Cônego Pedro de Souza Leão – por Pedro Ferrer

Nascido em Ipojuca, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de janeiro de 1917, era filho de Pedro de Souza Leão e de Minervina de Souza Leão. Aos 19 anos sentiu o chamado de Deus e ingressou no Seminário de Olinda. Completada sua formação eclesiástica foi ordenado, no dia de Todos os Santos de 1947, por sua Reverendíssima, o Arcebispo de Olinda-Recife, dom Miguel de Lima Valverde. Sua primeira celebração eucarística teve lugar na sua terra natal, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Mal raiou o ano novo, no dia 5 de janeiro, foi empossado vigário cooperador da Vitória de Santo Antão e capelão do Colégio Nossa Senhora da Graça.

Em 1949 foi transferido para Glória do Goitá assumindo a direção da Paróquia de Nossa Senhora da Glória, onde exerceu seu apostolado com amor e dedicação até julho de 1959. Nos dez anos à frente da paróquia realizou importantes obras tais como: construção da nova igreja matriz, da escola Paroquial de Menores e do ginásio Dom Miguel de Lima Valverde. A edificação deste educandário foi um marco na educação do município, visto ser o primeiro educandário de primeiro grau. Tão frutífera administração fez o povo da Glória do Goitá elegê-lo prefeito. Exerceu seu mandato, 1958/1962, com dedicação e seriedade, pautado em princípios éticos e morais. Em janeiro de 1962 voltou à Vitória de Santo Antão, assumindo mais uma vez, a capela do Colégio N. S. da Graça. Em agosto, do mesmo ano, foi convocado por Dom Carlos Coelho, Arcebispo de Olinda e Recife, para dirigir a construção do Seminário Regional do Nordeste, localizado em Camaragibe. Sua permanência à frente da construção do Seminário foi curta.

Um homem com sua competência administrativa e sua capacidade de trabalho, não podia ficar ocioso. Em 1965, o governador do estado, dr. Paulo Pessoa Guerra o nomeou diretor do Instituto Profissional de Pacas. Foram sete anos de excelente administração. Os que conheceram de perto e vivenciaram o dia a dia do Instituto de Pacas, são unânimes em afirmarem que foi a melhor de todas as administrações passada naquela casa. O Instituto sofreu uma grande metamorfose: de casa de correção, transformou-se em centro de educação.

Em 1972 foi convidado pelo prefeito José Augusto Ferrer de Morais, para assumir a Secretaria de Administração, vacante, pela renúncia do jornalista João de Albuquerque Álvares.

Após longos anos, longe da vida paroquial, não da vida pastoral, pois continuou exercendo seu apostolado continuamente, o Cônego Pedro Souza Leão, assumiu a paróquia de Cavaleiro, no município do Jaboatão dos Guararapes. Paróquia grande, ocupada por uma população carente de bens materiais e espirituais. O Cônego tinha à sua frente mais um desafio. Foram quase vinte anos de apostolado e de fidelidade ao Cristo e à Igreja. Nos últimos anos de vida, cansado e com a saúde precária, ficou preso a uma cadeira de rodas. Sem perder o ânimo continuou sua missão evangélica até ao final. No dia 20 de maio de 1991 foi acolhido por Jesus Cristo na casa do Pai.

Suas exéquias, presididas por dom José Cardoso, teve lugar na matriz de Cavaleiro, por ele construída. O sepultamento foi em sua terra natal.

Em 2013, seus restos mortais foram transladados para a Matriz de Nossa Senhora da Glória, na cidade de Glória do Goitá.

Pedro Ferrer

Corrida Com História: Joaquim José Esteves – nosso primeiro promotor público.

Foi no inicio do século XIX, mais precisamente em 1812,  que o nosso lugar, então na categoria de “freguesia”, ascendeu ao patamar de “vila”. Nesse contexto – Vila de Santo Antão –, deixamos de pertencer ao “Termo de Olinda” e a população local passou a exercer, através dos seus legítimos representantes, o comando político/administrativo.

Mais adiante, em 1833, passamos, também, a possuir a tão desejada autônoma jurídica, ou seja: viramos uma Comarca independente.

Mas foi só em 1834, há exatos 190 anos, que obtivemos à efetivação do primeiro promotor público, ou seja: Joaquim José Esteves. Veja o vídeo aqui:https://youtube.com/shorts/HeVYq9aSHcA?si=_n-3jrZ8JFh7Tv_G

Este marcante acontecimento, hoje, serviu de conteúdo para mais um quadro do nosso projeto esportivo/cultural que tem, entre outros objetivos, contribuir com a chamada Educação Patrimonial de todos os antonenses que atende pelo simpático nome de Corrida Com História.

Washington Amorim: Tribunal Regional Eleitoral – Juiz Titular.

Com quase três décadas de atuação no concorrido mundo jurídico,  o amigo advogado Washington Amorim, na última terça-feira (15), em Brasília, teve seu nome ratificado pelo Presidente da Republica, Luiz Inácio Lula da Silva, para compor o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Pernambuco, no cargo de Juiz Titular, na vaga decorrente do término do segundo mandato de Carlos Gil Rodrigues Filho.

Bem articulado, o doutor, ao longo do tempo, construiu, também, uma história vinculada ao processo de efetivação e materialização  da  “Ordem” (OAB)  antonense. Eis ai, portanto, mais um passo importante e marcante na carreira profissional do advogado Washington Amorim.

HOMENAGEM NA PIZZA GRILL – por Sosígenes Bittencourt.


Dentre mimos e afagos em homenagem ao Dia dos Professores, saborear um peixe grelhado, com montículo de arroz e purê emperiquitado, nada mais do agrado. A invenção do presente respalda-se na amizade entre Val, da Pizza Grill, e o agraciado. Garçonete montando guarda, à disposição, música de época e ar-condicionado.

Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

Política, futebol e religião: juntos e misturados…..

Política, religião e futebol, por mais que se pareçam atividades distintas, se bem observado, tem lá suas similitudes. Eleitor, seguidor religioso e torcedor, respectivamente, envolvidos emocionalmente, se configuram em  peças de uma  grande moenda que gira no sentido da prosperidade alheia. Aliás, é bom avisar: os eleitos das eleições municipais de 2024 nem tomaram posse, mas o pleito de 2026 já começou!

Se em Pernambuco o Partido dos Trabalhadores já se prepara para fazer parte da equipe da  governadora Raquel Lyra, eleita pelo PSDB, em Brasília, tem deputado pastor, que em 2022 chamava o então candidato a presidente Lula de ladrão, agora, se utilizou da autoridade religiosa que lhe é conferida por Deus para abençoar o próprio presidente em Palácio, juntamente com um conjunto de seguidores, conforme divulgação na página oficial do Jornal do Commércio no Instagram. Veja aqui: https://www.instagram.com/reel/DBLx5M6u_1Y/?igsh=MTJpZXJ5ZTFnM200dg%3D%3D

Também em Brasília, entre outras atividades, segue uma CPI para esclarecer à participação das “BET(s)” e suas interferências nos resultados das partidas do futebol profissional, ocorridas nos quatro cantos do nosso País.

Diz um adágio popular que futebol, política e religião não se discute.

Não! Não é fácil entender como toda essa engrenagem funciona. Temos líderes  religiosos  que viram políticos. Temos “donos” de time de futebol que também jogam no campo da política. Mas também temos o político, independente de qualquer coisa, que usa os lideres do futebol e da religião para “mexer” nos resultados eleitorais. Lembremos, também: invariavelmente, sempre haverá  um eleitor vestido com camisa de time de futebol  ou de paletó,  nos templos religiosos.  Fé em Deus e vamos simbora. 

Mariana, Dalcides e o celibato – por @historia_em_retalhos.

A história de amor que protagoniza o retalho de hoje lembra um conto de novela, mas não é.

Grandes confidentes e amigos, a jornalista Mariana Godoy e o ex-padre Dalcides Biscalqui casaram-se em 2004 e estão juntos até hoje.

No início, os dois perceberam que, com o tempo, estavam se apaixonando um pelo outro.

Fiel ao seu voto celibatário, porém, Dalcides decidira não revelar o seu sentimento a Mariana, mantendo firme o juramento que havia assumido junto à igreja.

Ela, todavia, foi mais corajosa.

Certo dia, chegou para o religioso e disse na lata:

“Eu estou gostando de você”.

No que Dalcides respondera:

“Tenho de parar por aqui, vamos dar um tempo”.

Distanciaram-se e passaram meses sem se ver.

Como um sentimento maior e mais forte do que poderiam imaginar, a história dos dois passou a mudar quando Dalcides precisou viajar para Portugal.

Mariana, então, mais uma vez, disse o seguinte:

“Se você achar que a gente deve construir alguma coisa juntos, me liga de lá e eu vou te esperar no aeroporto’”.

Dalcides viajou acreditando que os sinais sobre os dois chegariam de alguma forma.

E chegaram:

“Ela estava apresentando o jornal naquele sábado, de plantão. Aquilo me marcou”.

E, então, ligou para ela de um orelhão:

“Da minha parte acho que podemos construir algo juntos”.

O ex-padre tomou a difícil decisão de largar a batina e, desde então, os dois não se desgrudaram mais, construindo uma das mais bonitas histórias de amor dos bastidores da TV brasileira.

Em 2020, durante uma entrevista para o programa “Melhor Agora”, Mariana revelara que o marido era virgem até os 37 anos, quando se casaram.

Ela tinha 35 anos.

Histórias como a de hoje põe-nos em reflexão em torno do polêmico tema do celibato.

Segundo o Movimento Nacional das Famílias dos Padres Casados, mais de 7 mil brasileiros solicitaram à igreja a dispensa do sacramento da ordem em troca do matrimônio.

Isso significa que, a cada quatro sacerdotes católicos que são ordenados no Brasil, um larga a batina para constituir uma família.

Eu deixo a pergunta para vocês.

O que vocês acham da regra do celibato?
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Vida Passada… – Solidônio Leite – por Célio Meira

Nasceu, a 30 de janeiro de 1867, o pernambucano Solidônio Ático Leite, na antiga vila sertaneja de Flôres. Deixando a terra natal, de clima quente, banhada pelo rio Pajeú, cujas águas descem da lagôa do Freire, no município de São José do Egito, fez, o jovem filho do sertão, no Ginásio Pernambucano, o curso de preparatórios, ingressando na Faculdade de Direito d Recife. E nessa famosa Escola, em 1982, aos 25 anos de idade, colou grau de bacharel, ao lado de Estácio Coimbra e Sérgio Loreto, ex-governadores de Pernambuco, de Pinto de Abreu, professor de português e poeta, de Geminiano de Franca, paraibano, que exerceu a chefia de polícia do Distrito Federal, no governo Epitácio, do brilhante jornalista Gibson e de Irineu Machado, que, na 1ª república, se tornou famoso, no parlamento, e na política.

Inclinado às letras literárias, e jornalista, publicou, no Recife, a esse tempo, o Tempos Acadêmicos, livro de recordações. Não seguiu, Solidônio, na vida pública, as estradas da magistratura. Dirigiu seus passos pelos caminhos da advocacia. Advogou, no Recife, e depois, informa um biógrafo, em São João Nepomuceno e em Juiz de Fora, em Minas, estabelecendo-se, mais tarde, no Rio de Janeiro, onde alcançou aplausos e vitórias, que lhe deram projeção destacada, no mundo forense, nos meios intelectuais, e nas letras jurídicas. Pertenceu, indicado pelo Instituto dos Advogados, narra Clóvis Monteiro, à comissão que, em 1901, emitiu parecer sobre o projeto do Código Civil.

As agitadas e renhidas questões, na advocacia, não lhe roubaram todo tempo. Deram-lhe horas amáveis de alegria, em que ele se entregou, com espirito beneditino, ao estudo profundo da língua portuguesa. O Clássicos Esquecidos, o Clássicos Portugueses e o A Língua portuguesa no Brasil são livros preciosos, que iluminam o nome de Solidônio Leite, na galeria dos mestres do vernáculo.

Rápida foi sua passagem pelas esferas políticas. Pernambuco o elegeu deputado federal, no governo de Sérgio Loreto. Entregou-lhe, a bancada, nessa época, o bastão de líder. Deixando a cadeira espinhosa do parlamento, regressou às arenas do fôro, onde luziram e reluziram, perto de quarenta anos, as armas de suas batalhas.

E retomando a pena, escreveu, Solidônio, Uma Figura do Império, em 1925, exaltando a figura admirável do monsenhor Joaquim Pinto de Campos, nascido na mesma terra de Flôres, político baronista, em 1843, e orador de fama no parlamento e no púlpito. E morreu, esse eminente pernambucano, aos 63 anos de idade, no Rio de Janeiro. A cidade de Flôres deve dar, a uma rua, ou uma praça, o nome de Solidônio Leite. A terra onde ele nasceu, ensinará, desse modo, às gerações de hoje, e da amanhã, o amor e o respeito à memória dos antepassados.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

MINIBIOGRAFIA – por Sosígenes Bittencourt.


Ensinar, para mim, é uma forma de conviver.
Minha escola é o mundo.
Estudar, para mim, é uma forma de conviver,
Minha escola é o mundo.
Sou professor no que ensino;
no que estudo, sou aluno.
Sou filho de professora Damariz,
meio gente, meio pó de giz.
Fazer poesia é destino,
sou poeta desde menino.
Porém, sou poeta trabalhado,
o meu dom é divino,
mas o estudo é sagrado.

Sosígenes Bittencourt

João Álvares – 90 anos – Notícias de Aniversário….

Por ocasião da passagem dos 90 anos de vida do senhor João Álvares, ocorrido, ontem, 13 de outubro, entre tantas outras comemorações, seus familiares produziram um jornal para marcar o tão esperado  acontecimento.

Com muitas informações e curiosidades sobre o aniversariante das nove décadas, também, algumas páginas foram reservadas para depoimentos de amigos e admiradores. Nessa categoria, escrevemos algumas linhas,  no sentido de parabenizar e homenagear o aniversariante.

Desde ontem, da forma digital, o jornal segue circulando. 

DEPRESSÃO PASSA – por Sosígenes Bittencourt.

Assim como alegria passa, tristeza também. A depressão é uma tristeza que dura. Dizer, com convicção e firmeza, que depressa passa é o primeiro remédio que deve ser oferecido ao deprimido, aquele que está acometido de profunda e duradoura tristeza. Antes mesmo da consulta médica, antes do primeiro medicamento prescrito pelo médico.
Há trevas que requerem luz interior. O que diz, Lucas 11:34? Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz.
É preciso auscultar a tristeza, ouvi-la dentro de si, para fazer boa leitura da realidade. Às vezes, um mal que se percebe, pode ser o início de um bem a ser percebido.
Pense nisso e confiante abraço!
Sosígenes Bittencourt

Hoje, tem espetáculo……..?

Na tarde de ontem (10),  ao circular pela Avenida Mariana Amália, centro comercial da nossa cidade, em meio ao ambiente barulhento dos carros, motos e do vai e vem das pessoas, uma cena chamou-me  atenção, no sentido da abertura, de maneira automática,  de algumas  das prateleiras da minha da memória.

Um moderno automóvel, com um sistema de som, anunciava à chegada de um circo em nossa cidade – nem prestei atenção para o nome da companhia circense, muito menos ao conteúdo da informação. Na verdade, fixei-me na imagem do “clone” de onça, que desfilava em cima do reboque, puxado pelo referido veículo.

Na minha pontual viagem mental, naquele recorte do tempo presente, com destino ao  tempo pretérito, avistei os circos da minha infância, quase sempre armados e instalados no terreno onde hoje os “homens da capa preta” despacham diariamente, ou seja: Fórum Severino Joaquim Krause Gonçalves. Confesso que cheguei até sentir o mau cheiro dos animais,  enjaulados e com cara de poucos amigos,  que só ganhavam algum tipo de protagonismo quando entrava em cena, para o delírio do público geral.

Se voltarmos mais um pouco, à chamada  fita do tempo, essa, só vivenciada através da oralidade dos mais velhos e também pelas empoeiradas e amareladas folhas dos jornais e revistas de  outrora, chegaremos, também, aos áureos tempos dos circos na nossa então pacata e bucólica Vitória de Santo Antão. 

Nesse quadrante da vida social local, entre outras coisas, os pais de moças donzelas redobravam os cuidados para que suas filhas não se iludissem com esses artistas e fugissem com eles. Sem muita estrutura para alardear suas informações, animais puxados pelos palhaços,  caracterizados, quase sempre acompanhados por um sem número de crianças, danavam-se a repetir: “….hoje,  tem espetáculo…….?” Quando, de pronto, em coro, a criançada gritava: ….”tem, sim  senhor!”

Aliás, dizem até que um dos mais renomados nomes da literatura brasileira, que brotou desta terra, teve,  nos circos da sua infância, várias inspirações para algumas da suas obras.

Portanto, para finalizar essa rápida e fugaz viagem, abordo de um flash da memória,  podemos dizer que, tanto ontem como hoje, o circo continua sendo uma mistura da deliciosa  vida lúdica  com a dureza real de quem vive e sobrevive da sua arte. Viva o Circo!  

Eleições 2024: os destaques da eleição para Câmara!!!

Diferentemente de outras “pescarias eleitorais”, a busca por um assento numa casa legislativa municipal se concentra no menor dos “oceanos de votos”, tornando à disputa em tela a mais acirrada de todas.

Dentre as muitas variáveis e condições que envolvem esse tipo de disputa podemos dizer que o conjunto majoritário, ao qual o postulante está inserido,  pode influenciar consideravelmente o desempenho da candidatura em questão.

Apenas a título de exemplo, o atual prefeito e candidato à reeleição da cidade de São Lourenço da Mata, Vinícius Labanca, sagrou-se o vencedor do último pleito com 88,39% dos votos. Das 15 vagas disponíveis no parlamento municipal, emplacou 14 aliados. Em nossa cidade, Vitória de Santo Antão, onde o atual prefeito Paulo Roberto foi reeleito com quase 80% dos votos válidos, das 19 vagas na Câmara, 16 foram preenchidas por candidatos de partidos que gravitaram  em sua órbita política.

Pois bem, independente de qualquer coisa, devemos realçar alguns números e curiosidades extraídos da eleição proporcional da nossa cidade.

Confirmando todos os prognósticos, o MDB, partido do prefeito, foi o que “fez” mais vereador. 6 ao total. Foi também dele (MDB) que saiu o campeão de votos: Josias de Militina (4.014) – mostrando que o mesmo  é bom de urna – já havia sido  o 2º colocado na eleição de 2020.

Ainda falando sobre partidos políticos,  podemos dizer que os “Bau(s)”, pai e filho, Amaro  e André, respectivamente, se configuraram  em dois “arquitetos partidários”. Além da eleição dos dois, Fabio Raylux foi alçado à segunda colocação geral e o primeiro suplente do referido partido (PSD) obteve  mais votos do que vereador eleito. Valendo destacar que o Fábio Raylux avançou em faixa própria

Do AVANTE, além da única mulher eleita em 2024, Ana Paula, a sigla pavimentou a reeleição  do campeão de mandatos consecutivos da Casa Diogo de Braga. Isto é:  o vereador Novo da Banca emplacou a sua 7º eleição. O mesmo foi eleito pela  primeira vez na eleição municipal de 2000, há exatos 24 anos.

Ratificando sua desenvoltura parlamentar, desenvolvida  no transcorrer do seu primeiro mandato, poderíamos dizer que o vereador Felipe Cezar sai do pleito 2024 com musculatura politicamente avantajada.  Além de ampliar a votação, ainda conseguiu dialogar com outros  segmentos da sociedade.

Por motivos distintos, os três vereadores eleitos no campo oposicionista, indiscutivelmente, tem motivos de sobra para comemorar efusivamente.

O Mizael de Davi – como o próprio nome diz -,  recebeu  a transferência automática dos votos do atual vereador Davi Frutas, que optou por não se candidatar pelo conjunto político do prefeito após se sentir desconfortável partidariamente. Sua tática eleitoral, inclusive,   se configurou  num dos “lances” mais extraordinários do xadrez político local, atinente ao pleito municipal 2024.

Já no campo da “surpresa” 2024, por assim dizer, tem nome, sobrenome e apelido. Denis Lima – O Galo. Fora dos prognósticos dos mais experientes “cientistas políticos populares”, sempre de plantão nos pleitos eleitorais, o “Galo” conseguiu  inverter a lógica partidária para fazer a sua própria história.

Para finalizar, não podemos deixar de grafar, sublinhar e realçar à mais difícil de todas as vitórias da Câmara, em 2024. Vereador de oposição firme, durante todo seu primeiro mandato, Carlos Henrique, além de acrescer os seus respectivos sufrágios, o mesmo  montou, conduziu e motivou os integrantes do  seu próprio partido, inclusive  resistindo,  até às vésperas do pleito,  aos “ataques” da situação,  no sentido da desmobilização e retirada de candidaturas, para que  o seu mandato não fosse renovado.

Para os que conhecem o “jogo político” da retaliação, tão em voga na direção dos que se colocam como “vereador independente”,  em relação  ao Poder Executivo de plantão,  sabem que a votação do referido parlamentar poderia ser  até dobrada, caso não tivesse que abrir mão de alguns aliados  eleitorais para que os mesmos pudessem ser  candidatos no seu próprio partido, no sentido de complementar à chamada calda eleitoral.

Eis aí, portanto, alguma das nossas impressões,  vinculadas ao pleito municipal de 2024 na nossa Vitória de Santo Antão  voltadas à disputa proporcional, que terá legislatura iniciada a partir de janeiro de 2025.

Zé Amaro e o desenraizamento das palavras – por Marcus Prado.

“O homem se comporta como se ele fosse criador e senhor da linguagem, ao passo que ela permanece sendo a senhora do homem”. (Martin Heiddeger).

Numa viagem de trabalho, entre o Recife e Porto Alegre, eu e o saudoso economista pernambucano Zé Amaro Moreira, incógnito, imprevisível, excêntrico, trocávamos ideias no avião sobre um assunto que fazia parte de sua vida: a paixão pelo América Futebol Público, o time que mexia com as emoções do poeta João Cabral de Mello Neto. “Tudo agora é clássico: essa palavra (disse-me ele) tornou-se vulgar, até no futebol”.

Nesta hora, quando ouço a voz do locutor dar notícia de “superclássico” de uma partida de futebol pernambucano, dou razão ao amigo Zé Amaro, recentemente falecido. De que forma vão nominar essa palavra no futuro? Sabe-se que a derivação das palavras, sua pluralidade semântica, o dizer sinonimicamente que se desenovelam, com o seu desenraizamento (questão comum dentro do campo ampliado da cultura), não é um conjunto fechado.

Clássico: essa palavra agora se metamorfoseia, torna-se mundivagante, que significa “vagar” no sentido de “andar sem rumo”.

Um dos objetivos da lógica de Aristóteles era identificar vícios e erros de linguagem e construir argumentos não contraditórios. Diga-se que a geração que está nos sucedendo tenha paixão pelos novos “clássicos”, mas que não perca a luminosa brecha de se voltar para os clássicos do seu idioma, de todas as épocas, de todas as artes e saberes, pois seus sentidos e interpretações tendem ao infinito.

O jornal Valor Econômico acaba de publicar uma reportagem sobre o impacto positivo de um clube de leitura em três grandes indústrias de São Paulo.

Hoje, não falarei dos clássicos da literatura, aqueles já consagrados. Com a morte, eles mataram a morte. Eu tenho os meus, esquecidos. A minha escolha para os pernambucanos não implica em desmerecimento dos que ganharam valor, prestigio e influência de outras gerações. Numa cidade de memória curta, não custa lembra-los.

São eles, de valor incontornável: Pedro Xisto, natural de Limoeiro, desconhecido por completo no Recife. Poeta visual, trabalhou como adido cultural em vários países. Tornou-se um dos mais famosos integrantes do Grupo Concretista (São Paulo), escolhi o “Logogramas” (1966); Janice Japiassú: Canto Amargo (1970). Nesse livro, o leitor sente no ar o soprar dos ventos do sertão. “A viola do diabo”, peça teatral de Ladjane Bandeira, encenada no Recife há 60 anos (1964), publicada em livro no mesmo ano nunca mais foi lembrada. É uma comédia reunindo drama, tragédia, tradição e realismo. “A cidade submersa e outros poemas”, de Edmir Domingues (1972), uma das obras de superlativa beleza estética. Carlos Moreira, “O Município” (Poemas); Jorge Wanderley: Antologia Poética (1999). Tomás Seixas: A casa dos sonâmbulos (1990), misto de romance, biografia e crítica de livros e arte. Interior da matéria, poemas, de Joaquim Cardozo, um livro em cuja edição princeps o poeta dividiu a autoria da obra com Roberto Burle Marx (1975). “Os Anjos e os demônios”, de Joaquim Cardozo e Fayga Ostrower. Edição de arte, belíssima. Tiragem de apenas 300 exemplares.

Marcus Prado – jornalista