Data Magna do Estado de Pernambuco – por @historia_em_retalhos.

Por que o dia 6 de março tornou-se a Data Magna do Estado de Pernambuco?

Na verdade, a importância da data deve-se a um ato de intrepidez, bravura e coragem, que antecipou a eclosão de um movimento revolucionário.

Em outras palavras: o seis de março foi a fagulha que incendiou a Revolução Pernambucana de 1817!

O clima de insatisfação que imperava em Pernambuco aumentou, consideravelmente, a partir da vinda da família real para o Brasil, fugida de Napoleão, em 1808.

A presença da Corte no Brasil importou no aumento abusivo da voracidade fiscal, sem nenhuma contrapartida para a província.

Apenas para citar um exemplo: pagava-se em Pernambuco um imposto para a iluminação das ruas do RJ, enquanto muitas vias do Recife mantinham-se na completa escuridão.

Foi aí que ambientes de reuniões, como o Seminário de Olinda e o Areópago de Itambé, tornaram-se pontos irradiadores das ideias iluministas trazidas da Europa, envolvendo intelectuais, profissionais liberais, clérigos etc.

Ao tomar conhecimento da conspiração, o governador Caetano Pinto determinou a prisão dos insurgentes.

Em 6 de março de 1817, ao ser-lhe dada voz de prisão, o Capitão José de Barros Lima, o nosso “Leão Coroado”, atravessou a sua espada no brigadeiro português Barbosa de Castro, levando-o à morte.

Apesar da precipitação do ato, ninguém segurava mais!

A revolta espalhou-se pela cidade, incendiando as ruas do Recife!

Foram 75 dias de um governo independente, republicano, com lei orgânica própria, liberdade de imprensa e de credo, separação dos poderes e até bandeira própria, que, mais tarde, em 1917, tornar-se-ia a bandeira oficial de Pernambuco.

Mesmo que de curta duração, por ausência de um anteparo militar, a Revolução de 1817 afetou as fundações do sistema vigente e foi o único movimento insurgente que, efetivamente, conseguiu superar a fase conspiratória e deflagrar, de fato, a tomada do poder.

Não sem razão, foi, intencionalmente, esquecido e apagado pela historiografia oficial, com o objetivo de que o seu exemplo jamais se disseminasse pelo restante do Brasil.

Viva o seis de março!

Salvem os revolucionários de 1817!
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As 20 mais tocadas – por @historia_em_retalhos.

Gente, segundo levantamento do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), de 2014 a 2024, essas foram as 20 músicas mais tocadas no carnaval de Pernambuco:

1 – Frevo mulher – Zé Ramalho

2 – Voltei Recife – Luiz Bandeira

3 – Tropicana – Vicente Barreto / Alceu Valença

4 – Hino do Galo – José Mario Chaves

5 – Chuva de Sombrinhas – Nena Queiroga / André Rio

6 – Hino do Elefante – Clovis Vieira / Clidio Nigro

7 – Oh, Bela – Capiba

8 – Último Regresso – Getúlio Cavalcanti

9 – Me segura que senão eu caio – Jota Michiles

10 – Arreia lenha – Marron Brasileiro

11 – Anunciação – Alceu Valença

12 – Vassourinhas – Batista Ramos / Mathias Da Rocha

13 – Diabo Louro – Jota Michiles

14 – País Tropical – Jorge Ben Jor

15 – A Praieira – Chico Science

16 – Não quero dinheiro – Tim Maia

17 – Hino da Troça – Milton Bezerra De Alencar

18 – Madeira que cupim não rói – Capiba

19 – Eva – Cartavetrata / Umto / Ficarelli

20 – Leão do Norte – Lenine / Paulo Cesar Pinheiro
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Podemos chegar a três conclusões:

– o frevo é majoritário e domina o ranking das mais tocadas (14 das 20).

– diferentemente de Salvador, onde o hit do carnaval costuma ser um lançamento da temporada, ou do Rio de Janeiro, onde a música do verão pode ser de um outro gênero, em Pernambuco, o frevo é ritmo certo.

– porém, há um aspecto muito negativo: fica evidente que não houve uma renovação das canções mais ouvidas nesses últimos dez anos. Entre as 20 músicas mais executadas, não aparecem novos compositores de frevo. Muitos “hits” tem mais de 45 anos.

Deixo, então, a seguinte indagação:

O que fazer para garantir a renovação do frevo?

Aguardo as opiniões de vocês.
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Voltamos!!!

Mais uma vez, as muitas atividades carnavalescas impediram-me de atualizar o blog. Aliás, esse ano (2025), estive menos tempo nas ruas,  motivo pelo qual também acabei realizando muito menos registros do que gostaria. Como todos já estão “carecas” de saber o Blog do Pilako é formado pela equipe “eu sozinho”.  Para pensar, planejar, escrever, editar e postar.  Enfim! O Carnaval 2025 acabou, mas com a proteção do Glorioso Santo Antão,  a vida segue normalmente…..

Capitão Pedro da Silva Pedroso – por @historia_em_retalhos.

Este é o capitão Pedro da Silva Pedroso, uma das figuras mais fascinantes e, ao mesmo tempo, controversas da galeria de personagens históricos pernambucanos.

Revolucionário de 1817, Pedroso estava ao lado do capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado, quando este último aplicou o golpe de espada que atravessou o brigadeiro português Barbosa de Castro, em 6 de março de 1817, cabendo a Pedro o gesto libertário de empunhar a espada ensanguentada e assumir o comando do Regimento de Artilharia do Recife.

O “Pardo do Recife”, como ele gostava de ser chamado, era um sujeito sagaz, corajoso e muito envolvente, tornando-se amado e respeitado pelo povo, principalmente, por aqueles por quem mais lutava: a população preta.

Um traço, porém, lhe era muito próprio: o radicalismo.

Pedroso era conhecido por suas ações intempestivas, no mesmo espírito dos radicais da Revolução Francesa, o que o levou a ser também chamado de o “Robespierre Pernambucano”, pelos arbitrários fuzilamentos que ordenou contra opositores e pelas ameaças contra membros do próprio governo provisório que integrava.

Foi ele quem conseguiu que o governo provisório de 1817 praticasse o primeiro ato abolicionista no Brasil, concedendo alforria aos escravos que se alistassem no exército, sendo ele próprio quem, pessoalmente, treinou a primeira tropa de escravos libertos.

A Revolução Republicana de 1817 vigorou por 75 dias, defendendo liberdade de expressão, de imprensa e de credo, mas, embora aberta à igualdade racial, não era claramente contrária à escravidão.

Com a derrota do movimento, Pedro foi preso e enviado para a Bahia, sentindo a discriminação dentro da prisão por seus próprios companheiros revolucionários: os negros eram os primeiros a apanhar e os últimos a comer.

Isso fez nascer na maior liderança negra de 1817 uma revolta: para ele, certos estavam os negros do Haiti, que, em 1804, mataram ou expulsaram todos os brancos do país.

Em 1821, a Corôa anistiou os presos, mas, mais uma vez, a segregação: Pedro Pedroso foi o único a não ser solto.

Foi enviado para Portugal, recebendo perdão e voltando a Pernambuco em 1822.

Durante o governo da chamada Junta dos Matutos, não mais suportando o imenso desprezo aos negros e inspirado na Revolução do Haiti, Pedroso convocou a população preta e parda para reagir e tomou a cidade do Recife com atentados, prisões e ameaças de fuzilamentos.
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Tal insurreição aconteceu em 21 de fevereiro de 1823, há exatos 201 anos, sendo conhecida como a “Pedrosada”, um motim que desejava implantar um governo negro em Pernambuco.
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A multidão associava Pedro à figura de Cristovam, um ex-escravizado que comandou tropas revolucionárias, tornou-se general e chegou ao poder, em 1811, no Haiti.
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Novamente preso, desta vez, foi remetido à capital do Império, sendo libertado após submeter-se a D. Pedro I.
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Por sua liderança junto ao povo negro, o monarca o viu como uma peça útil para lutar contra a Confederação do Equador, recém eclodida em Pernambuco, oferecendo-lhe anistia.
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O Pardo do Recife, acreditando em dias melhores, decidiu virar de lado e lutar a favor da monarquia, ajudando a abafar a Confederação de 1824, comandada por seus antigos correligionários.
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Goste-se ou não do nosso Robespierre, uma coisa, porém, não há como negar-lhe: a sua Pedrosada levantou a ideia do republicanismo que integrava os negros à República, provando que o sistema escravocrata era uma perversa circunstância histórica.
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A Pedrosada durou oito dias (21 a 28 de fevereiro).
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Capitão Pedro Pedroso morreu de velhice no Rio de Janeiro.
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Virgens da Vitória desfilam neste sábado, na Mata Sul

Para quem não quer esperar até a próxima semana pelo carnaval e está no interior do Estado pode aproveitar, neste sábado o bloco “As virgens da Vitória”, no município da Mata Sul a quilômetros do Recife. O desfile já tem 42 anos e neste dia 22 vai contar com o trio elétrico puxado pelo cantor Carlinhos Beleza

“A criação do bloco das virgens, no início da década de 80, marcou uma institucionalização, digamos assim, do que se via na rua: os homens com as roupas das suas esposas brincando o carnaval com irrreverencia. Isso virou um bloco e com o passar dos anos as pessoas passaram a caprichar nas fantasias, muitas personagens de novelas, cantoras. A Tiêta que está de volta a TV hoje foi um dos grandes sucessos do bloco. Eu mesmo brinquei por muitos anos e assumi a responsabilidade de não deixar que as virgens saiam da programação do nosso carnaval”, descreve Denilson Canêjo, atual presidente do bloco.

As virgens ganham às ruas a partir das 20h com saída da praça do Livramento. O percurso do bloco segue até o bairro da Matriz, de onde retorna para o local da saída. Pouco mais de quatro horas de festa.

Para os marmanjos fantasiados tem premiação em dinheiro: a virgem mais criativa, o melhor grupo de virgens, e a virgem mais luxuosa. Para participar do bloco custa 25 reais para as virgens fantasiadas e 20 reais para o público em geral. Os crachás de acesso estão à venda na praça Duque de Caxias, no Centro da cidade.

Assessoria. 

Doutor Washington Amorim: desembargador eleitoral de Pernambuco!

Figura de destaque no mundo jurídico estadual, o doutor Washington Amorim, na última quinta-feira, 13 de fevereiro, tomou posse no TRE de Pernambuco para atuar como desembargador eleitoral, na qualidade de  membro efetivo, em uma das vagas reservadas à advocacia.

O evento, ocorrido na cidade do Recife, foi bastante prestigiado. Autoridades de relevo dos três poderes  pernambucano – Executivo, Legislativo e Judiciário -, familiares, amigos  e boa parcela da sociedade antonense marcaram presença.

Obstinado, o doutor Washington Amorim sempre se dedicou de corpo e alma ao exercício do direito. Bem articulado, dentro e fora da cidade da Vitória, sua terra mãe, sabe – mais do que ninguém – os caminhos que trilhou para galgar os espaços já alcançados.

Para esse novo ciclo, o desejo de todos que gozam da sua amizade  é que Deus  continue guiando os seus passos. Boa Sorte, doutor!

Seculares engenhos de Vitória de Santo Antão – por Marcus Prado

Durante cerca de dois anos, enfrentando uma série de dificuldades (inclusive de acesso), fotografei a maioria dos seculares engenhos de açúcar da Vitória de Santo Antão.

Creio que foi uma iniciativa pioneira, posto que inexistia nos arquivos locais uma memória iconográfica desse tempo rural e fator de crescimento industrial da nossa terra.

Fiz doação desse acervo, ampliado, ao Instituto Histórico, na expectativa de ser útil aos futuros pesquisadores, o último dos quais foi o professor José Aragão, presidente do I.H., que recebeu as fotos com muito zelo.

Hoje, são todos de fogo-morto, com seus equipamentos inúteis e suas paredes em ruínas.

Decadência do nosso importante a motor da industrialização brasileira, o ciclo da cana gerou condições para uma importante classe que proporcionou condições para ascensão de uma oligarquia rural que serviu de inspiração para os barões do café no sudeste brasileiro.

Marcus Prado – jornalista 

“Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia” – Siga: @historia_em_retalhos.

Em 1989, a Beija-Flor realizava aquele que é considerado o desfile mais ousado e impactante da história do carnaval carioca.

Até hoje, esse desfile é citado e estudado.

Impressionantemente, o carnavalesco Joãosinho Trinta desnudou para o mundo o contraste entre o luxo das elites brasileiras e a pobreza daqueles que vivem no meio do lixo, em um dos países mais desiguais do planeta.

Logo na abertura, o carro abre-alas traria um Cristo Redentor em meio aos mendigos e vestido como eles.

Porém, a Arquidiocese do RJ conseguiu uma ordem judicial para proibir a apresentação da alegoria.

Joãosinho não se deu por vencido e cobriu o Cristo com um plástico preto, acrescentando a frase “Mesmo proibido, olhai por nós!”.

A polêmica gerada em torno da censura acabou dando à alegoria um impacto ainda maior.

“Atenção mendigos, desocupados, pivetes (…) esfomeados e povo da rua… Tirem dos lixos deste imenso país restos de luxo e façam a sua fantasia (…)”.

Com esses dizeres, a escola convidava para a grande confraternização: o luxo seria retirado do lixo!

Um detalhe de muita simbologia: os diretores da escola usavam uniformes iguais aos dos profissionais da limpeza.

O resultado disso foi que os garis que vinham atrás do desfile, limpando a avenida, sentiram-se contagiados, visibilizados e parte integrante da festa!

Ao fim, Beija-Flor e Imperatriz Leopoldinense (que exaltou a proclamação da República) terminaram empatadas com 210 pontos.

Por um capricho do destino, o desempate ocorreu em uma nota originariamente descartada, no quesito samba-enredo, e a Beija-Flor amargou o segundo lugar.

Anos depois, o jurado Cláudio Cunha, que tirou um ponto da Beija-Flor no quesito evolução, disse que havia se arrependido de não ter dado a nota 10 que faria a escola de Nilópolis campeã.

Mesmo não levantando a taça, porém, o desfile revolucionário entrou para a história.

Jamais uma escola de samba realizou uma crítica social tão profunda, expondo às vísceras os contrastes de um país desigual, em que a extrema pobreza e a extrema riqueza convivem dentro de uma permanente tensão.
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