SUELY – por Sosígenes Bittencourt.

Nunca mais eu vi Suely. Desde a década de 70 que eu não vejo Suely. Suely morava naquela rua ao lado da Praça Duque de Caxias – na calçada onde foi um banco e depois um supermercado. Suely era bonitinha que era danada, tinha cheiro de mulher no rosto, no ombro, na cortina dos cabelos. Sei lá, talvez um cheiro de lençol, de quarto de dormir. Olhos semicerrados, lânguidos, pelos amarelinhos nos braços e duas pernas adjetivas.

Naqueles idos, quando tudo era proibido, rapaz não cheirava moça sem sentir sensação de amar. Sensorialmente, depois de olhar, o amor entrava pelo olfato, ia direto ao coração.Muitas vezes, vendo a tarde escorrer lentamente, ficava matutando… se eu casasse com Suely, iria ficar chamando, o tempo todo, pelo seu nome: Suely… Suely… – nome adocicado, sibilante, feminino que só, parece um assovio.

Suely foi o meu primeiro estremecimento de amor. Eu não sei o que ela sentia. Eu ficava calado, só mancuricando, com medo de dizer besteira, gaizo. O difícil em conquistar uma mulher bonita é que o coração atrapalha o raciocínio.

Reminiscente abraço!

Sosígenes Bittencourt

PÃO COM MANTEIGA E CAFÉ – por Sosígenes Bittencourt.

Pão com manteiga e café.
Se o conjunto prestar,
é comida espetacular!

Sou do tempo da manteiga Turvo.
Quando comia,
me turvava de alegria.

Pão com manteiga e café.
Se o pão for bom,
do padeiro, é um dom.

Sou do tempo do café São Miguel.
Da chaminé, o cheiro
ia bater no Céu.

Pão com manteiga e café.
Se o conjunto é de primeira,
não engulo besteira.

Sosígenes Bittencourt

PENSANDO NA VIDA – por Sosígenes Bittencourt.

Organize-se, não Agonize!
Remédio para ansiedade é atitude.
Remédio para timidez é caridade.
Depressão passa. Saia pra vida.
Olhe com bons olhos para iluminar o seu corpo.
Aprenda com o sofrimento o que é felicidade.
Estude. Tudo sem estudo é nada.
Acreditar em Deus e na Salvação da Alma não faz mal a ninguém.

Sosígenes Bittencourt

 

O BOM TRATAMENTO – por Sosígenes Bittencourt.

O ser humano é cativo do bom tratamento.

Há diferença entre VER e OLHAR, OUVIR e ESCUTAR.
Olhar é ver com atenção. Escutar é ouvir com atenção.

Há quem conquiste, mostrando.
Há quem conquiste, olhando.
Há quem conquiste, falando.
Há quem conquiste, escutando.

Questão de paciência.
A paciência é a maior das virtudes,
porque não há virtude sem paciência.

Sosígenes Bittencourt

BOM DIA, MUNDO! – por Sosígenes Bittencourt.


Ontem foi domingo, e muita gente havia trabalhado durante a semana para ser feliz no weekend. Ledo engano. Ninguém é feliz por mera disponibilidade. E se você estiver triste, porque está trabalhando, lembre-se dos 14 milhões de brasileiros desempregados.

Aprenda a gostar do que faz para fazer o que gosta. E sabe como se aprende a gostar do que se faz? Fazendo bem feito! Questão de autoestima, que é bem melhor do que vaidade. Autoestima é o prazer de aplaudir-se, vaidade é a procura de aplauso. É melhor depender de si para rir, do que depender dos outros para alegrar-se.

E para os desempregados, um conselho: empregue-se, ocupando-se. Triste não é estar desempregado, é estar desocupado. Vá lavar prato, ou fazer um poema, talvez. Há poesia nos afazeres domésticos, porém.

Nunca trabalhe durante a semana, marcando a felicidade para o domingo. Felicidade não tem hora marcada, felicidade pode ser agora. Portanto, busque confeccionar sua felicidade, seja o artesão de sua alegria.
Bom dia!

Sosígenes Bittencourt

RESENHA ESPORTIVA – por Sosígenes Bittencourt.


Sport 1 x 0 Corinthians.
Mais uma vez, Iago Maidana e Luan Poli estão por trás de mais um triunfo do Leão da Ilha.  E fala sério, time nordestino ganhar de cariocas e paulistas é um troco à “metidisse” a besta daqueles racistas nacionais. E segue o jogo: Iago Maidana, com seu rabinho de cavalo, orquestrando a defesa, e Luan Poli pegando passarinho pelo rabo. E que venham os baianos, metidos a sulistas, merecendo um corretivo para respeitar o Nordeste.
Saudações pernambucanas!

Sosígenes Bittencourt

A PRIMAVERA – por Sosígenes Bittencourt.

A primavera é o nascimento, a infância, é hora matutina.
A primavera é álacre como as flores que brotam à garoa fina.
A primavera é aérea, esvoaçante, bela como cachos de menina.
A primavera desperta o desejo de abraçar, libera ocitocina.
A primavera é refrigerante, como se as flores espalhassem neblina.

Sosígenes Bittencourt

RECORDAR É VIVER – RONDÓ PARA A VEREANÇA – por Sosígenes Bittencourt.

(Campanha para Vereador – 1988 – Vitória de Santo Antão-PE)
Eu sou da cerveja e Giba do Bolo –
Eu gosto de maxixe e Biuzinho do Chuchu –
Eu sou do xarope e Mané do Comprimido –
Eu vinha da Compesa e Dário da Celpe –
Eu sou professor e Geraldo Enfermeiro –
Eu venho de casa e Braz do Trânsito –
Eu prefiro cavalo e Jair Carneiro –
Eu não sou santo nem Ronaldo de Deus –
Eu não brigo com branco nem discuto com Preto –
Eu não ando às cegas, mas Petrúcio Pisca-Pisca –
Eu durmo em paz enquanto Nicolau Vigia –
Eu cheguei da confusão e Galego do Rolo –
Eu nunca vi lobisomem, mas Papa-Figo da Mangueira –
Eu não almoço rato sadio nem Neco Rato Podre –
Eu conheço meleca e Zé Catota –
Eu sou flexível e Mestre das Molas –
Eu sou das sereias e João das Cobras –
Eu sou de mamãe e Dr. Severino de Conceição Parteira

ENCONTRO NA SOPARIA – por Sosígenes Bittencourt.

Dr. Manoel Carlos, Dra. Ana Verusa, prof. Sosígenes Bittencourt

Na Soparia, a conversa era a iguaria.
Direito, Medicina e Literatura.
Lei, Diagnóstico e Poesia.
Tudo que se precisa no dia a dia.

A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos
com o tempo que temos. Ademais, morreremos.
Contudo, uma vez vivos no mundo,
não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.

Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

EU E A BANDA PEDRO JORGE FRASSATI – por Sosígenes Bittencourt


Eis o grande motivo de meu desfile em 7 de Setembro:

a visita majestosa e musical da banda Pedro Jorge Frassatina Rua Imperial. Elegantes e rítmicos, lembram-me o filósofo alemão Friedrich Nietzsche ao afirmar: A vida sem a música seria um erro. Eu não economizo elogio quando vejo o BOM e o BELO.
É a educação desses jovens que faz Chã maior, é esta Banda Musical que faz Chã Grande.
Viva as euterpinas meninas de terra tão chã e tão formosa, as mimosas deusas da música e suas flautas divinas. Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

RESENHA ESPORTIVA: Grêmio 1 x 2 Sport – por Sosígenes Bittencourt.

Sou um torcedor do Sport genético. Minha avó paterna, dona Celina Bittencourt, tomava banho, trocava de roupa, penteava os cabelos e se perfumava para ouvir o jogo do Sport pelo rádio.  Contudo, os parabéns vão para mainha. É a segunda vez que a convido para assistir a Grêmio e Sport, no Rio Grande do Sul, e o Sport vence. Um minutinho, ontem, que ela saiu da sala, o Grêmio fez um gol. Corri e fui buscá-la.  Este time do Sport não é um time de futebol, é um bando de jogadores. Mas, ontem, foi de uma sorte que só quem assistiu pode contar. Mainha é pé quente.

Sosígenes Bittencourt

MINHA PRIMA SEMÍRAMIS – por Sosígenes Bittencourt.


Esta é minha prima Semíramis por volta dos 10 anos de idade. Era o tempo em fase de lapidação, o tempo artesão. A mim, não me parecia uma beleza brasileira; antes uma escandinava, uma beleza setentrional, nórdica, talvez.

O meu tio Sócrates, familiarmente conhecido como Tuxa, tinha crises, justificadas, de ciúme. Daqui, pareço vislumbrar o seu sorriso de afirmação no limbo do horizonte eterno.
A beleza não é uma invenção humana, a beleza existe.

Sosígenes Bittencourt

NEM TUDO EM FLORDELIS SÃO FLORES – por Sosígenes Bittencourt.

Nem tudo na deputada Flordelis são flores, porquanto, por trás dos carinhos, tramam espinhos e desamores. Quem quer casar com Flordelis, tão encantadora, imunizada de detenção, entronizada na cama, de esporas eletrônicas?

Sedutora é que é, driblando fé de pastor, com seus argumentos parlamentares de amor.
Flordelis não parecia mentirosa, o que é normal em deputada tão prestigiada, sem saber que o castigo do mentiroso é ter de se lembrar da mentira. Mas, o que fez o pastor, de escolha espiritual tão divina, colhendo Flordelis, a merecer pastorear rebanho de sanha tão assassina?

Seus filhos não são cobras para morder nem morcegos que sopram para chupar, são filhos regados no jardim do ódio, por sua geratriz, nominada Flordelis. Quem quer casar com Flordelis, agora que lhe sabe a raiz, desamores, conquanto saiba que nem tudo em Flordelis são flores.

Sosígenes Bittencourt

DOCE DE BANANA E PAU DE CANELA – por Sosígenes Bittencourt.

De manhãzinha, minha mãe manifesta o desejo de confeccionar um doce de banana. O doce é temperado com pau de canela. Aí, eu me apronto e vou comprá-lo no mercadinho do bairro. Tomo banho, boto perfume, costume antigo. Empertigado, decidido, vou desfilando pelas calçadas, narrando, em solilóquio, tudo que faço.

– Bom dia. Tem pau de canela?

O funcionário vai na frente e eu vou atrás, percorrendo o corredor de gôndolas.

– Quanto é o saquinho?

– Oitenta centavos, professor.

– Dê-me dois. (Relembrando que não se inicia frase com pronome oblíquo)
Dirijo-me ao balcão de frios e pergunto a um determinado cidadão: – O nome disso é pau de canela ou canela em pau?

Risadagem geral.

No momento da manufatura desta narração, o doce já está pronto, e a casa incendiada do aroma da guloseima, poética de ternura.

Feliz de quem pode desfrutar do tempo para escrever ou saborear uma leitura no mundo tão amargo e sem ternura que estamos vivendo.

Adocicado abraço!

Sosígenes Bittencourt

REMÉDIO E VENENO – por Sosígenes Bittencourt.

Há quem beba só no final de semana e pense que não é alcoólico. Ele começa no Sábado e entra em casa no Domingo à noite, carregado numa maca. Contudo, vale salientar, a embriaguez não é culpa do vinho, é culpa do homem. Droga é fármaco. O álcool é um deles. A diferença entre o remédio e o veneno está na dosagem. O dependente exagera na dosagem e paga um tributo oneroso pelo exagero, arcando com os efeitos.

O filósofo Sêneca dizia: Procura a satisfação de ver morrerem os teus vícios antes de ti.

E o poeta romano Horácio advertia: É prejudicial o prazer, comparado ao preço da dor.

Sosígenes Bittencourt