NOVA VERSÃO DE PAPAI NOEL

Cuidado com Papai Noel pilotando helicóptero, pois trata-se de uma nova versão de São Nicolau. Ao invés de dar presente, ele pede presente, não sorri e não gosta de criancinhas. Também não frequenta praças públicas nem shopping center, ele vai para um sítio, onde amarra o proprietário da aeronave e foge na companhia de um amigo fiel.

Ele é uma imitação de um Papai Noel que eu imaginei em tempo de crise. Como o meu é anterior, eu diria que a vida imitou a arte. A diferença é que o meu Papai Noel tem fundo musical e é bem mais humilde. Vejamos:

Botei meu sapatinho

Na janela do quintal.

Papai Noel levou

Meu sapato de Natal.

Sosígenes Bittencourt

CUIDADO COM JANEIRO

Obviamente que eu não diria “cuidado com o Natal”, porque o nascimento de Jesus não tem nada a ver com isso. Porém, diria que é preciso segurar a emoção com o lado consumista da festividade, para em janeiro não estar com a mão na cabeça, por causa da farra financeira. Segundo alguns discursos evangélicos ou pastorais, Jesus é razão.

Não há riqueza maior no ser humano, força mais criativa do que a emoção, mas é preciso administrar seus excessos com a intermediação da razão. Napoleon Hill já o disse: “O entusiasmo é a maior força da alma.” Contudo, ‘entusiasmo’ deriva de “em + Teos”, ou seja, com Deus na alma, em estado de graça. Não adianta você cobrir-se do supérfluo, para depois carecer do essencial.

“Cuidado com Janeiro” significa “cuidado com as dívidas”. Outro dia, vi um economista dizendo que ninguém trabalha para pagar contas, trabalha para se manter. Quem recebe para pagar, não recebe, transfere. Ademais, é preciso confeccionar um colchão de segurança, para nas vacas magras ter como se socorrer. Não vá com tanta sede ao panetone, lembre-se do pão nosso de cada dia.

Prudente abraço!

Sosígenes Bittencourt

O BOM TRATAMENTO

O ser humano é cativo do bom tratamento.

Há diferença entre VER e OLHAR, OUVIR e ESCUTAR.
Olhar é ver com atenção. Escutar é ouvir com atenção.

Há quem conquiste, mostrando.
Há quem conquiste, olhando.
Há quem conquiste, falando.
Há quem conquiste, escutando.

Questão de paciência.
A paciência é a maior das virtudes,
porque não há virtude sem paciência.

Sosígenes Bittencourt

UMA DEFINIÇÃO DE MIM

Uma das melhores definições de mim não é minha, é do escritor e pensador inglês Chesterton (1874-1936): O homem SÃO é aquele que tem a tragédia em seu coração e a comédia em sua cabeça.

Mas, explicou: A comédia do homem sobrevive à sua tragédia.

Chesterton também dizia: “O que amargura o mundo não é excesso decrítica, mas a ausência de autocrítica”.

Contudo, é bom salientar que a crítica está presente no coração do homem, mas, quanto a sua autocrítica, olha-se no espelho, sorri e faz piada. O homem é condescendente com os seus erros e atroz com os erros alheios, por isso julga mal.

Comediante abraço!

Sosígenes Bittencourt

O POETA DRUMMOND, PROFETA DRUMMOND

O poeta é um filósofo apressado, um cientista antecipado, um visionário, um profeta. Tudo através da intuição.

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, falecido em 1987, andou prevendo tragédia na sua terra natal. Observem como fez a leitura do leito do Rio Doce e seu amargo destino às margens das barragens da Vale-Samacro em LIRA ITABIRANA.

O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.

Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!

A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.

Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?

(Catastrófico abraço! – Sosígenes Bittencourt)

SOBRE A BREVIDADE DA VIDA

O ser humano é um animal sem solução. Ele tem sempre a impressão de que há algo de errado consigo mesmo. Sobretudo quando submetido à angústia de que a morte é o horizonte da vida.

Todo ser humano tem um livro escrito na memória que vai folheando, folheando… Às vezes, desprende um aroma. É o passado intrometendo-se na vida da gente, o passado sempre presente. O passado que se alonga, e o futuro que vai se tornando cada vez mais curto.

A brevidade da vida relembra o poeta romano Horácio (65 – 8 a.C.), agoniado com a fugacidade do tempo: Eheu! fugaces labuntur anni!: Ai de nós! os anos correm céleres.

Tudo que nos mantém vivos, nos mata. Sem o oxigênio, morreríamos; por causa do oxigênio, morreremos. Sem colesterol, morreríamos; por causa do colesterol, morreremos. Se não comêssemos, morreríamos; porque comemos, morreremos. Tudo que nos faz viver corrói a vida. Tudo que auxilia na vida, auxilia na morte.

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) referiu-se ao tempo de vida: Um minuto de vida é idade suficiente para morrer.

Efêmero abraço!

Sosígenes Bittencourt