Momento Cultural: Carnaval – Stephen Beltrão.

Hoje é carnaval, é alegria, mas estou mal

Não penses que sou insensível ou ruim

Mas nunca vi tristeza cantar samba

Pular frevo, tocar cuíca e bater tamborim.

Hoje, se cantasse, se sorrisse, se caísse na folia

Cheio de frustração, amargura e choro

Merecia um diploma de honra ao mérito

E uma medalha de prata ou de ouro.

Por outro lado ficando os três dias em casa

Esperando a hora de o carnaval terminar

Corro o risco de pegar um resfriado, uma gripe

Uma pneumonia ou uma infecção domiciliar.

Stephen Beltrão

Momento Cultural: ASAS DO CORAÇÃO – Por Egidio T. Correia.

Um poeta tem FOGO no cérebro,
Tem ASAS no coração,
Um foguete espacial
Quando chega inspiração.
Trouxe consigo um destino,
Viajar no infinito
Estando alegre ou aflito,
Quando tem, ou não, razão.
Seu combustível é um verso
Estreitando o universo
Polindo imaginação.
Ou pra registrar sentimentos
Com a caneta na mão.

Egidio T. Correia – poeta,

Memórias de um Pierrô – por João do Livramento.

Naquele ano meu carnaval

Que maravilha foi tão especial!

Em minha dama

Quanta beleza

Tua nobreza

Em minha mesa

Eu degustei

Teu banquete imperial

Teus sabores

Sem ardores

Tão natural

Naquele ano meu carnaval

Que maravilha teu corpo escultural!

No carnaval

Você tinha a realeza

Mas preferiu

Abraçar minha pobreza

Minha folia Te encantou

E você beijou eu pierrô

Se foi magia minha folia

Tua beleza me contagia

Naquele ano meu carnaval

Que maravilha foi sem igual!

Se esse ano quiser brincar

Tu sabes onde me encontrar!

E mais esse ano meu carnaval

Que maravilha vai ser sensacional!

João do Livramento.

Momento Cultural: VATICÍNIO (poesia) – Por Valdinete Moura.

Se teu olhar brilhar como as estrelas,
E o coração pulsar desesperado,
Divinamente estás enamorado
E teu olhar terá mais que beleza.

Encontrarás refúgio encantado
Em um mundo de luz e profundeza
Plenificado em paz e sutileza
No aconchegado abraço da amada.

Terás, então, teu canto mais sublime
Mais harmonia e cor em teu sentir,
Alento que te guie e ilumine.

Se falta forças em hora desgarrada
E mesmo se a dor te consumir
Seja porto seguro tua amada.

Valdinete Moura é escritora,
membro da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência

Momento Cultural: Renda do Ceará por Henrique de Holanda.

Dizem que, no Ceará, uma almofada
é quase um evangelho de oferenda.
– Sobre o “picado”, a linha bem trocada
compõe, sobre o futuro, tal legenda…

Os bilros, numa doce gargalhada,
contam, dos sonhos, venturosas lendas,
de palmo a palma, uma ilusão doirada,
constrói brancos castelos sobre rendas.

Mesminho assim é o coração da gente:
almofada, onde o amor, pacientemente,
tece o “picado” que o Destino dá.

Se estala o bilro, com o beijo estala,
que lá, dentro em nós, o amor se embala
numa rede de rendas no Ceará.

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 5)

Momento Cultural: Velhice – por Aloísio Xavier.

Desafiei o tempo e triunfei.
Há mais e meio século resisto.
Sofrendo, embora, por aqui fiquei,
da vida não me canso e não desisto.

Espectro de gente me tornei.
O padecer me faz quase outro Cristo.
Morreram-me os entes que amei.
Ao meu desmoronar eu mesmo assisto.

Doente está meu corpo alquebrado
E esgotada tenho a pobre mente.
É triste, muito triste hoje o meu fado.

Meu ser, enfim, se encontra aniquilado.
Porém de todas essas aflições
mais me afligem as recordações.

Aloísio de Melo Xavier, vitoriense nascido aos 6 de junho de 1918. Professor da Faculdade de Direito de Caruaru, da Universidade Católica e da Faculdade de Direito da Universidade Federal. Juiz de Direito aposentado.

Momento Cultural: MEUS AMIGOS – Heitor Luiz Carneiro Acioli.

Meus amigos, pessoas que me confortam e me levam para um lugar melhor. Amigos são pessoas que considero como irmãos. Amigo é aquela pessoa que podemos contar nossos problemas sem nos preocuparmos. O único ponto negativo é que um dia os amigos se separam. Meu desejo, não, meu pedido, melhor falando, é que sejamos amigos para sempre.

(Meu jeito em Versos e Prosas – Heitor Luiz Carneiro Acioli – pág. 02).

Momento Cultural: O PRIMEIRO POETA – por Adão Barnabé.

O sol nasceu, brilhou por todo o mundo,
(quarto dia feliz da Criação),
do pináculo da terra ao vale imundo,
iluminou a Santa Geração…

e Deus criou Adão no sexto dia
mas, desgraça tão grande, azar profundo…
era tarde, o sol já ia se escondia,
acordou, bocejando, o vagabundo…

e quedou aterrado, soluçando,
sabendo que o Senhor… e bem sabia
estivera sua incúria observando.

Nem por isso ficou desesperado…
tinha a Lua, a Mulher e bem podia
ser poeta… e o foi muito inspirado.

( arquivo da família)

Adão Barnabé

Momento Cultural: LEI DE ANALOGIA – por MELCHISEDEC.

Ponto de semelhança entre coisas diferentes. É a preponderância de uma forma sobre outra, habitualmente associada ou aproximada. Parte do princípio de que havendo identidade de razão, deve haver a mesma disposição.

Esta Lei manifesta-se numa certa correspondência ou analogia entre as manifestações de vários planos de atividade cósmica. É fato realmente verdadeiro, de que o que está em baixo, é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está em baixo, para fazer o milagre de uma só coisa.

Como todas as coisas procedem do Uno por intermédio da unidade, assim todas as coisas nasceram dessa coisa única por adaptação. Podemos verificar a veracidade dessa Lei pela analogia existente entre um sistema atômico e um Sistema Solar ou a analogia entre os ciclos da vida da Natureza. As mesmas Leis que governam a ameba, são as mesmas que governam a Natureza, a atividade do homem e dos outros seres superiores. A essência da matéria é a mesma da energia e da mente. Baseado no aforismo hermético: “Assim como é em cima, é em baixo” e, pelo axioma arcano: “Por um se conhece o Todo”, concluímos que assim como o Sistema Solar pode ser conhecido pelo estudo cuidadoso dos átomos e moléculas, assim os planos mais altos do Ser podem ser estudados através de um exame dos mais baixos planos que se manifestam entre nós. Depois de descobrir a operação de certos princípios numa coisa, podemos com segurança, raciocinar, que esses princípios existem noutras coisas sobre um plano maior e assim conhecemos a natureza do desconhecido. Pelo estudo da monera (organismo primitivo do ser vivo) se chega a conhecer os Arcanjos, baseado tão somente no princípio cósmico de que se deve encontrar em cada coisa, substância ou corpo, movimento, energia ou consciência. Assim os antigos ocultistas supunham haver em cada coisa, sobre um plano desconhecido, três grandes formas de manifestação.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 11 e 12).

MOMENTO CULTURAL: Entre a Cruz e a Espada – por Severina Andrade de Moura.

Eu sofro porque sou balança
equilíbrio entre o cheio e o vazio.
Paredão onde acham confiança
homens de bem, mulheres de brio.

Ouço de lá e de cá os desabafos.
Fico no meio, entre a cruz e a espada.
Não quero destruir jamais, os laços
que se criaram em longas caminhadas.

Às vezes sou mal interpretada.
Que importa! Jesus também o foi
Quero ser útil em toda minha estrada

E quando eu me for, quero que digam
nela eu tive uma grande aliada
e se esquecer de mim jamais consigam.

Profª Severina Andrade de Moura, nasceu em Vitória de Santo Antão. Foram seus pais: José Elias dos Santos e Doralice Andrade dos Santos. Viúva de Severino Gonçalves de Moura, com quem se casou em 1962. Fez o curso Pedagógico no Colégio N. S. da Graça. Lecionou em Glória do Goitá e Carpina. Concluiu Licenciatura Plena em Letras em Caruaru (1976). Pós-graduação em Língua Portuguesa na Univ. Católica (1982). Ensinou em várias escolas estaduais e municipais na Vitória e ensina atualmente na Escola Agrotécnica e na Faculdade de Formação da Vitória de Santo Antão. Poetisa por vocação. Colabora na imprensa loca.

Momento Cultural: Angelus – por ALBERTINA MACIEL DE LAGOS.

Vai estertorando
o sol em agonia…
O seu fim anunciando
dobra a Ave Maria!
A Natureza chora
no seu luto envolvida…
e a alma se eleva e ora
pela Fé impelida.

Cessa o labutar…
tudo, enfim, silencia
do sino ao reboar
a Ave Maria!
E, do Paraíso,
aos térreos filhos seus,
divinal sorriso
envia a Mãe de Deus!

(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 41).

Momento Cultural: A Alvorada – POR GUSTAVO FERRER CARNEIRO.

O sol se descortinava na praia
Brilhando em meus olhos
Caminho só
Ar imóvel, quente
Vento assobiando ardente
Com o som da minha respiração
Um monte de pensamentos
Um toque agudo sibilante
Suspirando com prazer
O nascer de um novo dia
Uma alvorada arredia
De momentos de introspecção

Um aroma gostoso de terra molhada
Ou maresia,
Um delicada lua ornamentando o amanhecer
Em uma fantasmagórica poesia,
Plenitude
O vento zunindo
Um sentimento de dignidade
Uma visão do encanto
Insondável graça no rosto
No perplexo momento
Da percepção da vida.

O que ele diz
estará dentro do seu peito
Todo tempo
Para sempre…

Seja longe, seja perto
Não sabemos o exato, o correto
Para tudo tem um tempo

Mas quando será esse tempo certo?

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 14).

Momento Cultural: ALMA CÂNDIDA – por ADJANE COSTA DUTRA.

Minh’alma cândida é como uma criança que foge de um jardim

de flores brancas.

A noite vagueia, oh! alma por entre as praças.

Minh’alma cândida é como uma criança que procura canto e não se encontra.

Dorme meu corpo e minh’alma cândida visita o templo de

outras almas perdidas.

Na penumbra da noite, oh! minh’alma cândida,

Se tu encontrásseis outra alma e numa íntegra essência

Formásseis e candismo do amor…

(TAPETE CÓSMICO – ADJANE COSTA DUTRA – pág. 59).

Momento Cultural: Memórias de um Pierrô – por João do Livramento.

Naquele ano meu carnaval

Que maravilha foi tão especial!

Em minha dama

Quanta beleza

Tua nobreza

Em minha mesa

Eu degustei

Teu banquete imperial

Teus sabores

Sem ardores

Tão natural

Naquele ano meu carnaval

Que maravilha teu corpo escultural!

No carnaval

Você tinha a realeza

Mas preferiu

Abraçar minha pobreza

Minha folia Te encantou

E você beijou eu pierrô

Se foi magia minha folia

Tua beleza me contagia

Naquele ano meu carnaval

Que maravilha foi sem igual!

Se esse ano quiser brincar

Tu sabes onde me encontrar!

E mais esse ano meu carnaval

Que maravilha vai ser sensacional!

João do Livramento.

Momento Cultural: Caveira – por Henrique de Holanda.

Da nudez em que vive na demência,
traduzes bem o desmoronamento.
lar que serviu de abrigo à inteligência
e onde hoje reside o esquecimento.

Outrora tu vivias na opulência:
carne, vaidade, amor, deslumbramento,
beijo, pecado, embriaguez, ardência,
e hoje, de tudo isso, o isolamento.

No mundo, tu viveste mascarada.
Hoje, porém, com a face descarnada,
Tens do teu rosto a máscara caída…

Retrato original da humanidade:
Ressaca para toda a eternidade
depois da grande dança desta vida!…

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 12).

Momento Cultural: Olhe Para Mim – Stephen Beltrão.

Olhe para mim, veja o que você fez.
Não pode existir piedade?
Se nada quero, para que rancor cego?
Não há crime sem queixa,
Choro sem mágoas, nem dor, sem lágrimas.
Os mesmos olhos que se fecham se abrem.
As portas que se trancam se destrancam.
Sofrimentos, quando há,
Têm cura, se a alma é pura.
Existem muitas certezas na vida:
Da noite negra, nasce o dia,
Do desespero, faz-se a alegria,
Se unir o amor e a fantasia.
Simples é entender porque existem
Mil vidas para viver
Mil e uma para sonhar e só uma vida para ser feliz.
Olhe para mim!

 Stephen Beltrão

Momento Cultural: Avarento – por Célio Meira.

O avarento, sem bondade,
vive pobre na riqueza,
e quando chega o seu fim,
morre rico na pobreza.

Se a morte lhe ronda a casa,
não tem mais consolação,
porque não pode levar
o dinheiro no caixão…

* * *

Os que passam pelo mundo,
sem amor, sem alegria,
são fugitivos da Fé,
numa triste romaria.

* * *

Esta simples confidência,
revelo a ti, sem rodeio:
– o perfume que me deste,
é das rosas de teu seio.

(migalhas de poesia – Célio Meira – pág. 28).