Agora, é só carnaval……………

A partir de hoje, quarta-feira, dia 12 de fevereiro, até o domingo, último dia do mês, devido ao volume de atividades atinentes ao nosso carnaval e, em particular o desfile da SAUDADE, estaremos “quebrando” a rotina das nossas postagens. Iremos postar em horários diferentes dos habituais. Realço, porém, que o conteúdo, doravante, será basicamente só sobre carnaval. Assim sendo, espero a compreensão de todos internautas assíduos do nosso jornal eletrônico, intitulado Blog do Pilako.

MINHA FANTASIA – por Sosigenes Bittencourt.

A minha fantasia é original e não me custa um tostão. Estou fantasiado de coroa, e o alfaiate é o tempo. A música que canto, nos ambientes por onde passo, é a modinha de finado Capiba:

MODELOS DE VERÃO

Quanta mulher bonita
tem aqui neste salão
parece até desfile
de modelos de verão
até as viuvinhas
do artista James Dean
vieram incorporadas
hoje a noite está pra mim!
Eu daqui não saio,
eu não vou embora,
tanta mulher bonita
e minha mãe sem nora.

Sosigenes Bittencourt

Promotora Joana Cavalcanti comandou a reunião do “TAC” para o Carnaval 2020!

No sentido da construção do Termo de Ajustamento de Conduta, popularmente conhecido por TAC, visando às festividades carnavalesca 2020 na nossa cidade, aconteceu na manhã de hoje (06) na sede da promotoria um encontro envolvendo diversos atores que são diretamente responsáveis pela condução da nossa festa maior.

No comando dos trabalhos atuou a Promotora de Justiça Joana Cavalcanti. Além dos diversos órgãos ligados ao Poder Municipal, o secretário Marcos Rocha representou a prefeitura. Comandantes do Corpo de Bombeiro e do 21ª Batalhão de Polícia e entidade representativa das agremiações também fizeram parte do conjunto.

Após quase três horas de debates o acordo foi selado basicamente no formato do ano anterior. Ressaltemos, porém, que houve mudanças no horário para o encerramento  das festividades no período que compreende o chamado “pré” e “pós” carnaval. Para 2020 o horário limite será meia noite (12h). Já no período de carnaval propriamente dito, às 02h.

Já com relação aos “paredões clandestinos”, por assim dizer, àqueles que não tiverem   autorização para desfilar por um tempo e percurso pré estabelecido serão apreendidos pela Policia Militar.

Ao final, ficou estabelecido o conteúdo do documento (TAC) será  amplamente divulgado pelos mais diversos órgãos de comunicação para que toda população vitoriense tome conhecimento dos regramento para a folia que se avizinha.

Momento Cultural: A DANÇA DO VENTO – Por Valdinete Moura.

A dança do vento frenética não pára. E nessa
alucinação me envolve o corpo que treme e se
arrepia. Me desmancha os cabelos que entram
pelos olhos e penetram em minha boca, buscando
beijos úmidos de amor.

E o vento louco passa levando tudo para longe.
Tudo menos essa ânsia imensa, esse desejo
Insano de carícias e afeto.

O vento passa e leva tudo. Tudo mas deixa em
meu corpo a certeza da saudade e a imensidão
do desejo.

“Voz Interior”

Maria Valdinete de Moura Lima – professor e escritora 

O ESPELHO DA CASA DE GEUDA (Primeira parte) – por Marcus Prado

“O espelho estava naturalmente muito velho; mas via-se-lhe ainda o ouro” (Machado de Assis)

VOLTO AO PALÁCIO DE VERSALLES, não para rever as coisas e objetos já admirados em visitas anteriores; não para fotografar seus jardins, talvez entre os dez mais belos da França.  Na primeira vez, saí de lá com mais de 500 fotos das suas flores  encantadoramente rubras, mas que não se comparam com as espécies existentes na Mata Atlântica de Pernambuco, principalmente as tropicais plantadas por Vania  Grassano Caldas. Volto dessa vez para conferir  o trabalho de recuperação dos espelhos para muitos os mais belos do mundo, com exceção, para mim, do belíssimo espelho da sala de visitas da casa de Geuda, na Praça Diogo Braga (vizinha ainda hoje do Silogeu).  As molduras, o dourado, os bronzes o brilho: uma gigantesca obra de restauração foi feita na Galeria dos Espelhos de Versalles. Por coincidência, no dia em que estive lá, estava de plantão  o famoso Fréderic  Didier, arquiteto chefe dos monumentos históricos franceses, que coordenou os trabalhos. Elogiei o que fez, disse-lhe que a Galeria dos Espelhos recuperou seu esplendor original, e que estava linda. Mas, com certeza (para o espanto e surpresa de monsieur Fréderic), disse-lhe – visivelmente emocionado e saudoso de meu tempo vitoriense -, que não trocaria jamais o espelho da casa de Geuda por tudo o que estava diante de meus olhos naquele instante: os espelhos de sala mais visitada em toda a França desde 1678. A seguir faço reviver o diálogo que tivemos, o Monsieur Didier e eu:

– Quem era essa Geuda?  Que espelho de parede era esse, caro visitante, tão belo e tão importante para superar, uma só peça, o esplendor de todo o conjunto de peças únicas no mundo, de Versalles?

– Geuda era a mulher mais bela da cidade onde nasci: Vitória de Santo Antão.   Acho que a França inteira jamais teve outra mulher igual.  Nem a França de Simmone de Beauvoir (a quem fui levado a conhecer pessoalmente, quando a escritora esteve em visita no Recife na companhia de Sartre; nem a França de Edith Piaf, imortalizada no Brasil na genial interpretação teatral e musical de Bibi Ferreira, cantando: Des nuits d’amour à en mourir/Un grand bonheur qui prend sa place/Les ennuis, les chagrins s’effacent/Heureux, heureux pour mon plaisir); nem a França de Mirelle Matieux, que a vi cantar, no MUSEE MAXIM’S 3, rue Royale-75008/Paris: Dans ce vieux château, jamais aucun bruit L’histoire rapporte/Qu’une impératrice y passa la nuit /Et qu’elle en est morte/Quatre princes y sont nés/Et trois têtes couronnées/ Y furent assassinées/Mais il n’y a pas d’cabinets/Et pas d’robinets.”

– Começo a ficar curioso com essa senhora Geuda, exclamou o monsieur Fréderic.  Fale-me mais do espelho famoso de sua casa!

– O espelho de parede da sala de estar mostrava aos que passavam pela calçada, aos mais atentos,  belos  “lances” de pernas. Estava ela sempre à vontade na intimidade do lar, sempre vestida com pudor, geralmente  de saias curtas mas discretas, lendo seus livros prediletos, ouvindo noticiário ou novelas de rádio, ou numa conversa de família)

Víamos – na intencionalidade emotiva de nossos olhos juvenis e no despertar de nossa sexualidade -, os mais belos “lances” de perna , sem a bela mulher  jamais perceber ou desconfiar. Nas pernas de Geuda não  havia um só  enfraquecimento das fibras de sustentação dos tecidos.   Essa “peregrinação” , eu diria quase mística e  pagã, se daria  com maior freqüência, ao passar, na tela do Cine Iracema, o famoso filme ARROZ AMARGO,  com Silvana Mangano dando seus famosos “lances” de pernas, ao atravessar um rio do Vale do Sol.  Esta cena do famoso clássico do neorealismo italiano nos causou a mim e aos colegas do Pátio da Matriz uma grande emoção, aquelas primeiras emoções (inebriantes!) do despertar da sexualidade.  Joércio Lira de Andrade (filho do dono do cinema, que me deixava  entrar em todas as sessões, sem nada pagar ), Ubirasçu Carneiro da Cunha, que se tornaria um dos mais importantes poetas  da “Geração 60” do Brasil, que morreu ainda jovem, além de Jailton Andrade, outro saudoso e grande amigo que partiu.  Com a saída do filme em cartaz, ficamos todos sem saber o que fazer. “E agora, onde vamos encontrar  nesta cidade  pernas tão lindas como aquelas de Silvana Mangano?  Foi quando me lembrei da única alternativa naqueles dias inesquecíveis: O Espelho da Casa de Geuda!

Exigi de todos, ao passarmos lentamente pela calçada, na ida e na volta, muito respeito, discrição, e nada de “caboetagem”, prá que o evento não se vulgarizasse e que outros tantos colegas não encontrassem  a mina de ouro, que era só nossa e outros delas não tivessem competência para desfrutar.  Afinal, o que a gente queria, na verdade, não era ver o cruzar de pernas de Geuda, nisso  Geuda era  muito elegante e discreta. Nossa libidinagem  não chegava a tanto. Ela tinha muita classe no porte de vestir, no jeito de sentar. O que queríamos era ver as pernas de Geuda , as pernas que teriam dado nova versão ao famoso poema de Carlos Drummond de Andrade – Poema de Sete Faces – se o poeta  tivesse a sorte que tivemos  : “O bonde passa cheio de pernas:/pernas brancas pretas amarelas./Para que tanta perna, meu Deus,/pergunta meu coração./Porém meus olhos/não perguntam nada “.

A notícia do espelho da casa de Geuda, logo após as exibições do filme no Cinema de João Sabino e Lula Andrade, chegou aos ouvidos atentos de Manoel de Holanda, que ficou fascinado com a qualidade fílmica de ARROZ AMARGO. Cheguei a comentar com ele o filme, produzido pelo lendário Dino De Laurentis: A história em torno do triângulo amoroso formado pelo golpista Walter, sua amante Francesca e a inocente camponesa Silvana, tendo como pano de fundo a colheita de arroz feita por dezenas de mulheres no miserável Vale do Pó, no interior da Itália. Era no exato momento da colheita, que a atriz levantava a saia até no final das coxas. O resto já foi dito e contado. Sem falar o que não foi dito: o delírio da meninada do Cinema. Foi quando eu disse a Manoel de Holanda, que só havia uma alternativa viável e inofensiva  prá rever o filme já fora das telas do Iracema: o espelho da casa  de Geuda. Espelho que, de tão grande, parecia uma tela de cinema.

Discretos e até cerimoniosos, eis que saímos de braços dados, ele e eu (era assim que caminhávamos sempre pelo Pátio da Matriz) e fomos até à calçada da casa de Geuda.  CONTINUA…

Marcus Prado – jornalista 

 

 

 

 

 

Momento Cultural: Elegia – por Albertina Maciel de Lagos.

À memória do inesquecível, Manuel de Holanda Cavalcanti, dedicado a sua esposa, filhos e netos:

– Ah!… a sua verve,
o seu estilho primoroso
tão jocoso!…
Ele sabia, com alegria,
como se fora um presente,
transmitir a gente!

Enfim… a lira silenciou
Porque o grande Vate expirou!
E agora?…
Qual estrela a cintilar nos Céus
ele cantará, eternamente, a Deus!
Sobre a sua sepultura
com uma Prece,
de sua Vitória, a gratidão:
– as flores da Saudade
de lágrimas orvalhadas,
desfolhadas
em grande profusão!

(SILENTE QUIETUDE – Albertina Maciel de Lagos – pág. 27).

GLADINATION: superação, determinação e emoção marcaram o conjunto vitoriense!!!

Com nome sugestivo – que nos remete aos tempos dos épicos combates romanos nos quais só os fortes e bravos guerreiros sobreviviam –  aconteceu na manhã do domingo (20), na cidade de Carpina, mais uma edição do GLADINATION – modalidade esportiva que impõe aos participantes uma corrida no meio do mato com obstáculos de toda natureza. Nessa disputa, por assim dizer, se pratica muito mais solidariedade e companheirismo do que o acirramento – algo tão comum no mundo das disputas  esportivas.

Até o último domingo não conhecia esse tipo de atividade. Inserido nos grupos que partiram daqui da Vitória (cerca de 50 pessoas) encontrava–se meu filho, Gabriel,  e meu sobrinho,  Carlos Neto. Gostei do que vi. Acredito que nesse tipo de atividade todos são vencedores,  até porque se os mesmos já chegaram ao momento da largada da prova,  indiscutivelmente já avançaram  e muito no que se refere às  suas respectivas zonas de conforto. Correr, pular, subir, descer, agachar, mergulhar e enfrentar medos e fobias são alguns dos ingredientes indispensáveis aos que se aventuram nessa verdadeira prova de superação física e mental.

Em um evento muito bem planejado e concorrido – uma mistura de festa, gincana e esporte – observei,  estampado no semblante dos participantes,  uma sensação de aprendizado e satisfação, tudo aquilo que o verdadeiro espírito do esporte, por natureza, deve promover coletivamente.  Aos valentes e vibrantes participantes da nossa Vitória de Santo Antão, segue os nossos parabéns pela bonita demonstração de conjunto e entrosamento de equipe.

Sobre a Eternidade – por Sosígenes Bittencourt.

Há quem pense em ir para a Eternidade. Ora, se a eternidade é eterna, nós estamos na eternidade. Não há vida fora da eternidade nem morte na eternidade, posto que a eternidade é feita de “agoras”. Portanto, não adianta se apegar tanto às coisas deste mundo, um mundo temporal, que se desfaz com a morte do mortal.

Só há duas coisas incompreensíveis na vida: nascer sem pedir e morrer sem querer.

Arthur Schopenhaeur, conhecido como o mais pessimista dos filósofos, dizia que o homem é um eterno insatisfeito. Dizia que “o homem pode fazer o que quer, mas não pode querer o que quer.”

E aconselhava uma saída para esse eterno sofrimento: o desapego e a arte.

Sosígenes Bittencourt