UM CERTO DOMINGO – por Sosígenes Bittencourt.

Um certo domingo, corria o ano de 2010, eu assistia a uma reprise do Conexão Internacional, quando apareceu o jornalista e escritor carioca Carlos Heitor Cony, sendo entrevistado por Roberto D’Ávila.
Engraçado, disse simpatizar os cínicos, desde Sócrates a Machado de Assis e Jean-Paul Sartre. Disse que há uma diferença entre o escritor e o cronista. O escritor vive no fundo do mar, e o cronista, no aquário. O escritor tem de traçar seu caminho para ser notado, o cronista vive na vitrine. E acabou citando uma frase de Rabelais: “Não tenho nada, devo muito, o resto dou pros pobres.”
Ainda vi, neste programa, o físico Marcelo Gleiser dizer que “A terra pode ficar perfeitamente feliz sem a gente, mas a gente não vive sem a terra.”
Dominical abraço!
Sosígenes Bittencourt

ALTOS 1 x 2 SPORT – por Sosígenes Bittencourt.


No dia da Revolta de 1817, quando Pernambuco virou País, quem mais celebrou e honrou a Data Magna foi o Sport Club do Recife, ali no Piauí. Entre altos e baixos, a trinca de corredores pernambucanos parecia a façanha dos heróis da Terra dos Altos Coqueiros, que mandaram os exploradores lusitanos se mancar.

Vingaram o Náutico, que não teve fôlego para emparelhar com o River (quer Plate ou não Plate), velocistas do mesmo lugar.
Viva o Sport! Viva Pernambuco! Salve Cruz Cabugá!

Sosígenes Bittencourt

A MOSQUITA “DE” DILMA – por Sosígenes Bittencourt.


Dilma deve ter aprendido, depois do seu discurso hilário sobre o aedes aegypti, que o feminino de mosquito não é mosquita, pois trata-se de um substantivo epiceno. Ou seja, ele não sofre alteração morfológica na designação de gênero: masculino e feminino. Quer dizer, para você se referir à mulher do mosquito, você terá que acrescentar a palavra fêmea. O mosquito macho e o mosquito fêmea.

Agora, imagine se você usa o artigo a, antes do nome próprio da presidenta, no exemplo que vou citar. Ao invés de você dizer “a mosquita de Dilma”, que seria referir-se ao seu erro de Português, você dissesse a “mosquita da Dilma”, passando a chamar a presidenta de mosquita.
Docente abraço!

Sosígenes Bittencourt

RE(COR)DAÇÃO DE KAYSE ARRUDA – por Sosígenes Bittencourt


Nunca mais, eu vi Kayse Arruda.
Kayse era uma belezura. Meiga, pura mulher nos trejeitos, no olhar, ar de aventura.
Nunca mais, eu vi Kayse Arruda. Até já escalei o Alto Dr. José Leal, a perguntar, posto que foi a derradeira vez onde a vi, à sua procura.
Lembro-me de tê-la tirado para dançar – ela de saia – e o motivo era a moda Me dê Motivo na execução de Tim Maia. Nunca mais vi fêmea tão feminina, vereda de saudade, ao viajar para Santa Catarina.
A vontade que dá é enguiçar esses brasis, repoltreado em avião alado, sobre rios, florestas e montanhas, margeando a grinalda dos oceanos, para ver menina tão mulher, beleza tão feminina.
 
Sosígenes Bittencourt

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.


De Luís da Câmara Cascudo: Casei-me com uma mulher com nome de flor, flor sem espinhos: Dáhlia.
De Millôr Fernandes: A vida pode me fazer desgraçado, não infeliz.
De Mário Lago: Eu fiz um acordo pacífico com o tempo: nem eu o persigo, nem ele me persegue; um dia, a gente se encontra.
De Milton Friedman Não há excesso de liberdade quando exercida com responsabilidade.
De Bertolt Brecht: O que é um assalto a um banco, comparado com a fundação de um banco?
De Mauro Mota: Quem morre em Recife, engana a morte.

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FALECIMENTO DE PAULO DE ZUCA – por Sosígenes Bittencourt.

Conheci Paulo, filho de Zuca da Xerox, em 1987, quando comecei a publicar minha Revista Fragmentos, cuja seleção de frases era fotocopiada em sua lojinha, na Rua XV de Novembro, próxima à Sorveteria Peixe.

A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.

Agora, amigo Paulo de Zuca, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és.
Até breve! Requiescat in pace!

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NELSON DE BRONZE FURTADO – por Sosígenes Bittencour.

Acabaram de furtar o busto de bronze do dramaturgo Nelson Rodrigues, no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro – o maior celeiro de bandoleiro do terreiro brasileiro.
Nelson era dramático até a medula, de linguagem nua e crua. Nascido em Recife, faleceu no Rio; antes, Cidade Maravilhosa; hoje, a mais perigosa.

Seu drama mais saliente é “A vida como ela é.” E terminou sendo, como previra. Ou seja, tal como é. Seu busto fora forjado em 45 quilos de bronze. Cercado por ladrões de baixo calão, roubaram-lhe o galardão. Nem sei o que escreveria sobre tamanha baixaria em sua máquina de datilografia.
Depredado abraço!

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UMA DEFINIÇÃO DE MIM – por Sosígenes Bittencourt.

Uma das melhores definições de mim não é minha, é do escritor e pensador inglês Chesterton: O homem SÃO é aquele que tem a tragédia em seu coração e a comédia em sua cabeça. Mas, explicou: A comédia do homem sobrevive à sua tragédia. Chesterton também dizia: O que amargura o mundo não é excesso de crítica, mas a ausência de autocrítica.

Quer dizer, a crítica está presente no coração do homem, mas, quanto a sua autocrítica, olha-se no espelho, sorri e faz piada. O homem é condescendente com os seus erros e atroz com os erros alheios, por isso julga mal.

Sosígenes Bittencourt

 

SAUDADE GOSTOSA – por Sosígenes Bittencourt.

Uma amiga do peito (ab imo pectore) postou no facebook que estava sentindo uma saudade gostosa no primeiro domingo do ano. Saudade gostosa é poesia, é uma embriaguez natural, promovida por “droga” cerebral. O nosso sistema límbico é responsável pela memória emocional, por isso choramos nos sepultamentos.

O romancista francês Victor Hugo definia a Melancolia como “a felicidade de ser triste”. Eu contestaria, porque “ser triste” não me parece sinônimo de Felicidade. Já o jornalista e escritor carioca Carlos Heitor Cony revelou seu sentimento: Nostalgia é saudade do que vivi. Melancolia é saudade do que não vivi.

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PENSANDO NA VIDA – por Sosígenes Bittencourt

*Organize-se, não agonize.

*Remédio para ansiedade é atitude.
Remédio para timidez é caridade.

*Depressão passa, saia pra vida.

*Olhe com bons olhos para iluminar o seu corpo.

*Aprenda com o sofrimento o que é felicidade.

*Estude. Tudo, sem estudo, é nada.

*Acreditar em Deus e na Salvação da Alma não faz mal a ninguém.

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SANTA CRUZ, ALTOS E BAIXOS – por Sosígenes Bittencourt.


Depois de perder para o Altos piauiense, só nos resta apelar para o Santa Cruz pernambucano tentar encobrir os baixinhos do Gigantes do Norte paraense. O esquema tático é dar banho de cuia nos meninos e impedir de levar drible por entre o arco das canelas.

A torcida já está preparada para cobrar dos cobras da cobrinha uma vitória histórica do tricolor pernambucano, invertendo a derrota de Siefried, no confronto com os Nibelungos, como na película cinematográfica, dirigida por Fritz Lang.

Sosígenes Bittencourt

DA INSATISFAÇÃO HUMANA – por Sosígenes Bittencourt.

Se você der carne de gato a um passarinho, ele morre de fome, mas não come. Se você der alpiste a um gato amarrado, ele morre de fome, mas não come. No entanto, se você der tudo isso a um homem, ele come o gato, come o passarinho, o alpiste, come a cozinheira e ainda reclama. O ser humano é enjoado e insatisfeito por natureza.

Sosígenes Bittencourt

TANAJURA COM CACHAÇA – por Sosígenes Bittencourt.

Eu passei na mandíbula tanajura, regada a cachaça, no Bar da Mocidade, centro de Barreiros, em 1971, quando fui aluno no Colégio Agrícola João Coimbra.

Servida com farofa, foi a seboseira gastronômica mais saborosa que minhas papilas gustativas puderam testemunhar.
Salve o Criador Do Universo!

Fosse o ser humano uma tanajura, uma hiena, não seria tão perverso, visto que os animais matam para sobreviver, e o ser humano mata por ódio. Bom frisar, outrossim, que o ódio passa pelo crivo da razão, faculdade da qual é desprovido o animal. Melhor, quiçá, fosse ser um gato, um peixe, um passarinho.

Sosígenes Bittencourt

HOMENAGEM A DILSON LIRA – por Sosígenes Bittencourt

(Há 7 anos – 02/12/2016)
Essa história de homenagear Dilson Lira é uma invenção arretada. E não custa parabenizar a Academia Vitoriense de Letras que promoveu Recital em sua memória. Se lá onde estiver, puder me ler, estará sorrindo, como sempre sorriu com minhas expressões.
Faz pouco tempo, eu ia atravessando a Avenida Mariana Amália, com o poeta Dilson Lira, quando ele parou no meio do trânsito e disse que havia sonhado com a Constelação de Eridanus, o Rio Celeste. Aí, eu, conduzindo-o pelo braço, relembrei: Nós somos do tempo em que havia tempo de acompanhar a réstia do sol e contar estrelas.
Eu dizia a Dilson que não era muito chegado a CASAMENTO nem SEPULTAMENTO, talvez pela semelhança que enxergava entre as cerimônias. E ele botava pra rir.
Geralmente, lá na padaria, onde comia pão com bolo e chupava caramelo de café.
Aí, eu comentava: “Dilson, você vai viver muito porque não come e vai morrer porque não come.” E ele botava pra rir.
Mas, Dilson não deu asas ao Mal de Alzheimer, decorou todas as poesias que confeccionou. E, falando-lhe sobre ser poeta, eu o homenageava com meus versos, a saber:
Essa história de ser poeta é dom.
Um bom dom.
O poeta não faz poesia com as flores,
com o mar,
com o céu,
sem a intenção de que você
habite sua poesia.
Ou seja,
sinta o aroma das flores,
a imensidão do mar,
o mistério do infinito.
Sosígenes Bittencourt

O PEQUENO BERNARDO – por Sosígenes Bittencourt.

Em Tabira, no Sertão Pernambucano, o pequeno Bernardo, com 3 meses e 8 kilos, abismado e de mão no queixo, de tanta curiosidade, sem saber 1/3 da missa. Neto de dona Alvaneide Leite de Melo, descendente da tribo fulni-ô, de Águas Belas; ela, crendo-me um Cacique, e eu, nas turvas Águas Brancas, caprichando pra Pajé.
Vitória de Santo Antão/PE.
Sosígenes Bittencourt