EU TENHO SÉRIOS POEMAS MENTAIS – por Sosigenes Bittencourt.


Vejo poesia em tudo, por isso ando pelo cantinho da calçada.

A diferença entre os efeitos da poesia e a embriaguez é que o poeta conhece o caminho da volta.
A diferença entre o louco e o que fala sozinho é que o louco repete.
A diferença entre o poeta e quem gosta de poesia é que o poeta fuxica a poesia.
A diferença é que os diferentes são sempre a minoria, e a maioria considera-se normal.
O pintor Salvador Dali dizia: A diferença entre um louco e eu é que eu não sou louco.
Contudo, só há algo igual entre os homens: todos são diferentes.

Sosigenes Bittencourt

FALECIMENTO DE PROFESSORA REGINA – por Sosígenes Bittencourt.

Estão se esvaindo do mundo as professoras do meu tempo, da Era do Silêncio, da autoridade com gentileza, do elo sentimental entre o mestre e o aluno. Portanto, é movido por este sentimento, que nos despedimos de professora Regina.
A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos, no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.
Agora, professora Regina, és detentora de um segredo só a ti revelado. Um dia, foste como nós somos; um dia, seremos como tu és.
Até breve, Requiescat in Pace!
Sosígenes Bittencourt

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.


De Millôr Fernandes: Quando Deus criou o homem, os animais não caíram na risada por questão de respeito.
De Sêneca: Tão idiota é crer em tudo, como não crer em nada.
De Guimarães Rosa: Viver é muito perigoso.
De José Simão: Terceira Idade é quando a gente bota os óculos para ouvir o rádio.
De La Rochefoucauld: A paixão tem intervalos, mas a vaidade nunca nos deixa descansar.
De Coco Chanel: Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não é a roupa, é a classe.
Reflexivo abraço!

Sosígenes Bittencourt

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.


De Blaise Pascal: A maior carência do homem é poder fazer tão pouco por aqueles que ama.

De Ariano Suassuna: Eu não fico impressionado quando um avião cai, fico impressionado como é que ele sobe.

De Hermann Hesse: Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Eu o ajudarei a tornar visível seu próprio mundo.

De Bernard Shaw: Ninguém faz fofoca sobre as virtudes alheias.
De Domenico de Masi: Quando o trabalho é executado com a cabeça, vai sempre com você.

Reflexivo abraço!

Sosígenes Bittencourt

RAIOS DE MADRUGADA – por Sosígenes Bittencourt.


De madrugada, choveu lá longe. A chuva, em cima do calor escaldante, gerou raios. Um deles acendeu o meu celular, plugado na tomada, e fez menção de ligar o meu ar-condicionado.

Parecia o prelúdio do Fim do Mundo, a alvorada do Apocalipse. Genocídios pelo Poder, Tráfico de Drogas, Liberticídios, Pecados Capitais. Até os ateus envergam-se, diante de tão incógnita Grandeza, e apelam pela existência de Deus

Sosígenes Bittencourt

RELÍQUIA DE DONA DAMARIZ – por Sosígenes Bittencourt.

Esta é uma relíquia que não negocio por muita grana. É um frasco de Nescafé, bordado a pincel por minha tia Silonita e presenteado a minha mãe. A razão de não usá-lo ou negociá-lo é uma exigência de minha genitora, que minha tia Ricardina, ainda lúcida, poderá asseverar. Mamãe não queria que mexessem neste frasco, nem para colocar comida na geladeira.
É reverência, é memória, é relíquia e um tchau para o Mal de Alzheimer.

Sosígenes Bittencourt

NO DIA DA FELICIDADE – por Sosígenes Bittencourt.

O segredo da felicidade é um segredo. Portanto, cada um tem que descobrir o seu. O segredo da minha felicidade não é o segredo da sua felicidade.
O filósofo Sócrates morreu feliz, apesar de ter sido obrigado a beber veneno para morrer. Quem poderia ser feliz com o segredo da felicidade de Sócrates?
Contudo, ninguém saberia se estava feliz, se não fossem os momentos sem felicidade, pois não saberia distinguir a felicidade se jamais fosse infeliz por um instante.
Aliás, querer ser feliz o tempo inteiro tem sido o motivo de muita infelicidade.
Sosígenes Bittencourt

UM CERTO DOMINGO – por Sosígenes Bittencourt.

Um certo domingo, corria o ano de 2010, eu assistia a uma reprise do Conexão Internacional, quando apareceu o jornalista e escritor carioca Carlos Heitor Cony, sendo entrevistado por Roberto D’Ávila.
Engraçado, disse simpatizar os cínicos, desde Sócrates a Machado de Assis e Jean-Paul Sartre. Disse que há uma diferença entre o escritor e o cronista. O escritor vive no fundo do mar, e o cronista, no aquário. O escritor tem de traçar seu caminho para ser notado, o cronista vive na vitrine. E acabou citando uma frase de Rabelais: “Não tenho nada, devo muito, o resto dou pros pobres.”
Ainda vi, neste programa, o físico Marcelo Gleiser dizer que “A terra pode ficar perfeitamente feliz sem a gente, mas a gente não vive sem a terra.”
Dominical abraço!
Sosígenes Bittencourt

ALTOS 1 x 2 SPORT – por Sosígenes Bittencourt.


No dia da Revolta de 1817, quando Pernambuco virou País, quem mais celebrou e honrou a Data Magna foi o Sport Club do Recife, ali no Piauí. Entre altos e baixos, a trinca de corredores pernambucanos parecia a façanha dos heróis da Terra dos Altos Coqueiros, que mandaram os exploradores lusitanos se mancar.

Vingaram o Náutico, que não teve fôlego para emparelhar com o River (quer Plate ou não Plate), velocistas do mesmo lugar.
Viva o Sport! Viva Pernambuco! Salve Cruz Cabugá!

Sosígenes Bittencourt

A MOSQUITA “DE” DILMA – por Sosígenes Bittencourt.


Dilma deve ter aprendido, depois do seu discurso hilário sobre o aedes aegypti, que o feminino de mosquito não é mosquita, pois trata-se de um substantivo epiceno. Ou seja, ele não sofre alteração morfológica na designação de gênero: masculino e feminino. Quer dizer, para você se referir à mulher do mosquito, você terá que acrescentar a palavra fêmea. O mosquito macho e o mosquito fêmea.

Agora, imagine se você usa o artigo a, antes do nome próprio da presidenta, no exemplo que vou citar. Ao invés de você dizer “a mosquita de Dilma”, que seria referir-se ao seu erro de Português, você dissesse a “mosquita da Dilma”, passando a chamar a presidenta de mosquita.
Docente abraço!

Sosígenes Bittencourt

RE(COR)DAÇÃO DE KAYSE ARRUDA – por Sosígenes Bittencourt


Nunca mais, eu vi Kayse Arruda.
Kayse era uma belezura. Meiga, pura mulher nos trejeitos, no olhar, ar de aventura.
Nunca mais, eu vi Kayse Arruda. Até já escalei o Alto Dr. José Leal, a perguntar, posto que foi a derradeira vez onde a vi, à sua procura.
Lembro-me de tê-la tirado para dançar – ela de saia – e o motivo era a moda Me dê Motivo na execução de Tim Maia. Nunca mais vi fêmea tão feminina, vereda de saudade, ao viajar para Santa Catarina.
A vontade que dá é enguiçar esses brasis, repoltreado em avião alado, sobre rios, florestas e montanhas, margeando a grinalda dos oceanos, para ver menina tão mulher, beleza tão feminina.
 
Sosígenes Bittencourt

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.


De Luís da Câmara Cascudo: Casei-me com uma mulher com nome de flor, flor sem espinhos: Dáhlia.
De Millôr Fernandes: A vida pode me fazer desgraçado, não infeliz.
De Mário Lago: Eu fiz um acordo pacífico com o tempo: nem eu o persigo, nem ele me persegue; um dia, a gente se encontra.
De Milton Friedman Não há excesso de liberdade quando exercida com responsabilidade.
De Bertolt Brecht: O que é um assalto a um banco, comparado com a fundação de um banco?
De Mauro Mota: Quem morre em Recife, engana a morte.

Sosígenes Bittencourt

FALECIMENTO DE PAULO DE ZUCA – por Sosígenes Bittencourt.

Conheci Paulo, filho de Zuca da Xerox, em 1987, quando comecei a publicar minha Revista Fragmentos, cuja seleção de frases era fotocopiada em sua lojinha, na Rua XV de Novembro, próxima à Sorveteria Peixe.

A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.

Agora, amigo Paulo de Zuca, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és.
Até breve! Requiescat in pace!

Sosígenes Bittencourt

NELSON DE BRONZE FURTADO – por Sosígenes Bittencour.

Acabaram de furtar o busto de bronze do dramaturgo Nelson Rodrigues, no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro – o maior celeiro de bandoleiro do terreiro brasileiro.
Nelson era dramático até a medula, de linguagem nua e crua. Nascido em Recife, faleceu no Rio; antes, Cidade Maravilhosa; hoje, a mais perigosa.

Seu drama mais saliente é “A vida como ela é.” E terminou sendo, como previra. Ou seja, tal como é. Seu busto fora forjado em 45 quilos de bronze. Cercado por ladrões de baixo calão, roubaram-lhe o galardão. Nem sei o que escreveria sobre tamanha baixaria em sua máquina de datilografia.
Depredado abraço!

Sosígenes Bittencour

UMA DEFINIÇÃO DE MIM – por Sosígenes Bittencourt.

Uma das melhores definições de mim não é minha, é do escritor e pensador inglês Chesterton: O homem SÃO é aquele que tem a tragédia em seu coração e a comédia em sua cabeça. Mas, explicou: A comédia do homem sobrevive à sua tragédia. Chesterton também dizia: O que amargura o mundo não é excesso de crítica, mas a ausência de autocrítica.

Quer dizer, a crítica está presente no coração do homem, mas, quanto a sua autocrítica, olha-se no espelho, sorri e faz piada. O homem é condescendente com os seus erros e atroz com os erros alheios, por isso julga mal.

Sosígenes Bittencourt

 

SAUDADE GOSTOSA – por Sosígenes Bittencourt.

Uma amiga do peito (ab imo pectore) postou no facebook que estava sentindo uma saudade gostosa no primeiro domingo do ano. Saudade gostosa é poesia, é uma embriaguez natural, promovida por “droga” cerebral. O nosso sistema límbico é responsável pela memória emocional, por isso choramos nos sepultamentos.

O romancista francês Victor Hugo definia a Melancolia como “a felicidade de ser triste”. Eu contestaria, porque “ser triste” não me parece sinônimo de Felicidade. Já o jornalista e escritor carioca Carlos Heitor Cony revelou seu sentimento: Nostalgia é saudade do que vivi. Melancolia é saudade do que não vivi.

Sosígenes Bittencourt