Na tarde de ontem (10), ao circular pela Avenida Mariana Amália, centro comercial da nossa cidade, em meio ao ambiente barulhento dos carros, motos e do vai e vem das pessoas, uma cena chamou-me atenção, no sentido da abertura, de maneira automática, de algumas das prateleiras da minha da memória.
Um moderno automóvel, com um sistema de som, anunciava à chegada de um circo em nossa cidade – nem prestei atenção para o nome da companhia circense, muito menos ao conteúdo da informação. Na verdade, fixei-me na imagem do “clone” de onça, que desfilava em cima do reboque, puxado pelo referido veículo.
Na minha pontual viagem mental, naquele recorte do tempo presente, com destino ao tempo pretérito, avistei os circos da minha infância, quase sempre armados e instalados no terreno onde hoje os “homens da capa preta” despacham diariamente, ou seja: Fórum Severino Joaquim Krause Gonçalves. Confesso que cheguei até sentir o mau cheiro dos animais, enjaulados e com cara de poucos amigos, que só ganhavam algum tipo de protagonismo quando entrava em cena, para o delírio do público geral.
Se voltarmos mais um pouco, à chamada fita do tempo, essa, só vivenciada através da oralidade dos mais velhos e também pelas empoeiradas e amareladas folhas dos jornais e revistas de outrora, chegaremos, também, aos áureos tempos dos circos na nossa então pacata e bucólica Vitória de Santo Antão.
Nesse quadrante da vida social local, entre outras coisas, os pais de moças donzelas redobravam os cuidados para que suas filhas não se iludissem com esses artistas e fugissem com eles. Sem muita estrutura para alardear suas informações, animais puxados pelos palhaços, caracterizados, quase sempre acompanhados por um sem número de crianças, danavam-se a repetir: “….hoje, tem espetáculo…….?” Quando, de pronto, em coro, a criançada gritava: ….”tem, sim senhor!”
Aliás, dizem até que um dos mais renomados nomes da literatura brasileira, que brotou desta terra, teve, nos circos da sua infância, várias inspirações para algumas da suas obras.
Portanto, para finalizar essa rápida e fugaz viagem, abordo de um flash da memória, podemos dizer que, tanto ontem como hoje, o circo continua sendo uma mistura da deliciosa vida lúdica com a dureza real de quem vive e sobrevive da sua arte. Viva o Circo!