AS CRIANÇAS E OS FILÓSOFOS – por Sosígenes Bittencourt.

O professor, filósofo e educador norte-americano Matthew Lipman revelou sua perspicaz observação: Há algo em comum entre crianças e filósofos: a capacidade de se maravilhar com o mundo. O proprietário de um latifúndio não é capaz de se deliciar tanto com toda sua riqueza quanto um filósofo, acocorado no meio da vegetação, sorvento o aroma sui generis de uma plantinha desconhecida.

Sosígenes Bittencourt

SEDE AO POTE – por Sosígenes Bittencourt.


Eu sei que chocolate faz bem à saúde, sei que contém polifenóis, flavonóides; que combate os radicais livres, é antioxidante, previne inflamações; que escavaca as coronárias, descolando-lhes a borra, desentupindo a hidráulica sanguínea, enxaguando nosso sangue;sei que auxilia a peristalse intestinal, fazendo a tripa colear que nem uma cobra;sei até que funciona como antidepressivo, liberando feniletilamina, ocitocina, serotonina e dopamina, promovendo alegria e calmaria; eu sei de tudo da chocolatria, da chocofilia, mas não precisa ir com tanta SEDE AO POTE.

Sosígenes Bittencourt

VANDALISMO É ÓDIO DESORGANIZADO – por Sosígenes Bittencourt.

VANDALISMO É ÓDIO DESORGANIZADO
É você, com raiva do vizinho,
chutar a cabeça do cachorrinho.
É você, com raiva da esposa,
esmagar uma mariposa.
É você, manifestado com o patrão,
bater no filho de cinturão.
É você, mordido com o presidente,
cutucar o cão com um tridente.
É você, arretado com a inflação,
atear fogo num caminhão.
É você, na maior pindaíba,
pular que nem uma guariba.
Sosígenes Bittencourt

EU E O AMIGO PAULO LIMA – por Sosígenes Bittencourt.

Eu e o amigo Paulo Lima na Feijoada da ABTV, em 2015. Dois amigos sem inimigo nenhum. Dois estudantes do tempo da tabuada e o lápis com borracha. Dois ex-alunos do Colégio Municipal 3 de Agosto, tutelados pela disciplina moral do bacharel Mário Bezerra da Silva, no tempo da palmatória e dos argumentos de Matemática. Duas testemunhas dos Carnavais das alegorias, neblina de confetes e corrupio de serpentinas, cloreto de etila condicionado em lança-perfume, da estridência de clarins e as disputas de orquestras de frevo na Praça Duque de Caxias.
Reminiscências e evoé!
Sosígenes Bittencourt

CASO PLUVIOSO – por Sosígenes Bittencourt.


Esta tromba d’água diluviana ressuscita-me o Caso Pluvioso, do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. A chuva me irritava. Até que um dia descobri que Maria é que chovia. A chuva era Maria. E cada pingo de Maria ensopava o meu domingo. Chuvadeira Maria, chuvadonha, chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Chuvarada de Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

FALECIMENTO DE CARLOS ASSIS – por Sosígenes Bittencourt.


A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver. Agora, amigo Carlos Assis, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és. E segue-se um mistério profundo, nunca mais retornaremos a este mundo.

Até breve! Requiescat in pace!

Sosígenes Bittencourt

Professor Sosígenes: além da nova regra ortográfica…….

Outro dia, de passagem pela “Principal do Cajá”, como é chamada popularmente a Rua Doutor José Rufino Bezerra Cavalcanti, na farmácia da esquina, encontrei-me com o professor, pensador e poeta antonense Sosígenes Bittencourt. O tom foi o de sempre, ou seja: simpático, elegante, bem-humorado e com o tempo do mundo todo para conversar.

Certa vez, com toda intimidade e admiração que nutro pelo mestre das letras, após ler uma das suas crônicas nas redes sociais, caí na besteira de fazer-lhe uma ligação telefônica, no sentido do “enquadramento” ortográfico.

Achando que estava “abafando”, cometei sobre o pontual “erro” na sua postagem, dizendo-lhe que escrevia (aquilo) de outra forma. Serenamente, ele disse que, de acordo com as novas regras, eu estava certíssimo. Questionado, então, ele arrematou: “o problema é que o erro que você está vendo surgiu exatamente por conta da nova regra”.

Nesse contexto, deu-me uma explicação “no modo” categoria máxima, realçando, inclusive, os motivos pelos quais as regras são alteradas (algo que eu desconhecia). Ao final, em tom gozado, complementou: “continue escrevendo de acordo com a nova regra, até porque imagino que você NÃO irá conseguir explicar tudo isso que acabei de dizer”.

Resumo da ópera: eu só não digo que não deveria ter ligado,  porque aprendi alguma coisa. E aprender, convenhamos, nunca é demais……………

CONVERSANDO BESTEIRA – por Sosígenes Bittencourt.

Um dia, eu voltava de Caruaru, de manhãzinha, depois de uma noitada com duas amiguinhas e haver adormecido no Hotel Continental, quando percebi que dirigia por outra estrada. Aí, interpelei um matuto: – Aqui, vai pra onde?
Aí, o matuto: – Vai pra Campina Grande!
Aí, eu engrenei uma marcha a ré e fui procurar Encruzilhada, uma cidadezinha do tamanho de uma encruzilhada. Lá, eu comi uma carne de sol com macaxeira tão gostosa que me danei a conversar besteira. Uma delas foi assim: – Você sabe por que a mulher do burro é uma besta?
Aí, as meninas: – Sei não, mestre.
Aí, eu: – Porque, quanto mais burro, mais besta ela fica.
Abestalhado abraço!

Sosígenes Bittencourt