12º Feijoada da ABTV “esquentou” o Carnaval Antonense!

Mantendo a tradição de abrir a temporada carnavalesca antonense, no sábado, 1º de fevereiro, aconteceu a 12º edição da Feijoada da ABTV – Associação dos Blocos de Trios da Vitória. Bem prestigiada, o evento contou com a participação de políticos, diretores de agremiações, artistas, carnavalescos e foliões.

Patrocinado desde a sua primeira edição pelo Engarrafamento Pitú, a Feijoada da ABTV também congregou a imprensa da cidade para, em coletiva, em primeira mão, anunciar as novidades das respectivas agremiações atinentes ao reinado de 2025.

O evento realçou e condecorou alguns nomes: Elias Andrade, recentemente falecido, recebeu na categoria póstuma. Marconi Sandres como alegorista. “Mijo Dela”, “Pereirinha” e  a Agremiação  “Em Cima da Cama” também foram lembradas. Na ocasião, a passagem dos 75 anos da “Girafa”, os 25 do “Papaléguas”  e os 15 do “Fera” foram sublinhados.

Comandando o palco, o consagrado artistas,  Nildo Ventura, compartilhou sua apresentação com vários artistas que irão se apresentar nos blocos filiados a ABTV. Brindou a todos os presentes com os mais tradicionais  frevo a Orquestra Ciclone, comandada pelo Maestro Givaldo.

Portanto, a 12º edição da Feijoada da ABTV cumpriu, mais uma vez, o seu papel que, entre outras coisas, atua para fomentar a nossa festa maior, ou seja: o Carnaval Antonense.

Demócrito de Souza Filho, 80 anos depois – por Marcus Prado

O dia 3 de março está chegando, data em que uma página negra da história de Pernambuco foi escrita, há exatos 80 anos, em 1945, com o tiro na cabeça de um jovem estudante da Faculdade de Direito do Recife, Demócrito de Souza Filho, quando discursava numa manifestação cívica na sacada do Diario de Pernambuco.
Ele tinha apenas 23 anos.

Sabe-se que Demócrito iniciara seu estudo na Faculdade de Direito em 1941, durante a ditadura de Getúlio Vargas. O fascismo estava em ascensão na Europa, com líderes como Benito Mussolini na Itália e Adolf Hitler na Alemanha. O governo Vargas mantinha relações diplomáticas com esse regime e chegou a elogiar Mussolini publicamente. Pense um jovem cheio de esperança e ardor cívico em busca da redemocratização do seu país, morrer tão de repente, de forma covarde, traiçoeira, brutal, dolorosa, violenta, numa época que a cidade era a capital do Nordeste, estava vivendo a efervescência de motivações para jovens, como ele, sobretudo de ideais políticos em seu tempo e espaço histórico. A bala passou pelas paredes duplas da sacada do Diario, quase raspando o peito do companheiro de campanhas pernambucanas, o escritor Gilberto Freyre. O impacto do tiro, certeiro, o fez cair no meio da redação do jornal.

O Recife inteiro ficou consternado ao saber desse crime encomendado, executado por um fanático do regime. (Policiais invadiram a redação do Diario de Pernambuco horas depois, destruindo as páginas já prontas da edição de 4 de março de 1945). Demócrito caiu como herói da Pátria, pela sua coragem de resistência contra o Estado Novo, contra as ideologias dominantes, carregadas de marginalizações históricas, quando um novo tempo brasileiro era motivação de ideais democráticos, querendo sair da escuridão de uma ditadura caracterizada pela centralização do poder e pelo autoritarismo. Com todos os meios de comunicação sob rigorosa censura. Tinha como setor fiscalizador o nefasto DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda). As secretas investigações, no Recife, eram voltadas para Demócrito, temido porque tinha o poder da palavra, da liderança estudantil, da coragem, e para o Diretório Acadêmico da Faculdade, presidido por ele.

Demócrito, naquele 3 de março, saíra de sua casa vestido de branco, e deixaria nesse dia, para sempre, a sua mãe vestida de preto até a sua morte. Vestida da mesma cor ficaria a senhora Vicenta Lorca Romero, mãe dolorosa do poeta Federico Garcia Lorca (morto por uma patrulha do ditador Franco, da Espanha), praticamente reclusa, sem usar outra roupa, senão a de luto fechado, até sua morte. O escudo de aço era uma arma preciosa e emblemática como era vista na Antiguidade. (Na “Ilíada”, de Homero, o escudo que Aquiles usa em sua luta com Heitor). O escudo de Demócrito caiu sobre chão manchado de sangue. Mas ficou o seu legado no labirinto de novos caminhos neste imenso mar de esperanças.

Marcus Prado – jornalista

CAFÉ FILOSÓFICO – por Sosígenes Bittencourt.

Em Restaurante salutar, na refrigerante Gravatá, sorvendo um caldinho de sururu, dos melhores que minhas papilas gustativas já puderam testemunhar. Lembra-me a idade de casar, alertado pelo conselho socrático, remontando à Idade Antiga, afeito a filosofar: Em todo o caso, casai-vos: se vos couber, em sorte, uma boa esposa, sereis felizes, porém, se vos vier a calhar uma má, sereis filósofos, o que é excelente para os homens.

Sosígenes Bittencourt

Encontro de semelhantes diferentes………..

Por volta do meio-dia de ontem (29), na Praça da Restauração, casualmente, encontrei o jornalista José Edalvo. Como sempre, ao encontrá-lo, dedicamo-nos, por menor que seja,  um tempo para breves,  e não tão breves,  atualizações. Para nossa grata surpresa, nesse ínterim, eis que surge o professor, poeta e pensador antonense, Sosígenes Bittencourt. Para concluir, na linguagem frívola das redes socais, poderíamos dizer: “encontro de milhões”. Noutra seara, poderíamos arrematar: “encontro de semelhantes diferentes”….

Voltemos a 1917 – por @historia_em_retalhos.

Naquele ano, duas figuras de gerações distintas encontravam-se nas dependências da Casa de Detenção do Recife: o lendário cangaceiro Antônio Silvino e o histórico militante comunista Gregório Bezerra.

Antônio Silvino nasceu em Carnaíba/PE e entrou para o cangaço aos 22 anos de idade, em 1897, para vingar o assassinato de seu pai, Pedro Rufino.

Também conhecido como “Rifle de Ouro”, Silvino já era um cangaceiro temido e conhecido quando nascia no Sítio Mocós, em Panelas/PE, em 1900, o líder revolucionário Gregório Bezerra.

Ambos, cangaceiro e revolucionário, tinham origem camponesa.

Iniciaram-se no trabalho no cabo da enxada desde os primeiros anos de vida, enfrentando um duro regime de exploração.

Ambos eram irresignados.

Gregório lutava contra as difíceis condições de trabalho do seu povo, enquanto Silvino rebelara-se contra o assassinato de seu pai a mando de um “coronel” da região.

Em 1917, Gregório tinha apenas 17 anos e encontrou na prisão um Antônio Silvino já maduro, com 42 anos, e já completamente fora da cultura da violência.

Gregório teve em Silvino um dos seus principais amigos no cárcere, chegando a registrar essa admiração em seu livro de memórias:

“Antônio Silvino foi o bandido mais famoso, mais popular e mais humano na história do cangaço”, disse Gregório, referindo-se ao espírito de valentia do cangaceiro, mas também reconhecendo a forma distinta com que tratava as mulheres, as crianças e os idosos.

Com o tempo, essa amizade aprofundou-se com Silvino sendo um verdadeiro conselheiro de Gregório e, ainda, um leitor das notícias que chegavam da Rússia revolucionária de 1917.

Em 1937, Silvino recebeu indulto de Getúlio Vargas e faleceu em 1944, em Campina Grande/PB.

Já Gregório, continuou em sua luta, amargando 23 anos de prisão ao longo da vida, a depender do momento histórico que enfrentava (década de 20, Estado Novo, anos 30/40 e golpe de 64).

Dezoito anos mais tarde, em 1935, eles voltariam a se encontrar na mesma Casa de Detenção do Recife.

Duas figuras icônicas de gerações distintas que o cárcere aproximou.

A quem interessar, recomendo o livro “Gregório Bezerra, Memórias”. 📖
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Rádio Centro promovendo o carnaval antonense…

Promovendo e aquecendo o reinado de momo na República da Cachaça, a Radio Centro, dirigida pelo amigo Rômulo Mesquita, desde o raiar do novo ano (2025),  vem recebendo diretores de agremiações carnavalescas  das mais variadas tendências para da folia antonense 2025.

Convidado, ontem (29), também participei da empreitada. Na ocasião, falamos um pouco da história do nosso carnaval e aproveitei para alardear a movimentação da SAUDADE, que desfilará  na segunda-feira de carnaval, às 21h, com a Orquestra Super Oara e Trio  Asas da América.

Veja a entrevista aqui: https://www.instagram.com/reel/DFbIaLgvnij/?igsh=ZXdhejlxbnRpcHN1

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.

De Nietzsche: Há sempre um pouco de loucura no amor, mas há sempre um pouco de razão na loucura.
De Rachel de Queiroz: Toda morte é um prejuízo, mas a morte de um poeta é uma agressão ao patrimônio humano.
De Rabelais: Não tenho nada, devo muito, o resto deixo pros pobres.
De Rainer Maria Rilke: Amor são duas solidões que se protegem.
De Gonzaguinha: Como se fosse o sol desvirginando a madrugada.
De Otto Lara Resende: O homem é triste porque morre.
De Nelson Rodrigues: O homem é triste porque vive.
Reflexivo abraço!

Sosígenes Bittencourt

Vida Passada… – Martins Pereira – por Célio Meira

Em 1854, aos 26 anos de idade, fazendo parte da turma, de Agrário de Menêses, dramaturgo, que morreu, dramaticamente, “durante um espetáculo no Teatro São João, da Baia”, na informação de Clovis Bevilaqua, de Trajano de Carvalho, poeta lírico do Maranhão, recebeu, Luiz de Albuquerque Martins Pereira, na Faculdade de Direito do Recife, a carta de bacharel. Iniciou-se, o jovem recifense, nascido a 6 de fevereiro,  de 1828, na magistratura, exercendo, a partir de 1856, os cargos de promotor público e de juiz de direito nas comarcas do Bonito, Caruaru, Bôa-Vista, Igarassú  e Ouricuri, na sua província natal.

Pertenceu à magistratura do Crato, ao sul da terra cearense, praticando, também, a judicatura, na comarca do Parnaíba, ao norte do Piauí, e na de Alcantara, no Maranhão.

Elegeu-se deputado à Assembleia Provincial de Pernambuco, em 1858, e em 1860, escreve o historiador do  “Galeria Nacional”, prestou serviços, Martins Pereira, à província da Paraíba, ocupando a secretaria de governo. Regressando ao Recife, foi delegado de polícia. Representou, em 1867, a terra onde nasceu, na Câmara Geral. Dirigiu, em 83, a chefia de polícia de Sergipe, e a de Pernambuco, em 1885.

Sentou-se, Martins Pereira, aos 59 anos de idade, na cadeira de desembargador da Relação da província do Mato Grosso. Proclamada a República, veiu  exercer a desembargatória, no torrão nativo. E por ter funcionado num processo político, em que se envolvera José Maria de Albuquerque e Melo, um dos bravos da democracia, sofreu, Martins Pereira, ao tempo da “Ilegalidade” florianista, tremendo golpe, na sua brilhante carreira de magistrado. Foi violentamente aposentado, em 1892, conta Sebastião Galvão, pela Junta Governativa. Deve-se-lhe a organização do Conselho Municipal do Recife. E eleito primeiro presidente deste órgão do poder legislativo, assinalados prestou à causa pública.

Jornalista, desde a mocidade, abolicionista e republicano, colaborou, esse ilustrado recifense, nos jornais de Fortaleza, da Paraíba e do Recife.

Magistrado íntegro e honesto, honrou a justiça do país. Encerrando sua vida pública, em 1895, continuou a merecer, o desembargador Martins Pereira, o respeito, a admiração, e a estima de seus concidadãos. Morreu em idade proveta, aos 85 anos, na cidade natal. E o Recife não o esqueceu. Deu o nome desse preclaro cidadão a antiga rua do Lima, na zona de Santo Amaro das Salinas.

Bem merecida é essa homenagem do poder público ao varão pernambucano.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

120 anos do “Anjo da Vitória” – Corrida Com História!!!

Por volta das 9h, no trem vindo Recife, há exatos 120 anos, chegava à Vitória de Santo Antão a comitiva liderada pelo Bispo de Olinda Dom Luiz Raimundo de Brito. Após almoçar na residência do então juiz doutor Primitivo de Miranda, às 17h, as já mencionadas autoridades juntaram-se ao então prefeito doutor Henrique Lins e ao povo  antonenses para inaugurar o monumento do “Anjo”, alusivo de à vitória alcançada na épica Baralha das Tabocas, ocorrida em 3 de agosto de 1645.

Vistosa, bonita e imponente a imagem do “Anjo” sempre despertou admiração e  curiosidade da população e até um certo pavor por parte da criançada de várias décadas do século XX.

Naquela época, diziam os adultos, que no dia em que o “Anjo” tocasse sua trombeta  o mundo se acabaria. Pelo sim, pelo não, as crianças respeitavam essa história.

COMEMORAÇÃO DA PASSAGEM DO CENTENÁRIO DO ANJO, OCORRIDO EM 2025

COMEMORAÇÃO DA PASSAGEM DO CENTENÁRIO DO ANJO, OCORRIDO EM 2025

Para concluir, vale lembrar que o dia 27 de janeiro é uma data muito importante para o contexto da chamada Restauração Pernambucana. Várias cidades no nosso estado,  tem ruas que recebem  o nome  de “27 de janeiro”.

Eis ai, portanto, alguns do simbolismo que envolve o nosso monumento, intitulado de “Anjo da Vitória, que realçamos, hoje (27), no nosso Projeto cultural/esportivo Corrida Com História.

Veja o vídeo aqui: https://youtube.com/shorts/EAiuNbppVkw?si=L7qfXWrZAowfVXpH

Engenhos de fogo morto – por Marcus Prado.

DURANTE QUASE UMA década fotografei os engenhos de fogo morto da Vitória de Santo Antão, esforço inédito que resultou numa doação ao acervo do Instituto Histórico local, quando era seu presidente o professor José Aragão.

Sentia-me no dever, depois de cerca de 40 anos como servidor dessa instituição, da qual, nesse período, me tornei integrante do seu quadro social.

As centenárias CUBAS dessa foto foram fotografadas no Engenho Pirapama, de João Cleofas de Oliveira.

Em artigo exclusivo para este Blog, direi como foi a trajetória e o método de prospecção iconográfica dessa pesquisa.

Marcus Prado – jornalista. 

A história de Manoel Bezerra de Mattos Neto – por @historia_em_retalhos.

A história de Manoel Bezerra de Mattos Neto: o advogado assassinado por defender direitos humanos.

Há exatos 16 anos, em 24 de janeiro de 2009, Manoel Mattos era morto a tiros de espingarda calibre 12, em uma casa de veraneio, em Pitimbu/PB.

O advogado, que também havia sido vereador em Itambé/PE e vice-presidente do Partido dos Trabalhadores, integrava a Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, ficando conhecido por denunciar grupos de extermínio com a participação de policiais militares e civis, na divisa entre Paraíba e Pernambuco, região que já fora chamada de “Fronteira do Medo”.

Mattos participou ativamente de duas CPI’s (estadual e nacional), sempre denunciando as violações de direitos humanos e anunciando publicamente que corria risco de vida, pedindo proteção.

Além disso, era especialista na defesa de trabalhadores rurais.

Diante das ameaças de morte que se repetiam, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA chegou a conceder, em 2002, medidas cautelares que determinavam que o Brasil deveria garantir a sua proteção.

Infelizmente, não foi suficiente.

Morto covardemente, o jovem advogado perdeu a vida, aos 40 anos, e a sociedade perdeu um militante combativo dos direitos humanos.

Denunciados, dois dos cinco réus acusados de envolvimento no seu assassinato foram condenados.

O sargento Flávio Pereira foi condenado a 26 anos de prisão e José da Silva Martins a 25 anos, em regime fechado.

Um detalhe relevante: este processo traz consigo uma importância histórica.

Foi o primeiro caso de federalização no Brasil.

Em 2010, o STJ autorizou a instauração do Incidente de Deslocamento de Competência, mecanismo previsto na CF, desde 2004, para crimes que envolvam violação de direitos humanos, ensejando o deslocamento da competência para a Justiça Federal.

Mais adiante, o processo também foi deslocado da Justiça Federal da Paraíba para a de Pernambuco.

Manoel Mattos foi assassinado por defender o uso da justiça em detrimento da violência, por estimular os mais fracos a buscarem os seus direitos e por denunciar grupos de extermínio.

À sua memória, a nossa homenagem no dia de hoje.

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