Por entender que o nosso gentílico (vitoriense) não contempla sua finalidade, isto é: não nos identifica geograficamente de maneira única, resolvi, em minha passagem pela tribuna da Câmara da Vitória, por ocasião do recebimento da honrosa condecoração (Título de Cidadão), deixar como sugestão à Casa, a adoção de um segundo gentílico, ou seja: “antonense”.
Aliás, é bom que se deixe bem claro: eu não inventei nada! Apenas, na qualidade de estudioso e pesquisador da história local, encontrei nos livros, revistas e jornais da nossa cidade autores – proeminentes da nossa terra – explicando os motivos pelo quais devemos ser identificados como antoenses. Dentre os quais, destaco o nome de Nestor de Holanda. Uma espécie de “embaixador das artes” da Vitória de Santo Antão. Nestor foi série “A” em tudo: na música, na literatura, na prosa, no jornalismo e, sobretudo, na melhor imagem dos “Holanda” da nossa terra.
Pois bem, em ato contínuo, o vereador Doutor Saulo confeccionou um projeto (135/2024) e submeteu-o aos pares, no sentido da sua aprovação. Antes, porém, o referido edil, achando-me capaz, pediu-me para comparecer à Câmara, no sentido de explanar sobre o projeto. E assim eu fiz, na Sessão do dia 04 de dezembro. .
Com efeito, na tarde de ontem (11), após um novo convite do Doutor Saulo, juntamente com o presidente do Instituto Histórico e o diretor de patrimônio, Pedro Ferrer e Fernando Nascimento, respectivamente, acompanhei a votação do tal projeto (135/2024), no Plenário da Câmara. Saldo geral: Projeto Reprovado!
Como todos sabem, o vereador André de Bau continua hospitalizado e se recuperando de enfermidade. Os vereadores Carlos Henrique, Marcone da Charque, Gold do Pneu e Romero Queralvares não compareceram à Sessão de ontem (11). Lourinado Junior, na qualidade de presidente interino, só votaria em caso de empate.
Pois bem, dos 19 vereadores, apenas 13 se manifestaram em plenário, sobre o referido projeto que, sem prejuízo ao gentílico já existente (vitoriense), se aprovado, possibilitaria, também, o uso do gentílico “antonense” de maneira oficial.
Dois vereadores votaram pela aprovação do Projeto: Doutor Saulo e André Carvalho. Três, sem manifestação oral, optaram pela abstenção. Foram eles: Novo da Banca, Beto de Bigode e Felipe Cezar. Sobre suas respectivas atitudes – participação passiva – só os mesmos poderão emitir algum juízo de valor, até porque, como já falei, eles não se pronunciaram, elencando os motivos pelos quais não deram suas respectivas opiniões.
Dos oito vereadores que votaram contra o projeto, em que, se aprovado, oportunizava os conterrâneos a escolherem qual gentílico gostaria de usar, seis não se pronunciaram. Apenas apertaram o play no botão do “não”. Foram eles: Edmilson de Várzea Grande, Josias da Militina, Celso Bezerra, Jota Domingos, Biu de Genário e David Frutas. Filosoficamente falando, é bom que se diga, em todo silêncio há sempre um ato de inteligência. Ou seja: quando calamos para não dialogar com os tolos ou quando estamos cientes de que não temos preparo para discutir sobre a matéria em tela. No último exemplo, o “sim” ou o “não” é o que menos importa.
Já os outros dois parlamentares que votaram pelo “não”, mas que se pronunciaram pelos microfones – Marcos da Prestação e Mano Holanda –, através dos seus argumentos, tecnicamente falando, posso dizer que não acrescentaram absolutamente nada de proveitoso ou enriquecedor ao debate proposto. Falas que se configuraram numa espécie de “conjunto vazio”.
Com relação às argumentações do vereador Marcos da Prestação, com quem tenho uma relação respeitosa, ficou difícil de aferir o seu confuso entendimento, pois o mesmo disse que o projeto “não traz mudança e ao mesmo tempo traz”. Disse, entre outras coisas, haver se aconselhado pela internet, com os seus seguidores para abalizar o seu voto. Aliás, isso é algo importante para todo político. Mas vale lembrar, também, que nas redes sociais existe “entendido” para tudo: de parto de raposa à efeito colateral de vacina. E certamente, há de ter, também, entre os seguidores do vereador Marcos da Prestação, “entendido” para assuntos relacionados a gentílico e filologia.
Já o vereador Mano Holanda, na sua fala, em defesa do “não”, entre outros argumentos, se socorreu do fato de nunca haver tido algum problema em ser vitoriense de Pernambuco. É possível, então, que ele tenha viajado pouco para fora do nosso estado, diferentemente do do seu parente ilustre, Nestor de Holanda.
Esse, nativo da terra de Santo Antão, mas que circulava com desenvoltura pelo Rio de Janeiro, “dialogava” com o Brasil e o mundo e estava sempre conhecendo pessoas cultas de todo território nacional, foi uma das figuras de destaque que mais defendeu, nos seus diversos espaços de comunicação, à adoção do gentílico antonense. É possível, inclusive, que o vereador Mano Holanda não tenha herdado dos “Holanda” o salutar hábito da leitura, pois o mesmo, aparentemente, desconhece até a obra do seu mais ilustrado parente.
Nas imagens acima, apenas para ilustrar, seguem algumas citações, entre tantas emitidas pelo versátil Nestor de Holanda, que insistentemente pugnavam pelo gentílico antonense, justamente por compreender que o “vitoriense” não nos contemplava, o que ocorre até os dias atuais. Na mesma direção, mas com outra sugestão e entendimento, também emitiu parecer o sempre respeitado editor do jornal “O Lidador”, José Miranda, quando sugeria o “santonese”.
Portanto, para encerrar esse relato em que de maneira despretensiosa, desinteressada e abreviada contribui para o melhor entendimento da história da nossa cidade, com a minha sugestão e explicação, quero acreditar que o “sim” ou o “não” da Câmara, nesse momento, em nada muda à essência dos fatos. Na qualidade de comunidade, continuamos capengas no que se refere ao nosso gentílico oficial. Quem sabe, numa outra legislatura, com parlamentares mais preparados e afeiçoados à leitura, não tenhamos um novo gentílico (antonense), ou mesmo a própria população, através do “costume da língua falada” num proclame o “antonense”, para sermos, definitivamente, identificados de maneira única e exclusiva. Isto é: Antonense das terras da Vitória de Santo Antão!!!”
Veja a Sessão completa aqui:https://www.youtube.com/live/tOA4lOz8OOA?si=JCo_R1vhXjpPhUof