casualmente interrogá-los sobre os fatos mais importantes da nossa história e seus protagonistas. Exemplo: ao aluno do 3 de Agosto, pergunto por que o Educandário carrega aquela denominação?  Ao do Pedro Ribeiro; quem foi esse senhor? Assim o faço com os alunos do Dias Cardoso, Mariana Amália, Duque de Caxias, Severino Ferrer, Guiomar Krause etc, etc, etc. Raramente um acerto. Às vezes sou mais ousado e inconveniente e pergunto aos professores. Poucos acertam.  São fatos que denotam nossas deficiências. A História local é um tópico abordado superficialmente nas escolas. Como incutir, Paulo, o sentimento nativista tão apregoado por V.Sa.? Só se ama aquilo que se conhece, concorda Prefeito?

O Instituto tem propostas para este e outros temas importantes da formação cívica dos futuros cidadãos. Nossas portas estão abertas. Muitas escolas, inclusive particulares, não encaminham seus alunos para visitas ao Instituto Histórico. Instituto rico, cantado e admirado pelos coirmãos estaduais que invejam nosso rico e organizado acervo.

Vale salientar que dr. Paulo visita nossa CASA regularmente, trazendo a tira colo empresários, professores, técnicos do Ministério da Educação, esportistas, futebolistas, juízes, radialistas, engenheiros, jornalistas …….. Extravasa nele orgulho quando ele mostra nosso Instituto aos visitantes. Na saída ele sempre me dizia (diz): professor quando eu for prefeito vou ajudar esta CASA. A hora é chegada. A alegria é chegada. Paulo Roberto não poderá esquecer a CASA DO IMPERADOR, CASA DE TODOS OS ANTONENSES.

Enfim, nossos parabéns a dr. Paulo Roberto Leite de Arruda pela vitória e pela posse. Peçamos a Deus bênçãos e luzes para  o novo mandatário.

Pedro Ferrer – presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória. 

Hélio Andrade: uma triste notícia….

Para os familiares, amigos e admiradores do Doutor Hélio Andrade 2021 começou ecoando a notícia que todos não queriam ouvir. Infectado pela covid-19, ele  não resistiu e faleceu no dia de ontem (03), por volta das 10h. O seu calvário, acompanhado em tempo real, através das orações realizadas por seu filho   Luiz, na internet, foi, num só tempo,    um alento e a face mais dolorosa dessa praga mundial da qual, de uma maneira ou de outra,  todos nós estamos  expostos.

Sua passagem na terra ficará marcada na memória dos antonenses. No seu ofício – médico pediatra – foi um instrumento de luta pela vida, um verdadeiro  sinônimo de esperança. Abaixo, portanto, reproduzo descontraída entrevista com ele,  por ocasião de um evento festivo, ocorrido em setembro de 2013.

EM 2020, ESCAPAMOS……….

No ano (2020) que acaba de fazer parte do tempo pretérito todos nós, em  algum grau de medida, pensamos nesse tal  COVID-19. Com efeito, os que escaparam se fortaleceram, no sentido dos ensinamentos. É bem verdade, na outra ponta,  que sequelas persistirão. Viver não é uma tarefa das mais fáceis. O Novo Ano que se descortina, imagino, ser o espaço temporal em que praticamente o desejo coletivo pode ser definido numa simples frase: “voltar aos tempos normais…” Não existe mágica. o Ano é Novo, mas o desafio é constante. #todospelavacina

Papai Noel do Comercio: em nossa cidade é tradição de pai pra filho…..

No mundo real de 2020, recorte temporal  marcado pela excepcionalidade da pandemia do novo corona vírus, até o tradicional Papai Noel também sofreu –  figura lúdica que encanta as crianças e provoca sorriso no “comércio”.

Apenas a título de informação, a ABRASCE – Associação Brasileira de Shoppings Centers, calcula que o comercio tradicional, em relação ao mesmo período de 2019,   terá queda de 12% nas vendas (2020). Na nossa “aldeia” – Vitória de Santo Antão – possivelmente os número natalinos desse ano (comerciais)  também não serão  os melhores.

Vinculados ao mundo publicitário na nossa cidade, pai e filho,  Edjan e Miccael, respectivamente, ao longo das duas últimas décadas, apesar de todas as dificuldades inerentes ao chamado empreendedorismo criativo , mesmo em ano pandêmico, não deixaram a peteca cair. Refiro-me ao projeto “Papai Noel do Comercio” – completou 20 anos. 

Por iniciativa própria, Edjan, que tem no sangue a verve musical, inaugurou o projeto,  por assim dizer,  visando o Natal do ano de 2000. Nessa ocasião o amigo Moura Leite encarnou a figura do bom velhinho.  Em 2012, assumiu o projeto o filho de Edjan – Miccael Santiago.

Em 2020 – com pandemia e tudo – os antigos e novos parceiros “chegaram juntos” e o “Papai Noel do Comercio Vitoriense”  desfilou novamente   pelas mais diversas localidades  da nossa cidade – O bom velhinho, agora, foi interpretado pelo artista vitoriense Severino Firmino.

Numa cidade como a nossa,  em que a descontinuidade é quase uma regra, sobretudo no mundo “mágico dos políticos”, não podemos deixar de parabenizar essa  dupla – pai e filho –,  pelo bom exemplo de empreendedorismo e perseverança. Segue também, em ato continuo,  um voto de aplauso na direção dos comerciantes que investiram e investem num projeto criativo como esse, até porque, ao final, os frutos são colhidos por todos…..Viva o Papai Noel do Comercio da Vitória de Santo Antão!!

LIVE 65 – ao vivo – “Memórias Antonenses” – com o vitoriense Adelson Cardoso.

Recebemos para uma LIVE, na tarde de hoje (29) –  a última de 2020 – para falar das suas “Memórias Antonenses”, o amigo vitoriense, radicado em Brasília há mais de 60 anos, Adelson Cardoso. 

Com livro biográfico “no forno”, narrando, entre outras coisas, seu nascimento e as delícias e dificuldades familiares vivenciadas no nosso torrão (Vitória), o amigo Adelson Cardoso é aquilo que podemos chamar de vencedor. Aos 12 de idade seguiu  para se juntar ao irmão, no canteiro de obras da Capital Federal. Lá, trabalhou, estudou, construiu família e trilou  uma história de sucesso. Em breve, o Adelson estrá lançando seu livro no nosso Instituto Histórico.

ASSISTA A LIVE COMPLETA AQUI.

Voando ao Pátio da Matriz……

Tendo como fio condutor o Instagram, hoje, recebi a curiosa informação de que apenas 66 anos separam a romântica aeronave do brasileiro Alberto Santos Dumont do primeiro foguete que pousou em “solo” lunar.  Sou ignorante no espaço dedicado ao mundo das aeronaves,  mas confesso que achei um tempo curto para tanta evolução.

Por falar em evolução, algo tão debatido e experimentado por todos nós, em praticamente todos os campos da vida contemporânea, sobretudo nos costumes sociais,  com efeito, danei-me a pensar em algo que não vivi, exatamente há 66 anos atrás tal qual o recorte temporal entre o 14Bis e o foguete lunar.

Apenas para exercitar a mente, tanto no espectro imaginativo quanto no espaço dedicado às lembranças, já que estamos em clima de festas de final de ano, que tal voltarmos aos anos 1950/60 (66 anos) ao Pátio da Matriz?

Por lá – ano de 1954 – o cenário era de sonho. Parque de diversão para as crianças e adolescentes. Aos jovens, na idade da paquera, o serviço de som, para enviar “mensagem de áudio”,  configurava-se na  oportunidade que faltava para o namoro acontecer. Aos “matutos” do sítio, além da “Missa do Galo”, as barracas com ovos cozidos e vinho DM “eram tudo de bom”. Já para os “bacanas” da cidade, abrir as portas das suas respectivas  casas e colocar as cadeiras nas calçadas, para receber os parentes e amigos,  se justificava no auge da  celebração da vida,  profícua e abençoada.

O tempo passou. A metamorfose aos costumes operou de maneira continua e célere.  Se antes a energia elétrica nas residências era coisa para poucos, ostentar,  então, um aparelho de televisão na sala da casa seria o mesmo que, hoje, o correspondente a uma self na Avenida Champs-Élysées,  na noite da virada.

O problema é que na virada  do 2020 para o 2021, em Vitória, Recife, São Paulo, Londres, Paris ou em qualquer outro lugar do mundo, todos estão esperando  pelo mesmo “milagre”: uma vacina contra o COVID-19. Quem sabe se pegarmos uma dessas aeronaves  bem moderna e tecnologicamente incrível não dê tempo de visitar o final de ano de antigamente e voltarmos, rapidinho,  à realidade, antes do dia primeiro? Aliás, vale a pergunta: como serão as festas de fim de ano, em Vitória, em 2086?

PAIXÃO – por professor Pedro Ferrer.

Esclarecendo algumas passagens do artigo publicado no dia 24 no Blog do Pilako. Não conheço os escritos do teólogo Alberto Maggi.  

O cabeçalho do artigo reza: “Jesus não morreu pelos “nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema. Os Evangelhos são claríssimos: Jesus morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos pobres”.

Mais adiante o teólogo escreve:   “basta ler os Evangelhos para ver que as coisas são diferentes. Jesus foi assassinado pelos interesses da casta sacerdotal no poder, aterrorizada pelo medo de perder o domínio sobre o povo e, sobretudo, de ver desaparecer a riqueza acumulada às custas da fé das pessoas”.

No meu entender a falha está no cabeçalho que serviu como manchete chamariz, para chamar atenção do leitor ou curioso que anda em busca de negar a fé cristã. Leiam o que ele afirma adiante:

“A morte de Jesus não se deve apenas a um problema teológico, mas econômico. O Cristo não era um perigo para a teologia (no judaísmo havia muitas correntes espirituais que competiam entre si, mas que eram toleradas pelas autoridades), mas para a economia. O crime pelo qual Jesus foi eliminado foi ter apresentado um Deus completamente diferente daquele imposto pelos líderes religiosos, um Pai que nunca pede a seus filhos, mas que sempre dá.

Já mudou o tom NÃO SE DEVE APENAS. Portanto Jesus morreu TAMBÉM pelos nossos pecados. Os sacerdotes e doutores da Lei não sabiam, não entendiam, a missão de Jesus. Tão pouco o aceitavam. Encarando por este lado Jesus foi morto por ser um opositor.

A explanação do teólogo não é nenhuma novidade. As igrejas cristãs sempre analisaram a morte de Jesus por estes prismas: razão econômica e teológica. As  Igrejas cristãs  sempre afirmaram que foram duas as razões que levaram Jesus Cristo à morte: o jogo de interesse dos poderosos de então e a missão salvacionista do  Mestre. São dois lados de uma mesma moeda: CRISTO. Jesus veio nos salvar . Sua doutrina e atitudes iam de encontro com os interesses dos poderosos. Só restava a eles: matá-lo. O artigo cita uma declaração de Caifás (Jo.11, 48). Leiam no mesmo João, um pouco antes, Jo. 11, 47 os pontífices tinham medo da influência de Jesus. No mesmo capítulo de João 11 lemos: ele, (Caifas) “profetizava que Jesus havia de morrer pela nação, e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos. E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida”. Convido aos interessados lerem em Mateus: 26, 39: assim rezou: “Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” Jesus tremeu diante da morte  é tentado a fugir da sua missão, mas ora ….. Adiante ainda em Mateus (26, 63 a 65): Caifás indaga a Jesus, se Ele é o Cristo, o Filho de Deus. Jesus responde-lhe que sim. Caifás grita: Ele blasfema e usa isto como pretexto para condená-lo. Sei que por trás da sentença de morte proferida por Caifás estavam os interesses econômicos. Mas ao Cristão o que importa é que a principal missão do Cristo era nos salvar. Jesus diante de Pilatos volta a confirmar sua origem: Cristo filho de Deus. Em Marcos encontramos as mesmas passagens.

Para não ficar tão repetitivo e prolixo, ofereço aos mais interessados uma passagem do Evangelho de São João quando Jesus responde a Pilatos: “O meu Reino não é deste mundo. Se meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu  não fosse entregue  aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo”

Faço lembrar que no momento em que Judas dá o beijo e entrega Jesus aos judeus, um dos apóstolos desembainhou a espada. Jesus o repreendeu e ordenou lhe que a guardasse.

Ofereço ainda dois trechos que tratam da missão e da morte de Jesus Cristo. .

1- Jesus é condenado, fundamentalmente, porque atingiu o centro da vida do Templo. A aristocracia do Templo exerce uma liderança sobressalente na condenação de Jesus. O sumo sacerdote que se destaca é Caifás. Os sumos sacerdotes mantinham-se no poder à medida que faziam a vontade de Roma e buscavam manter a ordem. Jesus, com seu gesto no Templo, tumultua a ordem estabelecida. Ele se torna um perigo. “Sua atuação contra o templo é uma ameaça à ordem pública suficientemente preocupante para entregá-lo ao prefeito romano”. Jesus atreveu-se a desafiar publicamente o sistema do Templo. A ordem pública está em perigo. Não há perigo ao poder do império romano, pois o Reino anunciado por Jesus não é de violência e não dispõe de legião alguma. E, por sua vez, a essência do Reino de Deus é o testemunho da verdade e não o poder. A verdade do Reino de Deus desmascara a promiscuidade entre poder e mentira, a busca de poder e prestígio em nome de Deus que havia na época. O Reino de Deus, pelo contrário, alicerça-se na verdade. Com Jesus, aparece a verdade como essência do Reino de Deus. “O mundo é ‘verdadeiro’ na medida em que reflete Deus, o sentido da criação, a Razão eterna donde brotou. E torna-se tanto mais verdadeiro quanto mais se aproxima de Deus. O homem torna-se verdadeiro, torna-se ele mesmo quando se conforma a Deus” (RATZINGER, 2011, p. 176). Para Jesus, “dar testemunho da verdade” significa realçar a vontade de Deus diante dos interesses do mundo e das potências do mundo:

2 – A razão de fundo é clara. O reino de Deus defendido por Jesus põe em questão ao mesmo tempo toda aquela armação de Roma e do sistema do templo. As autoridades judaicas, fiéis ao Deus do templo, veem-se obrigadas a reagir: Jesus estorva. Invoca Deus para defender a vida dos últimos. Caifás e os seus servos o invocam para defender os interesses do templo. Condenam Jesus em nome de seu Deus, mas, ao fazê-lo, estão condenando o Deus do reino, o único Deus vivo em quem Jesus crê. O mesmo acontece com o Império de Roma. Jesus não vê naquele sistema defendido por Pilatos um mundo organizado segundo o coração de Deus. Ele defende os mais esquecidos do Império; Pilatos protege os interesses de Roma. O DEUS DE JESUS PENSA NOS ÚLTIMOS; OS DEUSES DO IMPÉRIO PROTEGEM A PAX ROMANA. NÃO SE PODE, AO MESMO TEMPO, SER AMIGO DE JESUS E DE CÉSAR; NÃO SE PODE SERVIR A DEUS DO REINO E AOS DEUSES ESTATAIS DE ROMA. AS AUTORIDADES JUDAICAS E O PREFEITO ROMANO MOVIMENTARAM-SE PARA ASSEGURAR A ORDEM E A SEGURANÇA. NO ENTANTO, NÃO É SÓ UMA QUESTÃO DE POLÍTICA PRAGMÁTICA. NO FUNDO, JESUS É CRUCIFICADO PORQUE SUA ATUAÇÃO E SUA MENSAGEM SACODEM PELA RAIZ ESSE SISTEMA ORGANIZADO A SERVIÇO DOS PODEROSOS DO IMPÉRIO ROMANO E DA RELIGIÃO DO TEMPLO. É Pilatos quem pronuncia a sentença: “Irás para a cruz”. Mas essa pena de morte está assinada por todos aqueles que, por razões diversas, resistiram ao seu chamado de “entrar no reino de Deus”

LIVE bate-papo – “Memórias Antonenses” – com o amigo Adelson Cardoso.

No conjunto das  “LIVEs”, amanhã, terça-feira, 29  de dezembro, às 17h, estaremos produzindo mais um conteúdo de “Memórias Antonenses”. 

Convidamos para construir conosco esse momento, o amigo, radicado em  Brasília,  há mais de 50 anos, Adelson Cardoso . Entre outros assuntos, abordaremos o conteúdo do seu livro de memórias e sua vida em Vitória de Santo Antão.  

Live Bate-papo – Adelson Cardoso.

Terça-feira – 29  de dezembro – às 17h –

Transmissão pelo Blog do Pilako.

De Natalício para Cristiano – fui “salvo” pelo meu avô ainda na maternidade!!!

Já começo essas linhas pedindo desculpa aos sujeitos que receberam dos seus pais o simpático  nome de “Natalício” – para não dizer estrambótico……Aliás, não existe nada de estranho em nome próprio. Na verdade, o que existe é  falta de costume. Depois que a pessoa acostuma, pronto! Acabou a estranheza de qualquer nome próprio,  de lugares, objetos e etc.

Esse negócio de nome é uma coisa danada. Nos mais de 75 apelidos por mim catalogados em nossa cidade – que deram origem a 3 livros – escutei cada história que nem parece  ser real. Pessoas, por exemplo,  que só tomaram conhecimento  do seu próprio nome na juventude e outras só depois de adultas e que  ainda ficam “desconfiadas” quando alguém lhe chama pelo nome de batismo.

Mas estranho mesmo é saber que mesmo depois de dobrar a esquina do meio século de vida  você por pouco não  foi registrado com outro nome. Para complicar ainda mais essa história real o dito cujo –  ainda na tenra idade – recebeu um apelido (PILAKO),   deslocando, por assim dizer, o nome de batismo (CRISTIANO) para um “segundo plano”.

 A história é a seguinte:

Quando fui dado à luz meus pais  – “Seu” Zito Mariano e ‘Dona” Anita Garibaldi – já haviam sacado  todos os nomes do estoque – fui a “ponta de rama” de uma  prole de 11 filhos – 6 homens e 5 mulheres.

Por haver nascido justamente num dia como hoje,  26 de dezembro, acabei, mesmo sem a menor pretensão, oportunizando um natal inesquecível para minha mãe (imagino), motivo pelo qual fui logo sendo “batizado” ali mesmo na maternidade. “ vai se chamar Natalícioem  homenagem ao Natal

Por obra e graça do divino espírito santo, eis que meu avô materno, Célio Meira (homem culto e educado), resolveu dá uma passadinha na maternidade para conhecer o mais novo neto – aquele que seria também o último. Ao saber da “graça” da criança, sapecou uma sugestão que me “salvou do Natalício”.

Disse ele: “ minha filha, peço desculpa a você e a Zito. Mas gostaria  de fazer uma sugestão para  o nome da criança. Já que vocês querem homenagear o Natal,   porque não homenageiam o verdadeiro homenageado do Natal,  que é Jesus Cristo! Porquê, então, não se  colocar  o nome de CRISTIANO?”

Resumo da ópera: que me perdoem os “Natalícios”…..Viva o escritor Célio Meira – meu avô – que me salvou desse “imprensado”……Hoje,  chego à casa dos 53 anos de vida. Não sou nem de longe parecido com Cristo, mas Viva o Natal, Jesus Cristo e todos os “Cristianos” que receberem esse nome para homenageá-lo…..

Jesus não morreu por “nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema, a cobiça e o interesse…

POR ALBERTO MAGGI, biblista italiano, frade da Ordem dos Servos de Maria, autor de diversos livros 

Tradução de Francisco Cornélio

Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados. Essa é a resposta que normalmente se dá para aqueles que perguntam por que o Filho de Deus terminou seus dias na forma mais infame para um judeu, o patíbulo da cruz, a morte dos amaldiçoados por Deus (Gl 3,13).

Jesus morreu pelos nossos pecados. Não só pelos nossos, mas também por aqueles homens e mulheres que viveram antes dele e, portanto, não o conheceram e, enfim, por toda a humanidade vindoura. Sendo assim, é inevitável que olhando para o crucifixo, com aquele corpo que foi torturado, ferido, riscado de correntes e coágulos de sangue expostos, aqueles pregos que perfuram a carne, aqueles espinhos presos na cabeça de Jesus, qualquer um se sinta culpado… o Filho de Deus acabou no patíbulo pelos nossos pecados!

Corre-se o risco de sentimentos de culpa infiltrarem-se como um tóxico nas profundezas da psiquê humana, tornando-se irreversíveis, a ponto de condicionar permanentemente a existência do indivíduo, como bem sabem psicólogos e psiquiatras, que não param de atender pessoas religiosas devastadas por medos e distúrbios.

No entanto, basta ler os Evangelhos para ver que as coisas são diferentes. Jesus foi assassinado pelos interesses da casta sacerdotal no poder, aterrorizada pelo medo de perder o domínio sobre o povo e, sobretudo, de ver desaparecer a riqueza acumulada às custas da fé das pessoas.

A morte de Jesus não se deve apenas a um problema teológico, mas econômico. O Cristo não era um perigo para a teologia (no judaísmo havia muitas correntes espirituais que competiam entre si, mas que eram toleradas pelas autoridades), mas para a economia.

O crime pelo qual Jesus foi eliminado foi ter apresentado um Deus completamente diferente daquele imposto pelos líderes religiosos, um Pai que nunca pede a seus filhos, mas que sempre dá.

A próspera economia do templo de Jerusalém, que o tornava o banco mais forte em todo o Oriente Médio, era sustentada pelos impostos, ofertas e, acima de tudo, pelos rituais para obter, mediante pagamento, o perdão de Deus.

Era todo um comércio de animais, de peles, de ofertas em dinheiro, frutos, grãos, tudo para a “honra de Deus” e os bolsos dos sacerdotes, nunca saturados: “cães vorazes: desconhecem a saciedade; são pastores sem entendimento; todos seguem seu próprio caminho, cada um procura vantagem própria”  (Is 56, 11).

Quando os escribas, a mais alta autoridade teológica no país, considerando o ensinamento infalível da Lei, vêem Jesus perdoar os pecados a um paralítico, imediatamente sentenciam: “Este homem está blasfemando!” (Mt 9,3). E os blasfemos devem ser mortos imediatamente (Lv 24,11-14). A indignação dos escribas pode parecer uma defesa da ortodoxia, mas na verdade, visa salvaguardar a economia.

Para receber o perdão dos pecados, de fato, o pecador tinha que ir ao templo e oferecer aquilo que o tarifário das culpas prescrevia, de acordo com a categoria do pecado, listando detalhadamente quantas cabras, galinhas, pombos ou outras coisas se deveria oferecer em reparação pela ofensa ao Senhor. E Jesus, pelo contrário, perdoa gratuitamente, sem convidar o perdoado a subir ao templo para levar a sua oferta.

“Perdoai e sereis perdoados” (Lc 6,37) é, de fato, o chocante anúncio de Jesus: apenas duas palavras que, no entanto, ameaçaram desestabilizar toda a economia de Jerusalém. Para obter o perdão de Deus, não havia mais necessidade de ir ao templo levando ofertas, nem de submeter-se a ritos de purificação, nada disso. Não, bastava perdoar para ser imediatamente perdoado…

O alarme cresceu, os sumos sacerdotes e escribas, os fariseus e saduceus ficaram todos inquietos, sentiram o chão afundar sob seus pés, até que, em uma reunião dramática do Sinédrio, o mais alto órgão jurídico do país, o sumo sacerdote Caifás tomou a decisão.

“Jesus deve ser morto”, e não apenas ele, mas também todos os discípulos porque não era perigoso apenas o Nazareno, mas a sua doutrina, e enquanto houvesse apenas um seguidor capaz de propagá-la, as autoridades não dormiriram tranquilas (“Se deixarmos ele continuar, todos acreditarão nele … “, Jo 11,48).

Para convencer o Sinédrio da urgência de eliminar Jesus, Caifás não se referiu a temas teológicos, espirituais; não, o sumo sacerdote conhecia bem os seus, então brutalmente pôs em jogo o que mais estava em seu coração, o interesse: “Não compreendeis que é de vosso interesse que um só homem morra pelo povo e não pereça a nação toda?” (Jo 11,50).

Jesus não morreu pelos nossos pecados, e muito menos por ser essa a vontade de Deus, mas pela ganância da instituição religiosa, capaz de eliminar qualquer um que interfira em seus interesses, até mesmo o Filho de Deus: “Este é o herdeiro: vamos! Matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança” (Mt 21,38).

O verdadeiro inimigo de Deus não é o pecado, que o Senhor em sua misericórdia sempre consegue apagar, mas o interesse, a conveniência e a cobiça que tornam os homens completamente refratários à ação divina.