OS RISCOS DA BELEZA – por Sosígenes Bittencourt.

Gatinhos mimosos também largam pelos e podem provocar alergia. As flores mais aromáticas podem abrigar minúsculos insetos entre suas pétalas.

Lúcifer era tão vaidoso que preferiu ser Rei no Inferno do que servo no Céu.Segundo a lógica, Lúcifer é deslumbrantemente lindo. Senão não conseguiria iludir suas vítimas, seduzi-las, arrebanhar operários para suas oficinas.

Lúcifer comete o pecado da Vaidade, aquele que despreza a obra do Criador. Vaidade é Pecado Capital, porque considera a beleza, a riqueza e a inteligência como bens próprios e, sem Deus, convertidos em instrumentos para humilhar o seu semelhante.

Pecado Capital é aquele que gera pecado. Num exemplo, o homicídio é um pecado, mas a Ira é Pecado Capital porque gera o homicídio.

Sosígenes Bittencourt

A Herança do Holocausto – por Sosígenes Bittencourt.


Por ocasião da revolta mundial contra o sacrifício dos judeus em Auchwitz, importante relembrar o escritor português José Saramago: Israelenses são judeus nazistas, não aprenderam com o próprio sofrimento, porque impõem aos palestinos o mesmo holocausto que os alemães lhes impuseram. Também, oportuno relembrar o conselho da adolescente alemã Anne Frank, de origem judaica, vítima de tifo epidêmico num campo de concentração nazista: “O que é feito não pode ser desfeito, mas podemos prevenir que aconteça novamente.”

Sosígenes Bittencourt

PRIMEIRO ATO – por Sosígenes Bittencourt.

Manhã cedinho, ponho-me a lidar com as palavras. Leio desde quando não sabia ler e escrevo desde quando não sabia escrever. Ver é natural, ler é intelectual. Penso, logo escrevo. Escrevo, logo sou lido. Sou lido, logo existo. Ensinar, para mim, é uma forma de conviver, minha escola é o mundo. Eu não faço poesia de propósito, faço poesia quando a beleza passa. Eu não sou egoísta, por isso conto a poesia pra todo mundo.

Sosígenes Bittencourt

A MULHER DE DUZENTOS ORGASMOS – Sosígenes Bittencourt.


Se sua mulher é fria, desanimada pra sexo, aguada, que tal tomar conhecimento da existência da britânica Sarah Karmen?  Aos 24 aninhos, Sarah experimenta, em média, 200 orgasmos por dia. E não é gozação. Ela pode experimentar uma frescurite genital com o zumbido de um secador de cabelo, o rosto abolachado de um morto ou uma tapa no focinho. Poder-se-ia dizer que tem o “privilégio” de sofrer da Síndrome da Excitação Sexual Persistente.

Somente durante os 40 minutos de uma entrevista ao jornal News of The World, ela teve 5 orgasmos. E é porque ninguém lhe tocou com um dedo, e o microfone estava apontando para sua boca. Ela conta que, às vezes, mantém muitas relações sexuais, na tentativa de se acalmar. Como não tem um animal que consiga acompanhar tamanha garanhagem, deve referir-se a um boneco inflável.
Luxuriante abraço!

Sosígenes Bittencourt

HORA DE BRINCAR, BRINCAR – por Sosígenes Bittencourt.

REINVENTANDO VELHOS “DITADOS”

Os últimos serão os primeiros. (não)

Os últimos serão desclassificados.

É dando que se recebe. (não)

É dando que se engravida.

Antes tarde do que nunca. (não)

Antes à tarde do que nunca.

Quem espera, sempre alcança. (não)

Quem espera, sempre cansa.

Quem dá aos pobres, empresta a Deus. (não)

Quem dá aos pobres, adeus.

Quem ri por último, ri melhor. (não)

Quem ri por último é retardado.

Quem ama o feio, bonito lhe parece. (não)

Quem ama o feio tem mau gosto.

Quem tem boca, vai a Roma. (não)

Quem tem boca, vaia Roma.

Sosígenes Bittencourt

LOUCOS ONTEM, SADIOS HOJE – por Sosígenes Bittencourt.

Antigamente, o hospício estava cheio de loucos que tinham uma ideia fixa. Uns ficavam olhando para os cantos de parede, pensando que tinha alguém filmando eles; outros se agarravam com um objeto e só largavam na base do eletrochoque. Hoje, tudo isso é normal. As pessoas nem ligam estarem sendo filmadas até urinando e nem ligam estarem o dia inteiro esfregando o dedinho num smartphone.

Tem gente que bebe para dormir e acorda para beber. Sua fama é de CACHACEIRO. Por outro lado, tem gente que dá Boa Noite no Facebook para cair nos braços de Morfeu e dá Bom Dia no Facebook ao arregalar os olhos, e ninguém dá um pio.

Contam até que um cidadão ressuscitou, no caixão, na hora do seu sepultamento. As pessoas saíram correndo, e ele gritando que se esqueceu de postar o seu falecimento no Facebook.

Sosígenes Bittencourt

GALINHA DEPENADA E MICO-LEÃO-DOURADO – por Sosígenes Bittencourt.


No tempo de eu menino, criança não podia ver sangrar galinha, éramos retirados da cozinha. Muito menos, assistir ao mergulho da falecida no charco do próprio sangue. Deglutir galinha à cabidela, podia, mas nada de explicações culinárias. Só o aroma que exalava da água fervendo sobre a moribunda para depená-la. Hoje, as galinhas são criadas em cativeiro e assassinadas em série, submetidas às carnificinas frias da tecnologia. E a lei só se mete se você atirar num mico-leão-dourado.
Paradoxal abraço!

Sosígenes Bittencourt

AO PÉ DO HOSPITAL DA RESTAURAÇÃO – por Sosígenes Bittencourt.

Ao pé do Hospital da Restauração, há uma série de pequenas lanchonetes. Nelas, tem de tudo, de hambúrguer a feijão com arroz. Só não pode despachar bebida alcoólica. É proibido. Você pode ser convidado a se retirar, o que lhe tiraria a fome. Mas, pode cometer outros vícios, como comer demais, por exemplo.
– Aqui, vende bebida, madame?
– Olha, aqui não, é proibido.
Insistir para ingerir bebida alcoólica ao pé do Hospital da Restauração, não tem solução, é caso sem remédio.
Vem uma senhora gorda, balançando como um barco numa beira de cais, senta-se e pede o cardápio. Olha… olha… Daí a pouco, chama a despachante:
– Me dê uma galinha à cabidela.
– Pois não. – Responde a magrinha.


A freguesa põe a mão na Bíblia e começa a dar explicações sobre pecado, vícios e a Salvação da Alma. Entre uma explicação e outra, uma bocanhada na suculenta galinha à cabidela e uma “Aleluia!”
Era dessas criaturas falantes que dão discurso em saleta de dentista, advogado, penduradas em ônibus suburbano, fila do INSS, manicure e etc e tal.
Uma diferença entre o Tabagismo, o Alcoolismo e a Gula é que o tabagista faz fumaça, e todo mundo vê; o alcoólico cai na rua, e todo mundo vê; enquanto a Gula pode passar despercebida pelos homens, e só Deus perceber.
Pecaminoso abraço!

Há quatro anos…..

Sosígenes Bittencourt

CAPIBA NO CÉU – por Sosígenes Bittencourt.

Lourenço da Fonseca Barbosa
* Surubim: 1904
+ Recife: 1997
Capiba chega ao céu.
Sorridente e de braços abertos, penetra sem kit
no bloco de Nelson Ferreira, Irmãos Valença e Felinho.
Ao som de Vassourinhas, de Matias da Rocha e Joana Batista,
os anjos danam-se a frev(o)ar e plumas caem.
Vem um ente traquinas e seringa cloreto de etila no ar.
O folguedo, alegre e saltitante, vai circulando um salão de nuvens
e volatiliza-se sob uma neblina de papéis picados.

Sosígenes Bittencourt

Origem da palavra FREVO – por Sosígenes Bittencourt

A palavra vem de “ferver”. Por corruptela “frever”, dando, naturalmente, “frevo”, palavra já consagrada no “Dicionário dos Brasileirismos”, de Rodolfo Garcia.

Fernando Wanderley observa que nada é mais comum numa terra canavieira do que a “frevura” – fervura dos tachos de mel, nos engenhos de açúcar, fervura lenta, bem quente, etc. A primeira referência na imprensa à palavra “frevo” está registrada no dia 12 de fevereiro de 1908, no “Jornal Pequeno”, órgão que marcou época na história da imprensa de Pernambuco. Já em 1909, o dito do ano era “Olha o frevo!”, conforme se lê no mesmo jornal de 22 de fevereiro. A palavra caiu no gosto da população e daí passou aos livros mais responsáveis. Designa, ao mesmo tempo, a música típica do carnaval recifense e os esfregados da massa em plena folia.

Obs: Corruptela – modo errado de escrever ou pronunciar uma palavra ou locução.

Sosígenes Bittencourt

CARNAVAL E CONFUSÃO – por Sosígenes Bittencourt.

Cuidado para você não pensar que está brincando Carnaval e estar mergulhado numa Confusão. Há quem brinque Carnaval para se DISTRAIR, e há quem brinque Carnaval para se DESTRUIR.

Essa semana, desfilou um bloco que não parecia estar brincando Carnaval, parecia estar ensaiando uma Confusão. O som era ensurdecedor, e ninguém entendia o que o conjunto cantava. Uma récua de bêbados ladrava palavrão e gesticulava pornografia, acompanhada pela Polícia, de cassetete em punho, já na posição de aprumar o esqueleto da macacada.

Cuidado para não confundir liberdade de expressão com constrangimento moral. A liberdade termina onde começa o direito do outro.

Por exemplo:

Mulher nua, para quem quer ver, é opção;

mulher nua, para quem não quer ver, é imposição.

Mulher nua, para quem deseja, é divertimento;

mulher nua, para quem não deseja, é enxerimento.

Mulher nua, entre casal, é Carnaval;

mulher nua, no meio da rua, é bacanal.

Confuso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Trio e Frevo – por Sosígenes Bittencourt.

Bom salientar, pessoal, que a história do TRIO ELÉTRICO começa em Salvador, em 1951, quando DODÓ e OSMAR contratam outro músico, formando um trio, e saem em cima de uma FUBICA tocando FREVO PERNAMBUCANO. Era uma homenagem ao que aconteceu no ano anterior, 1950, quando um bloco de Recife parou o Carnaval Baiano com um show de execução de FREVO. Com a palavra MORAES MOREIRA: E o frevo que é pernambucano, ui, ui, ui, ui / Sofreu ao chegar na Bahia, ai, ai, ai, ai / Um toque, um sotaque baiano, ui, ui, ui, ui / Pintou uma nova energia, ai, ai, ai, ai

Agora, se hoje nós tocamos AXÉ, e eles não tocam nosso FREVO, isso é problema nosso.

Sosígenes Bittencourt

Minha fantasia – por Sosígenes Bittencourt.

Minha fantasia é barata, porque é natural. Não precisa de patrocínio ou investimento, a natureza já se encarregou de me fantasiar. Embora, sem neto ainda, sou o avô das meninas, sobretudo das solteironas casadoras e separadas esperançosas. A música que canto nos ambientes por onde passo é a modinha de finado Capiba, MODELOS DE VERÃO.

Quanta mulher bonita
tem aqui neste salão
parece até desfile de modelos de verão
até as viuvinhas do artista James Dean
vieram incorporadas
hoje a noite está pra mim!
Eu daqui não saio,
eu não vou embora,
tanta mulher bonita
e minha mãe sem nora.

Sosígenes Bittencourt

CARNAVAL E CARNAVALIZAÇÃO – por Sosígenes Bittencourt.

Você pode brincar Carnaval, não pode carnavalizar a vida. Carnaval é uma festa, não é uma lei, é escolha, não é obrigação. Brincar Carnaval não significa impor seu ritmo, sua vontade à vontade dos outros, submeter os demais aos seus caprichos.

O Carnaval teve origem na Grécia, foi adotado pela Igreja Católica e popularizou-se na Europa sem nenhuma correlação com pornografia. Pornografia é desrespeito e sempre será. Você não pode extrapolar os limites de sua liberdade ao ponto de atropelar o direto do seu semelhante. Ninguém pode estar obrigado a ouvir tudo que você queira dizer ou fazer em qualquer lugar ou a qualquer momento. Sequer uma Música Clássica. Se você desfilasse tocando Bach ou Beethoven, não estaria cometendo uma pornografia, mas estaria obrigando o seu semelhante a ouvir aquilo que ele não queria.

Respeito ao próximo deve ser coisa ensinada na tenra idade e vivenciada no dia a dia. Respeito quando é imposto, mediante punição, é sinal de que as pessoas não foram educadas para respeitar. Por isso, tanta estranheza. Proibir pornografia não tem a ver com CENSURA, tem a ver com RESPEITO. Zelar pela educação das crianças é questão até de Saúde Pública.

É que a Imoralidade no Brasil foi dessubjetivada, passando a fazer parte de nossa cultura. Por isso, tanto arrepio mediante sua proibição.

Sosígenes Bittencourt

TEMPO DE MISERICÓRDIA – por Sosígenes Bittencourt.

De tanto botar o cavalo atrás, Trump terminou assassinando Soleimani. Diz que foi para acabar a guerra. Dá a impressão de que é mentira, foi para provocar mais guerra. Eu não sou religioso, mas Deus me livre que Deus não exista. Karl Marx dizia que “a Religião é o ópio do povo.”

É melhor ter a Religião como ópio do que acreditar em Donald Trump e Qasem Soleimani.
Se acreditar em Deus é estar iludido, acreditar nos Xerifes do mundo é a suprema desilusão. A desilusão é a inscrição do Portal do Inferno de Dante: “Ó, vós que aqui entrais, perdei toda esperança.” Não, a vida não pode ter o fim da Divina Comédia. Deus nos defenda!

Misericordioso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Carnaval em Vitória de Santo Antão – por Sosígenes Bittencourt.

Tenho lido muitas críticas ao Carnaval de Vitória e queria dar um pitaco.

De início, Vitória de Santo Antão precisa implantar uma safena administrativa no coração da cidade. A Praça da Bandeira é uma artéria infartada de barracas de alvenaria, loteada pelos prefeitos, num total desrespeito ao que é público e não poderia jamais ser privatizado.

Depois, a meninada que nasceu equilibrando-se sobre a Boquinha da Garrafa e saracoteando que nem a Eguinha Pocotó não pode apreciar Beethoven nem reconhecer o FREVO como a única música genuinamente nacional, nascido ali, entre as cidades gemelares de Olinda e Recife.

Nossa música, nosso ritmo só está preservado, intacto, em nossos corações. E não tem essa de ser homem, é de fazer chorar. É o sistema límbico de nosso cérebro, responsável pela MEMÓRIA EMOCIONAL.

Sosígenes Bittencourt

FREVO E VASSOURINHAS – por Sosígenes Bittencourt.

Não é possível se falar em Frevo, sem se referir a Pernambuco,Vassourinhas e Felinho. Porque não há dúvida de que o frevo nasceu entre Olinda e Recife, e é o único ritmo genuinamente nacional.

Não existe frevo nem nada parecido em lugar nenhum do mundo. Até a palavra frevo vem do verbo “ferver”, oriunda da pronúncia troncha, como “frevura”, referindo-se às atividades canavieiras, como nos engenhos de açúcar.
Diz que Vassourinhas, considerado o Hino do Carnaval Pernambucano, foi composto por Matias da Rocha e Joana Batista Ramos, para o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, lá pelo início do século passado, mil novecentos e alguma coisa. Porém, há quem tenha fuxicado que viu Joana cantando os versos de Vassourinhas para Matias, já em 1889. Sei não.

Felinho, Félix Lins de Albuquerque (1895-1980), conhecido popularmente como O Homem dos 11 Instrumentos, nascido ali em Bonito, inventou 8 Variações para sax-alto, no meio de Vassourinhas, em 1941. O frevo foi gravado, com a novidade, em junho de 1956, pela orquestra de Nelson Ferreira, para incendiar a Terra dos Altos Coqueiros.

Infelizmente, já não se toca Vassourinhas como antigamente. Tenho uma cópia da execução original, para dizer que deram uma vassourada no Hino do Carnaval Pernambucano.

Fervoroso abraço!

Sosígenes Bittencourt