PARA O DIA DO ESCRITOR – por Sosigenes Bittencourt.

 


Escrever é um ato que se pratica sozinho, porém, jamais solitário.
Todo ato intelectual é povoado daquilo que povoa a vida, do mito mistério que povoa o mundo.
O escritor vive escrevendo.
O escritor morre escrevendo.
Até quando dorme, sonha escrevendo.
Um olho aberto e outro fechado,
uma folha de papel e uma caneta ao lado.
Assim, anda vivendo,
Assim, vive andando,
meio acordado, meio sonhando.

Sosigenes Bittencourt

ANIVERSÁRIO DO BLOG DO PILAKO, IDEIAS E COMES E BEBES – Sosígenes Bittencourt.

Há 11 anos
09/07/2013
Vitória de Santo Antão, PE

Trocar ideias é o melhor quitute para uma boa bebida. Tudo estava saboroso, mas nada mais prazeroso do que permutar conhecimentos. Ensinar, para mim, é uma forma e conviver. Estudar, para mim, é uma forma de conviver. Minha escola é o mundo. O saber não é nada, o saber não é tudo, imenso é o não-saber, misterioso é o desconhecido.

Sosígenes Bittencourt

 

ROBERVAL – O NERO DAS TABOCAS – por Sosígenes Bittencourt.

Eu, agora, acredito em reencarnação. Nero trocou Roma por Vitória de Santo Antão. O Nero, imperador romano, era doido varrido, mas não precisou ser castigado pelos humanos, ele próprio enfiou uma faca no pescoço e se matou. Já Roberval, não parece tão anormal; já transitou, a bordo de Camburão, rogando desculpas pela incineração, alegando amnésia transitória e garantindo que vai dar tudo certo. Como está tudo errado e ninguém acredita no incendiário, é mais fácil uma vítima querer incendiá-lo. Resta saber o que dirá o réu nos autos sobre o incêndio dos autos.

Sosígenes Bittencourt

BRASIL 1 x 1 COLÔMBIA – por Sosigenes Bittencourt.

Nada como um joguinho da Seleção Brasileira às vésperas de dormir, para animar pesadelo. Para começar, Vini Júnior deve estar com inveja de Neymar, que esquece de jogar, para aparecer.
No conjunto, a Seleção não é um time de futebol, é um bando de barata tonta em debandada. Parece time de várzea, escalado no dadinho. É futebol “desassociation”.
Agora, ser vaiado pela torcida colombiana é de irritar um monge budista, uma carmelita descalça.
Melhor mudar de paixão, para melhorar DA bola, termos mais juízo.
Embolado abraço!
Sosigenes Bittencourt

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.

De Vinicius de Moraes: Tenho os olhos cansados de olhar para o além.
De Luiz Caldas: Toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração.
De Guillaume Guizot: Quando a Política penetra no recinto dos Tribunais, a Justiça retira-se por outra porta.
De Inácio de Loyola: Ora, como se tudo dependesse de Deus, e trabalha, como se tudo dependesse de ti.
De Pitigrilli: Nasce-se incendiário e acaba-se bombeiro.
Reflexivo abraço!

Sosígenes Bittencourt

 

SÃO JOÃO NO TEMPO DE EU MENINO – por Sosígenes Bittencourt.

Lembro-me do São João das ruas sem calçamento. O mundo parecia um terreiro só. As mulheres cruzavam as pernas, enfiavam as saias entre as coxas, para ralar o milho e o coco, enquanto os homens plantavam o machado nos toros de madeira para fazer as fogueiras. À tardinha, a panela virava uma lagoa de caldo amarelo onde fervia o maná das comezainas juninas. A meninada ensaiava o jeito de ser homem e mulher. De chapéu de palha, bigode a carvão e camisa quadriculada, era quando podíamos chegar mais perto das meninas sem levar carão nem experimentar a sensação de pecado. O coração se alegrava quando sonhávamos com a liberdade de adultos que teríamos um dia. Batia uma gostosíssima impressão de que estávamos bem próximos de fazer o que não podíamos fazer. Os ensaios de quadrilha relembravam a tristeza do último dia. Pois um ano durava uma eternidade, as horas eram calmas, podíamos acompanhar a réstia do sol e contar estrelas. Pamonha, canjica e pé de moleque eram tarefas de dona de casa prendada, de quem o marido se gabava. Tudo era simples e barato, ninguém enricava com a festa. A novidade era a radiola portátil, e os conjuntos eram pobres de tecnologia, mas os instrumentos ricos de som e harmonia, manuseados com habilidade e gosto, na execução do repertório da festa do milho. Quando São Pedro se ia, ficava um aroma de saudade na fumaça das derradeiras fogueiras e no espocar dos últimos fogos.

Sosígenes Bittencourt

BRASIL 3, JAPÃO 0, E O PITACO DE MAINHA – por Sosígenes Bittencourt.

(Há 11 anos – 16 de junho de 2013)

Quando terminou o jogo entre Brasil e Japão, minha genitora, que era enjicada com futebol, saiu-se com essa: – O Brasil joga amanhã com quem?
Aí, papai: – Com ninguém, menina, nenhum time joga dois dias em seguida.
Aí, mainha: – Então, amanhã, eu não vou para o fogão. Está tudo errado. Esses caras trabalham um dia na semana para ganhar uma fortuna, e eu trabalho todo dia sem remuneração?
Fotografia: Simônides Bittencourt, profa. Damariz e titia Ricardina

Sosígenes Bittencourt

CAFÉ FILOSÓFICO – por Sosígenes Bittencourt.

A poesia está na natureza, o poeta é que fuxica a beleza.
A poesia é o que o poema conta. Certa vez, andando pela varanda, eu vi duas meninas bonitinhas passando. Não eram meras meninas, era a poesia passando, o que me fez fuxicar, varandando.

VARANDANDO
Da varanda, vejo duas meninas bonitinhas passando. De tão bonitinhas, nem parecem passar, fica sempre alguma coisa bonitinha no ar.

Sosígenes Bittencourt

RESENHA ESPORTIVA – por Sosígenes Bittencourt.


O Sport não é um time de futebol, é um bando de jogadores. O elenco é bom, caro, mas não produz o esperado. Não tem esquema tático definido, cada um corre para um lado, tresloucadamente. Talvez, seja Mariano Soso que esteja com o prazo de validade vencido, caso sem remédio. Se não arrumar o plantel, não irá escapar insosso.

Sosígenes Bittencourt

REVISTA FRAGMENTOS – RETROSPECTIVA – Sosígenes Bittencourt.

(Há 36 anos) – (Junho – 1988).

1) Em São Lourenço da Mata, uma empreiteira joga ossos humanos na via pública. O povo, revoltado, faz a caveira do prefeito. São os ossos do ofício.
2) O alcoólico sempre inventa um motivo para beber. Um bebeu para comemorar a resolução de ingressar no A. A.
3) Haja doador de bom rim para salvar portador de rim ruim no Nordeste.
4) O sertanejo prefere morrer de sede no Sertão a pagar conta d’água na Zona da Mata.
5) A Funai nem liga para as lamúrias da tribo Pataxó Hã-hã-hãe. Nem nem nem.

Sosígenes Bittencourt.

Chiclete Ping-Pong – por Sosígenes Bittencourt,

Eu nunca pratiquei a malvadeza de tacar um chiclete num capucho de cabelos de uma menina. Madeixas lourinhas, esvoaçantes, ou pretos que nem a asa da graúna, cheirosinhos a alfazema do bosque. O Ping-Pong ficava mais gostoso na saliva das meninas, no frescor de suas bocas, temperadas de progesterona, na travessia pela ponte da língua.

No tempo de eu menino, todo rebuliço no coração, todo friozinho na barriga dava impressão de amor. E a história de que engolir chiclete grudava as tripas, era estória, porém grudou muitos corações.

Mastigado abraço.

Sosígenes Bittencourt

DO BECO DO BORGES PARA O MUNDO – por Sosígenes Bittencourt.

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Aqui, na divisa entre Zé Leal e Bela Vista, o popular Beco do Borges, uma Faixa de Gaza amiga, tudo há na pista, tudo aporta na porta. De padaria a mercado, quentinhas a hortifrutigranjeiro. De pedreiro a pintor, eletricista a coveiro. De Pronto Socorro de Bêbado a Assembléia de Deus. De mototaxista a piloto de teco-teco. De barbeiro a cabeleireiro. Nesses dias, encontro cirurgião para raspar a catarata aqui mesmo.
Eita povo hospitaleiro!
Sosígenes Bittencourt

PARA O MÊS DE MAIO – por Sosígenes Bittencourt.

O mês de Maio sempre foi um mês dedicado à mulher. Mês de Maria, de se celebrar o namoro e o noivado, místico período entre os prazeres da carne e o sacrifício do espírito, o desregramento e a temperança, a fornicação e a castidade. Mês de se respeitar a mãe e desobedecer-lhe. Certa vez, o Papa veio condenar tudo que é vontade do corpo e seduz o cérebro. Lembra-me O Êxtase de Santa Teresa D’Ávila, trespassada pela seta de um anjo, magnificamente burilada por Bernini, no Século XVI.

Sosígenes Bittencourt

 

MINIBIOGRAFIA – por Sosígenes Bittencourt.

Colégio Municipal 3 de Agosto. Vitória de Santo Antão, PE. 1970

Colégio Municipal 3 de Agosto. Vitória de Santo Antão, PE. 1970

Ensinar, para mim, é uma forma de conviver.
Minha escola é o mundo.
Estudar, para mim, é uma forma de conviver,
Minha escola é o mundo.
Sou professor no que ensino;
no que estudo, sou aluno.
Sou filho de professora Damariz,
meio gente, meio pó de giz.
Fazer poesia é destino,
sou poeta desde menino.
Porém, sou poeta trabalhado,
o meu dom é divino,
mas o estudo é sagrado.

Sosígenes Bittencourt

POR QUE FAÇO LITERATURA – (Há 12 anos – 28/04/2012) – por Sosígenes Bittencourt.


O filósofo alemão Nietzsche dizia: Tudo que se faz por AMOR, se faz além do BEM e do MAL.
Portanto, faço literatura, porque me agrada agradar o meu semelhante, e isto está além do BEM e do MAL.
A arte tem a função de tornar a realidade mais suportável. Primeiro, a mim mesmo; depois, ao meu semelhante. Fazer literatura me dá prazer, e o prazer é o maior dos bens. O próprio Nietzsche dizia que “Sem a música, a vida seria um erro.”

Sosígenes Bittencourt

EU TENHO SÉRIOS POEMAS MENTAIS – por Sosigenes Bittencourt.


Vejo poesia em tudo, por isso ando pelo cantinho da calçada.

A diferença entre os efeitos da poesia e a embriaguez é que o poeta conhece o caminho da volta.
A diferença entre o louco e o que fala sozinho é que o louco repete.
A diferença entre o poeta e quem gosta de poesia é que o poeta fuxica a poesia.
A diferença é que os diferentes são sempre a minoria, e a maioria considera-se normal.
O pintor Salvador Dali dizia: A diferença entre um louco e eu é que eu não sou louco.
Contudo, só há algo igual entre os homens: todos são diferentes.

Sosigenes Bittencourt