DIA DAS MÃES

Hoje é dia das mães.
Ontem foi dia das mães.
Amanhã será dia das mães.
Todo dia, todo tempo é dia das mães.
Enquanto houver uma pulsação de amor,
onde houver o ato da fecundação
será momento de se comemorar a vida.
Hoje é dia da vida, é dia do mundo.
Não foi em vão que já se chamou a natureza
de Mãe Natureza.
Hoje é dia do instinto,
do misterioso impulso para a multiplicação,
de toda forma de vida,
dos micro-organismos, de todos os animais, dos vegetais.
Hoje é dia das mães.
Hoje é dia da vida.
Hoje é dia de Deus.

Sosígenes Bittencourt

A PREGUIÇA CRIATIVA

lendo

Às vezes, o sofrimento dá preguiça. E, aí, é preciso dar um pontapé na tristeza, relaxar, ficar mesmo preguiçoso.

Aliás, eu já li que a Preguiça não faz tanto mal, porque tira a disposição de cometer os outros 6 pecados capitais. Por exemplo,ODIAR dá trabalho. O ódio pode dar enorme disposição para um psicopata amolar uma faca e caminhar quilômetros para abater sua vítima.

E todos sabemos que existe a preguiça criativa. O político e filósofo inglês Francis Bacon (1561 – 1626) dizia que “Passar muito tempo a estudar é preguiça.” Ora, bem-vinda preguiça tão criativa. Imaginemos o mundo feito de preguiçosos do tamanho do filósofo Sócrates, do músico Beethoven e do físico Albert Einstein.

O poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994) chegou à conclusão de que “A Preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.

O próprio Quintana publicou uma obra, em 1987, intitulada “Da preguiça como método de trabalho.”

Aliás, não fosse minha preguiça, talvez, eu não tivesse produzido esta crônica.

Portanto, lembre-se de que o sofrimento pode ser um vício, e a preguiça criativa, opcional.

Preguiçoso abraço!

Sosígenes Bittencourt

A QUENTURA QUE ESTÁ FAZENDO

A quentura que está fazendo não está no termômetro. No meu tempo, dir-se-ia que era a canícula abrasadora; que, no sertão, galinha estava botando ovo cozido, e vaca dando leite em pó. E seria só. Hoje, tem explicação. É o Buraco da Camada de Ozônio, que estão afolozando. Até as crianças já ouviram falar em Gás Carbônico e Efeito Estufa. Rendilharam a peneira do sol. Os raios vêm diretinho na pele, no calçamento, no juízo dos moradores da terra. Isso porque ninguém quer saber de conselho de ecologista, ambientalista, e outros tenebrosos profetas do final dos tempos. Nem querem saber das gerações futuras, embora venham a ser os próprios filhos, seus netos, pessoas que dizem amar. Parecem comungar a frase “Depois de mim, o dilúvio”. Desprezam a natureza em nome de riquezas passageiras, pois o tempo corre célere, e a morte é desprovida de matéria. Sequer se amam, pois poluir o meio ambiente é uma forma de lambuzar-se.
Outro dia, deu uma ventania aqui na cidade tão forte que quase altera a posição do município. Um matuto me contou que suas galinhas foram parar no terreiro do vizinho.

Já deu enchente por aqui de geladeira boiar e aventureiro abrir latinha de cerveja no roldão das águas, entre cobras e lagartos.

O falecido barbeiro Moisés recitava uma quadrinha mesmo assim:

O sertanejo, ao nascer,
Tem seu destino traçado,
Se de sede não morrer,
Por certo morre afogado.

Só relembrando Drummond: Êta vida besta, meu Deus!

Sosígenes Bittencourt

PADRE RENATO DA CUNHA CAVALCANTI

Conheci padre Renato nos meus idos de menino. Havia meninos naquela época. Estudava na Escola Paroquial, sob a batuta maestrina de profª Luzinete Macedo. Bonita e asseada, educada e enérgica, explicativa, toda pedagógica. Foi lá que aprendi a conjugar o verboAMAR.

Padre Renato era uma réstia de fé a deambular pela Igreja, uma espécie de souvenir de Roma. Em nossa mente de criança, parecia ter visto Jesus e conversado com Deus em oração. Sua figura nos remetia a reflexões sobre coisas transcendentais. Figurativas ainda, mas invisíveis mesmo assim.

Como nos sentíamos protegidos naquela época… O farfalhar dos coqueiros parecia uma conversa, e o coral dos grilos compunha a sonoplastia das estrelas. Vinha dos ensinamentos religiosos, nosso hábito de erguer a cabeça e ficar olhando para o céu. Não sei o que padre Renato vislumbrou em Vitória, mas sei que temos a glória de tê-lo como personagem de nossa história.

Requiescat in pace.

Sosígenes Bittencourt

PEQUENAS CRIANÇAS, GRANDES NEGÓCIOS

Se crianças não podem pedir esmolas para matar a fome dos seus pais, também não podem fazer pantomimas eróticas para saciar a ganânciados mesmos.

Não interessa se MC Belinho é funkeiro e famoso, o que importa, para a Justiça, é a proteção da belinha MC Melody. A Justiça observa que a menor está desprotegida, porque está sendo exposta publicamente quando é incapaz de avaliar e decidir por si própria, programar sua vida.

Internet não é brincadeira, ela pode render hipotético sucesso e comprometer o seu futuro. De repente, há milhares de pessoas, silenciosamente, avaliando sua postura e suas palavras. É uma casa destelhada onde todos julgam e são julgados.

Se MC Belinho não sabe exatamente o que está fazendo, a Justiça deverá fazer uma avaliação do feito. Uma criança não pode ser erotizada aos holofotes e à luz meridiana, e as autoridades fingirem que não veem, sobretudo quando há clamor e denúncia.

MC Belinho, ingenuamente, diz que sua filha está se saindo melhor na escola, porque está sendo apaparicada depois do sucesso dos requebros sensuais. Esquece que sair-se bem na escola é sair-se bem nos estudos, não é receber paparicos. Ele considera um espetáculo o espalhafato que está promovendo com o seu rebento de menor idade.

Sosígenes Bittencourt

SOLIDÃO A DOIS

Sentado na calçada, um homem fuma

um cigarro ao lado se sua mulher.

Sentado na calçada, o homem não

se sente atraído por sua mulher.

Sentada na calçada, a mulher inala

as baforadas de cigarro do homem

que não quer.

Mas, logo próximo, um cão triste

parece entender o vale de solidão

que há entre o homem e a mulher.

Sosígenes Bittencourt

APOSENTADO E IMPOSTO DE RENDA

Na realidade, quem vive de renda é quem negocia.
Aposentado vive de provento de aposentadoria.
Por isso, não dá para entender aposentado pagando Imposto de Renda.
Afinal, o que os governos têm para oferecer aos aposentados, no ocaso de sua existência? Ao menos, assistência médica digna, segurança, depois de toda uma vida driblando obstáculos para sobreviver? Sequer facilita a prestação de contas do Imposto de Renda da velharada, abrigando-a a perambular numa verdadeira “parada federal”.
Aliás, no Brasil, quem menos tem condições, paga Imposto, porque não pode sonegar, e quem mais tem condições, sonega Imposto, porque pode sonegar.
O Brasil tem dois problemas gravíssimos: não fiscaliza a cobrança de impostos nem fiscaliza o destino dos impostos.
Fiscalizar não é apenas obrigar a pagar, é punir quem sonega.
Fiscalizar o destino da arrecadação é punir apropriação de dinheiro público, que significa CORRUPÇÃO, a maior inimiga da República (de “res” + “publica”, que quer dizer “coisa” “pública”).

Sosígenes Bittencourt

RECORDAR É VIVER – NO TEMPO DE EU MENINO

HOMENAGEM AO PROFESSOR ADÃO BARNABÉ

Esta semana, recebi honroso convite para assistir a Recital em homenagem ao meu ex-professor de inglês Adão Barnabé na Academia de Letras, Ciências e Artes da cidade. Infelizmente, não pude me fazer presente, uma vez acometido de dengue, este mal nosso de cada dia, protagonizado pelo “odioso do Egito”.

O convite veio-me pela destra do seu filho mais novo, Paulo Barnabé. Obsequioso, à minha porta, à Hora do Ângelus.

Adão era casado, salvo engano, com dona Matilde e residia à rua Melo Verçosa, ao lado da casa onde morou Dr. Laércio, depois o comerciante José de Lemos, hoje Pronto Socorro da Vitória. Deu-se na década de 60.

Eu também morava no mesmo endereço, apelidado de Rua do Colégio das Freiras. Eu era aluno de Adão Barnabé, no Colégio Municipal 3 de Agosto, e o encontrava logo cedinho, comprando pão na venda de Valfrido Ferreira Chaves, popularmente conhecido como Fiduca, recentemente falecido aos cem anos de existência.

Ademais, o que me lembra Adão são suas aulas de Inglês no primeiro andar do Colégio Municipal à Praça Leão Coroado. Minha memória olfativa reproduz o cheiro do Café São Miguel, e a auditiva, o apito do trem.

Adão era um homem de estatura mediana, magro, desdentado, andar claudicante e gostava de bebericar aguardente. Empunhava um apontador e impunha respeito. Não me recorda uma brincadeira. O livro era Quick and Easy, se não me esqueço, da pianista e professora Cordélia Canabrava Arruda. Até poucas décadas, eu recitava a lição The Old Cat (O Velho Gato) da inicial maiúscula ao ponto final. Não obstante, me recorda um trechinho, referente ao gato, que dizia assim: it could not bite and it could not run quicly because very old (Ele não podia morder e não podia correr porque estava muito velho). Referia-se ao gato, talvez, em relação ao rato.

Conta-me Paulo que Adão falecera em 1969, ano anterior ao seu nascimento, dele Paulo, que veio à luz em 1970.

O enterro do lente saiu da rua Capitão Mateus Ricardo, lamuriado por amigos e alunos, pervagando ao Cemitério São Sebastião.

Ainda agora, Requiescat in Pace

Sosígenes Bittencourt

RECORDAR É VIVER – NO TEMPO DE EU MENINO

(A Cascatinha da Matriz e Manoelzinho de Horácio)

Papai me contava e mamãe assevera que quem construiu essa praça, chamada Dom Luis de Brito, foi Horácio de Barros, pai de Manoelzinho Rangel. Depois, diz que Horácio de Barros não foi à inauguração da obra, porque estava acometido de Tifo. Assistiu ao evento, debruçado na janela de sua casa, na Rua Imperial, popularmente conhecida como Rua do Meio.
Era nessa Cascatinha que Manoelzinho de Horácio tomava cachaça com caramelo de menta, contava piada, soltava lorota e empulhava o mundo.

Manoelzinho de Horácio partiu para a Eternidade aos 73 anos, já faz algum tempo. Ele contava que o médico que lhe tirou o baço e garantiu-lhe um ano de existência morreu primeiro.

Certa vez, Manoelzinho de Horácio me contou que fez um frio tão grande em Vitória de Santo Antão que o Leão Coroado, na frente da Estação Ferroviária, saiu do monumento e foi se esconder dentro de uma barbearia do outro lado da Praça.

Manoelzinho de Horácio era jogador de futebol. Diz que, um dia, ele foi bater um pênalti, quando o adversário Tenente Índio o ameaçou: – Se fizer o gol, me apanha!

Manoelzinho não teve dúvida, furou o gol e saiu correndo do estádio José da Costa, solto na buraqueira, pelo Dique afora.

Sosígenes Bittencourt

O HOMEM É ESCRAVO DO BOM TRATAMENTO

Em Recife, na avenida Domingos Ferreira, minha tia Ricardina ia sendo vítima de um assalto. Eram 3 pivetes, um maiorzinho e dois menores, queriam-lhe os pertences. E, aí, minha tia não podia se desfazer dos bens, pelo valor sentimental que os envolvia.

– Olhe, meu filho, esse anel é um presente de minha irmã que faleceu, eu não posso lhe dar.

E os meninos insistiam. Mas, minha tia não podia abrir mão dos seus objetos, persistindo nas explicações de caráter sentimental.

– Olhe, meu filho, esse relógio é um presente do meu filho que faleceu, eu não posso me desfazer dele.

Até que chegou o momento mais sensível do diálogo, que abrandou o menino. Ela passou a mão sobre seu cabelo pixaim e perguntou: – Se você tivesse um presente dado por sua mãe, você queria que alguém levasse?

O menino baixou a cabeça e chorou. O homem é escravo do bom tratamento.

Sosígenes Bittencourt

Hábitos do Primeiro Mundo no Imundo

Foto: Autor desconhecido

No Rio de Janeiro, atirar uma bituca de cigarro no meio da rua pode gerar multa. Basta o esquadrão da Guarda Municipal flagrar. Esse expediente é imitação do Primeiro Mundo, implantado no Imundo. E tem detalhe: se o sujismundo se negar a oferecer o número do CPF para o registro da ocorrência e a cobrança da multa, pode ser rebocado, delicadamente, a uma Delegacia. Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Pois, se enterrar os pés ou se meter a besta, poderá até levar umas cipoadas na coluna vertebral.

Os antigos diziam que “quem não aprende em casa, Mestre Mundo ensina”.

Aqui, em Vitória de Santo Antão, eu apanhei uma bolinha de guardanapo, dentro da padaria, e joguei na lixeira, a garçonete me perguntou se eu era funcionário da padaria. Uma outra moradora me disse que “quando um homem era muito educado, ela pensava que ele queria enganá-la ou era veado.”

Se todos varressem a frente de suas casas, o mundo amanheceria limpo. No Japão, as crianças nem cospem no chão. Tudo questão de educação doméstica e perfeita sintonia entre a escola e a família.

Poluir o Meio Ambiente é uma forma de LAMBUZAR-SE. Quem suja, não só desrespeita o seu semelhante, mas revela baixa autoestima. Um ambiente desorganizado reflete uma desarrumação interior. É preciso fazer boa leitura do comportamento para chegar à causa do efeito.

Sosígenes Bittencourt

PROFESSORA AMANDA TEM RAZÃO

A professora potiguar Amanda Gurgel tem razão. Dão-lhe um cotoco de giz e querem que ela salve a nação. Ainda lhe pedem paciência. Num momento de microfone e impaciência, abre o badalo e vira paladina de sua classe. Amanda toma 3 ônibus para chegar à escola e não pode filar a merenda, porque é professora. Contudo, é chamada a amar seus alunos, educá-los com disposição e bom humor, por 930 reais. Esquecem, os seus algozes, que AMOR SÓ ESPERANÇA: AMORREDUZ; AMOR SÓ FRUSTRAÇÃO: AMOR ACABA. Não pode se encolerizar, nem ser melancólica, tem de ser fleumática, calma. O resto fica para os que mandam ter paciência. Os que se locupletam dos cargos que servem para mandar ter paciência.

Mas, se tudo não mudar, conforme sói acontecer, Amanda terá outros desgostos. Minha mãe, por exemplo, aos 80 anos, paga imposto de renda. Que renda, se ela está aposentada? Minha mãe paga juro sobre fatura, por atraso na entrega dos Correios. (Melhor voltar à era dagoma arábica e do telégrafo.) Quando tem festa, na rua, minha mãe dorme sentada numa cadeira, porque o som é ensurdecedor e os meninos pitam marijuana, imitam a cópula na vertical e vomitam birita com sarapatel nas calçadas. Vive enclausurada, porque sobra meliante e falta Segurança Pública.

Amanda tem razão, mas ter razão não basta, seria preciso gerar algum efeito, redundar em mudança. Senão, a exposição de seus motivos vira mero direito de espernear. Não vá servir para promover algum herói de última hora. Os heróis de antigamente lutavam por uma causa, os de hoje usufruem a causa.

Indignado abraço!

Sosígenes Bittencourt

Gueixa, a sedução pela arte

Engana-se, redondamente, quem acha que a gueixa é uma versão oriental de nossa prostituta. A gueixa lá no Japão, e a prostituta aqui na esquina. Primeiro, porque para ser gueixa é preciso muitos anos de estudo, enquanto para ser prostituta não é preciso nenhum estudo, o que até facilita.

A gueixa é uma profissional que aprende, desde cedo, a milenar arte de seduzir, dançar e cantar, com ritos e indumentária tradicionais. A prostituta é uma profissional do sexo, desregrada, que negocia o corpo, não tendo, por isso, que aprender coisíssima nenhuma.

A gueixa não pode ser desfrutada por um Zé Ninguém, só servindo a políticos, grandes empresários e artistas, porque podem contratar os seus conhecimentos.

A gueixa sabe como desestressar um cidadão, tem de estar ciente da política internacional e não tem que fazer sexo com o seu cliente. A prostituta sabe como estressar um cidadão, não tem obrigação de entender nem de fundo de cozinha e tem de fazer sexo, mesmo que não saiba nem queira absolutamente nada com a vítima.

Enfim, a gueixa é um cicerone da cultura japonesa, tendo obrigação de conhecer o Japão milenar e contemporâneo, enquanto a prostituta é uma representante de nossa cultura mercadológica, segundo a qual tudo na vida tem preço e nenhum valor.

Sosígenes Bittencourt

HITLER E O BRASIL

Eu costumo dizer que, no Brasil, a liberdade desenfreada, a prevalência do capricho sobre o social sacrifica a segurança.
A Alemanha teve um Hitler, aqui temos um em cada esquina. Todo mundo quer fazer o que quer.
SEGURANÇA sem LIBERDADE é tirania (Alemanha).
LIBERDADE sem SEGURANÇA é loucura (Brasil).
Na Alemanha, você seria executado se não cumprisse norma.
No Brasil, você pode ser executado independente de norma.
Na Alemanha, o Estado matava você.
No Brasil, seu vizinho mata você.

Sosígenes Bittencourt

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

A Redução da Maioridade Penal é um apelo do mundo do crime, é um “prendam-me, eu não consigo ser normal, eu sou um bárbaro.”

O brasileiro namora cadeia, porque não aprendeu a gostar de estudar. São, em sua maioria, meninos fabricados em descarrego sexual, gente que faz sexo para se livrar do incômodo e não estão ligando para gravidez. Falta de educação.

O Brasil deve 50 anos de antevisão do futuro, não cuidou das gerações futuras. Porque os políticos pensam nas eleições; osestadistas é que pensam nas gerações. Ninguém perguntou o que deveria ser feito para receber o amanhã, debruçados sobre o momento, remendando os trapos, aos trancos e barrancos. Resultado disso, eu vi, semana passada, a polícia revistando dezenas de jovens numa praça central da cidade. Os adolescentes com as mãos na cabeça e as pernas arqueadas, como se fossem, indistintamente, pela faixa etária, marginais até que provassem o contrário.

Redução de Maioridade Penal é como a Lei Maria da Penha, não conseguiu reduzir a violência contra a mulher. Aliás, gerou até uma reflexão no “ginófobo” (aquele que tem aversão a mulher): “Se eu não matá-la agora, eu vou preso, e ela fica à vontade com quem quiser.”

A Redução da Maioridade Penal é resultado da ineficácia do ECA, que não trata o menor infrator como deveria tratar. O menor infrator não sofre um padre nosso por penitência, não é assistido, fica frescando, até que um outro marginal o elimine, ou um aterrorizado faça justiça com as próprias mãos.

Infelizmente, o brasileiro está feito uma barata tonta, girando em torno do próprio eixo, para depois morrer.

Enfim, você é contra ou a favor da Redução da Maioridade Penal? Não importa, agora, depois de tantas décadas de falácia e incompetência governamental. Se o ECA não funciona, negocia-se droga em presídio e o desarmamento não surtiu efeito, não será a Redução da Maioridade Penal que irá resolver. A violência não está no corpo dos adolescentes, a violência está na alma dos brasileiros.

Sosígenes Bittencourt

ALMA DE GATO

Dizem que o gato tem 7 fôlegos. Porém, Billy, o gato de seu Eurico Siqueira da Rosa, no município de Antônio João (Mato Grosso do Sul), teve direito a 7 meses do Bolsa Família.
O rabo de fora foi visto pelo agente de saúde Almiro dos Reis Pereira, quando foi convocar a criança para ser pesada no Posto de Saúde, uma exigência do programa.

Inocente, a dona da casa alarmou: “Mas o Billy é meu gato.” O bichano estava cadastrado como Billy da Silva Rosa. É que seu Eurico, marido da abestalhada, era coordenador do Bolsa Família na cidade. A alma de gato recebia 20 reais pelo mamífero e 62 reais por dois filhos fantasmas desde o início de 2008. Exonerado, vai ter que devolver o dinheiro, segundo o promotor Douglas Oldegar. Tem jeito?

Sosígenes Bittencourt