Corrida Com História – 142 anos do jornal “O Lidador”.

Após participar da 17º edição da Corrida das Pontes, em Recife, domingo (12),  evento que deveria ter acontecido ainda em 2020 –  adiado por conta da pandemia –, resolvi gravar um vídeo para o nosso Projeto Cultural/Esportivo que atende pelo simpático nome de “Corrida Com História”.

No contexto, por se tratar da data de fundação do nosso mais importante veiculo de comunicação impresso – O Lidador –, relembrei que foi só  a partir da chegada do trem à Vitória (1886) que os antonenses de então puderam sair do “isolamento”, no que diz respeito às mais diversas informações, inclusive internacional,  através dos jornais impressos  da capital.

Voltando ao “Lidador”, fundado exatamente em 12 de junho de 1880, é considerado uma joia da imprensa matutina. Circulou – com alguns hiatos – por mais de 100 anos. Vale lembrar que todo esse acervo, uma espécie de “diário da nossa cidade”, repousa no nosso Instituto Histórico, mas já disponível para consultas na forma digital.

Viva O Lidador! Viva a Imprensa da Vitória e vida longa ao nosso Instituto Histórico……

Veja o vídeo.

https://youtube.com/shorts/cIFuCMI6vqE?feature=share

 

O caso Ângela Diniz – por historia_em_retalhos.

 

Em 30.12.1976, era assassinada na Praia dos Ossos, Rio de Janeiro, a socialite brasileira Ângela Diniz.

O crime foi praticado por seu companheiro Raul Fernando Street, conhecido como “Doca Street”, e, até hoje, é considerado um divisor de águas na luta feminista no Brasil.

Doca Street havia abandonado a família para morar com Ângela.

O convívio, porém, foi marcado por ciúmes, machismo, brigas e violência.

Naquele dia, Ângela havia decidido encerrar o relacionamento.

Inconformado, Doca foi até o carro, pegou uma arma e efetuou quatro disparos contra a cabeça dela.

Quando do primeiro julgamento, em 1979, Doca contratou o renomado advogado Evandro Lins e Silva, que, com a complacência da mídia, usou como tese de defesa a “legítima defesa da honra”, com foco na moralidade sexual feminina.

Afirmava tratar-se Ângela de uma “mulher fatal”, capaz de levar qualquer homem à loucura.

A estratégia foi a conhecida inversão dos papéis, transformando Doca em um jovem “perdidamente apaixonado”, que se deixou subjugar por ela, o seu “objeto amado”.

“Senhores jurados, a mulher fatal encanta, seduz, domina”, afirmou o advogado.

Doca foi condenado a apenas 18 meses de prisão.

Como já havia estado preso por 7 meses (1/3 da pena), foi liberado e saiu livre do júri.

A sentença branda, contudo, mobilizou o país, acendendo o movimento feminista.

Uma reação naqueles moldes era algo absolutamente impensável na sociedade patriarcal brasileira da década de 70.

Inúmeros protestos agitaram o país, sob o lema “quem ama não mata”, como uma resposta ao argumento da defesa de que ele “matou por amor”.

Levado novamente a julgamento, em 1981, dessa vez, com os movimentos feministas realizando forte pressão, Doca foi condenado a 15 anos de prisão.

Ora, como uma mulher desarmada é morta por 4 tiros e torna-se a vilã da história?

O caso Ângela Diniz tornou-se um símbolo da luta feminista no Brasil, sendo o gérmen que fez brotar, 30 anos mais tarde, a Lei Maria da Penha e, depois, a lei do feminicídio.

A quem interessar, esta história está retratada no podcast “Praia dos Ossos”, de Branca Vianna. 🎙️
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José Soares no Instagram: “O caso Ângela Diniz. Em 30.12.1976, era assassinada na Praia dos Ossos, Rio de Janeiro, a socialite brasileira Ângela Diniz. O crime foi…”

 

FALECIMENTO DE PROFESSORA DAMARIZ (Há um ano) – por Sosígenes Bittencourt

Convivi com minha mãe durante 65 anos, sem jamais haver morado noutro lugar. Onde convivemos sempre foi o nosso lar. O seu falecimento não cabe numa crônica, não se resumiria num compêndio. Por isto, guardei uma oração, a vida inteira, para espelhar o que sinto neste instante: Eu sei que a morte é bem maior do que a vida, mas é preciso entender que o amor é bem maior do que a morte.
A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.
Agora, minha mãe, amiga e mestra, Damariz Pereira Bittencourt, és detentora de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és. E segue-se um mistério profundo, nunca mais retornaremos a este mundo
Até breve! Requiescat in pace!
Sosígenes Bittencourt

Trânsito: melhorou ou piorou?

Invariavelmente, nas postagens que produzo realçando o tema trânsito gosto de deixar bem claro que sou apenas um curioso nessa questão. Essa temática é muito complexa,  visto que  envolve um conjunto  de variáveis e competências. Mas, na medida do possível, estamos sempre contribuindo.

FOTO ANTIGA

FOTO ANTIGA

Via central da nossa cidade e caminho e costumeira desse blogueiro, o trecho que fica em frente à “Casa dos Pobres”, na Matriz, no que diz respeito à sinalização,  desde sempre,  recebeu de nossa parte pontuais críticas e sugestões. Disse reiteradas  vezes:  deve ser modifica! Completando: Faz um teste por algumas semanas para ver se o fluxo  de veículos melhora ou piora?

Pois bem, semanas atrás, a AGTRAN promoveu uma intervenção na referida via, no sentido da mudança do estacionamento,  tornando-a, por assim dizer, “mais larga”   ao fluxo de veículos que, diga-se de passagem, é intenso, inclusive com linhas regular de transporte público – a via ficou mais larga sem gastar com um metro de asfalto. E ainda poderia ser melhor se tivesse regulamentado o estacionamento com horário….

Resumo da ópera: o fluxo melhorou consideravelmente!  Ou seja: algo que já disse  inúmeras vezes……….

Duas questões que devem ser revistas:

Primeiro: adequar  a placa de sinalização fixadas nas duas esquinas, pois as mesmas se “conflitam” com a  nova marcação realizada no asfalto, indicando posicionamento diferente do veiculo – algo que vem confundido os motoristas…….

Segundo: aplicar no asfalta a tinta adequada,  pois  a que foi usada, com poucas semanas, já está se apagando.

Essa intervenção pontualmente melhorou o nosso já castigado trânsito. Nossa cidade carece de um estudo mais aprofundado na questão da mobilidade urbana. Precisamos urgentemente inverter alguns fluxos, sinalizar corretamente as vias, proibir alguns estacionamentos e etc. “Trânsito é uma obra inacabada” que precisa de atenção constante e  coragem dos gestores para promover as intervenções necessárias, sem concessões tão comuns e recorrentes já conhecidas no nosso lugar, “ao gosto do freguês”, ou melhor: dos  aliados  ou mesmo para perseguir desafetos políticos…

Até o presente momento –  nessa questão  do trânsito -,   não obstante algumas intervenção positivas e pontuais, a gestão municipal,  comandada pelo prefeito Paulo Roberto,  entregou menos que do que a expectativa apontava……..

O triste fim da Fábrica Tacaruna – historia_em_retalhos.

Esta é a antiga refinaria da Usina Beltrão, que deu origem ao Conjunto Fabril Tacaruna, localizado na Av. Gov. Agamenon Magalhães, no bairro de Campo Grande, Recife/PE.

Erguido como símbolo da pujança econômica e do desenvolvimento do Estado de Pernambuco, no século 19, o imóvel vive à própria sorte, sofrendo saques sistemáticos, que colocam em risco a sua estabilidade estrutural.

Há denúncias, inclusive, de demolição parcial.

A principal razão dessa situação?

Desde 1992, há exatos 30 anos, o imóvel não tem uma função social, a despeito da localização privilegiada.

No ano 2000, foi comprado pelo governo de Pernambuco, por R$ 14,3 milhões, para a criação de um espaço cultural, o qual, porém, nunca saiu do papel.

Registro que, em 1994, o conjunto foi tombado pela Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco (Decreto n.° 18.229/1994).

Também está inserido dentro do polígono de tombamento federal do Sítio Histórico de Olinda.

Eis o paradoxo de um país que não respeita o seu passado: o shopping vizinho, de mesmo nome, segue pujante; a fábrica-monumento, que lhe serviu de inspiração, em ruínas.
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PÁTIO DA MATRIZ – por Sosígenes Bittencourt.

Para o meu gosto, minha memória, este é o cartão postal de Vitória de Santo Antão, berço da catolicidade, no tempo de medo de pecado e fé na salvação da alma. Aqui, aprendi a conjugar o verbo Amar, no Presente do Indicativo, no quintal da Domus Dei, recitado pela professora Luzinete Macedo – impecavelmente fardada e explicativa, um alumbramento pedagógico na Escola Paroquial.
Aqui, experimentei meu primeiro frisson, na aurora da puberdade, a cabeça tombada no colo da namorada, para sarjar espinha com a confluência das unhas. Doce japonês, algodão-de-açúcar, cavaquinho, as cocadas de dona Isabel, cachorro-quente, com hífen e carne de boi de verdade.
Aqui, bebi cerveja, quebrando caranguejo a martelo de pau em Festa de Natal. Enfilerei-me nas esquinas das calçadas, para assistir ao desfile dominical das meninas.
Hoje, inventei de nomear A Corriola, sem lenço nem documento, em meio a uma patota de saudosistas sexa-septu-octogenária da Mátria de Mariana Amália.
Sosígenes Bittencourt

Por que Rua Quarenta e Oito? – por historia_em_retalhos.

E qual a relação desta importante via urbana com o mangueboy Chico Science? 🦀

Vamos lá!

A designação “48” é uma referência direta ao ano de 1848, ano em que eclodiu, no Recife, a famosa Revolução Praieira.

Na área onde hoje passa a rua, um grupo de revolucionários costumava reunir-se no local conhecido como “Sítio do Feitosa”.

Tudo começou com a criação do chamado “Partido da Praia”, de inspiração liberal e federalista, em contraposição ao controle do poder local nas mãos das duas famílias dominantes: os “Cavalcanti” e os “Rego Barros”.

Do lado destes últimos, os conservadores, também chamados de “gabirus”, estava o Diário de Pernambuco.

Do lado dos praieiros, o Diário Novo, cuja tipografia ficava na Rua da Praia (daí a origem do nome).

Em suma, os praieiros queriam uma nova Constituinte.

Lutavam pelo voto livre e universal, pelo fim dos latifúndios, pela liberdade de imprensa e pela extinção do poder moderador, além da nacionalização do comércio varejista, que estava nas mãos dos portugueses.

A gota d’água para a eclosão do movimento foi a destituição do presidente da província, Chichorro da Gama, que combatia o poder dos gabirus.

Contando com aproximadamente 1.500 combatentes, os praieiros decidiram atacar o Recife.

No confronto, perderam 500 homens.

O governo central, então, propôs anistia para pôr fim ao movimento, o que não foi aceito.

Os líderes Borges da Fonseca e Pedro Ivo decidiram resistir, sendo derrotados em 1849 e 1850, respectivamente.

A derrota dos praieiros representou uma demonstração de força de Pedro II, que, após 1850, experimentou um período de estabilidade política e econômica.

Assim como a Rev. de 1817, que recebeu forte influência da Rev. Francesa, a Praieira também teve a inspiração daquele país. 🇫🇷

Em 1848, acontecia na França a chamada “Primavera dos Povos”, que deu origem à 2ª República Francesa.

Mas… e o mangueboy?

Em 1994, Francisco de Assis França, o nosso Chico Science, compôs a canção “A Praieira”, trazendo o fato histórico ao conhecimento da juventude.

É por essas e outras que eu “vou lembrando a revolução”! 🦀
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OS SONS PARA SEREM OUVIDOS e ENTOADOS – por Marcus Prado.

OS SONS PARA SEREM OUVIDOS e ENTOADOS
O espaço sonoro, no intervalo em linha reta, entre o Preto e o Branco, não audível por ouvidos humanos, com suas placas de sinalização e divisórias;
O tocar dos sinos das velhas igrejas;
O som das matracas quebrando o silêncio das madrugadas, nas antigas procissões;
O hino da Pitombeira e dos velhos maracatus;
As rabecas quando tocadas na sua casa olindense;
Os violeiros e repentistas nas feiras do Interior;
O tambor nos rituais da umbanda e candomblé;
O toque das cornetas em som de alvorada dos navios ancorados;
O som das andorinhas em redemoinho;
O ranger das dobradiças de velhas portas, quando bate no espelho;
O som da bengala de castão de ouro de Francisco Brennand sobre as peças, para teste de qualidade, nas esculturas saídas do forno;
O som do graveto seco em fogo aceso, no fogão rústico de uma só boca, de cozinha suburbana;
O som da prensa manual da casa de farinha na sua primeira farinhada;
Os instrumentos de percussão usados pelos Caboclinhos enquanto fazem passos de coreografia, conjunto de arco e flecha, denominado preaca, em que a flecha, ao ser acionada, se choca com a face interna do arco e produz ritmos musicais;
(O estouro que ouvi parecia um ovo sendo quebrado, o som de uma melancia sendo esmagada).
Sem esquecer o som da oficina do carpinteiro ajustando os raios da roda ao redor do eixo,
O som do vento batendo nos castiçais e que pela casa toda se espalha;
No inicio, meio e fim da alquimia do êxtase
O triste bater de asas do pássaro cativo, desde nascido, numa gaiola perto da mata, numa manhã ensolarada.
Em alguns casos, uma imagem vale mais que mil palavras, um som vale
mais que mil imagens e um aroma vale mais do que mil sons.
Eu diria
O MAIS TRISTE DOS SONS: quando o cão se perde do seu dono caçador, e no meio das suas aflições, enlouquece.

Marcus Prado – jornalista. 

 

O livro do Asas Para Vitória de Santo Antão, do professor Pedro Ferrer, já está à venda!!!

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O maior cangaceiro da história – por historia_em_retalhos.

Registro do dia (28.01.2018) em que visitei o lugar onde nasceu Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, o maior cangaceiro da história.

Lamentavelmente, a experiência não foi boa.

A propriedade “Sítio Passagem das Pedras”, em Serra Talhada/PE, é privada e estava fechada.

O acesso é muito ruim e sem sinalização, não havendo nenhum tipo de abordagem histórica.

O imóvel que visitei, apenas por fora (foto 2), na verdade, foi reconstruído, visto que a casa original onde o cangaceiro nasceu virou ruínas (foto 3).

Goste-se ou não de Lampião, é fato inconteste que o cangaço é um fenômeno social estudado no mundo inteiro.

No Brasil, infelizmente, ainda é pouco analisado e explorado sob os pontos de vista cultural e turístico.

Este lugar, por exemplo, não poderia ser fechado ao público.

Alô, prefeitura de Serra Talhada/PE @prefeituradeserratalhada, já está na hora de despertar para a importância e o potencial turístico deste local.
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Através do comunicador Alex Santana, cidade cearense enviou mais de 10 toneladas de mantimentos para os antoneses vítimas das chuvas!

Imbuído dos melhores sentimentos e demonstrando capacidade de ação, o comunicador Alex Santana, antonense com origem no bairro do Cajá, que há 15 anos estabeleceu praça profissional na cidade cearense de Iguatu, após receber imagens da precária situação de alguns dos moradores que foram impactadas pelas águas das últimas chuvas conseguiu, através do seu prestigio pessoal,  na cidade em que mora, arrecadar mais de dez toneladas  de mantimentos para enviar para os  seus conterrâneos.

Com  apoio dos clubes de serviço – Rotary e Lions -, escolas e igrejas,  prefeitura de Iguatu, Instituto Paz e Amor e da Diocese de Iguatu – importantes   instrumentos  no processo de doações solidárias –   os mantimentos chegaram em nossa cidade – Vitória de Santo Antão – no domingo (05).  Entregues  na Igreja do Rosário, sob a coordenação do Monsenhor Josivaldo,  com toda certeza, os mesmos terão o melhor destino.

Eis aí, portanto, uma ação do amigo comunicador  Alex Santana que merece ser aplaudida. Um verdadeiro antonense que não esquece suas raízes…..

Mona Lisa e o painel Batalha dos Guararapes: destinos que cruzam – por Marcus Prado.

A agressão sofrida pela Mona Lisa no Museu do Louvre, em Paris, no domingo 29 de maio, não foi a primeira tentativa desde quando se tornou a maior atração do famoso museu, um dos mais visitados do mundo. São dezenas de atentados registrados pela crônica policial francesa ao longo da história. Por sinal, desconfio que a Mona Lisa, exposta todo dia para devaneios de turistas embevecidos, seja a original, que se acha a sete chaves no cofre incorruptível do Museu. Isso não é novidade. Nem é novidade a existência de copistas, com recursos de alta precisão, que fizeram maravilhas no Louvre em famosas galerias de arte. A técnica consiste em copiar quadros de grandes mestres da pintura, com uma fidelidade que desafia o olhar de especialistas e curadores de requintada competência. A reprodução iconográfica beneficia-se atualmente de recursos muito mais preciosos e exatos com o conjunto das técnicas relacionadas à fotografia e a seus aperfeiçoamentos.

Se houvesse um torneio simulado, entre a Mona Lisa, do divino Leonardo da Vinci, também conhecida como Gioconda ou ainda Mona Lisa del Giocondo, e o painel de Francisco Brennand – Batalha dos Guararapes, esse em fase de restauro, à espera de um polêmico transplante (!!!), a obra do pernambucano seria ganhadora no capítulo de crimes de patrimônio sem punição.

A do Louvre, protegida por um ambiente de máxima segurança, à prova de incêndio e bala, ao contrário do Mural, que seria visto como a obra prima muralística do genial artista plástico pernambucano. Sabe-se que, desde a sua inauguração, sem nada que o proteja, embora tombado em nível estadual, tornou-se alvo da caterva de pichadores de todas as índoles, sem falar dos dejetos humanos a céu aberto, deixados no entorno: o perímetro de proteção, um espaço que, por lei, em qualquer país signatário de Cartas de patrimônio, é possuidor do mesmo rigor do tombamento. Bastaria, no caso de Brennand, para a proteção do Mural da Rua das Flores, o que fizeram, no passado, com o entorno das grandes obras urbanas de arte do Recife. Teriam evitado o seu primeiro restauro e agora o segundo em andamento. Na França do Presidente De Gaulle, tendo como seu ministro da Cultura o também escritor André Malraux, todas obras de arte tombadas na capital francesa tinham a proteção e salvaguarda, como se o país estivesse em estado de Guerra. Caso o patrimônio em si estivesse em risco, ele receberia uma atenção especial. Para eles, patrimônio histórico pertencia à humanidade. Como, para os brasileiros, o santuário de Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas Gerais. Se um dos fatores que fez Ouro Preto tornar-se Patrimônio da Humanidade foi a obra de Aleijadinho, presente em quase toda igreja da cidade mineira, imagine uma construção repleta de obras do maior artista barroco brasileiro. Assim como outro ambiente sagrado não só para os pernambucanos, tenho para mim: o colosso de esculturas de Francisco Brennand, na Várzea, em sua insuspeitável possibilidade de valor artístico, do qual o painel Batalha dos Guararapes, por extensão, é parte integrante, que será tema de um Seminário Internacional na Fundaj, em setembro. O que dizer da quase destruição de uma obra icônica da capital, o conjunto de esculturas, 90 peças de Brennand, do quebra-mar do Porto do Recife, voltado para o Marco Zero da cidade?

O que desejo ressaltar e lamentar é que, enquanto houver agressores do patrimônio histórico, aliados à impunidade policial e à alienação da autoridade governamental, seja de onde for, desconfio do poder de polícia atribuído a cada gestor do patrimônio histórico edificado. O caso da Mona Lisa é uma manifestação de desvio de caráter, uma mistura de transtorno de conduta e mau caráter, que se repete em todos os lugares, quando há falta de punição. Estou falando muito particularmente, baseado numa experiência que tive ao longo de 12 anos, na condição de conselheiro titular do Conselho estadual de cultura de Pernambuco: o que foi feito, no Recife e além das nossas fronteiras, contra os que destroem de forma intencional e direta o patrimônio artístico? O estado não dispõe sequer de meios básicos e elementares para fiscalizar o patrimônio tombado.

Temos, em nível nacional, uma das mais avançadas leis de patrimônio, atribuídas aos valores históricos e culturais do País, a partir do IPHAN, que nada tem a dever em relação a outros países, mas não temos observância ao Direito Penal, que busca proteger o patrimônio, em especial os crimes de agressão e furto, delitos cometidos em alta escala em todo Brasil. Releio o capítulo II – DOS CRIMES CONTRA O PATRÍMONIO, capítulo I, artigos 155 e 156 do Código Penal, e não vejo notícia, neste País, de uma só punição, fato que o cidadão comum não mais suporta e se justifica a sua revolta contra o Estado. Não sei se há dados estatísticos da quantidade de crimes em geral cometidos no País, me refiro também a Pernambuco, se proporciona, por sua vez, a punição e ressocialização do condenado.

Os Estados têm a responsabilidade primordial de proteger os bens culturais que se encontrem em seu território. Ora, se são incapazes de cuidar da cidade, previamente, contra os sinistros climáticos, o que se espera de punição e buscas de culpados de crimes de patrimônio? Muitas são as críticas sobre nosso Código Penal e contra os gestores de Patrimônio. É difícil conhecer com precisão a quantidade de crimes que ocorrem, por omissão de todos, contra o patrimônio cultural. O que os governos têm em seus registros policiais são apenas uma breve estimativa dos crimes ocorridos, estimativa esta que se sabe, de antemão, ser subestimada. Nesta época que não construímos mais monumentos nem murais de arte, é preciso salvar os que restam.

Marcus Prado – Jornalista.

Enchentes: 1975, 2005 e 2022 – comparações e pedagogia!

As recentes chuvas que caíram em nossa “aldeia” – Vitória de Santo Antão – deixou um rastro de destruição e ensinamentos. A cidade segue  contabilizando  os prejuízos,  sobretudo na direção da população mais carente que tiveram, em alguma medida, suas casas invadidas pelas águas. No contexto histórico das enchentes,  ocorridas em solo antonense, essa de “maio de 2022”, doravante, deverá se juntar a outras já catalogadas, com destaque para os eventos  de 1975 (julho) e 2005 (junho).

Nesse contexto  lembremos  que foi exatamente há 17 anos – no dia 02 de junho de 2005 – que nossa cidade  foi “dragada” pelas águas que avançaram além do curso natural do Rio Tapacurá –  ainda anotada  como  a enchente que mais castigou a cidade em todos os sentidos. Antes, porém, devemos sublinhar alguns dados técnicos entres os respectivos eventos acima citados.

Na enchente de 1975 registrou-se  precipitações pluviométricas para o mês de julho na ordem de 436mm. Para o mês de junho de 2005 o volume registrado chegou a 621,7mm. Detalhe: 250mm apenas nos dias 02 e 03 de junho. Já em maio de 2022, apesar do volume ser bem acima da média para um mês de maio na nossa cidade, registrou-se 385,4mm e para os dias 27 e 28 (sexta e sábado) 138,5mm.

Em 2005, além do expressivo volume d’água das chuvas, o Rio Tapacurá, no trecho  local,   foi  impactado, também, com a chuvarada  de outras cidades  e regiões – rio acima –  que no seu  curso natural, ao passar por Vitória, ganhou volume e avançou para o centro  comercial da cidade de maneira repentina, motivo pelo qual, entre outros estragos,   promoveu  derrubada de pontes  e tudo mais que encontrou pela frente “atrapalhando” o seu curso.

Lembremos  que além das mortes trágicas, a  referida enchente (2005) tornou imprestável cerca de 50% dos estoques das casas comerciais localizada no  centro comercial e adjacências. Deixou sem funcionar, por vários dias, as agências bancárias do “corredor”  da Avenida Mariana Amália e também a sede da coletoria estadual.

O colapso no abastecimento regular da COMPESA ficou suspenso por 12 dias e as escolas municipais,  ocupadas por desalojados e desabrigados, interrompidas às aulas,  por mais de 15 dias. Com efeito, nas  semanas seguintes, ocorram  sucessivos recordes de títulos protestados  pelo cartório local,  face à inadimplência coletiva do comercio.

Vitória vivenciou uma anomalia para além da trégua das águas. Tudo isso, claro, sem esquecer do caos social, sobretudo vivenciado pela população menos favorecida, principalmente nas áreas ribeirinhas que tiveram, em alguns pontos, “arruado de casas” destruídos.

No evento similar,  próximo passado – enchente de maio de 2022 – existia por parte das autoridades e órgãos estaduais um alerta prévio emitido, dando conta da intensidade das chuvas. Essa tecnologia, indiscutivelmente,  antecipou medidas emergências. Não obstante o volume de chuva que caiu na última sexta (27) e sábado (28) ser bastante significativo,  os impactos decorrentes dele,  nem de longe,  causaram  os estragos de 2005, por alguns fatores aqui já evidenciados.

Oura coisa que devemos destacar é que o atual  “fenômeno chuvoso”  – “Ondas  de Lestes” – concentrou “suas energias” na faixa litorânea pernambucana (e alguns estados do Nordeste) avançado com menos intensidade para “dentro do continente”, diga-se: Zona da Mata (Norte/Sul). Assim sendo, o Rio Tapacurá não recebeu – antes de passar por Vitória – volume considerável de águas, deixando-o, por assim dizer, “menos volumoso” e,  portanto, menos letal.

Ao que parece, passados poucos dias (5) do indesejado fenômeno chuvoso em nossa cidade a mesma  segue contabilizando os prejuízos, mas, é bom que se diga: sem maiores colapsos.  Tanto é prova que o documento decretando “Estado de Calamidade Pública” , emitido pelo Poder Executivo,  no último dia 28,  foi revogado logo em seguida, no dia 01 de junho de 2022.

Esses, portanto, são eventos naturais inevitáveis. 1975, 2005 e 2022, entre tantos outros momentos de transtornos ocorridos na nossa cidade,  foram  eventos que podem e devem ser comprados, mas sua melhor apreciação, no meu modesto entendimento, diz repeito ao processo pedagógico, no sentido de aprender com eles para uma melhor prevenção dos seus efeitos e, em ato contínuo, à devida aplicação das políticas públicas necessárias como “defesa” para os próximos, sem esquecer, claro,  dos necessários diagnósticos. Para finalizar, lembremos: em 2022 o inverno está apenas começando….