DESABAFO DE PAI

Nesses dias, vai comer cadeia. Aí, o pai vai ter que vender o que não pode para entregar o dinheiro, de mãos beijadas, à INJUSTIÇA SOCIAL. Se tráfico de drogas fosse proibido no Brasil, não se traficava droga em presídio, nem traficante investia em candidatura política.

Ora, se a polícia prende, a família paga, e a justiça solta, onde está a proibição?

O Brasil é um país de faz de contas. Mas, no teatro encenado, a corda sempre arrebenta do lado do mais fraco. Como na maioria das escolas públicas, onde o professor faz de conta que ensina, o aluno faz de conta que aprende, e o poder público faz de conta que paga. Nem todo usuário de droga é marginal, mas resultado da marginalização a que foi submetido. Como ressocializar alguém que não foi socializado? Ademais, em nossas penitenciárias. Estamos debruçados, levianamente, sobre os efeitos sem olhar para as causas.

Tomara que esse menino não tome conhecimento da “delação premiada” que dá prêmio aos acusados na Operação Lava Jato. Ele se sentirá injustiçado por levar tabefe no focinho, só porque pratica pequenos furtos para pitar ‘cannabis sativa’.

Sosígenes Bittencourt

PAPA FRANCISCO E EVO “IMORALES”

Engana-se quem interpreta que o princípio do Comunismo, de repartição do pão, comunga com o princípio cristão. O Comunismo, na repartição, oferece o pitoco à classe trabalhadora e patrimonializa o miolo. Ademais, quem tem juízo, não dá um pio, embora comer calado seja deglutir o pão que o Diabo amassou.

Dada a escalada “progressista” de sua Igreja, presentear o Papa com um crucifixo em forma de foice e martelo, o ícone do Comunismo Soviético, é mesmo que oferecer um canhão a uma carmelita descalça. Evo Morales provocou indignação no susto que deu no Papa. Evo, o presidente da Bolívia, foi “imorales”. Ser comunista é uma coisa, fazer propaganda ideológica em cima do Papa é uma “pegadinha” histórica de mau gosto e um disparo pela culatra.

Passar carão no Capitalismo, chamando atenção para a corrupção, o grande câncer da República, não significa ser Comunista. O Papa tem de se recolher ao Vaticano e lançar suas bênçãos olhando para o céu e recurvando-se diante do horizonte e os quadrantes do mundo. Não dá para sair passeando por aí, aquém e além-mar, arrostando a loucura global do imperialismo mundial.

Sosígenes Bittencourt

PENSANDO MESMO

Eu sempre imagino que precisamos de dois profissionais antes de mais nada: um psicólogo e um professor de Língua Portuguesa. O psicólogo para nos revelar nossos transtornos psicológicos, e um professor de Língua Portuguesa para nos ensinar a ler e escrever. Infelizmente, estamos nas mãos de transtornos que desconhecemos e sem saber se estamos lendo e escrevendo corretamente.

Sobre mim mesmo, eu vejo poesia em tudo, por isso ando pelo cantinho da calçada. Porém, é o único transtorno do qual não desejo me curar.

Sosígenes Bittencourt

ENSAIO PARA OPINIÃO SOBRE VIOLÊNCIA NO BRASIL

Se o problema nuclear do Brasil é a violência, pois todos os demais gravitam em volta, como resolvê-los? Eis o grande desafio. Comecemos pelas perguntas?

A Lei Maria da Penha reduziu a violência contra mulheres no Brasil?

A Lei do Desarmamento reduziu o índice de criminalidade no Brasil?

E terminemos pelas perguntas, baseados nas respostas às perguntas iniciais.

A Operação Lava Jato conterá a corrupção no Brasil?

A Redução da Maioridade Penal reduzirá a criminalidade juvenil?

Dê seu palpite, mesmo que também julgue ser um mero palpite.

Apresente solução, se quiser. Não se trata de Redação do Enem.

E boa sorte!

Sosígenes Bittencourt

Recordar é Viver

sosigenes-

Eu quero dedicar esse baú de lembranças às meninas que estão me aperreando por fotografias do tempo da brilhantina.

Eu estudei no Colégio Municipal 3 de Agosto, na década de 60. Fiz Curso de Admissão e fui o orador, por ocasião da entrega dos Diplomas do Curso Ginasial.

No Curso de Admissão, fui aluno das professoras Antonieta de Barros Lima, Zezé Lacerda, Glorinha Tavares e Carminha Monteiro. Eu parecia “gente”, estudioso e falante, tagarelava mais do que o Homem da Cobra. Tinha um medo do Bacharel Mário Bezerra da Silva que me pelava. Isso foi quando o Boletim Escolar era assinado em casa, e o Diretor podia botar menino de castigo, cheirando a parede, detrás da porta.

Sosígenes Bittencourt

REINVENTANDO VELHOS DITADOS

Os últimos serão os primeiros. (não)

Os últimos serão desclassificados.

É dando que se recebe. (não)

É dando que se engravida.

Antes tarde do que nunca. (não)

Antes à tarde do que nunca.

Quem espera, sempre alcança. (não)

Quem espera, sempre cansa.

Quem dá aos pobres, empresta a Deus. (não)

Quem dá aos pobres, adeus.

Quem ri por último, ri melhor. (não)

Quem ri por último é retardado.

Quem ama o feio, bonito lhe parece. (não)

Quem ama o feio tem mau gosto.

Quem tem boca, vai a Roma. (não)

Quem tem boca, vaia Roma.

Sosígenes Bittencourt

O bom tratamento

O ser humano é cativo do bom tratamento.
Há diferença entre VER e OLHAR, OUVIR e ESCUTAR.
Olhar é ver com atenção. Escutar é ouvir com atenção.
Há quem conquiste, mostrando.
Há quem conquiste, olhando.
Há quem conquiste, falando.
Há quem conquiste, escutando.
A paciência é a maior das virtudes,
porque não há virtude sem paciência.

Sosígenes Bittencourt

TABAGISMO E MEDO DE FALTA DE AR

O cigarro é um ansiolítico e, como tal, acalma e inspira. Tudo que retira você de uma ansiedade, instala uma paz, um sossego inspirador. Eu fui fumante e conheço esses efeitos e artimanhas do tabaco, cujo bem-estar que promove estipula cobrança onerosíssima. Sobretudo quando, ele próprio, produz ansiedade, num covarde efeito cíclico.

Contudo, deixei a “Chupeta do Satanás” para não morrer de falta de ar. Provavelmente, um médico me convenceu, quando o procurei para me socorrer de uma dispneia.

Morrer é melhor do que falta de ar. Morrer é uma vez, falta de ar é morrendo, é o gerúndio da morte. É como se você morresse várias vezes.

Um dia, um aluno me perguntou: – Professor, o senhor tem medo da morte?

Ao que respondi: – Não, meu filho, tenho medo de falta de ar.

Sosígenes Bittencourt

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E A QUEDA DE FORTES

Por causa de confusão na redução da Maioridade Penal, um maior penalizado.

A coisa ficou preta no Salão Verde da Câmara, quando, no meio do tumulto, o deputado Heráclito Fortes caiu estatelado no chão. Heráclito e o seu buchão.

Foi a maior resenha quando o presidente Eduardo Cunha quis distribuir senha para controlar o acesso às galerias. Aí, a gandaia estudantil fez a maior anarquia.

A polícia legislativa tentou evitar a queda de Heráclito Fortes, mas Heráclito, fraco, foi empurrado e desabou no chão.

Depois, policiais lançaram spray de pimenta sobre o movimento para conter estudantes descontentes e temperar o evento.

Escandaloso abraço!

Sosígenes Bittencourt

LOUCO DA BOA LOUCURA

Eu sempre tive essa mania de escrever. Até que, em 1987, eu passei a escrever para ser lido. Ou seja, antes, eu escrevia para não esquecer ou não ter que me lembrar do que estava pensando. Na realidade, a gente escreve quando valoriza o que pensa, quando não quer esquecer o pensamento. Mas, depois, eu achei que não tinha graça eu escrever só para mim e resolvi escrever para todo mundo. Ninguém deve negar suaarte ou suas verdades, suas descobertas, até para submetê-las à análise dos semelhantes. Talvez, seja uma imprudência escrever para ser lido, mas talvez seja uma imprudência morrer abraçado com suas verdades sem discuti-las. E, aí, quando começaram a me chamar de maluco, fiquei entusiasmado. Era sinal de que eu estava vencendo o medo de ser sincero e despertando curiosidade sobre minhas maluquices. Ninguém é imune a maluquices. Ora, eu estava enlouquecendo da boa loucura. Há quem colecione galo de briga e ninguém diz nada. Ademais, ninguém consegue se destacar sem uma pitada de loucura. O que dizia o filósofo Aristóteles, trezentos anos antes de Cristo?

Sosígenes Bittencourt

MULHER ASSASSINADA POR COMPANHEIRO EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

Uma mulher foi morta pelo companheiro na noite dessa quarta-feira (24), em Vitória de Santo Antão, Zona da Mata do Estado. Maria Vilma da Silva, 25 anos, levou um golpe de faca na barriga e morreu em cima da cama do casal em um imóvel na Rua Rio Grande do Sul, no Loteamento Colinas do Canadá, área urbana da cidade. O responsável pelo crime foi identificado como Antônio Estênio, que acabou preso ainda no local pela Polícia Militar.

A motivação para o homicídio, segundo o executor, teria sido um desentendimento que os dois tiveram enquanto ele bebia no lado de fora da casa. Embriagado, Antônio pegou a arma e atingiu a companheira após discutirem. Depois do crime, o acusado ainda tentou estancar o ferimento da vítima após seus pedidos de socorro. Capturado em flagrante, ele foi levado ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife, onde prestou depoimento e foi autuado. O corpo da vítima foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML), na área central da capital.

(Fonte: A Voz da Vitória)

O historiador alemão Friedrich Schiller (1759-1805) dizia: A loucura é breve, longo é o arrependimento.

Segundo relato, o criminoso agiu sob violenta emoção, tanto que, ao observar o resultado, imediatamente tentou estancar o sangue da vítima, não evadindo-se do local. Quer dizer, agiu por impulso e arrependeu-se instantaneamente, logo irá pervagar sua via crucis de arrependimento. O remorso é uma dor solitária, é uma condenação interior, o tribunal da consciência.

Por outro lado, a vítima, do ponto de vista da VITIMOLOGIA, contribuiu com a própria morte quando viveu expondo sua vida àquele que se demonstrava predisposto a matá-la. Quando se diz que a paixão é cega, refere-se à passividade do apaixonado diante do seu algoz. Quer dizer, ela enxergava, mas não queria encarar o que via, negava-se a aceitar o que via, porque não tinha força para rejeitá-lo. 

Sosígenes Bittencourt

SÃO JOÃO – NO TEMPO DE EU MENINO

Das três maiores festas anuais, o São João é a mais singela e tradicional. O Ano Novo nos trespassa de tristeza, porque sugere a contagem do tempo e amontoa os mortos. Abrimos álbum de retrato e botamos pra choramingar. O Carnaval é uma festa perigosa, de extravasar frustrações. O pessoal só falta correr nu pela rua. 

O São João é uma festa mais pacata, que relembra nossas tradições mais atávicas, nossas raízes culturais. Lembro-me do São João das ruas sem calçamento. O mundo parecia um terreiro só. As mulheres cruzavam as pernas, enfiavam as saias entre as coxas, para ralar omilho e o coco, enquanto os homens plantavam o machado nos toros de madeira para fazer as fogueiras. À tardinha, a panela virava uma lagoa de caldo amarelo onde fervia o maná das comezainas juninas. A meninada ensaiava o jeito de ser homem e mulher. De chapéu de palha, bigode a carvão e camisa quadriculada, era quando podíamos chegar mais perto das meninas sem levar carão nem experimentar a sensação de pecado. O coração se alegrava quando sonhávamos com a liberdade de adultos que teríamos um dia. Batia uma gostosíssima impressão de que estávamos bem próximos de fazer o que não podíamos fazer. Os ensaios de quadrilha relembravam a tristeza do último dia. Pois um ano durava uma eternidade, as horas eram calmas, podíamos acompanhar a réstia do sol e contar estrelas. Pamonha, canjica e pé de moleque eram tarefas de dona de casa prendada, de quem o marido se gabava. Tudo era simples e barato, ninguém enricava com a festa. A novidade era a radiola portátil, e os conjuntos eram pobres de tecnologia, mas os instrumentos ricos de som e harmonia, manuseados com habilidade e gosto, na execução do repertório da festa do milho. Quando São Pedro se ia, ficava um aroma de saudade na fumaça das derradeiras fogueiras e no espocar dos últimos fogos.

Sosígenes Bittencourt

Inveja e Sucesso

Não há sentimento bom nem ruim, mas o resultado daquilo que você faz com o sentimento. Por exemplo, INVEJA é um sentimento positivo quando invejamos o BELO e buscamos reproduzir. Muita gente fez sucesso na vida imitando. O ser humano é um animal que imita desde o nascimento até a morte. Agora, SUCESSO é um detalhe. Tem traficante que é um SUCESSO. Dribla a Justiça, faz fortuna, costurando boas amizades, sem dar um tiro. Quem quer imitar?

A AGRESSIVIDADE, por exemplo, é o combustível da AÇÃO. Se você tem gasolina nas mãos e incendeia seu semelhante, poderá matá-lo. Mas, se você põe numa ambulância e socorre um acidentado, poderá salvá-lo. Quer dizer, nós não estamos preocupados com aAGRESSIVIDADE, mas com o que os meliantes estão fazendo com aAGRESSIVIDADE nas grandes cidades. Agora, SUCESSO é um detalhe. Quem quer ser um SUCESSO, trocando soco em campeonato de luta de box?

Sosígenes Bittencourt

PITACO ESPORTIVO

Colômbia 1, Brasil 0

Esse juiz chileno Enrique Osses entrou em campo doido para tirar o Brasil do caminho do Chile. Sabia que Neymar é um jogador emocionalmente instável e sabia que os colombianos iriam irritá-lo. Resultado, era a faca e o queijo para prejudicar a Seleção Brasileira.

Dunga precisa entender que o Brasil tem de ter uma seleção principal, um elenco jogando regularmente junto. Na Copa de 70, todo menino sabia a formação do escrete canarinho, do goleiro ao ponta-esquerda. Hoje, nem os comentaristas de beira de gramado sabem. Depois, quando embola o meio de campo, seu Dunga quer consertar, dentro da partida, terminando por trocar seis por meia dúzia.

O genial Neymar precisa adaptar o seu crânio ao sucesso que conquistou. Não sabe lidar com tanta fama, o que realmente é difícil. Pergunta a uma mulher bonita ou a um filósofo se é fácil conviver com a fama. A questão é que zelam pelo seu físico, mas não trabalham adequadamente sua cabeça.

Enfim, a derrota do Brasil não foi uma derrota apenas da Seleção Brasileira, foi uma desgraça também confeccionada pelo apito do juiz chileno Enrique Osses, que entrou para tirar o Brasil do caminho do Chile, se é que conseguirá.

Caótico abraço!

Sosígenes Bittencourt

RECORDAR É VIVER – NO TEMPO DE EU MENINO

HOMENAGEM AO PROFESSOR ADÃO BARNABÉ

Esta semana, recebi honroso convite para assistir a Recital em homenagem ao meu ex-professor de inglês Adão Barnabé na Academia de Letras, Ciências e Artes da cidade. Infelizmente, não pude me fazer presente, uma vez acometido de dengue, este mal nosso de cada dia, protagonizado pelo “odioso do Egito”.

O convite veio-me pela destra do seu filho mais novo, Paulo Barnabé. Obsequioso, à minha porta, à Hora do Ângelus.

Adão era casado, salvo engano, com dona Matilde e residia à rua Melo Verçosa, ao lado da casa onde morou Dr. Laércio, depois o comerciante José de Lemos, hoje Pronto Socorro da Vitória. Deu-se na década de 60.

Eu também morava no mesmo endereço, apelidado de Rua do Colégio das Freiras. Eu era aluno de Adão Barnabé, no Colégio Municipal 3 de Agosto, e o encontrava logo cedinho, comprando pão na venda de Valfrido Ferreira Chaves, popularmente conhecido como Fiduca, recentemente falecido aos cem anos de existência.

Ademais, o que me lembra Adão são suas aulas de Inglês no primeiro andar do Colégio Municipal à Praça Leão Coroado. Minha memória olfativa reproduz o cheiro do Café São Miguel, e a auditiva, o apito do trem.

Adão era um homem de estatura mediana, magro, desdentado, andar claudicante e gostava de bebericar aguardente. Empunhava um apontador e impunha respeito. Não me recorda uma brincadeira. O livro era Quick and Easy, se não me esqueço, da pianista e professora Cordélia Canabrava Arruda. Até poucas décadas, eu recitava a lição The Old Cat (O Velho Gato) da inicial maiúscula ao ponto final. Não obstante, me recorda um trechinho, referente ao gato, que dizia assim: it could not bite and it could not run quicly because very old (Ele não podia morder e não podia correr porque estava muito velho). Referia-se ao gato, talvez, em relação ao rato.

Conta-me Paulo que Adão falecera em 1969, ano anterior ao seu nascimento, dele Paulo, que veio à luz em 1970.

O enterro do lente saiu da rua Capitão Mateus Ricardo, lamuriado por amigos e alunos, pervagando ao Cemitério São Sebastião.

Ainda agora, Requiescat in Pace

Sosígenes Bittencourt