Anúncio veiculado no Jornal Gazetas das Tabocas, nº 46 – ano 12 – agosto/setembro/outubro de 1994. Destaque especial para o tamanho do aparelho de “BINA”.
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São João e a cidade de Pombos: sintonia perfeita!!!
Na Vitória de Santo Antão de antigamente, segundo os livros que contam nossa história, a então “Rua da Lagoa do Barro” – hoje Praça Duque de Caxias – tinha muita lama e camaleão. Os cavalos dos matutos, carregados com mercadorias, vindo das diversas partes da Zona Rural, não raro, trafegavam enfiando as patas (até o meio) nas vias lamacentas. Nessa época o comércio da Vitória funcionava também aos domingos, até às 9h.
Costumava-se, nas folgas dominicais, os homens de negócio e pessoas financeiramente confortável, “matar” o tempo nas matas, se divertindo com suas espingardas. Carregadas nos ombros em busca dos alvos em movimentos os “caçadores”, por assim dizer, se deslocavam para o lado poente da cidade, no qual, havia grande quantidade pombos bravos (asa branca).
Na segunda-feira, nos momentos em que os fregueses no comércio rareavam, e com tempo de sobra, nas calçadas dos estabelecimentos, as aventuras e as peripécias eram contadas como vitorias aos amigos comerciantes que não puderam comparecer na empreitada prazerosa. Ao serem questionados, falavam com galhardia: “foi um verdadeiro são joão nos pombos”.
Eis ai, portanto, o motivo pelo qual a nossa vizinha cidade, que um dia foi distrito da Vitória de Santo Antão, recebeu o nome de POMBOS. Hoje, porém, certamente poucas pessoas de lá sabem, exatamente, o motivo pelo qual são pombenses de nascimento.
Tempo Voa Documento: Título de Eleitor de um artista de construções.
O documento acima trata-se de um título de eleitor da década de 1950, pertencente ao senhor Antônio Anastácio da Silva, conhecido operário daquele tempo. Foi um dos principais trabalhadores, que contribuíram para a construção dos grandes prédios, hoje históricos, de nossa cidade, como por exemplo: Casa dos Pobres, Colégio Nossa Senhora da Graça, Cemitério São Sebastião, Correios e do Cine Iracema.
Enquanto trabalhava na construção do Cine Iracema, ele disse ao proprietário daquela obra: “Trabalhar na criação de um obra é mais importante do que ser o seu dono; a propriedade pode ser perdida, o orgulho do artista é sempre dele”. Luiz Boa Ventura de Andrade se surpreendeu com a frase do amigo operário, que conseguiu o respeito de muitos naquela época, por ser um profissional muito competente e criativo.
Antônio Anastácio morreu em janeiro de 1982, numa casinha da Rua José Rufino, no bairro do Cajá, com 80 anos.
Imagens extraídas da Revista do IHGVSA, vol. VIII de 1982.
Lá se vai meu São João – vale a pena ler…
Posto novamente, artigo abaixo, o texto do Desembargador Federal, Paulo Roberto de O. Lima, realçando o São João da sua infância e suas “traquinagens”. Vale a pena ler. Postado no nosso blog no dia 24 de junho de 2013 – há 10 anos.
Lá se vai meu São João
PAULO ROBERTO DE O. LIMA – DESEMBARGADOR FEDERAL
Hoje, pela manhã, ouvindo as notícias de minha terra (Alagoas) soube que o Ministério Público celebrara com a prefeitura, e com o governo estadual, um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) disciplinando as dimensões e a composição das fogueiras de São João. A partir deste ano, só serão admitidas as de menos de um metro de altura, de largura inferior a sessenta centímetros. A norma, quanto ao material empregado, é mais draconiana: só serão admitidos arbustos, aglomerados, compensados sem pinturas e vernizes (estas coberturas, uma vez queimadas, exalam gases malignos) e, principalmente, uma espécie de tora feita de bagaço de casa prensado, de uso corrente em fornos de padaria.
Lá se vai meu São João. Lá se vão os cheiros preciosos de “minha infância querida que os anos não trazem mais”. Que graça pode ter uma fogueirinha de bagaço de cana?!
A notícia me deixou triste e preocupado. Comecei a refletir sobre ocupações de minha infância e descobri-me um criminoso de muita periculosidade. Quase tudo o que fazia em menino hoje é proscrito e, por vezes, punido com cadeia.
Fiz e queimei fogueiras invejáveis, grandes, muito acima de minha altura, todas de toras de madeira maciça, quase sempre sobra das podas das jaqueiras, das mangueiras e de outras fruteiras que guarneciam a chácara de meus avós. Soltei balões às pencas. Criei, treinei e pus a brigar falos, canários e peixes beta. Aliás, com os primeiros tive verdadeira relação de adoração.
Na varanda de minha casa de menino jamais faltaram gaiolas com sabiás, curiós, galos de campina, guriatãs, papa-capins, sanhaços, caboclinhos, canários etc… eram os amores de meu pai. Passei dias e dias, manhãs inteiras e imperdíveis, escondido sob alguma árvore amiga, com a “chama” e a arapuca, com coração aos pulos, na cata de passarinhos canoros. Cacei com peteca (estilingue), bodoque, espingarda de ar comprimido e, já grandinho, com espingarda de cartucho que eu mesmo fazia na véspera, com espoleta, chumbo, pólvora, estojo e fios de corda para tampar.
Naquela época não tínhamos brinquedos industrializados, não tínhamos os ipads, ipods, iphones da vida. Nem mesmo televisão tínhamos na pequena cidade do interior. Só nos restava “delinquir”.
Penso que para um juiz rigoroso, até nosso pião natural, feito de goiabeira, que zoava na palma da mão, era vedado posto que não receberia o licenciamento ambiental dos Ibamas da vida. É difícil encontrar uma só das tantas atividades lúdicas de minha infância puríssima que não seja contravenção penal ou ilícito administrativo. Ainda bem que eu era “de menor”.
(DIÁRIO de PERNAMBUCO – Recife, domingo, 16 de junho de 2013 – pág B9)
…e o São João era assim… – Por Alfredo Sotero (em 1947)
Texto publicado no Jornal O Victoriense em 23 de Junho de 1947 – há exatos 76 anos.
Quando o Brasil era brasileiro e não havia comunistas, nem as moças solteiras sabiam as coisas que sabem hoje, o São João era tão lindo!
De manhã, os bacamartes estrondejavam defronte da igrejinha, nas perigosas viradas do cocho; e os meninos acordavam assustados, querendo saltar da cama de camisola arrastando, para verem como se acordava São João, que a lenda suave dizia que estava dormindo sem parar, no silêncio do céu.
De noite, depois de cear pamonha de coco, canjica, milho verde assado, milho verde cozido, bolos sem conta, a gente ia acender a fogueira votiva que ardia estrelejando o espaço com milhões de trêmulas centelhas. E ia ver no espelho ou na bacia com água, à luz fugaz, às próprias faces, para saber se para o ano ainda estava vivo. E a Maroquinha, a moça nervosa, espiava e não via, por mais que fizesse, e saía chorando pela casa, a dizer a todos que no ano seguinte já não era deste mundo.
E os “mosquitos” passando pelos pés da gente, as meninas correndo e chorando, para as queixas sem fim às mamãezinhas, contra os meninos desesperados, que só queriam jogar nelas os “diabinhos”…
E o Sebastião, um moleque escanzelado e fedorento, que tinha fé em São João, mas muito em Nosso Senhor Jesus Cristo, e espalhava as brasas da fogueira, que parecia então uma enorme melancia de fogo e madura, aberta, sobre cujas as brasas o moleque danado passava, indo e vindo, como se pisasse flores, mostrando a força da fé…
E os rapazes da vila, depois que as devotas voltavam do terço, para se mostrarem às namoradas, acendiam os buscapés, que abriam na noite as faixas fulgurantes, como línguas de prata líquida, que, soltos no ar negro e calmo, cabriolavam, tombando depois sobre a terra, numa agonia luminosa, estertorante, envoltos num sudário de luz irisada e diáfana, como uma aurora sidérea, nas desoladas regiões polares.
Tudo passou. Calaram-se os bacamartes que os doutores desbrasileirados sepultaram nos báratros do oceano. Tudo se foi. Somente a saudade no coração da gente que ainda vive, vinda daqueles tempos felizes, ainda chorando na estrada do tempo. E quando todos morrerem tudo será silêncio, que é o tumulo branco das recordações extintas.
Alfredo Sotero de Farias, foi natural de Apoti, (Glória do Goitá), diplomado em Farmácia e Química, exerceu sua profissão em Laboratórios. Frequentando, desde a adolescência, esta cidade e possuindo acentuado pendor para as letras, colaborou na imprensa local e na interiorana, passando a ser assíduo colaborador do Jornal do Commércio, do Recife. Foi um dos fundadores da “Academia de Letras dos Supersticiosos”, com Samuel Campelo, Célio Meira, José Miranda e outros. Em dezembro de 1915, adquiriu e instalou a Rua Barão de Rio Branco nº 22 uma tipografia (Tipografia Gutemberg), que depois vendeu a Célio Meira, na qual foi impresso o bi-semanário “A Coluna” (1916 – 1919), um dos mais bem elaborados jornais do interior. Faleceu em 1981.
As bodas de prata da saudade – por José Aragão – há 76 anos.
Com o pseudônimo de Justino d Ávila, escreveu o mestre Aragão, para a edição do jornal “O Vitoriense”, em 23 de junho de 1947. há 76 anos.
1922. Quase que se pode dizer: ontem. Entretanto, que diferença tão grande para este tempo junino?
Reporto-me aos meus catorze anos, para recordar as encantadoras noites consagradas aos três santos juninos, com as quais os vitorienses desse tempo enfeitavam a vida da mais delicada e enternecedora poesia.
À frente de quase todas as casas da cidade, ardiam as fogueiras, simetricamente erguidas, fazendo ressaltar entre as chamas crepitantes as palmas de dendê e as bandeiras de papel.
Raríssima a residência em cuja sala principal não estava imponentemente confeccionado o altar de São João! Altar cheio de flores, onde a tarlatana e o prateado da armação lhe davam uma imponência especial. Velas acesas, incenso e cânticos religiosos em louvor ao maior dos precursores. Depois do exercício religioso, os fogos de salão: o craveiro, o diabinho, o mosquito, o busca-pé, com a sua “faixa’ clássica e impressionante, os balões…
À noite, todas as mesas confraternizavam na mesma disposição e no mesmo aspecto. Pobres ou ricas, ninguém lhes distinguia o sabor, pois o tempo não lhes permitia distinções nos cardápios e nem sequer nos paladares: canjica, pamonha, pé-de-moleque, tudo de milho, tudo ao coco, tudo em manteiga…
Nas casas da cidade, entretanto, os festejos se diferenciavam nas danças e “cantigas”. Tanto naquelas entre si, como nas modestas vivendas dos arrabaldes. De uma dessas residências urbanas, saía o vozeiro alegre da criançada:
“Capelinha de melão
É de São João,
É de cravo, é de rosa,
É de manjericão.”
E de outra casa contígua:
“No altar de São João
Nasceu uma rosa encarnada.
São João subiu ao céu
Foi pedir pela casada.”
E o estribilho, uníssono:
“São João!
Nosso pai, nosso doce, nosso bem
Quem não venera São João
Não venera mais ninguém.”
Já na residência fronteiriça, as moças e os rapazes, formando uma enorme roda, de mãos dadas, cantavam alvoroçadamente, estridente e animadamente:
“Lesou, lesou!
Ora vamos vadiar
Cavalheiro deixe a dama
Ora vamos vadiar
Que esta dama não é sua
Ora vamos vadiar!”
E nos subúrbios, nas casinhas humildes, eram o bomboleio rítmico do “coco” na “cantiga” dolente da gente simples “do mato”:
“Vamos pegá e só cá mão
Qui hoje é dia de São João”
O resfolegar das sanfonas, as quadrilhas e os xotes…
25 anos de recordações ameníssimas. 25 anos de bondade e inocência, que passaram e que os asfaltos, a eletricidade, o “jazz”, os coquetéis e os “shows” não deixam mais voltar. 25 anos dos nossos avós, dos nossos pais, da nossa meninice!
25 anos atrás, quando São João era o santo do Brasil e o Brasil a terra de São João. 25 anos …25 anos!… Bodas de prata de saudade!”
Jornal “O Vitoriense”, em 23 de junho de 1947. há 76 anos.
Título de Cidadão Vitoriense: discurso oficial do Monsenhor Maurício Diniz.
Queridos vitorienses!
Neste momento três sentimentos me vêm ao coração: dúvida, certeza e gratidão.
Dúvida. Será se sou digno desta honra que me é conferida? Se o for, mais honrada é a instituição que me honra: A Câmara de Vereadores, Casa Diogo de Braga, que a pedido do ilustre vereador Dr. Saulo Barros de Albuquerque que me concede o título de Cidadão Vitoriense. São Tomás de Aquino, na Suma Teológica afirma que a honra se encontra mais no sujeito que confere a honra do que no honrado, pois o que presta a honra é quem é o virtuoso. O honrado participa desta virtude e recebe do que presta a honra um sinal nesta participação.
Certeza. Tenho amigos nesta cidade. Segundo o grande filósofo, Aristóteles, uma tal amizade tem que se basear em uma certa semelhança, que exige um conhecimento mútuo, que não pode ocorrer senão quando tiverem “provado o sal juntos”. E este provar juntos é uma reciprocidade de parceria: Porque a amizade é uma parceria, e tal é um homem para si mesmo, tal é para seu amigo. As ações que aqui foram elencadas, quando estive nesta querida cidade, são frutos de um esforço conjunto para servir o povo vitoriense, principalmente, nas pessoas mais vulneráveis, que o digam os moradores das comunidades de Dr. Alvinho e Primitivo de Miranda. A cidadania exige participação na sociedade e a dimensão mais bela da cidadania é a caridade. Cidadania é participação livre e solidária e ninguém é cidadão sozinho ou apenas para si. Todo cidadão é responsável, pela justiça, liberdade e verdade. Por isso uma Paróquia não vive isolada na sua liturgia, mas dialoga, interage e colabora com todas instâncias da vida socio-cultural do entorno.
Gratidão. O grande orador romano, Cícero, diz “ nenhum dever é mais importante que a gratidão. Na maior parte das outras línguas neo-latinas se agradece no nível intermediário. Ao falar “merci” em francês, “gracias” em espanhol ou “grazie” em italiano, estamos dando uma graça por aquilo que recebemos e, neste sentido, estamos sendo gratos.
Já a formulação portuguesa “obrigado” é a única que expressa o nível mais profundo de gratidão. Quando agradecemos, queremos dizer “fico obrigado perante vós”, então estamos nos vinculando, nos comprometendo a retribuir um favor. Percebemos aqui a singularidade e a beleza do agradecimento de nossa língua. Recordo-me de que o próprio Jesus Cristo, quando um dos dez leprosos curados veio até ele para agradecer-lhe o dom recebido, reclamou: “Apenas este estrangeiro voltou! E os outros nove, onde estão ? ” . E é neste espírito de gratidão, que repito o hino de Nossa Senhora no Magnificat: “A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”.
Portanto, obrigado ao querido Povo Vitoriense, obrigado a todos vocês que se fizeram presentes a esta solenidade honorífica, obrigado à Câmara Municipal, obrigado ao ilustre vereador e amigo, Dr. Saulo Barros de Albuquerque e aos demais vereadores, obrigado ao Executivo e ao Judiciário, aos poderes militares e civis, à Paróquia de Santo Antão ao Vicariato Vitória e ao Instituto Histórico de Vitória-PE. Esta cidade é acolhedora, fraterna e hospitaleira, que Deus a conserve sempre assim. Fiquemos com a graça divina, a proteção de Nossa Senhora da Vitória e a intercessão de Santo Antão Abade para continuarmos a missão de Jesus, que é anunciar o Reino de Deus e promover seu amor no mundo.
Mons. Mauricio Diniz
Vigário Episcopal de Olinda
Pároco da Paróquia São Pedro Mártir de Verona
Enchente de 2005: há exatos 18 anos Vitória estava mergulhada no caos!!!
Para quem saiu de casa hoje, 02 de junho, debaixo de sol forte, céu azul e tempo firme, certamente não se recordou da tragédia ocorrida justamente no dia 02 de junho 2005 em nossa cidade, exatamente há 18 anos. A enchente de junho de 2005 ficou catalogada na história do nosso município como um dos piores acontecimentos coletivo já registrado.
Apenas para termos uma ideia do caos, por assim dizer, outro fato similar, antes anotado como o pior das últimas décadas, conhecido como “a cheia de 75”, na qual Vitória foi terrivelmente atingida, registrou-se no mês de julho daquele ano (1975) precipitações pluviométricas de 436mm. Em junho de 2005 o índice foi de 621,7mm. Apenas nos dias 02 e 03 de junho a nossa cidade foi “castigada” com 250mm, segundo dados oficiais.
Devido ao grande volume d’água alguns bairros da cidade ficaram inundados de maneira rápida. Parte da periferia, sobretudo às áreas ribeirinhas, tiveram casas destruída, causando o maior número de desalojados e desabrigados da sua história.
O setor produtivo também foi duramente atingido. O comércio do centro da cidade ficou totalmente paralisado com a fúria das águas. Lavouras destruídas e as agências bancárias com muitos equipamentos submersos. Serviço de fornecimentos de água potável também foi danificado e etc, além de pontes destruídas, tal qual à cabeceira da Ponte do Galucho.
Além da ocupação de vários espaços públicos (escolas) pelos desabrigados, uma rede de solidariedade foi criada em vários segmentos da sociedade – Igrejas, clubes de serviço, órgãos governamentais, entidades classistas e etc, na tentativa de atenuar os efeitos da tragédia. Registremos, porém, que a cidade demorou para entrar “nos trilhos” e voltar à “vida normal”.
Essas escassas linhas, evidentemente, não tem a pretensão de narrar fielmente o cotidiano da tragédia. Tem, sim, o sentido pedagógico de “disparar o gatilho” da memória, fazendo com que as pessoas que vivenciaram os fatos citados relembrem os acontecimentos assim como informar, mesmo que superficialmente, aos mais jovens.
Para concluir deixo algumas perguntas no ar: o que aprendemos com os relembrados acontecimentos? Quais medidas que foram tomadas, no sentido da prevenção de novas tragédias? Será que estamos trabalhando para evitar ou atenuar danos por chuvas fortes em nossa cidade?
Jucival Amorim: a história continua – vídeo final.
Com este vídeo, encerramos a série de postagens realçando a história do amigo atleta vencedor Jucival Amorim. Veja os vídeos….
4º e último vídeo…
1º Vídeo…
Vídeo 2….
Vídeo 3…..
Doutor Gamaliel da Costa Gomes – por Pedro Ferrer.
Gamaliel da Costa Gomes, antonense filho do comerciante Severino Gomes, mais conhecido como “Seu” Biu Nova Seita, em virtude de pertencer à Igreja Evangélica Pentecostal. “Seu” Biu, membro ativo, junto ao deputado federal Aurino Valois e do comerciante Dilermando da Cunha Lima ajudou a erigir o atual templo.
Gamaliel da Costa Gomes era diplomado em Direito tendo ocupado os cargos de Promotor e Procurador do Estado. Assíduo membro do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória e do Círculo dos Amigos da Vitória. Em vida foi casado com a sra. Palmira Cândido Carneiro, filha do industrial Joel Cândido Carneiro, um dos fundadores da Pitú com a qual teve quatro filhos: Severino, advogado do Engarrafamento Pitú, Cláudia, residente em New York, nos USA, Leonardo, gerente industrial do Engarrafamento Pitú e Davi, industrial estabelecido no ramo de artefatos plásticos. Gamaliel faleceu, recentemente, aos 93 anos na cidade do Recife. O sepultamento ocorreu no cemitério local, São Sebastião.
Pedro Ferrer – presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória
Demóstenes de Olinda d’Almeida Cavalcanti – por Pedro Ferrer.
No dia 20 de setembro de 1873, a senhora Edeltrudes de Holanda Cavalcanti d Almeida deu à luz uma criança do sexo masculino. O pai, major Claudino José de Almeida Lisboa, pôs-lhe o nome de Demóstenes de Olinda. Vitória de Santo Antão ganhava um poeta e escritor. Concluído seu curso primário, partiu, em 1886, para o Recife na tentativa de realizar um ideal acalentado desde a mais tenra idade, bacharelasse em Ciências Jurídicas. Matriculou-se no Ginásio Pernambucano. Disciplinado em tudo: no acordar, no vestir e no estudar, logrou grande êxito nos estudos, sendo um destaque em classe. Nos horários extraclasses criou com alguns colegas um pequeno jornal, “O Literário”. Terminado o “Curso de Humanidades” ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Ainda estudante das ciências jurídicas, colaborou com diversos jornais da capital escrevendo artigos, crônicas, contos e poesias. Em dezembro de 1895 recebeu seu diploma de bacharel em Direito indo trabalhar na diretoria da “Instrução Pública” e de “Melhoramento do Porto do Recife”. Seu único livro publicado, “Ortivos”¹, em 1894, ainda estudante, não teve a devida divulgação mas é carregado em sentimentos. “Pelos seus versos sente-se que o seu cantar era o amor, a felicidade, o sonho, a alegria de viver, e só raramente cantava a dor, o sofrimento” (Júlio Siqueira).
Em 1897 foi nomeado promotor público da comarca do Alto Rio Doce, Minas Gerais. Seu bom desempenho mereceu-lhe uma rápida promoção, juiz da cidade de Patrocínio, na mesma Alterosa. Não teve tempo de assumir o novo cargo. No dia 15 de agosto de 1900 faleceu, deixando viúva a senhora Augusta Olinda de Almeida Cavalcanti. Não tiveram filhos.
Além do seu livro “Ortivos”, único editado e publicado, deixou inúmeras poesias avulsas, dispersas tanto em Pernambuco, como no Rio de Janeiro e em Queluz, cidade mineira onde faleceu.
Em 26 de janeiro de 1901 um grupo de escritores pernambucanos, liderados por Carneiro Vilela, criaram a Academia Pernambucana de Letras, tendo o nome de Demóstenes sido indicado para Patrono da Cadeira, nº 20. Era o mais alto reconhecimento do mérito literário daquele que tão cedo partira para a eternidade. Esse reconhecimento se estendeu e se manifestou ainda com a publicação de sua biografia no Dicionário Corográfico, Histórico e Estatístico de Pernambuco e no Almanaque de Pernambuco. Foi ainda homenageado na capital pernambucana com a aposição do seu nome em uma rua do bairro da Madalena. Semelhante reverência recebeu da prefeitura de Camaragibe que deu seu nome a uma rua em Aldeia. Vitória de Santo Antão também soube reverenciar a memória do seu ilustre filho, colocando seu nome em uma rua no bairro do Cajá.
.NOTURNO
Sonhei ( ai se eu assim sempre sonhasse:)
Que, reclinada, tinha-te ao meu lado,
e te beijava a loira fronte, a face
rubra e o rubro seio perfumado.
Que esse meu sonho azel sempre durasse:
que de leve não fosse perturbado
o sono meu: que nunca eu despertasse
senão na clara noite do noivado
Isto eu pedia aos céus ainda ouvindo
a doce prece dos teus lábios, quando
vou de repente as pálpebras abrindo…
Despertaste (dirás) verso cantando…
mas não: eu não te vendo ao lado, rindo,
só poderia despertar chorando!…
ESCURO TEMA
Cada vez que te falo me convenço
que melhor fora se te não falasse,
porque se em ti eu tanto não pensasse,
não te falava do que menos penso.
E digo mesmo que este amor intenso
que guardo n’alma, eu antes não guardasse,
pois dos loucos, se assim eu não te amasse,
não pertencia ao número e pertenço.
Longe de mim não és feliz, ausente
de ti não sou feliz: mas os desejos
que temos se resumem num somente.
Ah! Não termos do pássaro os adejos
para estares comigo eternamente
e eternamente eu te cobrir de beijos!
ORTIVOS¹ – VERSOS
Hugo & Cia – Editores
Papelaria Americana
Recife – 1894
1 – Ortivo = nascente, que está nascendo, oriental.
Pedro Ferrer – presidente do Instituto Histórico da Vitória.
Quem foi Vicente Maria de Holanda Cavalcanti? – por Walmar de Holanda.
Vicente Maria de Holanda Cavalcanti foi um político e comerciante que viveu de 1851 a 1928 em Vitória de Santo Antão, onde foi Prefeito e Presidente da Câmara de Vereadores.
É tio-avô do professor José Aragão, do ex-prefeito Manoel de Holanda, da escritora Martha de Holanda e do poeta Henrique de Holanda, todos netos de sua irmã Maria Alexandrina.
Vicente Maria teve 13 filhos, incluindo o ex-presidente da Câmara de Vereadores José Bonifácio de Holanda Cavalcanti, o jornalista Simplício de Holanda Cavalcanti e o capitão Manoel de Holanda Cavalcanti.
Sendo o mais velho dos sete filhos do antigo subprefeito Alexandre José Maria de Hollanda Cavalcanti (1830-1894), acompanhou o pai nos negócios da loja Relógio Grande (Avenida Barão do Rio Branco, número 23), no Engenho Canavieira e na política local. Ambos estiveram juntos durante o conflito conhecido como Hecatombe do Rosário (1880).
Na época do Brasil Império, filiou-se ao Partido Conservador e participou da política local. Com a chegada da República, filiou-se ao Partido Republicano e se transferiu brevemente para Glória do Goitá, onde foi delegado suplente em 1889 e membro do conselho de intendência em 1890.
Retornou anos depois a Vitória de Santo Antão, onde foi conselheiro da Câmara Municipal nos mandatos de 1901-1904, 1904-1907, 1907-1910 e 1910-1913.
Vicente Maria presidiu a Câmara de Vereadores de Vitória de Santo Antão e chegou a assumir a prefeitura por um breve período de janeiro a março de 1912, quando houve renúncia coletiva do prefeito Henrique Lins Cavalcanti de Albuquerque, do vice João Tavares de Lima e do presidente da Câmara, Antônio de Melo Verçosa.
Foi eleito subprefeito de Vitória de Santo Antão em 1919, sendo empossado no ano seguinte. Acabou renunciando ao mandato em janeiro de 1921, junto ao então prefeito Antônio de Melo Verçosa (marido de Emiliana de Holanda Leite, cuja ascendência na família Holanda é desconhecida).
Viúvo de Belarmina Alexandrina Cavalcanti de Albuquerque desde 1926, Vicente Maria faleceu de gripe pulmonar no dia 31 de dezembro de 1928, aos 77 anos, em Vitória de Santo Antão. Na ocasião, nove de seus treze filhos já haviam falecido antes do pai.
Em sua homenagem, desde 1951 a Rua Jatobá em Vitória de Santo Antão passou a se chamar Rua Vicente de Holanda.
A foto e o recorte de jornal foram deixados por seu neto, o procurador Olavo de Holanda Cavalcanti, falecido em fevereiro de 2021 vítima da covid-19.
Walmar de Holanda Cavalcanti.
Major Eudes – o eterno instrutor do nosso Tiro de Guerra!
Na tarde de ontem (02), através das redes sociais, chegou-me a notícia do trágico falecimento do eterno instrutor do nosso Tiro de Guerra, Major Eudes. Por ocasião de um principio de incêndio num terreno próximo a sua residência, em que ele procurou resolver, segundo informações, o mesmo acabou caindo em um buraco e faleceu no local. Ele estava com 82 anos e gozava de boa saúde.
Nascido em 06 de janeiro de 1941, no Sítio Soares, localizado na cidade de Sertânia, o mesmo, desde criança, sonhava com a carreira militar. Antes de ingressar no Exército Brasileiro, através do 14RI (Regimento de Infantaria), em 20 de janeiro de 1960, aos 12 anos de idade trabalhou numa fábrica de doce na cidade de Afogados da Ingazeira e depois como contínuo na SAMBRA, em Recife.
Vocacionado à vida militar, o então Sargento Eudes chegou à Vitória de Santo Antão para comandar o nosso Tiro de Guerra com apenas 28 anos, em 1969. Vibrador, entusiasmado e muito trabalhador se destacou na cidade pela sua fidelidade aos princípios norteadores das Forças Amadas. Também exerceu atividade laboral como professor.
Em 1976, por indicação do então vereador Jota Marinho, foi condecorado com o título de “Cidadão Vitoriense”. Em entrevista ao Blog do Pilako, com entusiasmo e visivelmente emocionado, expressou duas marcas impressionantes: em Vitória, orientou para a vida cidadã 1520 atiradores e também foi o instrutor de tiro de guerra em todo Brasil que mais tempo comandou a mesma unidade de forma contínua.
Na qualidade de ex-atirador do nosso Tiro de Guerra, tive o privilégio de ser um dos 1.520 jovens que recebeu suas importantes orientações. O Major Eudes, como cidadão e militar, deixar um legado à sociedade antonense que já mais será esquecido. Seu trabalho transformou vidas e abriu inúmeras “janelas” de oportunidades para um conjunto expressivo de jovens de todas as classes sociais e econômicas.
O Major Eudes é, e sempre será, o ETERNO COMANDANTE DO NOSSO TIRO DE GUERRA!
Os 50 anos da “Taboquinhas” – por Paulo Lima.
Essa foto é na frente da casa de Otoni. No carnaval de 1974, comemoramos os cinquenta anos da Taboquinhas. Da esquerda para direita: Roseane Barreto ( filha de Barreto e na época namorada do meu irmão), Fernando Lima, eu, Neide de Geazi e Vera Lima ( minha irmã). Com as camisas Comemorativa dos 50 anos.
Paulo Lima.
A história da fundação da “Girafa”- por Dryton Bandeira.
Ávidos por algo diferenciado e motivador para brincar o carnaval de 1950, um grupo de “corrioleiros” (amigos), teve a inusitada ideia de “roubar” a girafa alegórica usada como símbolo do Armazém Nordeste – A Girafa Tecidos (casa comercial situada na Praça da Bandeira). Discretamente a missão foi cumprida com sucesso, e o produto do ilícito sorrateiramente recolhido à Oficina Atômica, de propriedade de Zé Palito.
Reunião marcada, corriola reunida, bebidas servidas, discursos proferidos: estava fundada a Troça Carnavalesca Mista A Girafa. Oficialmente a data da fundação é 16/01/1950, como consta em Ata lavrada à época.
A primeira Diretoria ficou assim constituída:
– Presidente: José Mesquita de Freitas (Zezinho Mesquita);
– Vice-Presidente: José Augusto Férrer;
– Secretário: José Jacinto;
– Diretor Geral: José Celestino de Andrade (Zé Palito);
– Orador: Mauro Paes Barreto;
– Tesoureiro: Aluízio Férrer;
– Diretor Musical: Paulo Férrer;
– Fiscais: João Carneiro (Doido) e Hugo Costa;
– Diretor Artístico: Nivaldo Varela;
– Porta-Estandarte: Wilson Coelho (O Bruto);
– Comissão de Recepção: Donato Carneiro, José Pedro Gomes, Eliel Tavares, José Vieira (Zequinha), Rubens Costa e João Peixe.
Após o carnaval, sanadas as arestas geradas por conta de “roubo” do animal símbolo de Armazém Nordeste, ficou devidamente acordado entre as partes que a alegoria em questão, seria emprestada anualmente pela referida loja e posteriormente devolvida em perfeito estado de conservação. Anos após, a diretoria mandou confeccionar sua própria Girafa, símbolo maior e marca-registrada dos girafistas até os dias atuais. Vale enfatizar que a Girafa é a única agremiação da cidade a participar de todos os carnavais desde sua fundação.
Durante anos e já na condição de Clube, abnegados foliões conduziram os destinos da folia girafista e suas alegorias foram montadas em diversos locais da cidade, até que me 1986 foi concluída a construção do um moderno e amplo barracão, localizado à Rua Eurico Valois (Estrada Nova). O citado barracão não foi festivamente inaugurado, em face do falecimento de Dona Jura. Tão girafista quanto seu marido, Mané Mizura.
As apresentações ocorriam nas manhãs de domingo e terça-feira de carnaval, saindo da Praça Félix Barreto, no Bairro do Livramento. Acordes do famoso hino e gigantesca queima de fogos sinalizavam o início de mais um desfile. Clarins anunciavam a presença do Clube na ruas da cidade e o abre-alas era composto do animal símbolo e de foliões devidamente caracterizados de Girafa. Belas e criativas fantasias compunham as alegorias, geralmente inspiradas em temas infantis. Transcorridas alguma horas, o percurso era alegremente cumprido. Novo show pirotécnico, frevo e muita confraternização, fechavam com risos e lágrimas mais um dia de exaltação à Girafa.
Três estandartes saíram às ruas da cidade durante mais de cinco décadas de existência. Inúmeras orquestras animaram os girafistas. Dentre elas: A Venenosa, 3 de Agosto e a do Maestro Seminha de Limoeiro. O hino oficial é: Exaltação à Girafa, composto por Guga Férrer (letra) e Sérgio Patury (música), gravado na voz de Babuska Valença.
A Guerra do Paraguai – por Pedro Ferrer.
A Guerra do Paraguai era assunto dominante nas rodas políticas e sociais, na segunda metade do século XIX. Girava no país a campanha “Voluntários da Pátria” que visava arregimentar soldados para combater o inimigo. Vitória de Santo Antão não esteve ausente desta campanha. Vários jovens alistaram-se para partir para o campo de batalha com destaque para uma jovem, Mariana Amália do Rego Barreto. Segue a mensagem por ela proferida aos antonenses.
-É esta a alocução a que ontem nos referimos na notícia que nos foi transmitida da Vitória; a qual alocução foi recitada pela Jovem Heroína Pernambucana D. Mariana Amália do Rego Barreto, no dia 16 de setembro ao povo daquela cidade:
“Caros patrícios! briosa mocidade vitoriense !
Aqui tendes a vossa frente a vossa patrícia, em cujo coração predominou tanto o amor da pátria ultrajada, que a obrigou a preferir aos gozos de uma vida tranquila, ao amor paterno, às carícias dos parentes, os rigores, os trabalhos e as fadigas da batalha, ou perseguindo o inimigo com as armas empunhadas, ou cuidando dos feridos nos hospitais de sangue.
E vós, caros patrícios, a quem adornam as vestes do homem, deixareis de acompanhar, como voluntários da pátria, a vossa jovem patrícia que varonilmente vos vem convidar como voluntaria da pátria? Não certamente: não devo supor em vós tanto desânimo, tanta falta de patriotismo! Eia! vamos, vamos para o Paraguai: vamos unir-nos aos nossos compatriotas que ali nos esperam; vamos unir as nossas vozes, e com eles cantar os hinos em louvor da vitória, que acabam de alcançar contra estes selvagens, que tantos insultos e roubos tem praticado, que tanto tem injuriado a pátria comum!
O nosso e excelso monarca o Sr. D. Pedro II, despregando-se das delícias da corte, seguindo para o campo da honra, não fez um apelo a todos os brasileiros?
Certamente que sim.
Ele Disse: eu cá vou ir vós deveis seguir-me.
E o que fazemos, meus caros patrícios ?
Reuni-vos, vinde alistar-vos; marchemos !
O amor da pátria está acima de tudo: ela exige de nós esse dever.
A nossa honra está empenhada, é preciso que a resgatemos!
Mocidade briosa, herdeira de heróis pernambucanos, segui o exemplo desta jovem, vossa patrícia, que ora vos fala; não hesiteis um só momento. Segui-me, vamos acabar para sempre o poder do bárbaro déspota do Paraguai, Inimigo da religião, da honra, da humanidade ; vamos levar a civilização e a liberdade ao mísero povo que jaz mergulhado nas trevas do mais hediondo fanatismo !
Cumprido, pois este dever, dever sagrado e reclamado, voltaremos triunfantes ao seio da pátria natal, onde cheios da gloria, abraçaremos a nosso pais, parentes e amigos.
Vitorienses, avante, não vos demoreis; estou a vossa frente, marchemos!
Viva a religião católica romana! Viva o sr D. Pedro II!
Viva a Constituição do Império!,
Viva o Exmo. Presidente da Província!
Vivam os voluntários da pátria”!
Diário de Pernambuco – ed. 217 – 22 de set. de 1865
Professor Pedro Ferrer – presidente do IHGVSA.
História da fundação da agremiação carnavalesca “A TURMA DA CALCINHA”
Criado na década de 80, precisamente em 1983, num dia sábado, uma semana antes do “Sábado de Zé Pereira”, uma turma de amigos que trabalhava no comercio, indústria, colégio e bancos, tais como: H. Morais, Aliança de Ouro, Mizura, Casas Pernambucanas, Pitú, Bradesco, Banorte e Banco do Brasil, em uma brincadeira debaixo de um “Pé de Fícus”, localizado na Trav. São Vicente, no bairro do Cajá, inaugurava a Barraca do AMARAL – saudosa memória.
Inauguração essa que recebeu a contribuição de todos. Minha participação foi a doação do tira gosto, uma caldeirada de 100 guaiamuns de cocô, outros com bebidas etc.
Pois bem, na noite anterior (sexta) alguns integrantes da comemoração haviam passado a noite no baixo meretrício e subtraíndo algumas calcinhas das profissionais do sexo que ali trabalhavam. Depois de umas e outras, alguns componentes, já calibrados, resolveram pendura as calcinhas furtadas no pé de fícus.
Aquela cena despertou curiosidade em algumas pessoas que por ali passavam, principalmente quem gostava de toma “água que passarinho não bebe”. Compramos alguns sacos de maizena e farinha de trigo e começamos o tradicional mela-mela. Foi um dia inesquecível a inauguração da “Barraca do Amaral”.
Conclusão:
No sábado posterior ao chamado Sábado de Zé Pereira, alguns amigos que estavam na inauguração da Barraca do Amaral, já calibrados, resolveram sair pelas ruas do comércio da Vitória tocando zabumba, triangulo e pandeiro, todos com uma calcinha na cabeça contando músicas carnavalescas. Sendo assim, estava fundado, definitivamente, A TURMA DA CALCINHA, que sobreviveu durante 14 anos com recursos próprios. Em 1991 chegou teve a música gravada no LP “VITÓRIA, CARNAVAL E FREVO”.
Atenciosamente,
SEVERINO ROBERTO SILVA.
Tempo Voa Vídeo: Praça Futebol Clube.
A Coluna Tempo Voa Vídeo de hoje revive os bons tempo da Agremiação Carnavalesca Praça Futebol Clube composta, à época, entre outros, pelos então jovens Moisés Sales, Tadeu Lourenço, Vado Candeeiro. Naquela ocasião – final dos anos 70 e inicio dos anos 80 – “O Praça” ocupou um espaço importante no carnaval da Vitória desfilando, inclusiva, com carro alegórico e orquestra frevo. Veja o vídeo:
O Tempo Voa Documento: Anúncio do Cinema Braga (1960)
Anúncio do Cinema Braga, publicado no jornal O Progresso,
datado de 14 de dezembro de 1960.
O Tempo Voa Documento Especial: Reminiscências natalinas – Por Prof. José Aragão (1999)
Dos natais de minha infância, recordo, enternecido, dispostos em ordem, através do velho Pátio da Matriz, nesse tempo coberto de capim e outros arbustos silvestres: o carrossel, cheio de cadeiras e cavalinhos, movido à mão, ao som de melodias tocadas por uma caixa de música; as barracas de prendas de José Menezes e do José Viana, com cadeiras em torno dos armarinhos onde ficavam os objetos a ser sorteados entre os compradores de bilhetinhos feitos à mão; os bares improvisados, com mesas e cadeiras espalhadas em torno da praça; os botecos onde se vendiam quinquilharias, miudezas e brinquedos infantis; os tabuleiros dispostos em fila com bolos, alfenins e confeitos, tendo ao lado um pote com água fria para os fregueses; os presépios e os pastoris.
A iluminação era feita por bicos de latas de carbureto, pendurados em postes de madeira. Nas barracas e na frente de Matriz, lâmpadas a álcool.
De caibros fincados no chão, sustentando folhas de coqueiro, partiam os cordões de bandeirinhas multicores, feitas de papel de seda, circundando e cruzando toda a área da festa.
Por todos os becos, ruas e travessas convergiam ao pátio levas de matutos que acorriam à cidade para ouvir a Missa do Galo.
Rapazes e moças, em grupos, contornavam a praça, discreteando amável e respeitosamente sobre trivialidades próprias de sua idade, usufruindo o prazer natura de mentes jovens e sonhadoras em melífluos encontros.
As crianças, levadas pelas mãos dos pais, visitavam as várias estâncias de pura e inocente alegria, dispostas no vasto pátio, mais interessadas em ver os presépios e montar num dos cavalinhos do carrossel.
No centro, em coreto improvisado, a Banda Musical executava peças do seu repertório: dobrados, valsas, chorinhos, marchas etc.
Dos presépios, lembro-me do armado pelo sacristão da freguesia, Benjamim Bezerra, numa casinhola situada na esquina da rua Silva Jardim com a chamada “Vila Maria”, residência do vigário.
Pastoril famoso foi o organizado pela professora Amélia Coelho com as suas alunas, meninas-moças das mais destacadas famílias vitorienses, o qual se exibia num palanque armado ao lado direito da Matriz, arrancando aplausos delirantes das torcidas dos cordões azul e encarnado.
E assim, entre os devaneios da juventude, a euforia natural da matutada que vinha à cidade ostentando as vestimentas da festa, e a cordialidade reinante entre as famílias, vivia-se o espírito do Natal em sua essência.
À meia-noite, o sino grande da Matriz tocava badaladas, a princípio, pausadas e, logo, apressadas, anunciando o início da Missa.
No altar em frente à porta central do templo, sobre a calçada, celebrava o sacerdote a Missa do Galo, ouvida com unção religiosa, tendo como ponto alto o canto do Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.
Repetia-se unissonamente a mensagem angélica, anunciando aos pastores o nascimento do Menino-Deus.
Quantas suaves reminiscências desses Natais que vivi, embevecido pela grandeza e sublimidade do sagrado mistério da Encarnação do Filho de Deus, nascendo numa pobre manjedoura para redimir a humanidade, e fascinado pela singela beleza das comemorações ternas e pias desse grande evento!
Prof. José Aragão
Texto publicado na Gazeta do Agreste – dezembro / 1999.