MORTE DE GEANE – por Sosígenes Bittencourt.


O seu rosto esmaecido nesta foto transparece que minha amiga já não habita este mundo. Contudo, revê-la era tudo o que eu queria. Ah! como seria bom que os mortos voltassem por um minuto, para nos revelar seus segredos. Com o mesmo ar, a mesma voz, o tom, o gosto, aquele vestido.

Conheci Geane num comício. Era uma época de campanha política. Mais nova, tinha 4 filhos menores, oriundos de Catende, onde convivera com o pai das crianças. Pouco conhecida, residia na Vila Mário Bezerra, com sua mãe. Desde que a coloquei para distribuir a revista Fragmentos, começou a ficar muito íntima no centro da cidade. Simpática e prestativa, levei-a para os lugares que frequentava, sempre recebendo elogios pela sua participação, muito embora não fosse um contrato de trabalho, mas uma parceria, não havendo vínculo empregatício nem remuneração estabelecida. Aos poucos, fui descobrindo-lhe alguns dotes, como cortar cabelo e dançar. Uma das reclamações que ouvia de sua mãe, dona Rode, era de que não gostava de estar em casa, quando tinha 4 menores para cuidar. Naturalmente, passara um bom tempo de sua adolescência enclausurada, sem tempo de se divertir, e agora havia surgido uma oportunidade. Em resumo, depois que passou a namorar um velho amigo meu, continuou querendo levar uma vida muito solta, embora enfrentando severas reclamações do seu companheiro. E de tantas andanças, tanta ânsia por diversão, perde a vida, abraçada com o seu irmão, num desastre de motocicleta, em cima da pista. Contam que ia para uma festa no Cabo de Santo Agostinho. Contam que, quando já estava sem vida, o seu celular tocava; era o seu companheiro, querendo saber onde ela estava. Sabe-se que colidiram com um caminhão.

Não tive outra alternativa. Ainda de madrugada, fui vê-la na casa funerária. Depois, velar-lhe o corpo em sua casa e pervagar a via do sepultamento. A caminhada foi longa, sob o mesmo sol que a aqueceu tantos dias, pelas ruas que atravessou tantas vezes. Ainda agora ouvimos o repicar das colheres de pedreiro e o murmúrio de dor de sua mãe. Adeus, Geane.

Sosígenes Bittencourt

4.° Exército – por @historia_em_retalhos.

Neste prédio, no Recife, onde funcionava a sede do 4.° Exército, nasceu o golpe de 1964 na capital pernambucana.

Daqui, no dia 1.° de abril, os militares partiram para depor o governador Miguel Arraes e fizeram dos estudantes Jonas Albuquerque e Ivan Rocha as primeiras vítimas fatais da ditadura no país.

Para entender o dia 31 de março de 1964, é preciso, antes, conhecer os seus antecedentes.

Com a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, o vice-presidente eleito, João Goulart, que se encontrava na China, foi impedido de assumir o posto.

Houve um extenso processo de negociação, que resultou na adoção transitória do parlamentarismo, para, apenas, em 1963, após um plebiscito, Jango assumir a presidência.

A partir daí, o país virou um palco de agitações sociais, que polarizaram as correntes de pensamento.

Em 13.03, ocorreu o comício da Central do Brasil, no RJ, que reuniu trabalhadores em apoio a Jango e às suas reformas de base.

No dia 19, setores conservadores realizaram a “Marcha da Família com Deus e pela Liberdade”, considerado o ápice do movimento de oposição.

A objeção militar a Jango cresceu a partir do dia 25.03, com a rebelião dos marinheiros.

Os militares o acusaram de ter sido conivente com a quebra da hierarquia, passando a associá-lo à ameaça de uma ditadura comunista no Brasil (fato jamais comprovado).

Em 31.03, o general Olímpio Mourão partiu com as suas tropas de Juiz de Fora/MG, sem a autorização de outros militares, e deu início ao movimento armado.

Estava deflagrado o golpe militar.

Mesmo Goulart estando no território nacional, em 02.04, o presidente do Congresso Moura Andrade declarou vaga a presidência e empossou provisoriamente o presidente da Câmara Ranieri Mazzilli.

Em 11.04, o Congresso elege Castelo Branco, dando início ao longo período de 21 anos de autoritarismo.

Passados 61 anos deste episódio, devemos rememorá-lo com um único objetivo: rechaçá-lo e jamais o esquecer.

Não aceitemos revisionismos históricos de ocasião.

Cultivar saudosismo por uma ditadura que torturou e matou significa compactuar com as suas atrocidades.

31 de março é dia de reafirmar:

Ditadura nunca mais!
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Cônego Pedro de Souza Leão – por Pedro Ferrer

Nascido em Ipojuca, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de janeiro de 1917, era filho de Pedro de Souza Leão e de Minervina de Souza Leão. Aos 19 anos sentiu o chamado de Deus e ingressou no Seminário de Olinda. Completada sua formação eclesiástica foi ordenado, no dia de Todos os Santos de 1947, por sua Reverendíssima, o Arcebispo de Olinda-Recife, dom Miguel de Lima Valverde. Sua primeira celebração eucarística teve lugar na sua terra natal, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Mal raiou o ano novo, no dia 5 de janeiro, foi empossado vigário cooperador da Vitória de Santo Antão e capelão do Colégio Nossa Senhora da Graça.

Em 1949 foi transferido para Glória do Goitá assumindo a direção da Paróquia de Nossa Senhora da Glória, onde exerceu seu apostolado com amor e dedicação até julho de 1959. Nos dez anos à frente da paróquia realizou importantes obras tais como: construção da nova igreja matriz, da escola Paroquial de Menores e do ginásio Dom Miguel de Lima Valverde. A edificação deste educandário foi um marco na educação do município, visto ser o primeiro educandário de primeiro grau. Tão frutífera administração fez o povo da Glória do Goitá elegê-lo prefeito. Exerceu seu mandato, 1958/1962, com dedicação e seriedade, pautado em princípios éticos e morais. Em janeiro de 1962 voltou à Vitória de Santo Antão, assumindo mais uma vez, a capela do Colégio N. S. da Graça. Em agosto, do mesmo ano, foi convocado por Dom Carlos Coelho, Arcebispo de Olinda e Recife, para dirigir a construção do Seminário Regional do Nordeste, localizado em Camaragibe. Sua permanência à frente da construção do Seminário foi curta.

Um homem com sua competência administrativa e sua capacidade de trabalho, não podia ficar ocioso. Em 1965, o governador do estado, dr. Paulo Pessoa Guerra o nomeou diretor do Instituto Profissional de Pacas. Foram sete anos de excelente administração. Os que conheceram de perto e vivenciaram o dia a dia do Instituto de Pacas, são unânimes em afirmarem que foi a melhor de todas as administrações passada naquela casa. O Instituto sofreu uma grande metamorfose: de casa de correção, transformou-se em centro de educação.

Em 1972 foi convidado pelo prefeito José Augusto Ferrer de Morais, para assumir a Secretaria de Administração, vacante, pela renúncia do jornalista João de Albuquerque Álvares.

Após longos anos, longe da vida paroquial, não da vida pastoral, pois continuou exercendo seu apostolado continuamente, o Cônego Pedro Souza Leão, assumiu a paróquia de Cavaleiro, no município do Jaboatão dos Guararapes. Paróquia grande, ocupada por uma população carente de bens materiais e espirituais. O Cônego tinha à sua frente mais um desafio. Foram quase vinte anos de apostolado e de fidelidade ao Cristo e à Igreja. Nos últimos anos de vida, cansado e com a saúde precária, ficou preso a uma cadeira de rodas. Sem perder o ânimo continuou sua missão evangélica até ao final. No dia 20 de maio de 1991 foi acolhido por Jesus Cristo na casa do Pai.

Suas exéquias, presididas por dom José Cardoso, teve lugar na matriz de Cavaleiro, por ele construída. O sepultamento foi em sua terra natal.

Recentemente, em 2013, seus restos mortais foram transladados para a Matriz de Nossa Senhora da Glória, na cidade de Glória do Goitá.

Pedro Ferrer

ARGENTINA 4 x 1 BRASIL – por Sosígenes Bittencourt.


O Brasil não tem uma Seleção de Futebol, tem um bando de jogadores paparicados, frios e idiotas, indiferentes aos anseios dos compatriotas. Por isso, chutam o pavilhão nacional. Uma vergonha indesculpável e imoral.

O humorista José Simão tem razão: a Seleção Brasileira é uma seleção sem vícios, não bebe, não fuma nem joga.

Um time gerado nos bastidores dos investidores, cuja defesa não sabe se defender, o meio-campo infartado e um ataque sem pontaria, é um time destreinado e desentrosado, covarde e sem galhardia.

Envergonhado abraço!

Sosígenes Bittencourt

4ª Corrida da Vitória – faltando um mês!!!

Faltando exatamente um mês para a culminância da 4ª edição da Corrida e Caminhada da Vitória, evento esportivo que reunirá 1000 atletas da Vitória e de cidades circunvizinhas, hoje, logo cedo, gravamos um vídeo para as redes sócias em que “decretamos” a chamada “Contagem Regressiva”.

Doravante, pelas sociais, pelo grupo oficial do evento e também aqui, pelo blog, estaremos divulgando e informações sobre o conjunto da organização, promoções de patrocinadores e tudo que diz respeito à entrega dos kits aos atletas.

Portanto, prepare o tênis e o coração por que já temos data para vivenciar mais edição da Corrida e Caminhada da Vitória!

Veja o vídeo aqui: https://youtube.com/shorts/mVmL5qcRAvI?si=WHNiloLS_16sCo36

Doutor Célio Meira: um antonense imortal……

Por ocasião da passagem dos 130 anos de nascimento do doutor Célio Meira, ocorrido no domingo, dia 23 de março (2025), realizamos mais um conteúdo do nosso quando Corrida Com História.

Batizado Ceciliano, o mesmo adotou o nome social de Célio Meira. Nascido numa casa, localizada no Canal da Mangueira, num sábado, exatamente no dia 23 de março de 1895, ele foi o caçula dos  3 filhos de Antônio e Maria José.

Estudioso e aplicado, aprendeu as primeiras letras em nossa cidade para depois de notabilizar como advogado, professor, promotor de justiça, escritor, pesquisador e poeta. Com sua pena,  foi colunista de vários jornais da capital e também  com quase todos os jornais locais do seu tempo. Também deixou sua marca num  conjunto de revistas do Instituto Histórico local.

Falecido de maneira trágica no inicio da década de 70 (1972), o antonense  Célio Meira foi o primeiro e único intelectual da República das Tabocas a sentar na cadeira de presidente da APL – Academia Pernambucana de Letras.

Além de espaço destacado no Instituto Histórico da Vitória, o mesmo, na atualidade,  empresta seu nome a uma rua no bairro do Cajá e é patrono da AVLAC – Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência.

Veja o vídeo aqui: https://youtu.be/xa76yY-KEhk?si=PR_Ty5F0sZwOf-pO

 

 

O HUMOR DE BOM HUMOR – por Sosígenes Bittencourt.


(Menina oferecendo a sorte em Mané Peixe)
Professor, o senhor quer jogar, para tirar 190 milhões de reais?
Deus me defenda, minha filha, não tenho mais idade pra isso.
(Explicação para menina oferecendo o Bicho) Professor, quer apostar no Bicho?
Não, minha filha. Eu sou o único jogador que nunca perde no Jogo do Bicho. Porque só jogo BURRO. Aí, quando não dá na pedra, dou eu mesmo, o BURRO que jogou.
Arriscado abraço!

Sosígenes Bittencourt

As Borboletas – ação solidária!

A equipe “Corrida das Borboletas”, grupo de corrida de rua da nossa cidade,  em parceria com o Instituto Ana Caroline, promoveram na manhã do domingo (23) uma atividade social, no sentido da arrecadação de caixas de chocolate para doação a crianças, no período da páscoa.

O evento – corrida e caminhada – teve como ponto de concentração, largada e chegada, o Pátio da Matriz. Encerrada a atividade física, os participantes saborearam um farto café da manhã e foram agraciados com sorteio de brindes. Parabéns para a Equipe das Borboletas.

FALECIMENTO DE DORIVALDO MAGALHÃES – por Sosígenes Bittencourt.

Um amigo das antigas sempre sorridente. A cirurgia do coração foi, apenas, uma tentativa de sobrevivência. Contudo, ninguém sabia de suas emoções. É do filósofo francês Voltaire, a dedução: Tudo que entra pelo ouvido, vai direto ao coração. O coração é o ícone do amor, o termômetro da emoção, mas a mente é que ama.
A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.
Agora, amigo, Dorivaldo Magalhães, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és.
Requiescat in pace.
Sosígenes Bittencourt

4ª Corrida da Vitória – iniciado o terceiro e último lote!

Último lote liberado! 

O terceiro e último lote da 4ª Edição da Corrida e Caminhada da Vitória já começou! 

Data: 27 de abril de 2025
Local: Vitória de Santo Antão
Sorteio de 2 relógios Garmin para os participantes!

Não fique de fora dessa verdadeira festa do esporte! Garanta sua inscrição agora e venha fazer história com a gente!

Vendas:

No site: http://www.uptempo.com.br

Na loja: Monster Suplementos – bairro da Matriz.

Informações: 9.9420.9773.

 

 

O Tempo Voa Documento: foi sempre assim…

Revirando nossos  arquivos encontramos  um “desabafo” do senhor Luis Nascimento, em artigo escrito para a Revista do Instituto Histórico, em função  das comemorações do centenário da imprensa na nossa cidade (1866 – 1966),  que bem  reflete o sentimento daqueles que fizeram e que continuam fazendo  imprensa na Vitória de Santo Antão. Vale a apena ler:

PERCALÇOS E IDEALISMO

A imprensa vitoriense sofreu, desde 1866, todos os percalços, dificuldades e inglórias inerentes à espécie. Viveram seus periodistas, por outro lado, os momentos culminantes da criação do jornal e da enunciação de ideias e programas, junto ao desejo de ser útil a comunidade, de consertar os erros do mundo e apontar os caminhos certos.

Continuaram eles, neste século, a amar e a sofrer, teimosamente, jungidos a um ideal, à missão de informar, de aparecer, de transmitir um pensamento, um verso, uma página literária.

Ultrapassou a casa dos trinta o número de publicações da grande família da imprensa dadas à circulação, de 1866 a 1899, na Vitória de Santo Antão. No cômputo geral dos cem anos hoje completados, subiram a mais de 170, de todos os gêneros, de vida intensa ou efêmera, fazendo surgir jornalista a granel, muitos deles perdendo o título rapidamente, outros altanando-se no conceito da imprensa regional ou nacional.

Esta terra de tantas tradições históricas tem, indubitavelmente, a primasia da imprensa no interior do Estado, uma primasia que honra Pernambuco, do mesmo modo que a imprensa de Pernambuco honra o Brasil.

 

Luis Nascimento
Originalmente publicado na REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – VOL. I – 1968.