Através das redes sócias, recentemente, tomei conhecimento de uma polêmica vivenciada no plenário do parlamento local – fórum próprio para discussões de toda ordem – envolvendo o nome que se dará à UPA – Unidade de Pronto Atendimento. Aliás pelas as idas e vindas, pelo orçamento dilatado e o tempo de construção e tantas outras coisas mais, envolvendo esse equipamento público, por si só, já dariam um bom roteiro para uma novela mexicana.
Pois bem, a mais nova “refrega de narrativas”, por assim dizer, envolve o nome de duas figuras de destaque na nossa cidade – Monsenhor Renato e o empresário “Tãozinho do Posto (ambos já falecidos). Realcemos, contudo, que em vida os mesmos atuaram em áreas totalmente distintas no nosso torrão e não cabe comparações entre si.
Padre Renato da Cunha Cavalcanti, foi um religioso extremamente respeitado. Deixou um legado para nossa cidade que já mais será esquecido. Seus exemplos e ensinamentos modularam e ainda modulam o comportamento da sociedade antonense. Antônio Manoel Cavalcanti Pessoa, ou mesmo “Tãozinho do Posto”, como era mais conhecido, no mundo dos negócio, na qualidade de empresário, foi um guerreiro que venceu a difícil “batalha do apogeu financeiro”. Sob o ponto de vista da economia da cidade, sem sombra de dúvida, cabe a ele um espaço reservado na galeria dos “construtores da Vitória”. Como já falei anteriormente não façamos nenhuma comparação entre a importância de ambos.
Assim sendo, independente de quem os indicou (nomes), imagino inadequado aplicar na “nova” unidade médica da cidade (UPA) o nome de um dos dois. Como já elenquei anteriormente: são duas figuras de ações destacadas na nossa cidade, mas, no meu modesto entendimento e pelos olhos do merecimento e da justiça, não seria razoável estampa seus respectivos (um u outro) nomes num espaço público dedicado à saúde.
Com efeito, no tempo pretérito, gostaria de realçar outra falha da nossa Casa Legislativa (um vereador indica e o plenário aprova) foi emprestar o nome do Mestre Aragão ao Terminal Rodoviário da Vitória. Lá (Rodoviária), por irrefutável dever de justiça e merecimento, deveria estampar, em letras garrafais, o nome do empresário vitoriense Serafim de Moura Ferraz que empreendeu no ramo do transporte coletivo daqui, ao comprar um ônibus (SOPA) e fundando, em 21 de abril de 1948, a Empresa de Transporte Coletivo “Central da Vitória”. Gostaria de lembrar que o Mestre Aragão foi uma figura ímpar da nossa história, mas essa homenagem, imagino, não haver sido calibrada e sintonizada na sua singular história de vida.
Voltando ao debate envolvendo o nome que se dará à UPA, se os nossos políticos – prefeito e vereadores – estivessem realmente preocupados em marcar o legado de pessoas da área da saúde com atuação destacada na nossa cidade, bastavam – em esforço mínimo – consultar as paredes da memória para encontrar vários nomes com envergadura para adornar o referido contexto.
Os profissionais Fernando Gouveia, Walter Cruz, Jodalvo Couto Sampaio, Ivo Queiroz, Diva Holanda e tantos outros imagino que seriam escolhas mais adequadas. Mas, se a mim coubesse o poder da referida decisão, na atual conjuntura, o nome da nova unidade de pronto atendimento seria “UPA Enfermeira Zefinha”.
Pelo momento em que o mundo está vivendo (pandemia) reconhecer o trabalho desses verdadeiros guerreiros (profissionais de saúde) tornou-se algo imperioso nos quatros cantos do mundo. Pela dedicação de uma vida à saúde, por haver sido uma profissional respeitada e admirada por todos colegas de trabalho, pela simbologia da sua figura no contexto social e pelas condições que ocorreu o seu falecimento, me parece que esse seria o sentimento da maioria da nossa população se assim fosse consultada, mas, infelizmente, nossos “legítimos representantes”, imagino, estarem muito mais preocupados com os cálculos políticos eleitorais do que representar a vontade dos leitores que lhes elegeram. Vida longa à memória da Enfermeira Zefinha, que já mais sairá do coração dos que com ela desfrutaram do privilégio da convivência.
Já em relação aos nossos políticos……