A televisão na minha visão – por Sosígenes Bittencourt

A televisão é uma concessão de serviço público. No Brasil, não cumpre sua finalidade primordialmente educativa, que é obrigação, busca apenas o lucro. Qualquer fiscalização no intuito de coibir baixaria é logo tachada de “CENSURA”. O Estado se omite, e a mídia fica totalmente ao bel-prazer de empresas privadas. O escritor norte-americano Roger Shattuck (1923-2005) resumiu o descaso: Evitar que a pornografia chegue às crianças pela TV não é limitar a liberdade de expressão, é cuidar da saúde pública e da educação.

A televisão sexualiza a adolescência e escandaliza com a consequência. A meninada se cria assistindo a beijos de desentupir pia, vendo gente se escanchando ao meio-dia, quando faz neném, a própria televisão deita sensacionalismo em cima. Quer dizer, ganha dos dois lados. Tanto na teleaudiência da influência quanto na teleaudiência da consequência. Manchete: Menino de 13 anos engravida menina de 12 anos que dá à luz bebê de 7 meses.

Depois da Internet, a Televisão virou um radinho de pilha para mim. Sobretudo porque a Internet disponibiliza todo acervo cultural da humanidade para todo mortal. E eu não sou nenhum abestalhado para gastar todo o meu tempo ocupado com fuleiragem. Se você resolver endoidar, a internet o ajudará, mas se você quiser virar santo, ou sábio, a internet também o ajudará. Na Internet está o Bem e o Mal, só depende de sua formação educacional.

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Inveja e Sucesso – por Sosígenes Bittencourt.

Não há sentimento bom nem ruim, mas o resultado daquilo que você faz com o sentimento. Por exemplo, INVEJA é um sentimento positivo quando invejamos o BELO e buscamos reproduzir. Muita gente fez sucesso na vida imitando. O ser humano é um animal que imita desde o nascimento até a morte. Agora, SUCESSO é um detalhe. Tem traficante que é um SUCESSO. Dribla a Justiça, faz fortuna, costurando boas amizades, sem dar um tiro. Quem quer imitar?

A AGRESSIVIDADE, por exemplo, é o combustível da AÇÃO. Se você tem gasolina nas mãos e incendeia seu semelhante, poderá matá-lo. Mas, se você põe numa ambulância e socorre um acidentado, poderá salvá-lo. Quer dizer, nós não estamos preocupados com a AGRESSIVIDADE, mas com o que os meliantes estão fazendo com a AGRESSIVIDADE nas grandes cidades. Agora, SUCESSO é um detalhe. Quem quer ser um SUCESSO, trocando soco em campeonato de luta de box?

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LOUCO DA BOA LOUCURA – por Sosígenes Bittencourt.

Eu sempre tive essa mania de escrever. Até que, em 1987, eu passei a escrever para ser lido. Ou seja, antes, eu escrevia para não esquecer ou não ter que me lembrar do que estava pensando. Na realidade, a gente escreve quando valoriza o que pensa, quando não quer esquecer o pensamento. Mas, depois, eu achei que não tinha graça eu escrever só para mim e resolvi escrever para todo mundo. Ninguém deve negar sua arte ou suas verdades, suas descobertas, até para submetê-las à análise dos semelhantes. Talvez, seja uma imprudência escrever para ser lido, mas talvez seja uma imprudência morrer abraçado com suas verdades sem discuti-las. E, aí, quando começaram a me chamar de maluco, fiquei entusiasmado. Era sinal de que eu estava vencendo o medo de ser sincero e despertando curiosidade sobre minhas maluquices. Ninguém é imune a maluquices. Ora, eu estava enlouquecendo da boa loucura. Há quem colecione galo de briga e ninguém diz nada. Ademais, ninguém consegue se destacar sem uma pitada de loucura. O que dizia o filósofo Aristóteles, trezentos anos antes de Cristo?

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DIA DAS MÃES – por Sosígenes Bittencourt

Hoje é dia das mães.
Ontem foi dia das mães.
Amanhã será dia das mães.
Todo dia, todo tempo é dia das mães.
Enquanto houver uma pulsação de amor,
onde houver o ato da fecundação
será momento de se comemorar a vida.
Hoje é dia da vida, é dia do mundo.
Não foi em vão que já se chamou a natureza
de Mãe Natureza.
Hoje é dia do instinto,
do misterioso impulso para a multiplicação,
de toda forma de vida,
dos micro-organismos, de todos os animais, dos vegetais.
Hoje é dia das mães.
Hoje é dia da vida.
Hoje é dia de Deus.

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Celeuma entre Ética e Moral – por Sosígenes Bittencourt

Lembra-me um dos discursos que estabelece a diferença entre ÉTICA e MORAL.

A Moral é aquilo que nos ensinam: não matarás. A Ética é aquilo que aprendemos: matarei para sobreviver.

A Moral tem a ver com o SUPEREGO, a Ética tem a ver com o EGO. A Moral tem a ver com CASTIGO. A Ética tem a ver com CULPA. Portanto, a Moral vem de fora para dentro, enquanto a Ética nasce dentro. Se alguém belisca você, e esta atitude fere a Moral (não beliscarás) o que te foi ensinado, você reage com a Ética (belisco, porque fui beliscado) o que aprendeste.
A mim me parece que, nesta visão, a Moral tem a ver com o amor, um amor imposto, o homem tem o dever de amar, e a Ética tem a ver com justiça, ou seja, o homem tem o direito de ser amado, podendo reagir ao desamor. É complexo, mas não exclui a necessidade de refletir a respeito.

Quando Pedro arrancou a orelha de um soldado, com o gume da espada, atrapalhando a crucificação, o que disse o Senhor: “Quem viver pela espada, pela espada também morrerá.” (Moral e Condenação) Noutra oportunidade, disse o Senhor ao mesmo Pedro: “Quem não tem uma espada, que venda seu manto e compre uma.” Ou seja, a vida é luta permanente, e lutar contra o mundo e o demônio requer usar a espada contra o inimigo. (Ética e Absolvição)

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Racismo e Imaturidade – por Sosígenes Bittencourt

O homem é o único animal que sabe que vai morrer. A pomba não sabe, a galinha não sabe. Portanto, o racismo não é uma consequência da diferença entre o branco e o preto. Racismo é falta de maturidade, deficiência no lidar com o ÓDIO. Tanto que, quando alguém é branco e você odeia, chama-o de AMARELO SAFADO, o que dá no mesmo ÓDIO e no mesmo “RACISMO”, se assim quer-se chamar.

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O beijo – por Sosígenes Bittencourt

O beijo mais ensaiado de todos os tempos foi aquele dado pela atriz Grace Kelly em James Stewart no filme “Janela Indiscreta”, de Alfred Hitchcock. Foram necessárias 87 repetições da cena para satisfazer o diretor, cuja exigência por perfeição era quase tão célebre quanto seus filmes.

Comentário: Foi tanto glamour e tanto desejo exibidos, que não nasceu menino porque estavam vestidos.

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Quem pode perdoar? – por Sosígenes Bittencourt

O grande equívoco é que quem pode perdoar é quem pode castigar, é o Juiz, o Carrasco, o Papa. Quem é castigado não pode perdoar, quem está com o pescoço sob a guilhotina não pode perdoar o carrasco, não lhe cabe o perdão. O perdão do torturado, do moribundo não tem cabimento, é subserviência, pura covardia.

Eu só posso perdoar o meu malfeitor, se eu inverter a posição, tomar-lhe a arma e apontá-la para a sua cabeça. Perdoar a quem deseja me matar é filosoficamente fora de sentido.

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O Papa e os homossexuais – por Sosígenes Bittencourt

O Papa preferiu dizer que não é ninguém para julgar os homossexuais a dizer que homossexualidade é pecado. Aconselhou inserir os homossexuais na sociedade e condenou a discriminação. Buscou a humildade, eximindo-se de condenar o ser humano. Entregou o seu julgamento ao Juízo Final.

Contudo, é bom frisar, não se pode inserir na sociedade os homossexuais que tripudiam sobre o crucifixo na via pública. Quem pisoteia a memória do Salvador, depreda a cultura espiritual da humanidade, não tem compromisso com Deus nem com os homens, merece ser chamado à responsabilidade. Ninguém poderá provar que não são perigosos à sociedade, flagrante ameaça à integridade das pessoas. Assim como os heterossexuais, os homossexuais têm os mesmos deveres, as mesmas obrigações. Não estão imunes às devidas punições por desrespeito e vandalismo de toda ordem.

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Seu Duca Raizeiro – por Sosígenes Bittencourt

O analfabetismo patético e humorístico do curandeiro é caso sem remédio. Do tipo gato com “J” e jacaré com “G”. Misericórdia!

Seu Duca é muito mal-eDUCAdo.

Seu Duca não deveria ter sido raizeiro, deveria ter estudado para cortar o mal pela raiz.

Quer dizer, seu Duca é fruto do meio, ou seja, raizeiro da raiz.

Imagine quando o seu Duca estiver caDUCAndo.

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PEQUENAS CRIANÇAS, GRANDES NEGÓCIOS – por Sosígenes Bittencourt.

Se crianças não podem pedir esmolas para matar a fome dos seus pais, também não podem fazer pantomimas eróticas para saciar a ganânciados mesmos.

Não interessa se MC Belinho é funkeiro e famoso, o que importa, para a Justiça, é a proteção da belinha MC Melody. A Justiça observa que a menor está desprotegida, porque está sendo exposta publicamente quando é incapaz de avaliar e decidir por si própria, programar sua vida.

Internet não é brincadeira, ela pode render hipotético sucesso e comprometer o seu futuro. De repente, há milhares de pessoas, silenciosamente, avaliando sua postura e suas palavras. É uma casa destelhada onde todos julgam e são julgados.

Se MC Belinho não sabe exatamente o que está fazendo, a Justiça deverá fazer uma avaliação do feito. Uma criança não pode ser erotizada aos holofotes e à luz meridiana, e as autoridades fingirem que não veem, sobretudo quando há clamor e denúncia.

MC Belinho, ingenuamente, diz que sua filha está se saindo melhor na escola, porque está sendo apaparicada depois do sucesso dos requebros sensuais. Esquece que sair-se bem na escola é sair-se bem nos estudos, não é receber paparicos. Ele considera um espetáculo o espalhafato que está promovendo com o seu rebento de menor idade.

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FRAGMENTOS – No Túnel do Tempo – Sosígenes Bittencourt

O ano tem 1 dia dedicado às mães e 364 dedicados aos filhos.
A Reforma Agrária seria mais bem feita se nascesse da ótica do boi.
O Jogo do Bicho é a coisa mais honesta do mundo; desonestos são nossos sonhos.
Os assaltantes tomaram a praça do povo, e a poluição, o céu do condor.
Pelo preço do pão e a tarifa da conta d’água, não dá pra viver a pão e água.
Carro a álcool. Carro a gasolina. Motorista a adrenalina.
(Maio – 1988)


Os operários do ABC paulista atiraram pedras para que os policiais atirassem nos alvos, os policiais não entenderam e atiraram nos operários.
O Brasil só será uma democracia quando os Projetos nascerem dos anseios das mesas de bar.
Se as eleições foram tranquilas em La Paz, valeu o significado do próprio nome.
Epitáfio para túmulo de médico: Eu sabia que a morte era um caso sem remédio.
(Maio – 1989)

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Origem da palavra FREVO – por Sosígenes Bittencourt

A palavra vem de “ferver”. Por corruptela “frever”, dando, naturalmente, “frevo”, palavra já consagrada no “Dicionário dos Brasileirismos”, de Rodolfo Garcia.

Fernando Wanderley observa que nada é mais comum numa terra canavieira do que a “frevura” – fervura dos tachos de mel, nos engenhos de açúcar, fervura lenta, bem quente, etc. A primeira referência na imprensa à palavra “frevo” está registrada no dia 12 de fevereiro de 1908, no “Jornal Pequeno”, órgão que marcou época na história da imprensa de Pernambuco. Já em 1909, o dito do ano era “Olha o frevo!”, conforme se lê no mesmo jornal de 22 de fevereiro. A palavra caiu no gosto da população e daí passou aos livros mais responsáveis. Designa, ao mesmo tempo, a música típica do carnaval recifense e os esfregados da massa em plena folia.

Obs: Corruptela – modo errado de escrever ou pronunciar uma palavra ou locução.

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A IMAGINAÇÃO VIAJA MORCEGANDO PARA-CHOQUE DE CAMINHÃO

O camarada arrumou uma mulher de vida fácil, colocou na boleia do caminhão e danou-se a desfilar pela cidade. A mãe ficou indignada. Quanto mais ela reclamava, menos o camarada ouvia, apaixonado pela sujeita.

Um dia, em total respeito a sua genitora, resolveu mudar a advertência do para-choque do caminhão: MÃE, TENHA DISTÂNCIA.

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A CAR(ne) de NA(da) VAL(e) – por Sosígenes Bittencourt.

Historicamente, o Tríduo Momesmo ou Entrudo anda relacionado às orgias de Baco ou Dionísio, podendo ser chamado de Lupercais – festim em honra de Pã – Saturnais ou Bacanais. No Egito, na Grécia ou em Roma, homenageavam a deusa Ísis e o Boi Ápis. Em virtude da cachorrada, que era muito grande, com o advento do Cristianismo as bacanais foram proibidas.

Na Idade Média, ninguém aguentava mais o jejum, a Alta Nobreza de Veneza e Roma abriram a celebração.

Foi numa dessas brincadeiras que o Monarca Carlos VI morreu assassinado, fantasiado de urso.

O Entrudo é um folguedo muito antigo, comemorado com banho d’água, farinha e tinta, embora já se tenha sacudido até esterco de quadrúpede no meio da folia.

Momo é a figura que personifica o Carnaval. É o bufão que, nos paços reais, divertia os seus amos com suas pantomimas.

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