A PAIXÃO

A paixão é hipnótica,
conteúdo mental invasivo.

A paixão tem vontade própria.
O apaixonado, não.

A paixão é cega e vê,
porque vê o que quer sem entender.

A paixão é sentimento abdominal,
nasce de baixo para cima.

A paixão deve dar um sentido à vida,
não um sentido à morte.

A paixão é o aperitivo do prazer,
não deve virar um porre.

A paixão por coisas é mais serena;
a paixão por pessoas, mais dependente.

A paixão acorda o apaixonado, de madrugada,
para pensar nela.

A paixão é sem explicação,
tendo nada a ver com o seu objeto.

A paixão é suicida, pode matar o apaixonado.
A paixão é homicida, pode matar a coisa desejada.

A paixão termina por ganhar da solidão.
Ai do solitário!

Sosígenes Bittencourt

Apelidos vitorienses: NININHO

Dando continuidade a nossa coluna – Apelidos Vitorienses – que tem por objetivo revelar o motivo pelo qual alguns conterrâneos ficaram mais conhecido pela alcunha do que pelo próprio nome de batismo, hoje, revelaremos a história do senhor Valdemiro Severino dos Santos.

Contou-nos o senhor Valdemiro Severino dos Santos, filho mais novo de uma prole de cinco filhos, que sua mãe, ao sentir alguns problemas de saúde e procurar seu médico, recebeu a notícia que estava grávida, mesmo depois de haver realizado, há oito anos, a cirurgia de “ligação”. O curioso é que a notícia da gravidez foi dada pelo mesmo médico que havia realizado a referido procedimento cirúrgico.

Pois bem, após não se conformar com o nome que foi atribuído, pelos pais,   ao recém-nascido – Vademiro – por achar grande,  para uma criança tão “pequenininha”, sua madrinha, que tem como apelido Nanãe, começou a lhe chamar de “Pequenininho”. Do então “Pequenininho”,  derivou-se  o desde cedo e  atual apelido,  NININHO.

Segundo NININHO, hoje, apenas um antigo empregador, Zé Andrade, lhe trata pelo nome formal. Eis aí, portanto, a história do senhor Vademiro Severino dos Santos que é um  dos conterrâneo mais conhecido pelo apelido do que pelo próprio nome.

Um presente raro, sem duplicata…

Por generosidade do presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória, professor Pedro Ferrer, recebi, recentemente, uma fotografia, retocada à lápis grafite, do meu avô materno, Célio Meira. Aliás, na AVLAC- Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência – fui empossado, na qualidade de acadêmico, justamente para defender, entre outras cosas, sua obra e o seu legado.

Acredito que gostar ler e escrever não seja algo que esteja diretamente ligado ao nosso DNA. Mas também não podemos dizer que o ambiente pelo qual o sujeito seja criado não interfira, frontalmente, na sua formação e nos seus interesses.

Posto isso, contudo, não acredito que trago na minha composição genética o interesse pela leitura e pelo prazer em escrever, diariamente,  tal qual esteve presente  na rotina do  meu avô (Célio Meira), durante toda sua existência, no mundo dos vivos. Ler e escrever, todos os dias, muitos dos quais, por várias horas, para mim, é algo normal e, vale salientar, prazeroso. Aliás, não troco uma leitura do meu interesse, por nenhum outro programa. Leio de tudo: de bula de remédio à artigo acadêmico, de jornal antigo à postagem instantânea na internet.

Portanto, para concluir, gostaria de agradecer ao amigo Pedoca, pela gentileza da peça rara, retratando o bom vitoriense, Célio Meira –  pai da minha mãe, Anita Garibaldi – que atuou dentro e fora da nossa cidade como escritor, jornalista, cronista, contista, advogado e promotor de justiça, além das passagens marcantes pelo Instituto Arqueológico Pernambucano e Academia Pernambucana de Letras, essa, na qualidade também de presidente.

MOMENTO CULTURAL: Estou Quase me Entregando – STEPHEM BELTRÃO‏

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Estou quase me entregando
Saindo do banheiro de toalha
Caminhando de cueca pela casa
Tomando café em copo
Fazendo barba com navalha.

Achando que ciúme é amor
Trocando cega por surda
Levando tapa e achando graça
Achando que pasto é pastor
Andando descalço na praça.

Dormindo com chupeta
Usando meias listradas
Tomando banho com paletó
Confiando no fim do mundo
Bebendo cerveja na calçada.

Invejando os defeitos dos outros
Jogando no Pernambuco dá Sorte
Trocando a noite pelo dia
Roubando doce da boca de criança
Achando que está chovendo pra cima
Acreditando que tristeza é alegria.

BOA SORTE!

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) deduzira: Sem a música, a vida seria um erro.

Depois, chamam-me de hiperbólico quando descrevo minhas emoções musicais. Quando a dosagem é exagerada, é natural que o efeito seja um exagero.

O filósofo francês Voltaire (1694-1778) já apregoava: Tudo que entra pelo ouvido vai direto ao coração.

Não foi, em vão, que a mitologia personificou a música na deusa Euterpe, cuja etimologia resume-se em “a doadora de prazer”. E eu não quero me curar de nada que me dá prazer.

Sosígenes Bittencourt

Câmara de Vereadores: “O mais inocente que tem aqui, come o doce sem abrir a lata”, da tribuna, confidenciou o experiente vereador Mano Holanda.

Em qualquer pesquisa de opinião pública, realizada nos quatro cantos do nosso País cujo o tema seja credibilidade, pode ficar certo que a categoria dos políticos ficarão em último lugar. Isso é fato! Evidentemente que todo esse desgaste, na imagem dos políticos,  não é fruto do acaso nem muito menos é algo pontual. Indiscutivelmente a explicação se socorre do acúmulo de sucessivos abusos, das corriqueiras pilantragens e do chamado “conto do vigário”, no qual os nossos políticos, em todas as esferas do poder, incorporaram como práticas comuns, aos seus respectivos exercícios de mandatos. Claro, há algumas raríssimas exceções nessa regra.

Pois bem, semana passada os nossos parlamentares municipais aprovaram um regramento na concessão das chamadas “diárias remuneradas”. Para botar “molho” na questão, aconteceu uma queda de energia no bairro, no mesmo horário da sessão, e, segundo comentários, os vereadores promoveram uma espécie de reunião à “luz de celular”, colocando assim, de maneira prática, um ingrediente oriundo da opacidade na decisão.

Nas rodas de conversas, nas mais variadas situações, assim como nas redes sociais o tema suscitou densas críticas ao nosso parlamento local, sobretudo aos nossos legítimos representantes, até porque, vale lembrar, fomos nós mesmos que os “entronamos”, lá.

Todo esse alarido, em torno das decisões da nossa Casa Legislativa, é salutar e deve ser incentivado. Isso é um dos pilares do regime democrático. Mas, no meu modesto entendimento, achei que se desperdiçou muita energia com o alvo errado. Aliás, alguns dos vereadores que se posicionaram contra o projeto – direito que lhe assiste plenamente – ao meu ver, se socorreram do chamado “jogo de cena”.

Ora !! O problema não reside na aprovação do regramento das diárias remuneradas, mas sim na forma pela qual elas (diária) serão concedidas pela mesa diretora da casa, daqui pra frente. Esse sim – para o zelo do dinheiro público – deveria ser o ponto nevrálgico da peleja, que aliás a maioria da população, coitada!!, Não tem a menor noção de como funcionam essas coisas no nosso Poder Legislativo.

Pois bem, concessão de diárias é uma ferramenta indispensável à boa gestão. Seja no setor público ou privado. Diária remunerada é imprescindível ao mundo corporativo. Imagine, por exemplo, um executivo gabaritado ou um diretor de um importante sindicato, toda vez que for se deslocar a trabalho, ser obrigado a ficar calculando despesas e apresentando notas fiscais aos respectivos departamentos financeiros? Achar que a fixação e o regramento de diárias remuneradas é um privilégio é algo menor nesse debate, sobretudo para os que conhecem um pouco de gestão, seja ela  pública ou privada.

O que a mesa diretora da casa deveria fazer – o que até agora nenhum presidente do nosso Poder Legislativo teve coragem de efetivar –  é promover um processo amplo de transparência nos atos da Casa, colocando,  de maneira fácil e simples, na internet, o cotidiano da Câmara de Vereadores. Como por exemplo, o nome de quem, como, quanto e para que se utilizou o direito à diária remunerada. Essa seria a forma correta de se tratar o dinheiro do povo da Vitória.

Mas, como isso será difícil de ser efetivado – imagino – pelo atual presidente da Câmara de Vereadores, Novo da Banca, sugiro aos vereadores que se opuseram à aprovação da matéria que se juntem e subscrevam um documento público, se comprometendo com essa divulgação semana à semana, mês e mês, ano á ano. Isso, inclusive, seria de utilidade pública e lhes colocariam na vitrine.

Se assim não procederem, doravante, corre-se o risco, em poucos dias, desses mesmo vereadores que esbravejaram, com argumentos pontuais, moralistas e oportunos de serem os primeiros a se lambuzarem com o dinheiro fácil e “legal”, que escorre pelo ralo dos cofres públicos,  fantasiados de “diárias remuneradas”, em muitos dos casos.

Aliás, da tribuna da Casa, recentemente, o experiente vereador Mano Holanda,  fez um excelente “raio X”,  sobre os atuais legisladores – inclusive dele – e suas respectivas atitudes ao chegarem ao poder, que bem corrobora com o sentimento de todo povo brasileiro. Disse, em alto e bom som, o experiente Mano Holanda: “cada um sabe o que faz, não tem menino aqui. O mais inocente que tem aqui, come o doce sem abrir a lata. Todo ele que chegou aqui, É SABIDO”. Olhe aí a palavra de quem conhece o parlamento local pelas entranhas…………….

Curandeirismo foi um dos temas da reunião do Instituto Histórico.

Aconteceu na manhã de ontem (26) mais uma reunião ordinária do nosso Instituto Histórico e Geográfico da Vitória. O encontro, ocorrido no Salão Nobre da Casa do Imperador, teve como pauta, entre outros assuntos, a aprovação de alguns nomes para compor o quadro de sócios da instituição, assim como alinhavar o evento solene em comemoração ao aniversário da nossa cidade, que ocorrerá no mês de maio.

Além dos “comes e bebes”, oferecido pela diretoria aos sócios presentes, aconteceu também uma palestra proferida pelo sociólogo e parapsicólogo, Erivan Felix Vieira, abordando o tema do CURANDEIRISMO.

A explanação do Erivan foi muito rica e esclarecedora. Levando-se em consideração que o tema, na sociedade atual, sofre um elevado grau de desgaste, chegando a ser, inclusive, confundido com o chamado charlatanismo, confesso que o ângulo pelo qual o tema foi abordado me fez rever meus conceitos sobre o aludido tema.  Veja o vídeo:

Aliás, na ocasião, acabei adquirindo um exemplar do livro do palestrante, para me aprofundar no assunto. Parabéns ao vitoriense Erivan Felix Vieira, pela forma equilibrada e ampla com que nos repassou seus conhecimentos num tema bastante polêmico.

Momento Cultural: Cérebro – por Henrique de Holanda

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Na mocidade,

a razão quase sempre se encandeia,

tornando a vida uma mera ingenuidade.

O cérebro da humana criatura

– quem é moço concebe

ser uma taça de ilusões bem cheia

que o coração segura e a alma bebe.

Mas, a velhice vem

fermentando a bebida outrora pura…

e o coração, que forças já não tem,

vendo a alma fugir, derrama a taça,

que ao se precipitar de grande altura

no chão se despedaça…

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 25).