Se não bastasse o aprofundamento da pandemia global que “bate” na porta de todos os brasileiros, independente da estratificação social, cultural ou econômica a gestão do Presidente Bolsonaro, em se tratando de sobressaltos, continua não dando tréguas. Dessa vez, o “barraco” tem nome e sobrenome: Sérgio Moro.
Antes, porém, se faz necessário realçar que o agora ex-ministro Sérgio Moro – que pediu demissão do cargo hoje (24) – ascendeu ao patamar de celebridade mundial por méritos próprios. Da ponta da sua pena escorreu o primeiro sopro de esperança – no que se refere à construção de um país sonhado pela população de boa fé – ao jogar nos porões dos presídios poderosos de toda ordem. Ex-presidente da república, deputados, senadores e empresários de alta plumagem espiaram o sol nascer quadrado. Algo nunca visto, antes, nas terras desbravadas por Pedro Álvares Cabral. É bem verdade que nessa cruzada anticorrupção alguns dos expedientes do Paladino da ética, segundo alguns especialistas da área jurídica, extrapolaram sua competência.
Foi nesse ambiente de esperança verde/amarela coletiva e – ao mesmo tempo – mau-humor do eleitorado brasileiro, em virtude do lamaçal da corrupção que irrigou um sistema de poder fétido, posto até então por mais de uma década, que surgiu o improvável.
Um deputado federal do chamado baixo-clero, extremista declarado à direita, conseguiu, através das novas ferramentas tecnológicas, encaixar um discurso com figurino de salvador da pátria. Para completar, até um atentado – que quase custou a vida – lhe foi deferido, emoldurando assim um roteiro perfeito.
Como uma luva, o recém-eleito presidente Bolsonaro convida o “juiz herói” para a pasta da justiça, anunciando-lhe “carta branca”, ou seja: porteira fechada. Para tanto, o então juiz é obrigado a renunciar uma invejável carreira na magistratura para ficar livre e se abraçar com o mundo imponderável da política. Hoje, com pouco mais de um ano daquilo que seria a “união perfeita”, o “casamento” é desfeito e os cônjuges, após pronunciamentos públicos, entram em rota de colisão.
Pois bem, dezesseis meses em política é uma eternidade, diriam os especialistas na matéria. Passado esse tempo, os protagonistas da vez – Bolsonaro e Moro – descobriram que suas origens não lhes permitem conviver harmonicamente. Na toga, Moro não tinha chefe. Na guerra do bem contra o mal (justiça X corrupção ) montava pelotão ombro a ombro – um por todos e todos por um. Na esplanada dos ministérios, depois de alguns constrangimentos públicos, ao longo da sua jornada, Moro pula do “barco Bolsonaro”. Se o mesmo não se demitisse junto com sua tropa, hoje, não seria digno do conceito que galgou.
Em política, o terreno é pantanoso. Trair é a regra número um. O aliado de hoje é o inimigo de manhã e vice versa. Tudo é uma questão de tempo e conveniência. Aos poucos, Bolsonaro vai se isolado politicamente. Com efeito, cada dia que passa, para manter-se o Capitão é obrigado a contrariar os ideais de seu fiel eleitorado que, diga-se de passagem, aos poucos, começa pegar o caminho do afastamento. O Partido dos Trabalhadores, no poder, levou 14 anos para intoxicar a população. Por motivos diferentes, o atual, que nem chegou à metade do mandato, já dá os primeiros sinais de esgotamento.
“Eu sou a Constituição”, frase recente do Capitão. Ora, ninguém pode ser a Constituição. Aliás, todos estão abaixo dela. Inclusive o Presidente da República. Infelizmente, descortinam-se dias sombrios para a Nação Brasileira, se já não bastasse o IMPIEDOSO CORONAVIRUS…..