MORTE DE RAMINHO, FOTÓGRAFO

Consolemo-nos, à passagem do nosso querido amigo Raminho,
com os versos do filósofo grego, do período helenístico,
Epicuro de Samos (341-270 a. C.):

A morte não é nada para nós,
pois, quando existimos,
não existe a morte, e,
quando existe a morte,
não existimos mais.

Raminho, agora és detentor
de um segredo só a ti revelado.
Raminho, tu eras como nós somos
e nós seremos como tu és.
Até breve, amigo!
Requiescat in pace!

Sosígenes Bittencourt

A QUENTURA QUE ESTÁ FAZENDO

A quentura que está fazendo não está no termômetro. No meu tempo, dir-se-ia que era a canícula abrasadora; que, no sertão, galinha estava botando ovo cozido, e vaca dando leite em pó. E seria só. Hoje, tem explicação. É o Buraco da Camada de Ozônio, que estão afolozando. Até as crianças já ouviram falar em Gás Carbônico e Efeito Estufa. Rendilharam a peneira do sol. Os raios vêm diretinho na pele, no calçamento, no juízo dos moradores da terra. Isso porque ninguém quer saber de conselho de ecologista, ambientalista, e outros tenebrosos profetas do final dos tempos. Nem querem saber das gerações futuras, embora venham a ser os próprios filhos, seus netos, pessoas que dizem amar. Parecem comungar a frase “Depois de mim, o dilúvio”. Desprezam a natureza em nome de riquezas passageiras, pois o tempo corre célere, e a morte é desprovida de matéria. Sequer se amam, pois poluir o meio ambiente é uma forma de lambuzar-se. Aliás, Donald Trump, o atual Xerife do Mundo, prega que o homem não tem nada a ver com revoluções atmosféricas e tragédias advindas, é tudo invenção de lunáticos terroristas para atrapalhar o progresso.

Outro dia, deu uma ventania aqui na cidade tão forte que quase altera a posição do município. Um matuto me contou que suas galinhas foram parar no terreiro do vizinho.
Já deu enchente por aqui de geladeira boiar e aventureiro abrir latinha de cerveja no roldão das águas, entre cobras e lagartos.

O falecido barbeiro Moisés recitava uma quadrinha mesmo assim:

O sertanejo, ao nascer,
Tem seu destino traçado,
Se de sede não morrer,
Por certo morre afogado.
Só relembrando Drummond: Êta vida besta, meu Deus!

Sosígenes Bittencourt

NAO RIA SE PUDER

Um dia, eu estava na Praça Leão Coroado, à Hora do Ângelus, numa roda de cervejeiros a filosofar, quando me apareceu um ex-aluno potencialmente embriagado: – Professor, o senhor fala difícil, é metido a sabido, mas os tapurus irão comer todos nós.

Não tive dúvida: – Menos a verdade. Os tapurus poderão comer você; a mim, comerão os “miodários cuterebrídeos calipterados”.

Sosígenes Bittencourt

CRISE PRISIONAL E MEDO

Se você perguntasse que sentimento deveria nos provocar a realidade dos presídios brasileiros, eu diria “medo”. Óbvio. Ora, se os presos não têm segurança nos presídios, que segurança temos nas ruas, ou mesmo dentro de nossas residências. O único lugar onde não deveria haver crime era onde os criminosos pagam pena por crime. A lógica é implacável. Do ponto de vista jurídico e estatal, trata-se de uma aberração. Agora, imagine se todos os meliantes estivessem nos presídios? No Brasil, há uma mesma quantidade de criminosos perambulando pelas ruas, indo a missa, comemorando aniversário e trocando soco em teatro de futebol.

Por outro lado, superpopulação carcerária também é agravada pela falta de assistência jurídica aos detentos. Há detentos que cumpriram pena e estão engaiolados, fumante de maconha preso como traficante e ladrão de galinha sem ser julgado. Depois, reclama-se da expansão dos Comandos do Crime, que se alastra, com a cooptação de novos soldados para os seus exércitos, cuja conversão pode ser sacramentada dentro dos próprios presídios. Ou você se filia a um deles, ou não terá segurança, se é que filiar-se lhe assegura a preservação da vida.

Todas as medidas que devem ser tomadas são conhecidas, mas há meio século deveriam ter sido tomadas. Porém, preocupação com preso só quem sente é a mãe do condenado. Político não quer saber de preso matando preso, preso matando policial nem policial eliminando criminoso, investir no combate a esta guerra intestina não lhe rende dividendo eleito. Aliás, se o fizer de mau jeito pode até custar-lhe a vida.

Enfim, é proibido traficar droga no Brasil? É proibido roubar no Brasil? No papel é, mas nas mentes, não. Pois, trafica-se droga e rouba-se nos presídios. Às vezes, no Congresso Nacional.

Sosígenes Bittencourt

INVENÇÃO EM TORNO DA MINHA MORTE OU O VERBO MORRER-ME

É tanta invenção em torno da minha morte, que inventei o verbo “Morrer-me”. Verbo que não pode ser conjugado em todas as pessoas.

É assim: tu me morres, ele me morre, vós me morreis, eles me morrem. Por quê? Porque nem eu morro nem ninguém tem coragem de me matar. Então, eu não sou morto, sou MORRIDO.

Bom frisar que morrer de mentira faz mais sucesso do que morrer de verdade, não é todo dia que se é um morto andando pela cidade.

Portanto, todo mundo morre, mas, comigo, é diferente, todo mundo “me morre”.
– Sosígenes, você andou morrendo?
– Não, meu nobre, andaram “me morrendo”.

Ressuscitado abraço!

Sosígenes Bittencourt

O TAL DO DINHEIRO

Dinheiro é faca de dois gumes. Há quem use o dinheiro para destruir a própria vida.

Ninguém é rico pelo que tem nem pobre pelo que não tem, mas pela noção que tem do que tem. Senão, não haveria milionários se suicidando e lavadeiras sorrindo.

Dinheiro só serve quando soma. Porque há dinheiro que subtrai, tira a esposa, os filhos, dissolve a família, expulsa os amigos do convívio.

Geralmente, as pessoas que são infelizes porque não têm dinheiro, não têm noção do que é ter dinheiro. E as pessoas que invejam quem tem dinheiro, deveriam procurar saber se quem o tem, é feliz.

O mundo melhorou por causa da injeção de dinheiro que impulsionou o progresso, mas essa é uma avaliação objetiva. É preciso encarar que, numa avaliação subjetiva, o homem não se tornou mais feliz. A ciência e a tecnologia trouxeram mais conforto material para o homem, mas não lhe deram mais sabedoria.

Sosígenes Bittencourt

AMANDA É QUEM MANDA

Quem quer brincadeira com Amanda Nunes, a baiana de Pojuca, mantenedora do cinturão de campeã do peso-galo do UFC?

Cheia de direito, toda invocada, Amanda estraçalhou a norte-americana Ronda Rousey em menos de um minuto de round.

Depois, ainda deu ordem de silêncio à plateia com o dedinho no bico, cheia de munganga na maior baianada. Não respeitou a mandonista e beligerante nação de Barack Obama e Donald Trump. Esqueceu que estava em Las Vegas, na pátria de Tio Sam, e arriou o tacape na adversária.

Amanda não deu o menor cartaz à maior lutadora do MMA feminino do mundo. Deu-lhe uma sequência de socos de amarrotar-lhe a fisionomia.

Quem quer dar um puxavante no cinturão de Amanda, quem ousa assaltá-la?

Amanda? – é muita testosterona numa baiana só.

Sosígenes Bittencourt

DECÁLOGO PARA PREFEITOS ELEITOS

1)     Não dê o dinheiro público ao povo, isto é crime grave e traz enormes prejuízos aos cofres do município, inviabilizando a administração da cidade.

2)   Não dê emprego indiscriminadamente, selecionando os melhores, empregando pela competência para melhor poder governar.

3)   Preste conta da arrecadação do município, porque este dinheiro emana do povo e ao povo pertence.

4)  Enumere prioridades, educando e convidando a população a colaborar, em parceria, com a melhoria da qualidade de vida da cidade. Ninguém governa sem o governado.

5)    Não insulte inimigos políticos, comemore sua vitória, mostrando serenidade e eficiência na administração pública, para justificar o seu triunfo.

6)   Não exiba riqueza, combata veementemente a ostentação, portando-se com respeito aos mais humildes, comprovando  o fito nobre de representá-los.

7)  Não pergunte o que quer o povo, antes de privilegiar a educação, pois a educação pode não significar tudo para o povo, mas, sem educação, não há nada.

8)  Cuide das extremidades da vida, porque as crianças cuidarão de nós, e os idosos já cuidaram de nós – é a eles que devemos tudo.

9)  Não use o poder para dominar, pois a melhor forma de dominar é sem dominar, é consultando e convencendo as pessoas. Jamais alguém dominou pela força para não ser condenado.

10)  Enfim, visite as Igrejas, sem discriminação de Fé, baseado na revelação de Samuel: O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração”.

Sosígenes Bittencourt

NATAL E NASCIMENTO DE JESUS

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No primeiro século d.C., o nascimento de Jesus era comemorado no mês ADAR (fevereiro e março).

O dia 25 do mês TIVET (dezembro), do calendário hebraico e babilônico, dia comemorado com festas oriundas da Grécia e de Roma, onde todo o povo participava, era o “Dies Natalis Invictis”, comemoração do Solistício de Inverno, O Nascimento do Sol.

No ano 343 d.C., o papa Júlio I, no Concílio de Serdica, transformou a festa do “Dies Natalis Invictis” em festa da cristandade, para comemorar o nascimento de Jesus.

Papai Noel foi um bispo holandês de nome Nicolau, que, na noite fria de 25 de dezembro, em Amsterdan, saía do palácio episcopal, levando às costas um saco cheio de brinquedos, batendo às portas das residências, para distribuí-los com as crianças, em comemoração ao nascimento de Jesus.

A Árvore de Natal é de origem germânica, adotada pela primeira vez por São Bonifácio.

O Presépio de Natal foi introduzido na vida dos cristãos, no século XII, por São Francisco de Assis.

Sosígenes Bittencourt

CUIDADO COM JANEIRO

Obviamente que eu não diria “cuidado com o Natal”, porque o nascimento de Jesus não tem nada a ver com isso. Porém, diria que é preciso segurar a emoção com o lado consumista da festividade, para em janeiro não estar com a mão na cabeça, por causa da farra financeira. Segundo alguns discursos evangélicos ou pastorais, Jesus é razão.
Não há riqueza maior no ser humano, força mais criativa do que a emoção, mas é preciso administrar seus excessos com a intermediação da razão. Napoleon Hill já o disse: “O entusiasmo é a maior força da alma.” Contudo, ‘entusiasmo’ deriva de “em + Teos”, ou seja, com Deus na alma, em estado de graça. Não adianta você cobrir-se do supérfluo, para depois carecer do essencial.
“Cuidado com Janeiro” significa “cuidado com as dívidas”. Outro dia, vi um economista dizendo que ninguém trabalha para pagar contas, trabalha para se manter. Quem recebe para pagar, não recebe, transfere. Ademais, é preciso confeccionar um colchão de segurança, para nas vacas magras ter como se socorrer. Não vá com tanta sede ao panetone, lembre-se do pão nosso de cada dia.
Prudente abraço!

Sosígenes Bittencourt