Não vou aqui discutir sobre o impeachment da presidente Dilma, muito menos falar das expectativas do governo do presidente interino Temer. Com relação ao suposto golpe e às chamadas peladas fiscais, o tempo se encarregará de estabelecer, com a devida coerência e a necessária sensatez, o enquadramento dos fatos.
Daqui da minha Vitória de Santo Antão – Centro do meu Mundo – observo que o Brasil estar mudando de patamar. Não pelo recente processo político de impedimento imposto ao governo central. Não pelas recentes medidas administrativamente tomadas pelo recém entronado mandatário, e sim pela Operação Lava-Jato, que tem como timoneiro o juiz federal Sérgio Moro.
Não obstante o Magistrado, lá de Coritiba, já ter enjaulado brasileiros da mais alta plumagem, nesta empreitada cívica/jurídica saneadora, ontem, 18 de maio de 2016 a divulgação da sentença de vinte três anos e três meses de cadeia, por ele prolatada, na direção do ex-ministro e “capitão” do time do governo na Era Lula, Zé Dirceu, modifica, de maneira acentuada, nossa sensação de que vivemos no Pais da impunidade. Deve-se também levar em consideração que o apenado, Dirceu, já havia sido condenado por ocasião do processo conhecido como “escândalo do mensalão“.
Nada muda do dia para noite. No último dia 13 de maio, por exemplo, relembramos à passagem dos 128 anos da abolição da escravatura no Brasil, mas, apesar do ato jurídico perfeito, hoje, somos obrigados a reconhecer que, de maneira prática – apesar das novas leis e de uma nova ordem social – houve apenas uma transferência dos irmãos de matrizes africana, das senzalas para as favelas. Vale salientar que mesmo após treze décadas da mudança 45% da população negra, recebem menos de um salário mínimo para viver.
Portanto, enquanto sociedade civil organizada – verdadeiros donos da Nação – precisamos cobrar dos nossos funcionários públicos (políticos) posturas diferentes, sob pena, ao que parece, em curso, de sermos obrigados a retira-los a força das confortáveis cadeiras dos suntuosos palácios e parlamentos, diretamente para as masmorras dos presídios.