COITO DE GATO – Sosígenes Bittencourt.

De madrugada, a lamúria de gatos em reprodução parecia um pranto de enlutados sobre um caixão. Seres humanos caem no choro quando perdem o objeto amado, ou partem para perpetrar crime, quando são vítimas de violenta paixão. Não há veterinário que me explique tanta choradeira num coito, como fazem os gatos, do Alasca à Terra do fogo.

Sosígenes Bittencourt

ENCONTRO CASUAL GRAMATICAL.

Encontrei-me, casualmente, com o curioso amigo Cristiano Pilako, na avenida 15 de novembro, em Vitória de Santo Antão, ladeado por minhas mãe Damariz e tia Ricardina, quando fui interpelado sobre uma dúvida na área da Língua Portuguesa.

Na realidade, a pergunta era a seguinte: quando se deveria usar “tem de” e “tem que”.

O uso correto, desde antigamente, é “tem de”, porque o “que” refere-se a um termo anterior, é pronome relativo. Como no exemplo: É possível que você tenha que me emprestar o carro hoje. (Observe que “tenha que” refere-se ao termo anterior “você” e indica uma possibilidade.)
Já, na oração, “A Prefeitura teve de indenizar os garis” – observe que “teve de” refere-se a um termo posterior “os garis” e indica obrigatoriedade ou necessidade. Compreende?

Agora, por causa do uso coloquial do “tem que”, praticado como uma anomalia gramatical prepositiva, foi absorvido como normal, não causando demérito a quem usa nem reprovando o incauto usuário.

Sosígenes Bittencourt.

AMOR E PAIXÃO.

Se você se casa para fazer o outro feliz, você ama; quando você se casa para o outro fazer você feliz, você está apaixonado. A paixão é cega e egoísta. Você vê no outro o que o outro não é e exige o que ele não pode dar. Daí, você se torna escravo de um sentimento que pode levá-lo a grande sofrimento. Paixão é para quem tem juízo. O amor começa numa grande amizade, e a paixão termina numa grande separação.

Paixão é para quem impõe limites. Paixão sem rédea é trem descarrilhado. O limite preserva a paixão, o descomedimento (segundo os gregos: a HYBRIS) obriga à desistência ou provoca rejeição. Difícil é domá-la, já que o apaixonado é PASSIVO na relação. O apaixonado é um PACIENTE, não é ele que apaixona, é ele que se apaixona.

O psiquiatra Rubens Coura diz que “Paixão é doença e merece tratamento”. Já o teatrólogo Nelson Rodrigues dizia que “Sem paixão, não dá nem pra chupar picolé”. E um Autor Desconhecido disse que “Amor sem paixão é triste. Paixão sem amor é horrível.”

Penso que o homem é carente de explicação, e não saber o que está acontecendo consigo mesmo é sempre um inferno interior. Não sei se serviria a advertência da entrada do templo de Delfos que inspirou o filósofo Sócrates: CONHECE-TE A TI MESMO. 

Sosígenes Bittencourt