




Teatro Silogeu – Instituto Histórico – festividades do dia 03 de Agosto de 1974.


O que levaria um juiz a amolegar um Processo de um miserável, anos a fio, à espera de um advogado cujo réu não pode contratar?
Eu testemunhei o sofrimento de um ajudante de pedreiro que foi preso, espancado e comeu dois anos de cadeia, acusado de participar do roubo de uma moto, comprovadamente, inocente. Depois que foi solto por uma advogada que se compadeceu do seu lamentável estado, a vítima da (in)Justiça teve receio de entrar com pedido de indenização, acreditando que iria ser executado. Uma imoralidade!
O filosofo grego Platão afirmava que “O Processo é a mais excelente das tragédias.” Ou seja, porque se dedica mais às formalidades do que aos aspectos substantivos, promovendo a infame longevidade.
Procrastinado abraço!
Sosígenes Bittencourt


(Casal pintando bolinha entre Brasil e Catar)
No Catar, mulher só vai ao futebol, com autorização do marido.
No Brasil, homem só vai ao futebol, com autorização da mulher.
Contudo, prefiro morar aqui.
É melhor uma mulher pensando que manda em você, do que você pensando que manda numa mulher.
Sosígenes Bittencourt




Linda Blair foi a menina mais bonita que eu vi no cinema. Transformaram-na na menina mais feia que eu vi no cinema.
Passei noites me acordando, mais impressionado com a sua beleza do que com a feiura da personagem.
Linda foi a mais linda assombração que me assustou.
Esta é a atriz de cinema Linda Blair. De tão linda, eu a desejaria até endemoniada.
Meu Deus me perdoe!
Sosígenes Bittencourt


Eu sou meio ruim de tristeza. Pelo contrário, carrego uma certa alegria n’alma que, muitas vezes, confundem com falta de seriedade. Porque o importante não é a tristeza que você sente, mas o que você pode fazer com a tristeza que sente. Tristeza longa, duradoura é depressão. É caso clínico. Eu prefiro a tristeza que é caso cínico. Dizia, o dramaturgo Nelson Rodrigues, que “não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos.”
Por exemplo, a tristeza, para mim, é motivo de literatura. Eu recebi um grande conselho do poeta alemão Wolfgang Goethe: Faz da tua dor um poema, e ela será suavizada.
Sosígenes Bittencourt



Este é o milênio da Solidariedade.
ou seremos soli(D)ários,
ou seremos soli(T)ários.
Deus fez o MUNDO para o homem viver,
o homem não entendeu, fez o IMUNDO.
Sem comédia, o homem sucumbe à TRAGÉDIA.
Com comédia, a tragédia vira TRAGICOMÉDIA.
Cuidar-se para achar-se belo é AUTOESTIMA.
Cuidar-se para ser achado belo é VAIDADE.
A Autoestima depende de nós.
A Vaidade depende dos outros.
Paixão é sentimento abdominal,
o cérebro não dá opinião.
Paixão é safadeza carnal,
abomina a intromissão da razão.
Sosígenes Bittencourt


Exif_JPEG_420


A felicidade não é um grande evento que irá acontecer um dia. A felicidade é feita de momentos felizes. Portanto, a felicidade pode ser a qualquer momento, em qualquer lugar.
É ilusório pensar que trabalhamos a semana inteira para sermos felizes no domingo. A felicidade é uma alegria, uma emoção, um entusiasmo, logo, você não poderá ser feliz, a todo instante, senão você não perceberia a felicidade. Só existe felicidade porque existe ausência de felicidade, é a ausência que destaca sua presença.
Feliz Dia! Um abraço!
Sosígenes Bittencourt


(Para profa. Damariz).
Na Rua 14, n° 67, Beco do Borges, Bela Vista. A planta que minha mãe regava, quando morávamos na Rua Jornalista Célio Meira, 128, no Cajá. Parece minha mãe, que rogava bênçãos para minha vida, a me vigiar na calçada.
Requiescat in Pace!
Sosígenes Bittencourt


Não só saber viver, mas saber morrer também é uma arte. Em Vitória de Santo Antão, tinha um sujeito tão pirangueiro que, ao falecer, a esposa resolveu dar-lhe um sepultamento digno de suas economias, comprando-lhe um suntuoso caixão. Quando o falecido ia, ali, pela antiga Rua da Paz, a bordo de sua urna funerária, resolveu recobrar os sentidos:
– Quanto custou este caixão, fulana? – perguntou a sua inconsolável esposa.
– Custou tantos e quantos, meu querido – respondeu-lhe, temerosa.
Aí, o ressuscitado “remorreu” para século sem fim, amém.
Sosígenes Bittencourt

(Parabenizando-a pelo transcurso de mais uma data natalícia)
Conheci-a no oitão da Igreja Matriz de Santo Antão, eventualmente, num Domingo, à noite, apropriado teatro para sua vocação religiosa, sua catolicidade teórica e praticante.
Animada, fluente na conversa, dissertava sobre assuntos mais diversos e manifestava o interesse por variedades, como tocar piano, falar duas línguas neolatinas: francês e italiano – e uma anglo-saxônica: inglês. Colecionadora de antiguidades, também versejava, embora não revelasse interesse de editar livro até então.
Na correnteza esperta do tempo, como no dizer do poeta Drummond, fomos consolidando amizade, fundada na preocupação intelectual com o Universo.
Pouco poderia imaginar que, lá adiante, tanto iria precisar de seus saberes científicos, médicos, como especializada em Endocrinologia, não obstante experiente em Clínica Geral, resgatando-me o ombro de uma dolorosa bursite e a vida do acometimento da Covid-19. Diagnóstico e medicação sem pestanejar, lépida, despachada, e combate efetivo das enfermidades. Uma eficiência, acendrada no conhecimento, adquirido com a aplicação da inteligência, ressaltando-lhe a Sabedoria. Como diziam os gregos: A Inteligência é uma faculdade humana, cuja virtude é a Sabedoria (Sofia).
Por tudo exposto, já não era sem tempo, manifestar o meu agradecimento pelas dádivas e fazê-lo em nome de minha cidade, pelo resgate de tantas vidas, ora acorrentadas a doenças, ora no limiar da morte, durante 16 anos e 11 meses de medicina horária, assídua em Vitória de Santo Antão.
Palmas e muito obrigado!
Muito obrigado!
Sosígenes Bittencourt


Ouviram do Ipiranga
as margens plácidas
De um povo heroico
o brado retumbante
(anástrofe)
As margens plácidas
ouviram do Ipiranga
o braço retumbante
de um povo heroico.
(Ordem direta)
Obs: Com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, o acento da palavra heroico foi suprimido.
Sosígenes Bittencourt


(Há 5 anos)
13 de novembro de 2019.
Encontrei-me, casualmente, com o curioso amigo Cristiano Pilako, na avenida 15 de novembro, em Vitória de Santo Antão, ladeado por minhas mãe, Damariz, e tia Ricardina, quando fui interpelado sobre uma dúvida na área da Língua Portuguesa.
Na realidade, a pergunta era a seguinte: quando se deveria usar “tem de” e “tem que”.
O uso correto, desde antigamente, é “tem de”, porque o “que” refere-se a um termo anterior, é pronome relativo. Como no exemplo: É possível que você tenha que me emprestar o carro hoje. (Observe que “tenha que” refere-se ao termo anterior “você” e indica uma possibilidade.)
Já, na oração, “A Prefeitura teve de indenizar os garis” – observe que “teve de” refere-se a um termo posterior “os garis” e indica obrigatoriedade ou necessidade. Compreende?
Agora, por causa do uso coloquial do “tem que”, praticado como uma anomalia gramatical prepositiva, foi absorvido como normal, não causando demérito a quem usa nem reprovando o incauto usuário.
Sosígenes Bittencourt




Por que o senhor não se casou ainda?
Medo de ter que fazer feira e levar menino pra parque de diversão.
Por que o senhor não se casou ainda?
Porque só caso por amor.
E o senhor nunca amou?
Amei.
E por que não se casou?
Amei pouco.
Por que o senhor não se casou ainda?
Por ouvir conselho de quem se casou.
Por que o senhor não se casou ainda?
Porque já estou ficando velho.
E por que não se casou quando estava novo?
Era muito novo naquela época.
Por que o senhor não se casou ainda?
Por causa das outras.
Que outras?
Caso com uma? E as outras?
Sosígenes Bittencourt




ANOITECE EM VITÓRIA. Anoiteço em Vitória. Sou figura noturnal, viajante do ocaso, sonhador como o crepúsculo vespertino, morto de saudade como o final. De olhos vendados, conheço o cheiro dos bairros, dos becos, do meio do mato de minha cidade natal. O cheiro de fumaça, de mingau, de chuva. Sou todo olfato e lembrança. Conheço os trejeitos do meu lugar, os cabelos perfumados, os enxerimentos, o flerte e o gozo. Minha cidade é todinha uma mulher. Chamar-se-ia Vitória das Marias, Maria das Vitórias, tal como é.
ANOITECE EM VITÓRIA. Anoiteço em Vitória. Saio para passear, impregnado dos prazeres noturnos, das eras do meu tempo, que me viciam e me saciam. Minha cidade muda todo dia, mas não muda o meu sentimento, o fascínio elaborado pela memória, como quem ama o que odeia e odeia o que ama, num jogo de perde e ganha.
ANOITECE EM VITÓRIA. Sobretudo, anoiteço em Vitória. Enlouqueço em Vitória. Porque ninguém entende o que em nós nem conseguimos explicar. Vitória, meu berço e minha tumba. Minha alma noctívaga vai enredando sua história. O acaso me espreita, a surpresa me seduz, sua bruma, sua luz. Alucinações e desejos, rimas em ‘ina’, adrenalina, serotonina, dopamina. Ah! Vitória, dos meus idos e vindas de menino, minha menina!
SOSÍGENES BITTENCOURT
