
No ano de 1831, quando se encerrou, o drama da abdicação, o primeiro império brasileiro, nasceu Rufino Enéas Gustavo Galvão, em Larangeiras, no Estado de Sergipe. Filho do brigadeiro José Antônio da Fonseca Galvão, pernambucano, nascido na antiga vila de Igarassú, iniciou-se, Rufinon Enéas, na carreira perigosa das armas. Soldado do exército da pátria, o jovem sergipano alcançou, pela bravura, grandes vitórias, que lhe honraram a espada.
O maior cenário de suas atividades militares, quando era moço, foi, sem dúvida, a guerra do Paraguai. E ao regressar das terras longínquas e ensanguentadas por se desenrolou esse morticínio, que durou cinco anos, o destemido soldado das forças imperiais trouxe, nos punhos da túnica, os galões de coronel. Distinguiu-se, sempre, estre os bravos. Tinha em alta conta, porque era leal e corajoso, conta o biógrafo do Galeria Nacional, o Conde d’Du, com quem serviu, na batalha de Campo Grande.
Na paz, prestou, Rufino Enéas, que, também, era engenheiro, relevantes serviços à pátria, trabalhando nas comissões que estudaram e assinalaram os limites entre o Brasil e o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia. Houve-se, nessas missões importantes, com dignidade e inteligência.
Agraciou-o, em 1883, o governo da Corôa, com o título de visconde de Maracujá, e no ano seguinte, deu-lhe o alto posto de marechal de campo.
Na organização do gabinete liberal, de 7 de junho de 1889, o último da monarquia, chefiado pelo nobre visconde Ouro Preto, o estadista de caráter inflexível, coube, ao visconde de Maracujá, a pasta da guerra. E nesse posto veio encontra-lo a revolução republicana. Foi um dos raros homens, consta-se, que se encontraram, à hora amarga, ao lado do intimorato chefe do gabinete derrotado. O visconde de Maracujá não tremeu enem aderiu à República. Recolheu-se serenamente, à vida silenciosa dos vencidos.
E vinte anos depois, morreu, velhinho, no dia 18 de fevereiro de 1909. Tinha 78 anos de idade. Quando desceu à sepultura, brilhavam no seu peito as medalhas e as condecorações da bravura e do valor militar, conquistada na guerra, na defesa do Brasil.
Honrou a terra sergipana. E sangue dos pernambucanos.
Célio Meira – escritor e jornalista.
LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.
