Dom Severino Vieira de Melo – por Pedro Ferrer

A imprensa de Teresina, capital do Piauí, no dia 23 de novembro de 2011 noticiava: “Foi exumado o corpo de Dom Severino Vieira de Melo do altar da Catedral de Nossa Senhora das Dores. O Arcebispo foi o primeiro de Teresina e foi responsável pela reforma na Igreja Matriz. A exumação, que aconteceu na noite da última quinta-feira (17), teve início às 19h e se estendeu durante boa parte da noite. Junto com os restos mortais de Dom Severino, foram encontrados uma cruz e um pergaminho que provavelmente seria sua carta mortuária. No dia seguinte foi celebrada uma missa solene na Igreja Catedral, presidida pelo Administrador Diocesano, Pe. Tony Batista, e logo após os restos mortais de Dom Severino foram transferidos para a nova Capela Mortuária dos Bispos localizada dentro da Catedral”. Dom Severino era um sacerdote amado e admirado pelas suas virtudes.

Esse renomado antonense chegou ao Piauí em fevereiro de 1924 para assumir a diocese de Teresina. Era o terceiro bispo da cidade. Em 1952, a Santa Sé elevou aquela comunidade católica à arquidiocese, tendo dom Severino assumido sua administração. Assim ocorrendo, dom Severino tornou-se o primeiro arcebispo de Teresina. Permaneceu à frente daquela arquidiocese até maio de 1955. Foram 31 anos de fecundo e fervoroso apostolado reconhecido e aplaudido por suas ovelhas.

Sobre ele assim escreveu dom Paulo Libório seu discípulo e sucessor: “Ministro da palavra de Deus, e dispensador da graça pelos sacramentos, o antigo pároco de Caruaru e reitor do seminário de Olinda transforma-se em autêntico bispo catequista e missionário, perlustrando, várias vezes, a diocese em todas as direções, em visitas pastorais que se tornaram célebres pela doutrinação evangélica, pela intensidade do trabalho pastoral e pelos incômodos e sacrifícios a que, generosamente, se expunha o pastor, a fim de proporcionar a toda a sua grei espiritual, o pábulo da doutrina cristã, instruindo os ignorantes e os rudes, pelo exemplo e pela palavra, consolando os aflitos, estimulando os bons e catequizando os maus, corrigindo erros e extirpando abusos, ao mesmo tempo que por sobre todos aspergia as bênçãos do seu grande coração de apóstolo”.

Filho de Manoel do Carmo Vieira de Melo e de Rosa Vieira de Melo, nasceu dom Severino, no dia 5 de junho de 1880, na cidade da Vitória de Santo Antão. Ingressou no seminário de Olinda com a idade de 18 anos. No dia 14 de janeiro de 1903 foi ordenado padre. Até 1906 ocupou o cargo de vice-reitor do seminário de Olinda e Recife, de onde saiu para dirigir sucessivamente as paróquias de Gameleira, Glória do Goitá e Caruaru. Após 17 anos de vida apostólica, nessas paróquias, já experiente e bem amadurecido, foi chamado pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Miguel de Lima Valverde, para dirigir o seminário arquidiocesano. Estava em pleno exercício do cargo quando foi eleito bispo de Teresina. Sua sagração teve

lugar em Olinda, no dia 25 de novembro de 1923. Ele foi o primeiro antonense sagrado príncipe da Igreja Católica.

Como dileto filho da Vitória, fez questão de celebrar sua primeira missa pontifical na matriz de Santo Antão. A cerimônia, bastante concorrida, aconteceu no dia 30 daquele ano.

“O Lidador”, de 19 de janeiro de 1924, assim descreveu, pela verve do jornalista Jorge Campelo, a calorosa recepção dos antonenses ao seu dileto filho: “A nossa Vitória no que diz respeito às suas tradições, tem sempre sabido se manter a altura do grau de expectativa dos seus filhos.

O modo porque foi recebido o seu ilustre filho dom Severino Vieira de Melo, veio atestar vibrantemente esta narrativa. O eminente religioso chegou a esta cidade no dia 28 de dezembro, sendo recebido na gare pelos poderes representativos do município, grande número de famílias e uma compacta massa popular.

Em seguida foi feita uma passeata em demanda da residência do rvdm. vigário padre Américo Vasco, onde sua excia. rvdm. foi saudado pelo dr. Lauro Câmera, promotor público que apresentou boas vindas em nome da cidade. O ilustre patrício agradeceu comovido aquela manifestação dos seus conterrâneos. No dia 29, pelas 19 horas, as associações religiosas existentes na cidade fizeram uma manifestação de apreço a dom Severino Vieira, servindo de interprete a inteligente senhorita Corina de Holanda. Sua excelência agradeceu em breve palavras, mostrando a alegria que sentia no momento e incentivando aquelas associações congregadas a seguirem na mesma senda até agora traçada.

No domingo 30, pelas 11 horas, foi solenemente cantada a primeira missa pontifical de dom Severino Vieira, perante um grande número de fieis e o que Vitória possue de mais representativo. Após, foi efetuado o banquete no salão do “Grêmio Paroquial”.

Dom Severino Vieira de Melo faleceu em Teresina, no dia 27 de maio de 1955. Sua vida foi um legado de virtude e apostolado pela causa evangélica.

Transladação dos restos mortais de dom Severino Vieira de Melo para a capela mortuária dos bispos, localizada no interior da Catedral Nossa Senhora das Dores, em Teresina, no dia 18 de novembro de 2011.

Pedro Ferrer 

MÁRIO DE FARIAS CASTRO – por Pedro Ferrer

Estatura mediana baixa. Sempre de paletó, predominantemente cinza. Essa é a imagem que dele guardo quando de casa saia para a igreja da Matriz.

Mário de Farias Castro, o grande cruzado da “Casa dos Pobres”, era filho de Francisco de Farias Castro e de Maria Júlia de Farias Castro. Seu pai, juiz de direito, ao aposentar-se fixou residência em Gravatá, onde, no dia 26 de agosto de 1901, nasceu aquele que seria o grande baluarte da nossa “Casa dos Pobres”. Aos 15 anos, com a morte do pai, mudou-se para o Recife, onde concluiu o curso secundário. Ingressou, em seguida, na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se no dia 18 de dezembro de 1924. No ano seguinte foi nomeado promotor da Comarca de Belém do Cabrobó, sendo logo em seguida transferido para a Comarca do Jaboatão. Em março de 1928, sendo promotor de Bezerros, contraiu núpcias com a senhorita Maria Belkiss de Holanda Cavalcanti, antonense, filha do dr. Nestor de Holanda Cavalcanti. As núpcias foram oficializadas pelo padre José Lamartine Correia de Lyra, vigário de Piedade. No ano de 1929 vamos encontrá-lo como promotor da Comarca dos Barreiros. Em 1930, com a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, foi, por perseguição política, demitido do cargo de promotor, pelo interventor federal em Pernambuco, dr. Carlos de Lima Cavalcanti, demissão decorrente de sua manifesta simpatia pelo partido Integralista, do qual era membro e que tinha como líder o dr. Plínio Salgado, inimigo político de Getúlio Vargas. Era uma época de repressão, na qual a democracia e a liberdade eram amordaçadas

Dr. Mário Castro não baixou a cabeça. Passou a residir em Vitória de Santo Antão e reabriu sua banca de advogado, pautando-se sempre pelos nobres valores do cristianismo: justiça e caridade. Mais tarde, impulsionado pelos seus elevados sentimentos de amor ao próximo lançou, como presidente da União dos Moços Católicos, a ideia, logo acolhida pelo padre

Américo Pita e por toda a sociedade antonense, de fundar a Casa dos Pobres que se tornou a razão primeira de sua vida. Assim sendo dedicou-se de corpo e alma ao elevado ideal. Paralelamente construiu 40 casas, cujos alugueis foram destinados à manutenção do abrigo dos velhos abandonados, ao mesmo tempo em que se dedicava sem trégua às atividades forenses e sociais. Em 1950 participou da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do qual foi orador durante vários anos. Dele partiu a iniciativa de doar, ao Instituto, a histórica mesa usada pela Família Imperial, quando de sua passagem pela nossa cidade.

Mário Castro não deixou filhos. Vítima do diabetes, doença com a qual conviveu por mais de trinta anos, faleceu no dia 18 de fevereiro de 1967, na idade de 66 anos. O grande instituidor e mantenedor da “Casa dos Pobres” legou às futuras gerações um extraordinário exemplo de amor ao próximo.

Pedro Humberto Ferrer de Moraes. 

-Fonte bibliográfica:

-Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo antão, volume VIII, página 57, 1982.

-Transmissões orais e conhecimento direto do biografado.

– “A Voz Parochial”, periódico da Matriz de Santo Antão.

Antão Borges Alves – por Pedro Ferrer

No dia 5 de novembro de 1866 surgia em nossa cidade o primeiro jornal, “O Vitoriense”. Seu criador, Antão Borges. Filho de Paulo Borges Alves e de Antônia Borges Cunha, nasceu o menino Antão em setembro de 1844. Remarque-se que Antão tinha quinze anos por ocasião da visita da Família Imperial. Essa visita marcou seu espírito.

É lugar comum os biógrafos afirmarem que seus biografados eram alunos dedicados, inteligentes, que tinham pendores pelas artes e a que a veia poética aflorava em todos seus escritos.

Com Antão Borges, não quero cair nesse lugar comum. Antão Borges provou seu amor às letras, quando ainda jovem, já casado, com apenas 22 anos, juntou uns trocados e partiu para Recife para as compras.

O que pretendia comprar aquele jovem?

Compras, nada comum, a um jovem de sua idade e de sua época, que procuraria por uma cartola, uma bengala de marfim, um broche de ouro para gravata, sapatos italianos, lenços de seda…

E que compras tão curiosas foram essas?

Uma impressora e tipos tipográficos. Seu sonho de adolescente tomava forma, imprimir um jornal. Um jornal com oficina própria, independente. A estrada de ferro ainda não existia. Tudo  transportado em lombo de burro.

No dia 5 de novembro de 1866 fazia Antão Borges circular na Vitória “O Vitoriense”. Seu pequeno jornal era um semanário noticioso e comercial, custando a assinatura anual 12 contos de reis. Em 1870 substituiu “O Vitoriense” pelo “Correio de Santo Antão” que permaneceu no prelo até 1875. No ano seguinte voltou a imprimir “O Vitoriense”. Sua edição foi interrompida com a partida de Antão Borges, em 1878, para Glória do Goitá, onde foi exercer o cargo de Tabelião Público. Quando ainda residente na Vitória ocupou uma cadeira na Câmara Municipal pelo Partido Liberal.

Na cidade da Glória do Goitá continuou sua lida jornalística. Tratou de montar sua pequena tipografia e publicou no dia 8 de fevereiro de 1879 “O Goitaense”, primeiro jornal da cidade, periódico imparcial que tinha como um dos seus objetivos alfabetizar a população. Do seu casamento com Antônia Donata teve vários filhos, entre eles o coronel Antão Borges Júnior, coletor fiscal e prefeito da Glória do Goitá nos anos 1920-1924.

Antão Borges, o bravo vitoriense, falecido em agosto de 1918, na cidade da Glória do Goitá, deixou-nos um magnífico legado. Só os iniciados na cultura vitoriense têm a sensibilidade de conhecer o extraordinário trabalho realizado por Antão Borges Alves e os benefícios à cultura vitoriense, atrelados à criação do “O Vitoriense”.

Pedro Ferrer

Cônego Américo Pita – por Pedro Ferrer

Este conheci bem. Batizou-me, ouviu minhas confissões, deu-me a eucaristia pela primeira vez. Só não me casou.  Todas as quintas à tarde, íamos, eu e colegas do Ateneu, ao catecismo na Matriz. Dona Maria Aragão não abria mão dessa prática. Formava as filas na calçada do Ateneu Santo Antão, no beco do Rosário, hoje rua Osman Lins,  e tocava-nos para o templo. Meninos à direita, meninas à esquerda e o reverendo Pita, de batina preta surrada, posicionava-se no centro da nave. Era um ir e voltar contínuo. Um olho na doutrina católica e o outro na garotada.

– Quais são os pecados capitais?

Tinha medo dele. Não era eu, o único a teme-lo. Todos, inclusive os adultos temiam o velho pároco. Padre Pita ganhou fama de brabo e não foi gratuitamente. Assisti, sendo seu coroinha, o ranzinza expulsar garotas da igreja por não se trajarem adequadamente para um ambiente religioso. Certo? Errado? Para a época era certo e todos os aplaudiam por essas atitudes.

Nem tanto ao mar, nem tanto à praia, mas bem que hoje, os sacerdotes poderiam ser mais vigilantes quanto ao modo de vestir dentro dos templos. Comigo se passou um fato interessante que ilustra bem sua brabeza. Tinha eu sete ou oito anos. Conversava prazerosamente durante a missa das 8 horas, quando ele resolveu parar o ofício religioso, desceu, pegou-me pela orelha e pôs-me de joelho ao lado do altar. Os outros garotos, que participavam da algazarra, silenciaram. Morri de vergonha e mais, de medo, temendo que o acontecido chegasse ao conhecimento dos meus pais.

Voltemos ao nosso padre Pita. Nosso, porque, apesar da brabeza, era um vigário estimado e admirado. Dedicado, virtuoso e sobretudo apóstolo. Pelo seu empenho e interesse Vitória de Santo Antão ganhou a casa dos pobres e o colégio Nossa Senhora da Graça. Isso sem falar em outras conquistas tais como: construção da capela de São José na Mangueira e de Nossa Senhora do Loreto em Água Branca. Empenhado na organização da paróquia e no seu trabalho de apostolado não se descuidava dos diversos órgãos da Ação católica: JEC, JOC, Cruzada eucarística, apostolado do Sagrado Coração de Jesus, Pia União das Filhas de Maria, Vicentinos, Irmandade das Almas etc. Para congregar e atrair os jovens criou, com o padre Vasco, o Grêmio Paroquial, que organizava jogos, tertúlias e peças teatrais.

Padre Pita nasceu no dia 18 de fevereiro de 1885, em Coruripe, cidade alagoana. Aos 18 anos ingressou no Seminário de Olinda. Em 1911 foi ordenado presbítero em cerimônia presidida por dom Luís Raimundo da Silva Brito. Sua primeira missa foi celebrada na Matriz de Santo Antão que tinha como vigário seu primo, o padre Américo Vasco.

Seu empenho e seu comprometimento com a fé cristã valeu-lhe a outorga de dois títulos: Cônego Honorário da Sé de Olinda (1935) e Monsenhor (1950).

Sobre padre Pita repetiríamos as palavras escritas pelo mestre José Aragão: ”De sua fé acrisolada, de sua piedade esclarecida, do seu total devotamento ao reino de Deus em nossa terra, que ele amava como sua; de sua cooperação desinteressada a todas as instituições e iniciativas locais, resultaram, para a comunidade, benefícios incomensuráveis, razão porque os defeitos que pudesse ter, como ser humano, portanto contingente, foram superados e fartamente compensados pelas virtudes, por todos reconhecidas e proclamadas” (Revista do Instituto Histórico e Geográfico, volume 6º, página21).

Seguem outros depoimentos: – cansei em ouvir meu pai repetir, “padre Pita é um padre de verdade, homem modelar”;

– “padre Pita, podemos afirmar sem nenhum vislumbre de exagero é um dos verdadeiros ministros de Deus, é o genuíno “Alter Christus” da religião de Jesus, é o verdadeiro tipo de sacerdote católico. Padre Pita, sacerdote virtuoso, soube se impor à admiração do povo de Vitória que lhe cultua uma amizade leal”. (“A Voz Parochial, 31 de março de 1918);

– “aqui em Vitória o padre Pita deixou vestígios imorredoiros e inesquecíveis, como sacerdote virtuoso e abnegado, como amigo particular e também como jornalista primorado nas colunas deste jornal onde tem colaborado desde a fundação do mesmo até hoje”. (A ”Voz Parochial, 18 de fevereiro de 1919)

Após sessenta anos de vida sacerdotal, dedicados à pregação do Evangelho e à defesa da fé, o probo e íntegro padre entregou sua alma ao Senhor, no dia 27 de abril de 1971.  Vitória de Santo Antão cobriu-se de luto.

O Instituto Histórico e Geográfico que tem o Monsenhor Américo Pita como um dos seus cofundador, reverencia sua memória no setor do Museu Sacro, cujas principais peças partiram de seu magnânimo espírito.

– Ano Novo (Padre Américo Pita)

“Ao afloral do ano novo ainda a humanidade esfarrapada, esquálida, desgrenhada arrastando-se pelos escombros da civilização, da arte e da religião solta ainda um gemido dolente repassado de angústias. O mundo ainda é o sudário da guerra, com os corvos da miséria de garras aduncas esvoaçando crocitante por sobre o charco putrefato da humanidade.

A alma da Igreja compungida cantando a pouco o “Gloria in excelsis Deo et in terra pax homnibus”, visava talvez, o trapejar do lábaro branco da paz sobre as ruinas do mundo por entre a fumarada espessa dos semeadores da morte complemento tétrico da barbaria humana.

Cada ano que lá vem trás na sua psicologia a risonha esmeralda esperança como que sendo fonte d mil venturas no desenrolar do futuro. Oh! quimérica esperança que te transformas na rígida realidade da desilusão. Mas ah! que prossegue a marcha dos tempos e o mundo a convulsionar na guerra.

O mesmo tempo imutável partícula da eternidade no seu eterno evoluir vai escrevendo o episódio doloroso deste século de sangue que o próprio Deus com as mãos plenas de justiça esconde as suas faces para não ver a injustiça e a desobediência dos homens, ao seu “pax homnibus”. E a devastação campeia arrastando manietada a deusa sublime dos povos, a liberdade.

A liberdade irmã gêmea da paz foi banida do seu trono enquanto o despotismo tem o cetro da realeza… (“A Voz Paroquial”, 31 de janeiro de 1918).

Obs. Na época a humanidade estava em plena Primeira Guerra Mundial, 1914-1918.

Pedro Ferrer

Nestor de Holanda Cavalcanti Neto – por Pedro Ferrer

Nasceu na Vitória de Santo Antão, no ano de 1921. Desde cedo mostrou pendores para as letras. Era neto do Nestor de Holanda Cavalcanti, farmacêutico, estabelecido na atual João Cleofas. Ficou órfão ainda criança. Sua genitora ficou residindo algum tempo na casa dos sogros. Logo partiu para o Recife, levando em sua companhia o casal de filhos. Foram residir na rua do Sossego, bairro da Boa Vista. Mais tarde ele escreveria um romance cognominado: “Sossego, rua da revolução”.

Na capital trabalhou na imprensa, escreveu peças, poesias e compôs inúmeras músicas em parceria com Nelson Ferreira, Levino Ferreira, Luís Gonzaga. Aos 19 anos partiu para o Rio de Janeiro. Sua veia de escritor abriu-lhe as portas de revistas, jornais, rádios, teatros e finalmente TV.

Trabalhou em inúmeros jornais. Foi redator de rádios e TV. Escreveu muitas peças para teatro de revistas e compôs centenas de músicas. Entre seus parceiros citaria: Ary Barroso, Dolores Duran, Lamartine Babo, Ismael Neto, Haroldo Lobo. Suas crônicas prendiam-se muito a fatos ocorridos no Rio de Janeiro e na sua terra natal. Merecidamente ganhou o título de Cidadão do Estado da Guanabara. Nessa época seu livro, “A ignorância ao alcance de todos”, vendeu 120 mil exemplares, valendo-lhe o título de  escritor de maior venda no Brasil, na década de 1960. Nestor morreu jovem, no dia 30 de novembro de 1970, com apenas 49 anos. Jorge Amado, o famoso escritor baiano, resumiu em três linhas a importância, o valor e a originalidade de Nestor de Holanda: “Com Nestor de Holanda estamos longe de todo formalismo sem sentido com que certos escritores buscam esconder a inutilidade de sua voz. Nestor é um homem do seu tempo e do seu povo”.

Recomendo ao leitor seu livro “O decúbito da mulher morta”. História ocorrida na nossa cidade.

Finalizo transcrevendo algumas palavras escritas por Rachel de Queiroz, escritora cearense, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, por ocasião da sua morte: ““Contista e, acima de tudo, cronista, esse pernambucano de Vitória de Santo Antão assimilou melhor do que ninguém a alma e a graça do carioca, sua irreverência, seu humor desabusado, sua mordente sátira, entremeada de momentos de enternecimento e romantismo. Curioso é que conseguiu figurar assim entre os mais “cariocas” dos cronistas desta cidade do Rio, sem por um instante imolar sua condição de homem vindo do Norte, parte daquela frente migratória anunciada por Manuel Bandeira em “São os do Norte que vêm”. O carioquíssimo “Sargento Iolando” jamais esqueceu ou sonegou o menino de Vitória, suas lembranças, saudades, e pontos de vista. A simbiose de ambos foi o milagre do talento – talento era coisa que não faltava a esse que nós choramos tão cedo, partido muito antes do seu tempo natural, quando ainda teria tanto para dar ao jornalismo, nas letras, na vida.”

Amanhã, às 9 horas, estarei defendendo a cadeira nº 14, na Academia de Letras do Brasil, que tem como patrono Nestor de Holanda Cavalcanti Neto.

Cônego Pedro de Souza Leão – por Pedro Ferrer.

Nascido em Ipojuca, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de janeiro de 1917, era filho de Pedro de Souza Leão e de Minervina de Souza Leão. Aos 19 anos sentiu o chamado de Deus e ingressou no Seminário de Olinda. Completada sua formação eclesiástica foi ordenado, no dia de Todos os Santos de 1947, por sua Reverendíssima, o Arcebispo de Olinda-Recife, dom Miguel de Lima Valverde. Sua primeira celebração eucarística teve lugar na sua terra natal, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Mal raiou o ano novo, no dia 5 de janeiro, foi empossado vigário cooperador da Vitória de Santo Antão e capelão do Colégio Nossa Senhora da Graça.

Em 1949 foi transferido para Glória do Goitá assumindo a direção da Paróquia de Nossa Senhora da Glória, onde exerceu seu apostolado com amor e dedicação até julho de 1959. Nos dez anos à frente da paróquia realizou importantes obras tais como: construção da nova igreja matriz, da escola Paroquial de Menores e do ginásio Dom Miguel de Lima Valverde. A edificação deste educandário foi um marco na educação do município, visto ser o primeiro educandário de primeiro grau. Tão frutífera administração fez o povo da Glória do Goitá elegê-lo prefeito. Exerceu seu mandato, 1958/1962, com dedicação e seriedade, pautado em princípios éticos e morais. Em janeiro de 1962 voltou à Vitória de Santo Antão, assumindo mais uma vez, a capela do Colégio N. S. da Graça. Em agosto, do mesmo ano, foi convocado por Dom Carlos Coelho, Arcebispo de Olinda e Recife, para dirigir a construção do Seminário Regional do Nordeste, localizado em Camaragibe. Sua permanência à frente da construção do Seminário foi curta.

Um homem com sua competência administrativa e sua capacidade de trabalho, não podia ficar ocioso. Em 1965, o governador do estado, dr. Paulo Pessoa Guerra o nomeou diretor do Instituto Profissional de Pacas. Foram sete anos de excelente administração. Os que conheceram de perto e vivenciaram o dia a dia do Instituto de Pacas, são unânimes em afirmarem que foi a melhor de todas as administrações passada naquela casa. O Instituto sofreu uma grande metamorfose: de casa de correção, transformou-se em centro de educação.

Em 1972 foi convidado pelo prefeito José Augusto Ferrer de Morais, para assumir a Secretaria de Administração, vacante, pela renúncia do jornalista João de Albuquerque Álvares.

Após longos anos, longe da vida paroquial, não da vida pastoral, pois continuou exercendo seu apostolado continuamente, o Cônego Pedro Souza Leão, assumiu a paróquia de Cavaleiro, no município do Jaboatão dos Guararapes. Paróquia grande, ocupada por uma população carente de bens materiais e espirituais. O Cônego tinha à sua frente mais um desafio. Foram quase vinte anos de apostolado e de fidelidade ao Cristo e à Igreja. Nos últimos anos de vida, cansado e com a saúde precária, ficou preso a uma cadeira de rodas. Sem perder o ânimo continuou sua missão evangélica até ao final. No dia 20 de maio de 1991 foi acolhido por Jesus Cristo na casa do Pai.

Suas exéquias, presididas por dom José Cardoso, teve lugar na matriz de Cavaleiro, por ele construída. O sepultamento foi em sua terra natal.

Recentemente, em 2013, seus restos mortais foram transladados para a Matriz de Nossa Senhora da Glória, na cidade de Glória do Goitá.

Pedro Ferrer

Do outro lado do atlântico o “embaixador” vitoriense, Pedro Ferrer, manda notícias…

Genebra, capital da paz. A cidade transpira liberdade e paz. Liberdade ampla em seus diversos aspectos: político, racial, religioso. Este último chamou-me a atenção. Ruas, monumentos e praças grafados com nomes dos reformadores protestantes. A catedral de Genebra originalmente era católica romana, com o advento da reforma, comandada por Calvino, passou para o controle do protestantismo  e sobre sua tutela  , permanece até aos dias atuais. Foi erigido no século passado um muro,”Muro dos Reformadores” que narra a formação do País e o advento do protestantismo. São painéis, gravuras, escritos e grandes estátuas dos reformadores religiosos.

De quebra visitei o Palácio das Nações, hoje sob tutela da ONU. A bandeira do Brasil é a primeira, fica na cabeça da fila. Senti-me orgulhoso, apesar de ….. Pobre pátria, tão distraída e traída. Mas vamos reconstruir nosso país apesar dos PMDB, PT, PSDB, PSOL, DEM e toda essa camarilha de corruptos.

Pedro Ferrer

A “NOVA” FESTA DE SANTO ANTÃO por Pedro Ferrer

Como presidente do Instituto Histórico e Geográfico, relicário da nossa cultura, da nossa história e das nossas tradições, não poderia deixar de tecer algumas considerações sobre a festa do nosso PADROEIRO.

Ressurgiu. Ressurgiu magnificamente. Há tempo desejava vê-la revigorada, sem ataduras, sem correntes, sem limitações. Incomensurável minha alegria em vê-la ataviada, de roupa nova, toda faceira. A presença dos antonenses no pátio da Matriz, crescia à medida que o dia 17 se aproximava. Foi deveras gratificante observar crianças, adolescentes e idosos indiscriminadamente se envolverem nas cerimônias religiosas e apresentações profanas. Quanto a estas os dias de melhor pique e sobretudo de melhor qualidade artística, sem considerar o dia 17, foram os dias 12 e 13. Dia 12 tivemos padre Rubens, atual pároco de São João dos Pombos que embalou os antonenses com suas meigas canções e suas singelas cirandas.  O dia 13 contou com a presença de outro sacerdote, padre Damião Silva, pároco da igreja de Santo Amaro, Jaboatão. Padre Damião interpretou belas canções religiosas e foi acompanhado delirantemente pelos presentes.

Quem ou o que impulsionou os fiéis à praça, se a divulgação se restringiu, como nos anos anteriores, aos avisos lidos nas missas? Arrisco-me no meu prognóstico a afirmar e relembrar aos incautos, que Vitória de Santo Antão continua, apesar da proximidade da capital, dos modismos da internet, uma cidade interiorana; graças a Deus. E como cidade matuta sua população conserva o apego e a atração as suas tradições: festa do Padroeiro. Toda festa de Padroeiro que se preza tem pátio e procissão. Os brinquedos, modernos, coloridos e iluminados deram um tom “holiudiano” ao pátio da Matriz e foi forte chamariz. Completando minhas modestas considerações, não podemos esquecer a expectativa da população em vista da nova administração municipal. Será que o povo não foi à praça para sentir a nova administração? Se assim foi, com certeza, não se decepcionou, pois, a festa, da igreja ao pátio, foi perfeita. Simplesmente espetacular. Alegrei-me imensamente com o ressurgimento das nossas tradições e da nossa cultura. Continuamos a torcer para que o desempenho demonstrado pelos gestores, na festa do Padroeiro, estenda-se pelo carnaval e pelo São João. Deixem o povo livre, ele sabe brincar e respeitar. Basta um simples controle. Não custa lembrar que o POVO é o principal protagonista dos eventos. VIVA SANTO ANTÃO.

PEDRO FERRER 
PRESIDENTE DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO. 

Seu Vino

Vitória de Santo Antão nos últimos trinta dias perdeu dois importantes filhos. Duas personalidades invulgares que se destacaram no trabalho em prol do progresso da nossa cidade. Ambos buscaram tornar a vida dos antonenses mais amena, mais saudável e mais justa: Elmo Cândido Carneiro e Severino das Neves Júnior, seu Vino. Do Elmo muito já foi dito e escrito. Quero nesta singela crônica tecer algumas palavras sobre o circunspecto e sóbrio senhor Vino. Seu Vino era o homem dos diversos instrumentos. Na sua simplicidade, na sua discrição e no seu amor ao trabalho deixou-nos um rico legado. Seu Vino quando jovem foi futebolista. Mais tarde fez parte da diretoria do Clube Abanadores “O Leão”, co-fundador do Instituto  Histórico e Geográfico, diretor da nossa banda de música, vereador e secretário de educação nos governos de José Augusto Ferrer de Morais e Gabriel Mesquita. Como o apóstolo Paulo, seu Vino foi um guerreiro vitorioso: “ Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo juiz”.

Os sócios fundadores Severino Neves Júnior e Elmo Cândido Carneiro recebem placas comemorativas das mãos da secretaria de Educação professora Maria de Lourdes Melo Álvares -Silogeu.

Seu Vino visita o Instituto por ocasião da reforma.

Seu Vino recebe homenagem do Instituto Histórico por ocasião dos seus cem anos.

Pedro Ferrer

Nestor de Holanda Cavalcanti Neto.

pedro-ferrer-gravacao-2Nasceu na Vitória de Santo Antão, no ano de 1921. Desde cedo mostrou pendores para as letras. Era neto do Nestor de Holanda Cavalcanti, farmacêutico, estabelecido na atual João Cleofas. Ficou órfão ainda criança. Sua genitora ficou residindo algum tempo na casa dos sogros. Logo partiu para o Recife, levando em sua companhia o casal de filhos. Foram residir na rua do Sossego, bairro da Boa Vista. Mais tarde ele escreveria um romance cognominado: “Sossego, rua da revolução”.

Na capital trabalhou na imprensa, escreveu peças, poesias e compôs inúmeras músicas em parceria com Nelson Ferreira, Levino Ferreira, Luís Gonzaga. Aos 19 anos partiu para o Rio de Janeiro. Sua veia de escritor abriu-lhe as portas de revistas, jornais, rádios, teatros e finalmente TV.

Trabalhou em inúmeros jornais. Foi redator de rádios e TV. Escreveu muitas peças para teatro de revistas e compôs centenas de músicas. Entre seus parceiros citaria: Ary Barroso, Dolores Duran, Lamartine Babo, Ismael Neto, Haroldo Lobo. Suas crônicas prendiam-se muito a fatos ocorridos no Rio de Janeiro e na sua terra natal. Merecidamente ganhou o título de Cidadão do Estado da Guanabara. Nessa época seu livro, “A ignorância ao alcance de todos”, vendeu 120 mil exemplares, valendo-lhe o título de  escritor de maior venda no Brasil, na década de 1960. Nestor morreu jovem, no dia 30 de novembro de 1970, com apenas 49 anos. Jorge Amado, o famoso escritor baiano, resumiu em três linhas a importância, o valor e a originalidade de Nestor de Holanda: “Com Nestor de Holanda estamos longe de todo formalismo sem sentido com que certos escritores buscam esconder a inutilidade de sua voz. Nestor é um homem do seu tempo e do seu povo”.

Recomendo ao leitor seu livro “O decúbito da mulher morta”. História ocorrida na nossa cidade.

Finalizo transcrevendo algumas palavras escritas por Rachel de Queiroz, escritora cearense, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, por ocasião da sua morte: ““Contista e, acima de tudo, cronista, esse pernambucano de Vitória de Santo Antão assimilou melhor do que ninguém a alma e a graça do carioca, sua irreverência, seu humor desabusado, sua mordente sátira, entremeada de momentos de enternecimento e romantismo. Curioso é que conseguiu figurar assim entre os mais “cariocas” dos cronistas desta cidade do Rio, sem por um instante imolar sua condição de homem vindo do Norte, parte daquela frente migratória anunciada por Manuel Bandeira em “São os do Norte que vêm”. O carioquíssimo “Sargento Iolando” jamais esqueceu ou sonegou o menino de Vitória, suas lembranças, saudades, e pontos de vista. A simbiose de ambos foi o milagre do talento – talento era coisa que não faltava a esse que nós choramos tão cedo, partido muito antes do seu tempo natural, quando ainda teria tanto para dar ao jornalismo, nas letras, na vida.”

Amanhã, às 9 horas, estarei defendendo a cadeira nº 14, na Academia de Letras do Brasil, que tem como patrono Nestor de Holanda Cavalcanti Neto.

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SANTO ANTÃO

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Foto: Autor desconhecido

A Igreja Católica no decorrer de sua história atravessou sérias crises tanto teológicas, como morais. Em algumas saiu chamuscada. Chamuscada mas vitoriosa. Vitoriosa, por não ser dirigida por homens, mas sim pelo Divino Espírito Santo. E esse mesmo Espírito intervia nas crises através de sua divina pedagogia. Sabiamente utilizava os próprios homens. Fazia deles, com traumas algumas vezes, é bem verdade, instrumentos de seu magnífico plano, sem agredir, o que o homem tem de mais sagrado, sua liberdade.

No início do cristianismo, por influências do judaísmo e dos sábios gregos, surgiram muitas dúvidas doutrinárias que geraram as primeiras grandes heresias. Para combatê-las, o Divino Paráclito, lançou mão de seus doutores, os grandes padres da Igreja. Era a época da Patrística. Entre muitos temos: João Crisóstomo, Basílio, Inácio de Antioquia, Atanásio, Clemente de Alexandria,  Gregório de Nissa,  Jerônimo, Ambrosio,  Agostinho.

Na obscura Idade Média, novamente a Igreja entra em crise, dessa feita, mais moral que teológica. Entretanto o Espírito de Deus vela por ela. E através dos próprios homens, como Francisco de Assis e Catarina de Sena, encontrou-se a solução.

O mundo evoluiu.  Eis que entramos na efervescência do Renascimento e da Reforma. Mais uma vez o Espírito Santo pedagogicamente vai buscar  Inácio de Loiola, Teresa de Jesus (Teresa de Ávila), Erasmo de Rotterdam, Tomás Moro etc. Personagens cultas, formadoras de opinião, expoentes da intelectualidade cristã. O Pai, com seu carinho, vai ajudando o homem a crescer e os obriga a encontrarem as soluções. Após o Renascimento vem o período Barroco e a Contra Reforma. Nele vamos encontrar  Vicente de Paulo, Bossuet e João Batista de La Salle.

Nos dois últimos séculos despontam, Frederico Ozanam, Charles Péguy, Leão XIII, João XXIII, Pedro Casadálgia e Helder Câmara. Poderíamos citar muitos outros, todavia os mencionados são aqueles que primaram em levar a Igreja a trilhar seu caminho mais original e mais autêntico, a caridade.

E o que tem Santo Antão a ver com essa maravilhosa epopeia da Igreja? Retornemos aos primeiros séculos. Santo Antão foi contemporâneo de alguns dos Santos Padres.

Os Santos Padres, é importante frisar, nasceram num marco teológico que foi se originando a partir do Novo Testamento e são os detentores do legado da Igreja apostólica. Legado que tinha como principal opção, os pobres e os oprimidos.

Alguns dos Santos Padres da Igreja, como é o caso de Agostinho, que tinha dois anos de nascido quando Santo Antão morreu, receberam forte influência da carismática figura que era Santo Antão. Sua contagiante personalidade irradiou-se por muitos séculos.  Seu exemplo de fé, de desprendimento, de amor aos pobres marcaram, não só Santo Agostinho, o principal doutor da patrística latina, mas uma multidão de monges. Santo Antão com sua vida contemplativa solidificou e expandiu a prática monástica. Vale registrar a considerável marca que nosso PADROEIRO imprimiu na vida de Atanásio, um dos Santos Padres. Atanásio, quando jovem, atraído pela vida ascética, foi viver ao lado de Santo Antão que levava uma vida austera e contemplativa no deserto. Um dia, Alexandre, o Bispo de Alexandria, cidade egípcia que fica às margens do Mediterrâneo, visitando Santo Antão, conheceu Atanásio. Convidou-o para ir assessorá-lo em Alexandria e o ordenou diácono. Nessa época surgiu o arianismo, heresia que negava a divindade de Jesus Cristo. Essa doutrina causou muitos estragos entre os cristãos da época. Silenciosamente, pedagogicamente, “sem querer, querendo”, o Divino Espírito chamou Atanásio, que se tornou o cruzado da divindade de Jesus Cristo. Assumiu a causa, defendeu bravamente a ortodoxa doutrina, atraindo para si muitos inimigos.

Mais tarde, Atanásio, que foi canonizado após sua morte, enlevado pelo exemplo de Santo Antão, resolveu escrever lhe a biografia. Biografia essa, que tornou Santo Antão mais conhecido, difundindo seu exemplo, colaborando para propagar e solidificar a vida monástica.

Pedro Ferrer

RECORDAR

No intuito de pesquisar sobre a história do nosso aero clube lancei-me numa busca no jornal “Diário da Manhã”, matutino circulante na capital, durante boa parte do século XX. Deparei-me com esta pérola que merece, no meu entender, ser publicada, pelo tom jocoso e pela abordagem do método de fazer política de José Joaquim da Silva, que de acordo com Pilako permanece até hoje.

Para os menos avisados ou pouco versados em nossa história, especialmente os políticos que adoram trocar nomes de logradouros, RONCADOR é o riacho que passa por baixo da avenida Mariana Amália e Aquino foi um vereador que chegou a ser presidente da nossa Câmara de vereadores e fazia ferrenha oposição ao prefeito de então.

“Com maioria na Câmara, o sr. Agamenon (Governador) não terá necessidade de convidar os demais partidos para colaborarem com o seu governo, porque lá na Assembleia estará um deputado como JOSÉ JOAQUIM FILHO para, com ardor do seu verbo, com a pujança da sua inteligência, defender as críticas que forem feitas.

Convém não esquecer o sr. Agamenon que o seu deputado da Vitória de Santo Antão, quando vereador ali, proferiu tais e tantos discursos que dominou a Câmara local. Foram tantos os seus projetos que o prefeito, por sinal pai do grande tribuno, se atrapalhou de tal forma que só conseguiu fazer três coisas que o município jamais se esquecerá: a Bomba do Roncador, uma banca de jogo que se estendeu por todo o município e uma surra no vereador Aquino”. (Diário da Manhã, Recife, 8 de novembro de 1950).

Pedro Ferrer

Selma do Coco

selmaSelma do Coco. Faleceu, deve ser do conhecimento de todos, no dia 9 passado, no Hospital Miguel Arraes, município do Paulista, a vitoriense Selma Ferreira da Silva. Selma foi, por sugestão do jornalista Marcus Prado, homenageada duas vezes pelo nosso Instituto Histórico e Geográfico. Nossa conterrânea foi sucesso que marcou nossa cultura e tradição. Em 2005, ganhou o título de “PATRIMÔNIO VIVO DE PERNAMBUCO, outorgado pelo Governo do Estado.

Pedro Ferrer

Selma, Pedro Ferrer, Severina Moura e Jorge Esteves(1)

Prof. Pedro Ferrer lembra da Vitória de antigamente

Pátio da Feira

Pátio da Feira. À esquerda fica a escola Cardeal Roncalli, quando fundada era conhecida
como escola Modelo. O prédio hoje está deteriorado e seu circuito irreconhecível.

Há no seu entorno barracas de bebidas alcoólicas o que não é permitido por lei.

Por onde anda o Ministério Público?

Nesta época o prefeito era José Augusto Ferrer.

Pedro Ferrer

Nelson Propaganda

nelson propaganda, 1962

Por ocasião das festividades comemorativas à passagem de mais um aniversário, o Instituto Histórico e Geográfico homenageou três ilustres vitorienses que contribuíram, cada um à sua maneira, com o progresso de nossa cidade: Rochinha, José Varela e Nélson Souza. Para os que não se recordam, segue foto do Nélson Souza, ao lado do seu carro de propaganda (ele se encontra de braços cruzados).

Oportunamente publicaremos fotos dos outros dois.

Professor Pedro Ferrer

“CAPITÃO MOR PEDRO RIBEIRO DA SILVA, UM CAPÍTULO DA HISTÓRIA DE PERNAMBUCO”.

Ontem, domingo, dia 9 de novembro, a coluna “repórter jc” do “Jornal do Commercio” relembrou-nos a Guerra dos Mascates que hoje completa 305 anos. Infelizmente, talvez por falta de informações, o responsável pela coluna não fala de Vitória de Santo antão, tão pouco de Pedro Ribeiro da Silva. Culpá-lo? Jamais.

Se culpa há, pela falta de informação, cabe aos nossos gestores que não se preocupam em divulgar nossa história.

Em 2009, por ocasião do tricentenário da Guerra dos Mascates procurei os órgãos competentes locais, propondo nos anteciparmos ao município de Olinda nos festejos de aniversário do grande feito e demonstrar que a Guerra dos Mascates teve início na Freguesia de Santo Antão da Mata. Cheguei em conversas privadas sugerir ao prefeito Elias Lira a ereção de um monumento ou estátua em homenagem ao grande herói, Pedro Ribeiro da Silva. O local para instalação do monumento seria a praça da rua Amarela. Não se moveu uma palha. Nada, absolutamente nada, foi realizado. O acontecimento passou em brancas nuvens.

 Este ano propus ao presidente da Câmara, professor Edmo Neves, a publicação, pela Câmara, do livro de minha autoria, sobre a participação de Pedro Ribeiro na Guerra dos Mascates. Ele concordou. Passei-lhe o material para ser feito o orçamento. Solicitaram-me detalhes sobre a capa e de chofre a enviei. Fiquei acompanhando e solicitando da secretária, dra. Thaís, o resultado. Duas vezes o fiz. Comunicaram-me que seria em agosto/14. Admito que o atraso foi devido ao processo eleitoral. Estou aguardando a resposta, que creio será positiva. Nossa proposta é editar 1000 exemplares, a serem distribuídos gratuitamente com os alunos das nossas escolas públicas municipais.

Rápida comparação: mil exemplares não custariam R$ 10 mil. Um cantor, parece-me que foi Miguel Chulé ou Miguel Teló, recebeu R$ 300 mil. O que ficou dessa apresentação? Um livro é bem mais duradouro, sobretudo se bem trabalhado na escola.

Transcrevo a seguir parte do Prólogo do nosso livro:

“ Insólito afirmar que me causa espécie constatar que alguns estudiosos do tema (Guerra dos Mascates) minimizam a participação do Pedro Ribeiro da Silva na refrega, outros omitem seu nome, não obstante, o próprio governador de Pernambuco na época, Sebastião Castro e Caldas, em sua correspondência, o incluiu no rol dos principais amotinadores: “Que os principais amotinadores, além dos ditos conjurados, repartidos pelas Freguesias, foram, na de Santo Antão, onde teve princípio, o Capitão mor dela, Pedro Ribeiro e seus cunhados, Sebastião de Carvalho e José Tavares…”

  Sua entrada triunfal em Olinda e sua dinâmica participação na congregação do Senado, quando se põe a favor da nossa autonomia, já lhe asseguram um lugar na galeria dos heróis nacionais. Como se isto não bastasse, é pertinente marcar, que ele foi o principal financiador das tropas nativas na corajosa empreitada de cortar os laços que nos unia a Portugal.

O não derramar sangue ou não ter sido preso teria reduzido e escamoteado sua importância na instalação da “República de Olinda”?…

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Um fato, ocorrido no desfile de 7 de setembro de 2009, na nossa cidade foi o principal motivo que me levou a escrever este despretensioso trabalho. Alunos do educandário, que leva o nome do nosso herói, portavam uma faixa que denotava o quanto nossa história é desconhecida. A ele era imputada sua participação e liderança na Batalha do Monte das Tabocas. Em 1645, data da Gloriosa Batalha, Pedro Ribeiro não era nascido.

Oportuno registrar, que este trabalho de releitura da participação de Pedro Ribeiro da Silva, estava programado e pronto para ser lançado em novembro de 2010, por ocasião do tricentenário da Guerra dos Mascates, primeiro movimento nativista brasileiro que tinha como meta tornar Pernambuco independente de Portugal, criando um regime republicano nos moldes da Holanda ou de Veneza. Razões alheias à minha vontade obrigaram-me a adiar o lançamento. Mesmo em retardo o objetivo, no nosso entender, é válido e necessário. Poucas pessoas na minha terra, Vitória de Santo Antão, quiçá no estado de Pernambuco, conhecem o engajamento e o comprometimento do extraordinário vitoriense, desde os primeiros instantes na luta em prol da liberdade.

O professor José Aragão, grande mestre de nossa história, escrevendo sobre Pedro Ribeiro assim se expressou: “Nenhum vulto da história da nossa terra merece mais essa homenagem do que Pedro Ribeiro, herói e mártir, até hoje esquecido. (Professor José Aragão” – Jornal “O Vitoriense”, 13 de janeiro de 1940).

 Pedro Ferrer

Festa rubro negra.

Não escondo dos amigos e camaradas que torço pelo tricolor do Arruda. Minha preferência não me impediu de ir à Matriz ver e confraternizar-me com os diletos amigos partidários do Leão. Afinal, gostei da festa rubro negra. Paz, respeito e muita alegria. Fica provado mais uma vez que o vitoriense é pacato e que a alegria e a paz podem andar juntas.

Mas houve um espanto na praça da Matriz. Os filósofos, os sociólogos, psicólogos e cientistas políticos da mesinha da tenda da Cleide/Wellington analisavam circunspectamente, por que o desfile dos rubros negros com trio elétrico e toda parafernália que tinham direito passou diante do Hospital da Melo Verçosa? Com certeza desfilaram sob a égide e a autorização das autoridades. Aí vem o espanto. Não foi proibido desfile próximo aquele nosocômio durante as festividades momescas?

Realmente foi um espanto. Pilako, um dos cientistas presente à mesa, ria de se esbaldar. Pilako vivi de antenas ligadas em busca de meter o cacete. Mais um mote para ele. Está certo ele. Esta é a função da imprensa. Recentemente ele me fez severas críticas ao Instituto Histórico e não é que o diabinho estava correto? Vamos corrigir as falhas, prometo, Pilako. Voltemos ao espanto da praça. João do Livramento, grande historiador e fantástico psicólogo rotulou o espanto com o adjetivo “incognoscível”. Embananou tudo. Ninguém sabia, com certeza nem ele, que troço era incognoscível. Nesse instante Cleide aproximou-se e largou: bando de mobrais, analfabetos. Incognoscível poderia ser, como afirma Machado de Assis “algo definitivamente fora do alcance do homem”. Necessário se faz conhecimentos de metafísica, justamente o que vocês não manjam. “As deliberações humanas não são o mesmo que a origem das cousas”, continua o grande mestre Machado.

Finalmente ninguém entendeu por que o desfile passou na frente do hospital. Mesmo depois de muita elucubração, a indefinição permaneceu. Foi quando Tadeu da Varanda e Ferreirinha apresentaram uma sugestiva tese: a promotora e o Paulo Roberto devem ser rubro negros. Palmas e congratulações para eles e demais torcedores do Leão da Ilha.

Pedro Ferrer