
Em 1969, a ditadura militar brasileira mandou construir no antigo Posto Indígena Guido Marliére, no município de Resplendor/MG, um presídio só para indígenas: o Reformatório Agrícola Krenak.
Para lá, passou a enviar indígenas acusados de “causar problemas”, sem nenhuma acusação formal ou direito de defesa.
Era um autêntico regime de exceção, inexistindo garantias processuais, tipos penais ou sentenças definidas.
Segundo relatório da Comissão da Verdade de Minas Gerais, o Reformatório Krenak recebia indígenas de todo o país e dizia “reeducá-los”, mas, na verdade, funcionava como uma prisão para aqueles acusados de vadiagem ou que resistiam às expulsões de suas terras.
Comandado por um militar, o Capitão Manoel Pinheiro, o reformatório era um espaço de violações de direitos humanos, trabalhos forçados, torturas e terror.
Os indígenas que cometessem faltas eram brutalmente reprimidos e punições como chicotadas e confinamento em solitárias eram frequentemente aplicadas.
A proibição de falar o seu próprio idioma também era uma regra no reformatório.
Proibindo os Krenak de falarem a sua própria língua, buscava-se, em verdade, o apagamento gradual de sua identidade cultural, no processo denominado de genocídio cultural.
A negação de identidade dos indígenas foi uma estratégia muito utilizada no Brasil por fazendeiros.
Primeiro, negava-se a sua identidade cultural.
Depois, alegava-se a extinção daquele povo, para, por fim, tomarem-se as suas terras.
Um outro detalhe é que a detenção não tinha prazo definido, durando o tempo que os militares julgassem adequado.
Por isso, muitos sustentam que os indígenas estavam em um verdadeiro campo de concentração, em um regime jurídico paralelo.
Em 1972, o Reformatório Krenak foi fechado em Resplendor, sendo todos os presos transferidos para a Fazenda Guarani, em Carmésia/MG.
Em 02.04.2024, a Comissão de Anistia concedeu a 1.ª reparação coletiva da história do Brasil ao povo Krenak.
Ao final da análise, o presidente da Comissão, Eneá de Stutz, ajoelhou-se e pediu desculpas aos indígenas em nome do Estado brasileiro.
Perdão, povo Krenak.
Lembrar para nunca mais repetir.
.
.
Siga: @historia_em_retalhos