APOSENTE

Já parou para pensar na estrutura de nossa cidade? Já imaginou como ficaria essa cidade com uma enchente? Não é difícil imaginar o caos estrutural que acarretaria na nossa cidade, Vitória de Santo Antão, que de “santificada” não se encontra vestígios nenhum. A cidade vem sendo invadida por uma febre de construção de praças como um tipo de “tapa o sol com a peneira”. Mas basta ir ao trajeto de qualquer uma dessas construídas para nos depararmos com o descaso das vias de passagens de carros, do descaso da falta de esgotamento em qualquer bairro. Não há por parte da Gestão presente, não vejo orçamento participativo. Qual a função da Secretaria de Planejamento da nossa cidade? Meros bancos, iluminação sem suporte para aguentar alguns milímetros cúbicos a mais de chuvas. Basta ir ao Centro e ver a desordem de lixos, esgotos com mau cheiro insuportável e quando chove salvem-se quem puder…rsrsrs Pois a avenida é invadida por uns caos de esgotos que não tem saída de agua, então a sujeira que estava debaixo do tapete é mostrada sem qualquer disfarce. Que vergonha! Planejamento significa manipulação de um complexo integrado de técnicas racionais com incidência global e sistêmica atendendo a certos objetivos (PEREIRA, 1978). Mesmo? Como assim? Qual é o objetivo de tantas praças sem nenhuma árvore. Será que essa gestão já ouviu falar em bem-estar, respeito ao meio ambiente? Certamente, não! Ops! Maquiando com praças, excelentíssimo não vai resolver as questões estruturas nem tão pouco sociais de nossa cidade. Outra febre o asfalto que basta olhar a produção sem qualquer reparo nos asfaltos abaixo: questão de redes de esgoto, encanações, etc…Digamos que agora é um ano de pintar os meios fios, aparecer nas ruas, iluminar algumas cidades, mas lembrem-se povo” inocente”: se houver necessidade de reparos não me responsabilizo só daqui uns 3 anos e seis meses!!!!! Camila Aparecida Cerino da Silva Ciências Sociais pela UFRPE.

aposente4

UM PARTIDO NECESSÁRIO PARA UM NOVO TEMPO

13631463_302107253458706_8743782072847502220_n

Quando inauguraremos na política vitoriense um novo tempo? Essa é a pergunta que tem inquietado a mim, a muitos companheiros e a grande parte da população de Vitória de Santo Antão. Apesar de tudo de desastroso e nocivo que possa existir no mundo e em nossa cidade, dos Bolsonaros,Temers, Liras e Queiralvares, é sempre bom lembrar que existem sim alternativas para a construção de uma política diferente, comprometida com a promoção da cidadania e com o princípio democrático de dar voz e vez as pessoas para que elas possam decidir sobre os assuntos que impactam em suas vidas (saúde, educação, transporte, segurança, etc.).

É com esse sentimento que o PSOL, partido nacionalmente e estadualmente fortalecido como alternativa política séria e comprometida deste país, assume em Vitória a tarefa de lutar contra o jeito antigo e ultrapassado de fazer política nessa cidade. Definitivamente, não temos espaço, dentro deste partido, para alianças junto aos poderosos e ao sistema montado para favorecer as castas políticas que já se encontram no poder. Vitória precisa de estratégias que viabilizem a superação desse modelo de cidade que vivenciamos, baseado na falta de transparência pública, no coronelismo, no clientelismo político, na destruição ambiental, no patrimonialismo, no racismo, no machismo e na homofobia.

Para além dessa identidade progressista e republicana que o PSOL assume em Vitória, também possibilitaremos a discussão sobre o papel das mulheres no espaço público e na política. Nós, mulheres, somos ensinadas desde cedo que a política não é lugar para a gente. Isso é nítido na falta de representatividade entre os políticos (homens, brancos, heterossexuais) de Vitória de Santo Antão. Em uma cidade onde homens e coronéis imperam há anos, o PSOL assume a tarefa necessária de dar voz e vez às mulheres. Não podemos mais suportar viver em uma cidade em que somente homens comandam o cenário político (somos governados por um prefeito, 11 vereadores e NENHUMA mulher). Queremos uma Vitória de Santo Antão de direitos, democrática e com vozes femininas. O PSOL entende que o lugar da mulher não é mais o gueto político, mas sim o protagonismo da defesa da democracia partidária e do enfrentamento contra o machismo institucional.

Queremos ouvir as vozes das ruas e das minorias, construindo um novo projeto de política em Vitória, com e para as pessoas. O PSOL deseja se constituir como uma alternativa necessária, diferenciada e combativa em Vitória de Santo Antão. Seguirão conosco os que desejam construir um novo tempo para a cidade. Vitória precisa ser nossa! E quando ela for nossa? Ela será mais democrática, plural e participativa. Ah, e com mulheres na política.

Yarla Alvares – Professora, militante feminista e presidenta do diretório municipal do PSOL/Vitória.

Terceira via

Eleições chegando, movimentações políticas, o milagre da democracia acontecendo, o povo sendo ouvido, o povo sendo atendido. Mudança! Soluções! Atitudes! Mas como podemos entender melhor o cenário atual? Podemos usar a analogia?

A analogia move o mundo e isso não é exagero de minha parte, se não fosse isso, se quer uma parábola seria escrita na Bíblia e sendo assim o Cristianismo teria esse fácil entendimento e essa quantidade de adeptos?

Parábolas nada mais são que analogias, bem escritas e colocadas para explicar situações as quais sem elas o entendimento do real sentido daquela escrita seria ainda mais complicada.

Sim eu sei. Não se mistura política e religião, mas a religião aqui só serviu como plano de fundo para nos ajudar a entender o que é a danada da analogia. E assim como na religião, a política tem suas interpretações e intempéries que complicam a compreensão final do assunto, se é que existe uma compreensão final para estes dois temas, política e religião.

Deixando a religião de lado. Porque não usar dessa mesma “tática” para se explicar a política, e porque não a política vitoriense? Analogias serve para aquelas pessoas que se dizem odiar determinado assunto, não querer se meter, não querer entender. O desconhecido assusta, eu sei.

Só pra começar imaginemos que o título de eleitor funciona como uma arma. Normalmente, o tiro sai pela culatra, tem gente que até prefere atirar contra si próprio, mas é aquele tiro não letal, que causa uma ferida que só se cura com 4 anos. Observando o cenário vitoriense e saindo dessa temática mais pesada, podemos imaginar também dois times de futebol, estes dois times jogam um campeonato imaginário onde qualquer novo time que chegue tem de ser engolido, pra nem se quer poder entrar em campo. E nessa analogia, quem sofre mais é a bola, seja pela falta de habilidade dos jogadores, ou pelo simples fato de que os jogadores não fazem a mínima ideia de como se joga o jogo.

Continuando as analogias, existem pessoas que de 4 em 4 anos, se vestem de super heróis, salvadores da “pátria”, normalmente usando slogans clichês – Hora de mudar – A Voz do povo – Esse é da Gente! Estes novos super-heróis surgem como velhas novidades que nada mais são do que a continuidade do pensamento retrógrado da velha política. Às vezes estes super-heróis conseguem uma boa base de aliados, informantes, munidos das “melhores intenções” vão para as ruas, salvar o povo dos vilões que maltratam o povo. Por trás os super-heróis estão jogando aquele mesmo jogo citado na analogia anterior: loucos para vestir uma das camisas, ficar de um dos lados, nada definitivo, pois houve e sempre haverá aquela velha troca de camisas. Porém o único objetivo dos novos super-heróis é buscar seus lugares em um dos times, isso é o mais importante.

O mais importante de toda essa analogia é analisar bem o que é a terceira via, o terceiro time. Lembrando que não estamos falando de nomes, cores ou bandeiras. Estamos falando de ideias. A terceira via não se personifica em uma figura central, a terceira via não vai ser o salvador que irá modificar todo o “esquemão” politico que está agarrado as raízes políticas da cidade. A terceira via precisa ser a ideia do diferente, do não praticado, do “diferentão”. Não são pessoas, são pensamentos, não são votos, são atitudes, não são partidos, são IDEAIS. Não ideais rasos, elaborados como planos de campanha para se ganhar uma eleição, são ideiais que são carregados desde o momento em que se aperta a tecla CONFIRMA na urna eletrônica, até o momento que precisa se esperar 30 segundos até o sinal abrir. Princípios políticos e de cidadania.

Para finalizar este raso texto, deste raso escritor, aconselho a todos que façam uma analogia de suas próprias vidas e se imaginem como juízes de um jogo, onde só joga quem você quiser, isso é importante de se dizer pois se imagina ao contrário, sempre nos foi ensinado que devemos escolher nossa bandeira, ela já está ali pronta e eu escolho seguir ou não. Mas, neste exercício se imagine como construtor de uma nova bandeira, ninguém a costurou, ninguém decidiu por você onde serão as dobras e as costuras, ninguém se quer decidiu a cor daquela bandeira, você decidirá como vai ser a bandeira, como aquele jogo será jogado e quando não estiver satisfeito, quem será substituído, afinal, temos o direito de errar, porém como já dizia minha vó, continuar no erro…

aposente4

Ônibus da prefeitura sucateados

[fbvideo link="https://www.facebook.com/andre.carvalho.9216/videos/1320681114615397/" width="600" height="450" onlyvideo="1"]

Fazendo um cálculo médio, assumindo que os ônibus rodam quatro vezes por dia à Recife (uma média de 400 km/dia), cerca de 200 dias por ano e fazem isso desde a última gestão de Aglailson como prefeito (há cerca de 10 anos), temos que, por baixo, cada ônibus rodou de 800 mil a 1 milhão de quilômetros, o que equivale a cerca de 25 voltas ao mundo completas. Esses dados e a prática evidenciam que a frota esgotou seu tempo de vida útil e todos sabemos que, dessa forma, a prefeitura não manterá mais o serviço. Estamos mais ainda no limiar do fim do serviço com uma média de um ônibus quebrado (a menos) por dia.

Não esqueçamos que a iniciativa de regulamentação do transporte escolar inclui muitas outras posturas da gestão pública, não apenas a de manter o serviço (eficiente ou precário) ativo. Posturas como regulamentação de vida útil da frota, manutenção periódica e efetiva das condições de segurança, mecânica e limpeza, garantia de salários e carga horária condizentes com o piso da categoria de motoristas, conscientização dos usuários do serviço contra depredação do bem público e outras atitudes que uma gestão minimamente inteligente garantiria para aumento da conservação da vida útil da frota e, consequentemente, para a elevação do tempo do serviço.

Mais urgente que tudo, reconheçamos que estamos muito prestes a perder o serviço. Antes de regulamentá-lo, precisamos verificar e definir junto com o governo e estudantes as formas de captação de novos recursos pra manutenção/renovação da frota e se as partes possuem interesse em fazê-lo.

Saulo Lima, estudante.

aposente4.jpg

Não vote no candidato honesto e trabalhador (mas leia pelo menos o primeiro parágrafo desse texto)

sss

Então, evidentemente não estamos fazendo uma apologia para que sejam eleitos os candidatos desonestos ou que não trabalham muito. Não é isso. E muito menos queremos dizer em quem você deve ou não votar. No entanto, estamos propondo uma rápida e simples análise do discurso sobre alguns “programas” de campanha que devem aparecer na próxima eleição (obrigado por ler o primeiro parágrafo).

Vamos lá…

Imagine que você é a pessoa do RH responsável pela contratação de alguém. E, na hora da entrevista, faz uma pergunta a um dos candidatos a vaga:

– Por que devo lhe contratar?

E recebe como resposta:

– Porque eu vou trabalhar e serei honesto.

Você contrataria essa pessoa? Quais são as reais credencias e capacidades desse candidato. Creio eu, nenhuma. Ele apenas se propõe a fazer o óbvio e essencial. Sendo assim, e seguindo essa lógica, por que numa campanha para cargos eletivos o “óbvio e essencial” recebe o sim?

Em breve terá início as propagandas eleitorais. E quando começar, pare por algum momento para analisar o quanto de candidato “propõem” que serão: “honestos” e “trabalhadores”. Certo. Lindo. Mas essa é sua obrigação!

A eleição é sempre uma oportunidade de renovação. E quando se fala em renovação é tanto no sentido de renovar quem demonstrou competência, como no de renovar ao mudar (e tirar) quem não mostrou. Porém, sempre deve-se buscar sair da mesmice. Até porque, se vai trocar algo é porque ele não funciona/serve trocar por algo igual seria ilógico. E sendo assim o óbvio não deve ser o diferencial.

Sim! São necessárias pessoas “honestas” e “trabalhadoras” na política, porém também é necessário que eles tragam programas (e propostas) definidas, pessoas que apresentem para sociedade (seja qual for sua posição ideológica) caminhos e realidades, que, só com a política podem ser alteradas. Não apenas um discurso vazio que leva do nada para lugar nenhum.

O discurso simples e vazio pode trazer armadilhas, por exemplo, muitos dizem: “nesse você pode confiar”. Sim. Mas confiar pra que? A partir do momento em que não se traz propostas reais, o conceito de confiança pode abranger qualquer coisa. Eu posso “confiar” que o político, quando eleito, não fará nada.

Então, se ele prometeu “ser honesto” e “trabalhador”, disse que “pode confiar em mim”, sem dizer pra que. Ou apenas falou que “é um homem do povo”, sem explicar o que de fato ele faz/fez pelo povo. Então… Se valoriza, miga, ele não tem nada de bom.

Ocupar a cidade com debates.

Hoje é o dia mundial da saúde, dia 07 de abril. A organização Mundial da Saúde define uma pessoa saudável como um indivíduo que possui um completo bem estar-estar físico, mental e social, ou seja, não é uma noção baseada apenas na ausência de enfermidades. E isso nos coloca, entre outros, a necessidade de ampliar as políticas públicas do nosso município para atender não apenas problemas relativos às endemias e prevenções.

Estaremos participando de uma roda de debates sobre saúde pública, no Centro Acadêmico de Vitória, UFPE. Imaginar o futuro da nossa cidade também diz respeito a realizar atividades de reflexão, ocupar a cidade com novas ideias e ouvir o máximo de pessoas possível. Principalmente quando o modelo desta cidade não cabe nos nossos sonhos.

O tema será: O “legado” do Aedes Aegypti. Vocês estão todos convidados.

Projeto de lei do vereador Toninho sobre “Ideologia de gênero”

12548898_1283797768303732_1675469369319881822_n
O vereador Antônio Gabriel irá submeter à câmara dos vereadores um projeto de lei que visa proibir a inserção do conceito “Ideologia de Gênero” na grade curricular das escolas municipais.  A seguinte mensagem foi postada por Yarla Alvares:

Se o vereador pudesse me ler ou escutar, eu tentaria fazer com que compreendesse que nós vivemos em uma sociedade que, historicamente, se constituiu como uma sociedade masculina, lesbofóbica, homofóbica, transfóbica e racista. Essa sociedade é marcada pela exclusão social também no que diz respeito a escolarização. A escola não é e nem nunca foi um espaço de todos (como deveria ser e como eu espero que seja um dia). Partindo da compreensão de que as práticas sociais são construídas historicamente e que os nossos pensamentos, acerca das coisas do mundo, são subjetivados a partir destas nossas relações, é imprescindível que entendamos o espaço da instituição escolar como o espaço privilegiado para se discutir e mudar as concepções excludentes e preconceituosas que temos sobre as coisas e os fenômenos sociais a partir do acesso ao conhecimento. Precisamos, cada vez mais, nos munirmos para enfrentarmos as diferentes formas, não raras vezes veladas, de discriminação e exclusão social. A escola é esse espaço de luta! E nesse campo de batalhas, o currículo passa a ser entendido como um local de disputas. Segundo Tomaz Tadeu “o texto que constituiu o currículo não é simplesmente um texto: é um texto de poder”. E o poder não deve estar a serviço do conservadorismo, do retrocesso e do fundamentalismo religioso. A escola e o currículo devem SIM tratar questões de gênero e diversidade sexual. SIM, é essa a tarefa da escola, sobretudo porque as questões de gênero e diversidade sexual já estão presentes no universo escolar e na maior parte das vezes vem sendo abordadas com preconceitos e produzindo ainda mais sofrimento, violência e exclusão. Se quisermos educar para um mundo mais justo, é preciso que atentemos para não educar meninos e meninas de uma forma distinta. Quando as crianças adentram as escolas, elas já passaram por uma socialização inicial de construção dos gêneros na família. Entretanto, a escola deve estar atenta para não permitir a reprodução do preconceito contra as mulheres e contra todos aqueles que fogem da masculinidade hegemônica. Se o gênero é construído por relações sociais, pela família, pela escola, pelos processos de socialização e pela mídia, podemos partir do pressuposto de que ele também pode ser reconstruído, desconstruído, questionado, modificado em busca de uma igualdade social entre homens e mulheres, do ponto de vista do acesso aos direitos sociais, políticos e civis. Qual é a responsabilidade da escola nesse caso? TODA. Consegue compreender cada linha aqui escrita, Sr. Vereador? Caso não consiga (como eu imagino), não tente se meter em um assunto que não lhe diz respeito. Já não basta ocupar a câmara com sua ignorância? Vai querer também ocupar as nossas escolas? Sinto dizer que para isso, terá que concluir um curso superior, ler de Freire a Foucault e passar em um concurso público. O que presumo ser algo quase impossível para quem escreve um projeto de lei como esse. Sou professora e sei do que estou falando.

Iremos marcar presença na próxima Sessão da Câmara, 31 de março de 2016, 17:00, e cobrar dos nossos representantes.

aposente

Neste dia das mulheres, vamos deixar as homenagens vazias de lado e falar de luta…

mulher
Se os bombons e as flores que nos são dados hoje fossem dados às operárias russas do início do século XX, possivelmente, elas se sentiram ofendidas. Afinal de contas, o dia 8 de março surge de uma luta pelo fim de jornadas de trabalho de 14 horas seguidas e de salários até três vezes menores que os dos homens e, que eu saiba, isso nada tem a ver com flores e muito menos com bombons.

O Dia Internacional da Mulher não é pra ser uma homenagem singela e cheia de doçura para as lindas mulheres sorridentes e meigas que os homens amam e admiram. Não mesmo! É um dia pra colocar todas as questões que precisam ser discutidas em pauta, é dia de falar sobre a luta dos direitos da mulher e um ótimo dia pra se discutir política. E, definitivamente, não é pra ter um tom leve.

Nós, mulheres, somos ensinadas desde cedo que a política não é lugar para a gente. Isso é nítido na falta de representatividade entre os políticos (homens, brancos, heterossexuais) que assistimos na mídia, os debates de domingo após os almoços de família, quando os homens debatem a situação lamentável da política do nosso país e as mulheres lavam a louça, e até mesmo, nas escolas e universidades, nossa referência intelectual é, quase sempre, masculina.

Toda essa conjuntura faz com que muitas mulheres se questionem sobre serem boas o bastante, sobre estarem prontas, sobre saberem mesmo do que estão falando – ao ponto de muitas desistirem ou passarem a vida inteira silenciadas. Falo por mim, que levei muito tempo para me entender como alguém que tem voz e que pode usá-la sempre que julgar necessário, e pelo que vejo diariamente: mulheres INCRÍVEIS, dessas que a gente admira profundamente e que possuem ideias e posicionamentos brilhantes, duvidando de suas capacidades políticas.

Sei bem que nossa participação na vida pública tem se ampliado ao longo do tempo, se pensamos nas mulheres de classe média, nas mulheres profissionalizadas, brancas, etc., mas permanecemos subrepresentadas na política institucional. Isso pode ter relação direta com fatores ligados ao machismo: acesso desigual à renda, tempo livre (afinal de contas, de acordo com o imaginário machista precisamos ser mães, donas de casa, profissionais, etc. e etc.), a dificuldade de inserção em grupos políticos, pois o acesso é mais fácil para quem já faz parte do jogo e inúmeros outros fatores. Vitória de Santo Antão é um excelente mal exemplo da representação feminina na política institucional.

Viver em uma cidade, em que homens comandam o cenário político (somos governados por um prefeito, 11 vereadores e NENHUMA mulher) e mulheres servem cafezinho para os mesmos, é algo que me faz desejar, profundamente, que vozes femininas conscientes de seu papel se levantem e que nossa cidade e o mundo passem a entender que nós existimos e temos o direito de ocupar espaços que até então nos foram negados.

Temos um longo caminho pela frente. Enorme. Mas, tenho orgulho de não estar sozinha nessa construção. Somos muitas Alines, Claudias, Karlas, Émilles, Tainás,Jamiles,Evas, Marias e Anas. Vitória de Santo Antão também experimentará, num futuro próximo, a primavera feminista. E o grito que ficou preso por anos ecoará por essa cidade. Neste 8 de março, evitem as felicitações vazias, as flores e os bombons. Isso é muito pouco diante do que nós merecemos e desejamos!

Yarla Alvares – Mulher, feminista e professora.

aposente

Vitória do Rio e dos Morros – por Aposente

apo

Quando transitamos pelas ruas do município de Vitória de Santo Antão facilmente percebemos as diferenciações no relevo da cidade, nossas famosas ladeiras trazem uma característica marcante em nossa paisagem. Afinal, as características do relevo vitoriense fazem com que a população tenha um comportamento que melhor se adapte as dificuldades e facilidades que esse tipo de terreno impõe. Nossas construções, a forma e o horário que nós transitamos são intimamente afetadas pelos morros. Contudo, o que seria esse relevo formado por morros? E quando ele surgiu?

Vitória está localizada no Vale do Rio Tapacurá, facilmente percebemos isso quando observamos que o centro da nossa cidade está em um “bucaco” entre os bairros do Alto José Leal e o Bairro da Bela Vista, no outro lado nós temos outras elevações que vão desde os bairros do Lídia Queiros ao distrito de Pacas. Uma das coisas que poucos sabem, é que Vitória também faz parte do planalto da Borborema, todavia, na área desgastada do planalto que surgiu a cerca de 100 milhões de anos. O clima quente e úmido e o rio Tapacurá foram os responsáveis por moldar nossa paisagem ao longo de muito tempo.

Hoje, nosso relevo é classificado como mamelonar, ou relevo de mares de morros. Nosso vale, que se inicia próximo à entrada da cidade para aqueles que vem do município de Pombos, se dirige por inúmeros bairros até atingir o bairro do Matadouro saindo assim de nossa área urbana. Nosso vale e nosso rio parecem escondidos devido ao adensamento populacional, mas, imaginem como Diogo de Braga, no século XVII, viu essa paisagem. Uma paisagem com bons solos para agricultura, com um rio perene que descia da Borborema. Ele viu uma paisagem de oportunidades. Vitória sempre foi uma cidade propicia à produção e ao comércio. Nosso vale e nossos morros agrícolas alimentaram e alimentam muitas cidades Pernambucanas.

As primeiras moradias vitorienses se estabeleceram em zonas altas e planas, principalmente nos atuais bairros da Matriz e Livramento, com o crescimento populacional as áreas próximas aos rios e as áreas de morros, menos planas, foram tomadas. Hoje, Vitória é um misto de paisagens. Nossos morros e vales trouxeram alguns problemas com o passar do tempo. As enchentes são um desses problemas, pois nossa drenagem traz as águas das áreas altas até o nosso vale, onde está localizado o centro comercial e muitas moradias. Esse problema requer um planejamento público de nossa gestão. O transporte também é um problema para a população, pois é caro com o transporte por motos, e inconstante com o transporte por ônibus.

Apesar dos problemas, não podemos olhar para nossa paisagem de forma negativa. Ela é resultado do que somos e influenciou o que somos em uma relação indivíduo x ambiente única para cada cidadão. O espaço Vitoriense é rico em história e sentimentos. Nosso rio e morros fazem parte de uma cidade que sempre foi polo, e tem um enorme potencial para crescer e aumentar o seu desenvolvimento ainda mais. Somos a porta entre a Borborema e o litoral e estamos no centro da Zona da Mata Pernambucana, o que faz de Vitória uma cidade Muito bem localizada. Cabe a nós fazermos desse potencial, uma realidade.

APOSENTE

Vitória dos mosquitos.

dengue
No dia 01 de Fevereiro de 2016 a OMS (Organização Mundial da Saúde Organização Mundial da Saúde) decretou estado de emergência sanitária mundial devido ao Zika vírus. Para melhor compreensão, entende-se como estado de emergência sanitária mundial um evento extraordinário que supõe uma situação grave e repentina com repercussões para a saúde pública além das fronteiras nacionais do estado afetado, exigindo, assim, uma ação internacional imediata. Todavia, a exigência dessas ações, na atual conjuntura do nosso país, não tem passado de uma mera publicidade, não sendo preciso muito esforço para visualizarmos tal afirmação, uma vez que ela pode ser facilmente testificada tomando como exemplo a nossa cidade.

Grande é a divulgação no aparato midiático do nosso município que a atual gestão “ tomou medidas eficazes no combate ao mosquito da dengue”, todavia, basta uma ida ao Hospital João Murilo de Oliveira para confirmar a inverdade típica presente nessas divulgações. Hospital lotado, altíssimo número de pacientes vítimas do Zika vírus, da Chikungunya e da própria Dengue, aguardando horas para serem atendidos e, quando são medicados, em virtude da ausência de leitos suficientes para alta demanda, ficam em pé nos corredores ou dividem as poucas camas com mais dois ou três pacientes, é um pouco do cenário do “combate eficaz ao mosquito da dengue” realizado em Vitória.

Embora o quadro relatado já demonstre preocupação, é importante considerar o imenso número de pessoas que foram vitimadas por esse vírus, mas que, devido à falta de conhecimento ou o receio de enfrentar uma longa fila de espera e péssimas condições de atendimento, não procuraram o serviço médico do município. Vê-se, então que a ausência de campanhas nos bairros, principalmente nos mais periféricos, haja vista que são os mais afetados, é assunto frequente nas conversas dos vitorienses. O popular “carro fumaça” não é visto nos bairros. O trabalho preventivo dos agentes de saúde também não.

A falta de uma política de combate ao elevado número de vítimas desses vírus na nossa cidade, aumenta a insegurança e o medo, enquanto o vírus acomete a todos, sem distinção de jovens, idosos ou crianças. É irrefutável a existência de diversos questionamentos sobre a origem, o modo de “contágio’, entre outras questões que envolvem esta epidemia, mas é preciso que aquilo tido como básico, como o combate ao mosquito, seja efetivado. Ora, é dever do Município, na condição de gestor do Sistema Único de Saúde, zelar pela saúde dos necessitados, oferecendo tratamento adequado à saúde, sendo assim, é preciso uma atitude positiva da atual gestão frente a essa epidemia,  pois o que vemos não é uma “cidade às moscas”, mas uma cidade, literalmente, aos mosquitos.

aposente

Quem segura o porta-estandarte tem a arte.

O Membro do coletivo Galileia Gustavo Free realizou um trabalho de reestruturação do prédio da ONG GAPES, no Mário Bezerra. Realizou, junto a Jack Nansei, algumas oficinas de capacitação na área de modelagem, reutilização de material descartável (construção de móveis com pallet). A cobertura do trabalho ficou por conta de Arthur Carvalho. Quem quiser conferir, é só clicar no vídeo.

Curiosidade:

Na primeira guerra mundial, as unidades militares possuíam um soldado responsável por carregar a bandeira do seu país, servindo de referência aos outros combatentes. Portanto, sua principal incumbência era a de jamais deixar que a bandeira caísse nas mãos dos inimigos. Atualmente, o porta-bandeira ou porta-estandarte faz a paisagem de cerimoniais, desfiles cívicos, escolas de samba, desfiles das forças armadas e etc.

No maracatu nação, a figura que conduz o estandarte (além de carregar o nome da agremiação e o ano em que a mesma foi criada) traja vestes semelhantes às de Luís XV. Se pensarmos que as agremiações representam a corte, com o Duque e a Duquesa, o Príncipe e a Princesa, o portador do estandarte vai cumprir exatamente o papel do embaixador.

Neste sentido, não parece que foi por simples rima que a banda Nação Zumbi responsabilizou o homem do porta-estandarte, na canção Maracatu Atômico, de “ter a arte”. Ora, está ali um funcionário diplomático encarregado de dar referência a toda agremiação. “Ter a arte” significa aqui, portanto, estar creditado a conduzir a missão de preservação do patrimônio artístico, dando continuidade ao trabalho dos nossos antepassados.

Nossos coletivos de cultura, na linha de frente com seus fazeres artísticos, carregam tal missão. São verdadeiros embaixadores da arte.

aposente

Vitória vai ser oficialmente a terra da cachaça.

É curiosa a maneira como uma sociedade cria seus elementos de identidade: Quem escreveu nossos hinos? Quem desenhou nossas bandeiras? Quem inventou nossas festas? Quem nomeou nossa cidade? E qual a razão dessas escolhas? Estes elementos dizem um pouco como nós somos e como procuramos nos reconhecer.

Este mês, duas notícias revelaram que a aguardente pode ser o mais importante símbolo de identidade de Vitória de Santo Antão. A primeira foi a aprovação pela Comissão de Legislação e Justiça da ALEPE, do projeto de lei do deputado Joaquim Lira que confere a nossa cidade o título de “capital pernambucana da aguardente” (Projeto de Lei Ordinária 425/2015); já a segunda, trata do projeto de lei municipal 046/2015, de autoria do vereador Geraldo Filho, que cria o “dia municipal da cachaça” (28 de maio, dia da fundação do engarrafamento PITU).

Certamente, Vitória de Santo Antão teve por muito tempo teve sua vida produtiva ligada à indústria sucroalcooleira, que movimentou fortemente nossa economia durante o século XVIII e XIX (produzindo, inclusive, conhecidas aguardentes como Pitú, Serra Grande e etc.). O famoso livro de José Aragão (que narra a história da cidade), conta que os engenhos não eram tão grandes e dispunham de pouca tecnologia em relação a outras cidades, predominando em Vitória as chamadas engenhocas. Mas aqui não herdamos somente a cultura produtiva, mas também os chefes vitorienses foram coroados aqui  pela sua posição privilegiada de “senhores de engenho”, o que permitiu o surgimento de nossas oligarquias e o nascimento dos nossos chamados “coronéis” políticos.

Resumindo, nas palavras de José Aragão: “a cidade da Vitória nasceu pobre e pobremente cresceu, porque sua população vivia do pequeno comércio de produtos agrícolas, provindo do campo sua principal indústria, a aguardente.” Ou seja, a nossa matriz produtiva também fomentou nossa desigualdade e manteve oligarquias no poder.

Decididamente, a cachaça poderia não ser nosso maior elemento de identidade, já que há outros acontecimentos significativos em nossa história: sediamos um dos primeiros movimento por reforma agrária da américa latina, “as ligas camponesas”; demos morada a um dos maiores escritores contemporâneos, Osman Lins (comparável em qualidade de literatura a Machado de Assis e Guimarães Rosa); temos um significativo acervo de imagens, fotografias e vídeos (talvez sem paralelo no interior do estado), muito em decorrência do trabalho do poeta Dilson Lira. Mas, como dizia Caetano, cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Se nossos representantes querem nos chamar de capital da aguardente e erigir o nosso dia municipal da cachaça, é porque a população de algum modo se reconhece desse jeito. É como se diz por aí: eu vivo na “terra da Pitú”.

Ainda assim, não custa nada sonhar um pouco. Estava essa semana na FAINTIVISA, assistindo a apresentação do Coletivo Galileia, quando me ocorreu que não necessariamente deveríamos recalcar nosso passado, mas podemos trazê-lo à luz, transformá-lo e nos fazer protagonistas de nossa própria história. “São as luzes”, diziam nossos heróis, “de um passado vivido por Santo Antão”. Não devemos assistir sentados os capítulos que encerram nossas próximas décadas.

aposente

Transporte dos estudantes quebra novamente.

xxx

Até quando vamos cantar a mesma ladainha? No dia 12 de novembro de 2015, pela manhã, o transporte dos estudantes quebrou perto de Bonança. As fotos ilustram bem a condição de manutenção que o ônibus está e a razão pela qual os estudantes sempre insistem nesta mesma tecla: estão correndo risco de vida.

Os estudantes por sua vez, organizados em comissão, já foram diversas vezes dialogar na prefeitura, participaram de audiências públicas e conversaram com diversos representantes do executivo. E a conversa é que a prefeitura não tem recursos para realizar a manutenção do transporte.

Podemos dar uma sugestão criativa para os nossos gestores. Que tal revisar o contrato a prestação de serviço de alguns fornecedores? O que justifica a SinalPark receber 91,5% da arrecadação do estacionamento rotativo, enquanto o município fica apenas com 8,5%? O que justifica a Locar recolher 170 toneladas de lixo e a prefeitura empenhar mais de 16 milhões neste serviço, enquanto Garanhuns (cidade com uma população parecida com a nossa) que produz aproximadamente 150 toneladas de lixo, ter empenhado 7.340.965,22?

Essa é a tragédia dos estudantes: precisa de um serviço de transporte (que tem importância social para o município), mas fica refém dos nossos representantes, que historicamente o utiliza como moeda eleitoral. Talvez nossos gestores só façam alguma coisa quando essa tragédia se afastar de seu sentido grego e se converter no sentido mais moderno do termo: aquele que significa um acontecimento perigoso acompanhado da mais absoluta tristeza.

aposente

O lixo nosso de cada dia.

aposente

O vitoriense agora pode fiscalizar com mais facilidade os gastos da prefeitura municipal de Vitória de Santo Antão, pois o Tribunal de Contas da União lançou o site Tome Conta. Dados como receita, fornecedores, arrecadação de impostos, educação, saúde, licitações, as contas julgadas e etc, podem ser consultados pelo endereço: http://sistemas.tce.pe.gov.br/tomeconta/Municipio!municipioSelecionado.

Na tabela de fornecedores, um rancking chama muito atenção pela despesa que temos com nosso lixo. A terceirizada que mais recebe do município é a Locar. O município empenhou mais de 16 milhões para esta empresa de coleta de lixo, dos quais, foram liquidados mais de 7 milhões. Para termos uma dimensão deste montante, esta terceirizada recebe mais do que empresas de serviço hospitalar e o Vitória Prev (previdência municipal).

Entre outras coisas, isso demonstra que deveriamos repensar nossa política de coleta e descarte. Segundo o mapa etadual de residuos solido, vitória de santo antão produz mais de 172 toneladas de “lixo” (dados de 2011). O site da preeitura municipal informa secretaria de meio ambiente implatou coleta eletiva na cidade. Não sei exatamente como isso funciona aqui, mas acredito que a maior participação na coleta e recclagem vem de algumas iniciativas privadas. O endereço também afirma que será implantado o aterro sanitário em breve, entretanto, essa meta deveria ter sido atingida em 2014, conforme a politica nacional de residuos sólidos.

Uma sugestão seria o fortalecimento da rede de catadores no município, integrados a incentivos de impostos para quem realizar a coleta seletiva em sua casa. Desse modo, o coletor poderia buscar os resíduos recicláveis em domicílio, e todos ganhariam com isso. Outra sugestão é a realização de eventos para que a população e técnicos possam sugerir ideias viáveis para o descarte do “lixo”, economizando nossos impostos e principalmente o meio ambiente.

aposente

Sobre as eleições para o conselho tutelar e sobre a compra de votos

denuncie
Na última sessão, dia 08 de outubro, o vereador Novo da Banca, em caráter inédito, pediu um voto de repúdio à coordenação das eleições do conselho tutelar em Vitória, organizadas pelo COMDICA. No debate, vereadores atribuíram a culpa à presidente do COMDICA, mas também à omissão da prefeitura municipal de Vitória. Mas outra questão igualmente séria, que não foi tratada, é a respeito da prática de compra de votos presente como sempre nas disputas eleitorais da cidade, assunto no qual nossos representantes pouco falam, e quando se comenta é com boa dose de cinismo.

Nas filas das urnas, havia vários testemunhos a respeito de quem e onde estavam comprando votos, e até a especulação do preço (R$ 30,00). Obviamente é um problema que merece denúncia, entretanto, não há provas do ilícito, a não ser os “testemunhos” que circulam na cidade, pois a compra de sufrágio conta com a “cumplicidade das nossas instituições e costumes”.

Ao contrário do que certo pensamento cínico costuma dizer, “de que toda eleição tem que ter compra de votos”, temos que tentar mostrar pra cidade que há outras alternativas mais positivas pra sociedade: debate de ideias, mobilizar pessoas para participarem e pensarem politicamente a cidade, oferecer mecanismos de cobrança para a população.

Práticas eleitorais republicanas poderiam se espalhar, caso uma parcela grande da sociedade envergonhasse os profissionais compradores de sufrágio. Como? Filmando com o celular e circulando na internet, criticando e contestando, explicando aos desinformados que isto é ilícito. É possível? Claro. A título de exemplo, há décadas ninguém se interessava pelo meio ambiente, porém hoje muita gente se sente constrangida em jogar papel na rua. Ou seja, é um processo demorado, mas viável.

Dizem que é infantil querer fazer uma eleição republicana e democrática. Ora, não temos que ter vergonha de buscar fazer uma eleição democrática e republicana. Vergonhoso é comprar votos e tentar fazer dos eleitores um curral.

aposente

A NECESSIDADE DE CONSTRUÇÃO COLETIVA

Do macro ao micro, não é difícil constatar o entrelaçamento e a dependência no que concerne às estruturas e conjunturas políticas, econômicas e sociais. Em tempos de crise, ainda mais fácil é a percepção de que uma má ou boa gestão no plano da União trás consequências, quase que imediatas, no cotidiano de uma cidade. Vejamos: em períodos de alta arrecadação tributária e superávit fiscal, os crescentes investimentos sociais são notados em diversos segmentos, como o incentivo à construção civil e oportunidade de acesso ao ensino superior. Em contrapartida, em época de “vacas magras”, o esfriamento econômico, somado ao temor de agravamento e do aumento da dívida pública, leva a reações, até justificáveis, conservadoras no que tange aos gastos, sejam no aspecto privado ou na esfera pública. Na prática, podemos observar a divulgação, pelo governo federal, de um corte nas contas públicas no valor R$26 bi.

Ainda mais notório o entrelaçamento se dá em políticas públicas concorrentes, nas esferas municipal, estadual e federal, ou quando um programa é acessório ao principal. Especificando, exemplo claro é a relação diretamente proporcional entre a política imprescindível do governo federal de expandir o número de vagas no ensino superior e uma política municipal que tenha por finalidade assessorar e dar máxima eficácia àquela. Em 2013, ano correspondente à última divulgação oficial de dados, 32,3% de jovens entre 18 e 24 anos estavam matriculados na Educação Superior. Em Pernambuco, a taxa é de 27,7%. O plano é que, até 2024, os indicadores de matrículas estejam em 50%, porcentagem próxima à de países desenvolvidos.

Acontece que, enquanto há uma nítida evolução no acesso ao ensino superior por meio de políticas inclusivas, como o PROUNI e FIES, no plano federal, não é de mais questionar até que ponto uma política acessória municipal terá condições, pari passu, de acompanhar o nível de crescimento de uma política guiada a nível federal, bem mais privilegiada no que tange à arrecadação de impostos, haja vista o descompasso existente de rendimentos entre os entes da federação.

Desconsiderando contextos, por ora, também importantes e reais, no que tange à incompetência de gestão de verbas públicas a nível municipal, o fato é que a viabilidade de políticas acessórias, como a oferta de transporte público gratuito a universitários, não depende apenas de esforços de políticos locais. Encontrar alternativas afim de viabilizar permanentemente políticas sociais, no intuito de amenizar a dependência de fatores externos, é tarefa, também, de interessados diretos. Aos estudantes, não só o poder da crítica, mas também o de soluções.

aposente

Política e Territorialidade no Município de Vitória de Santo Antão

aposent1O território é um espaço social definido por relações de poder, e a distribuição dos territórios dentro de um município é complexa. O mesmo espaço pode receber as mais diversas expressões de territorialidades, por exemplo, a nossa praça da Matriz, em um único dia, pode passar de um território de práticas esportivas à um território de “happy hour” de nossa população. Outro exemplo é a divisão de comércio dentro da rua da Águia, com o comércio popular e os supermercados disputando clientes. E na política vitoriense, como se inserem os territórios?

Quando elegemos um vereador, escolhemos um representante popular, alguém para defender os interesses de um grupo que compartilha de um mesmo pensamento. Dessa forma, o poder legislativo por si só, é uma grande representação territorial. Hoje, a casa Diogo de Braga, sede da Câmara de Vereadores da Vitória, abarca representantes de diversos territórios sociais, principalmente, os territórios religiosos, territórios de bairros ou territórios políticos de ação (ao qual chamo os territórios criados a partir das atividades dos políticos). Esses representantes territoriais, se inserem em outro espaço marcado por relação de poder, o tripé vitoriense, representado pelo grupo de políticos que dividem o poder centralizado do município ao longo das eleições.

Um desafio para nós é estabelecer um território comum de interesses, esquecendo os interesses locais e pessoais. Hoje, existe uma fragmentação territorial de ação por parte dos vereadores vitorienses. Territórios esses que chamamos de “curral eleitoral”. A fragmentação das atividades políticas de ação, a que já me referi, trazem bens momentâneos para a população. Porém, o total descaso e a falta de planejamento da gestão do território municipal tornam esses pequenos bens grandes aos olhos de uma população despreparada educacionalmente e necessitada financeiramente. Ou seja, manter um território político de ação, com bem feitorias simples, com ambulâncias próprias ou pequenas limpezas de ruas com máquinas próprias, passam a ser mais importante aos legisladores do que políticas que visem atingir todo o território municipal, pois, dessa forma se garante uma continuidade ao bem feitor e a mesma passividade necessitada ao eleitor.

Política é uma questão de território, tomem posse do maior território que vocês dispõem, o município de Vitória de Santo Antão.

aposente

Vereador ganha 10 mil reais pra quê?

aposente
Na Sessão da Câmara do dia 28 de agosto de 2015, alguns vereadores esvaziaram a Sessão que votaria a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), uma das mais importantes atribuições do Poder Legislativo. Talvez seja a primeira vez, na história da vereança dessa cidade, que a Sessão da votação da LDO foi esvaziada. E ainda que a maioria deles estivesse presentes, esta lei não poderia ser votada, uma vez que não constava o parecer da comissão, cujos responsáveis são os vereadores Edivaldo Bione, Edinho e Toninho.

O movimento de estudantes da cidade, #RegulaBusão, compareceu à Sessão na expectativa de assistir a discussão de uma emenda que priorizaria recursos para o transporte público universitário. Ledo engano. Provaram o sabor antidemocrático, de quando os interesses pessoais dos nossos representantes entram em conflito com os interesses coletivos.

Mas também fizeram a seguinte reflexão: Pra quê alguns vereadores recebem 10 mil reais, se nem à votação da LDO eles comparecem? Com o prazo da votação da LDO apertado, até o dia 31 deste mês, o presidente da casa convocou uma Sessão extraordinária segunda-feira, às 09 da manhã, na Câmara Municipal. Um evento foi criado no Facebook: 10 mil pra quê? O intuito é convidar a população para marcar presença e acompanhar a postura dos nossos legisladores.

Deveríamos todos participar.

Aposente

Desanoitece a manhã

Muita gente tem sentido um clima de mudança na cidade, que em parte está sendo reforçada pela retórica dos nossos representantes ao insistirem que “2016 é o ano da mudança”. Mas se prestarmos um pouco de atenção na nossa história vamos perceber que Vitoria de Santo Antão tem perdido cada vez mais sua vocação rural e se encaminhando para uma vocação urbana: industrias, expansão do centro comercial etc. Por isso que nos últimos 50 anos, os nossos representantes foram mal ou bem de correntes do modelo político dos coronéis, mas agora cada vez mais teremos propostas de candidatos que cresceram a partir do comércio na cidade.

Também vale notar o fortalecimento da imprensa na cidade, que sempre foi tradicional, mas agora está sendo beneficiada pelas novas tecnologias. Só quem tinha capacidade de falar para a população eram os detentores de meios eletrônicos e os jornais locais. Entretanto, a internet, a facilidade de criar um blog e de circular informação facilitaram muito esse processo, ampliando nossos espaços de discussão pública.

Mas há outra coisa mais legal ainda em tudo isso: a juventude (não aquela da idade, mas a do espírito) tem mostrado a cara. É impressionante a quantidade de coletivos que tentam propor alternativas culturais e de políticas públicas, em virtude da insuficiência do poder executivo e legislativo de atender a um cidadão cada vez mais exigente. E essa classe jovem não esta aqui à toa, pois a oferta de escolas, faculdade públicas e privadas, os ônibus dos estudantes, a proximidade com a capital, tudo isso vem influenciando a permanência de gerações cada vez mais instruídas na cidade.

Assim, é preciso perceber que estamos passando por um momento de clivagem histórica: finalmente temos ambiente intelectual e cultural para poder reivindicar melhorias na cidade. Os valores da cidadania estão ganhando aos poucos as mentes e os corações das pessoas, nossa esfera pública está se alargando (com a imprensa e os debates públicos) e nossas mentes pensantes estão cada vez mais ficando na cidade. Trata-se de um lento despertar.

Muitos tocariam o Bolero de Ravel para celebrar este momento. Mas o #Aposente, por amar o Brasil, celebra com outra trilha sonora, Pipoca Moderna: “Pipoca ali, aqui, pipoca além. Desanoitece a manhã. Tudo mudou…”

Está chegando a hora da juventude colocar a cara no sol.

aposente

Não basta só colocar o nome, tem que dizer a que veio

Nas últimas semanas o tempo esquentou, parece que estão todos se arrumando para as candidaturas do próximo ano. Essas eleições vão ser bem diferentes das passadas, ao invés de dois teremos  talvez mais do que cinco candidatos a prefeito. Sendo assim, esperamos muito mais idéias nessas eleições, os antigos candidatos ganharam as últimas eleições somente com o nome, com a árvore genealógica ou com a máquina da prefeitura a seu favor. Nas eleições do ano que vem vamos ter um monte de candidatos se mostrando como novo, mas se quiserem ser novos precisam mostrar idéias novas, dizer o que pretendem fazer, como pretendem governar e até como pretendem se relacionar com a câmara de vereadores e com a população.

É necessário que digam o que será feito com a vergonhosa feira, com as vias de entrada na cidade que não fazem com que ninguém tenha vontade de trazer pessoas pra visitar nossa cidade, com o trânsito caótico. É importante começar a ter idéias sobre transporte público e executá-las, antes que o crescimento desordenado da cidade torne o “ir e vir” complicado ao ponto de não visualizarmos soluções. Precisamos repensar nossa maneira de crescer como cidade, prédios começam a aparecer no centro da cidade e seria importante crescermos de maneira que a cidade se espalhasse mais. É importante pensar em Natuba e no Oiteiro tentando fazer com que a agricultura evolua nessas localidades. É importante cuidar do rio e das suas margens pra se prevenir contra possíveis cheias, alguém precisa falar sobre isso. É necessário diminuir o custo da prefeitura, onde tem gente demais com emprego, mas sem trabalho. É necessário dar idéias sobre como lidar com a educação dos jovens de alguma maneira diferente e não só ficar falando em escola integral, precisamos escutar idéias diferentes sobre os temas saúde e educação, se todos os candidatos ficarem falando as mesmas coisas de sempre, lançando as mesmas propostas clichês, a eleição que era de dois com idéias iguais, será de cinco ou seis com as mesmas antigas idéias.

A gente não precisa de alguém que se diga novo, precisamos de alguém com idéias novas, inteligentes e possíveis de serem realizadas. É por isso que nós eleitores devemos ter atenção e cobrar dos candidatos por idéias novas e boas(isso é o principal), as velhas a gente já viu que ou não dão muito certo ou eles não conseguem ser executadas.

É complicado, mas o que mais precisamos, no momento, é de alguém que tome medidas não tão populares e que não entre pensando em se perpetuar no poder, mas tentando fazer o que é necessário, mesmo que a princípio pareça ruim pra algumas pessoas, às vezes o remédio é ruim, mas traz saúde, isso é o mais importante.

aposente