Para refletir – Sosígenes Bittencourt.

Caso nossa maior necessidade fosse informação,
Deus nos teria enviado um educador.
Se nossa maior necessidade fosse tecnologia,
Deus teria nos enviado um cientista.
Se nossa necessidade fosse dinheiro,
Deus teria nos enviado um economista.
Mas, uma vez que nossa maior necessidade era o perdão,
Deus nos enviou o Salvador.

Max Lucado

Sosígenes Bittencourt

HORA DE BRINCAR, BRINCAR.

De um padre para um alcoólico dentro de um ônibus: – Você sabia que esse caminho é para o inferno?

Aí, o alcoólico: – Êita, peguei o ônibus errado.

Certo dia, um bêbado pediu a um outro bêbado uma lapada de cachaça: – Êi, fulano, paga uma cachaça pra eu.

E o outro bêbado: – Ôxe, eu tô respirando porque é de graça. Se fosse pago, eu já tinha morrido.

Um dia, aplicando prova sobre sujeito e predicado, perguntei qual o sujeito da seguinte oração:
Fernando Henrique Cardoso é o presidente da República.
Aí, a aluna respondeu: – Sujeito mentiroso.

Sosígenes Bittencourt

A Paixão – Sosígenes Bittencourt.

A paixão é hipnótica,
conteúdo mental invasivo.
A paixão tem vontade própria.
O apaixonado, não.
A paixão é cega e vê,
porque vê o que quer sem entender.
A paixão é sentimento abdominal,
nasce de baixo para cima.
A paixão deve dar um sentido à vida,
não um sentido à morte.
A paixão é o aperitivo do prazer,
não deve virar um porre.
A paixão por coisas é mais serena;
a paixão por pessoas, mais dependente.
A paixão acorda o apaixonado, de madrugada,
para pensar nela.
A paixão é sem explicação,
tendo nada a ver com o seu objeto.
A paixão é suicida, pode matar o amador.
A paixão é homicida, pode matar a coisa amada.
A paixão termina por ganhar da solidão.
Ai do solitário!

Sosígenes Bittencourt

Não ria se puder – Sosígenes Bittencourt

De tanto me dedicar aos dramas humanos, me esqueci de apreciar os bichos. Talvez, tivesse me decepcionado menos.

Um dia, meu menino me perguntou:
– Painho, o que é que aqueles porcos estão fazendo no meio da rua?
– Porcaria, meu filho.
– E por que aqueles cavalos estão soltos?
– Porque os seus donos são burros.

Aliás, quando chamamos um cidadão de BURRO, estamos desconsiderando o quadrúpede. Eu nunca vi um burro fumando nem tomando cachaça.

Sosígenes Bittencourt

UM CERTO DOMINGO – Sosígenes Bittencourt.

Um certo domingo, corria o ano de 2010, eu assistia a uma reprise do Conexão Internacional, quando apareceu o jornalista e escritor carioca Carlos Heitor Cony, sendo entrevistado por Roberto D’Ávila.

Engraçado, disse simpatizar os cínicos, desde Sócrates a Machado de Assis e Jean-Paul Sartre. Disse que há uma diferença entre o escritor e o cronista. O escritor vive no fundo do mar, e o cronista, no aquário. O escritor tem de traçar seu caminho para ser notado, o cronista vive na vitrine. E acabou citando uma frase de Rabelais: “Não tenho nada, devo muito, o resto dou pros pobres.”

Ainda vi, neste programa, o físico Marcelo Gleiser dizer que “A terra pode ficar perfeitamente feliz sem a gente, mas a gente não vive sem a terra.”

Dá para esquecer semelhante domingo há 17 anos?

Dominical abraço!

Sosígenes Bittencourt

O BRASIL FUNCIONA MAL – Sosígenes Bittencourt.

Existe cota racial para branco pobre e descendente de negro?
Tem descendente de negro, branquinho que nem um fantasma, do cabelo pixaim, pobre que dá dó e sem direito a cota racial.
Parece que no Brasil tudo funciona mal. O Eca, por exemplo, tem garantido futuro às crianças e adolescentes? Até o ECA nos cheira mal.

Sosígenes Bittencourt

A Acídia – Sosígenes Bittencourt.

O contrário de quem tem força interior e Fé em Deus é aquele que sofre de um dos Pecados Capitais mais graves: a Acídia, que é a Preguiça Espiritual.

A Preguiça, como a conhecemos, é definida no mundo Capitalista como falta de coragem de fazer aquilo que deve ser feito, sinônimo de frouxidão, abatimento, depressão, negligência, indiferença. Já a Acídia é a rejeição ao mundo espiritual, que gera egoísmo e desamor. Antes de não acreditar em Deus, o acidioso não quer acreditar em Deus.

Pecado Capital é o pecado que gera pecado. Por exemplo, o Homicídio é um pecado, mas não é um Pecado Capital, porque só gera um morto. Já a Ira é Pecado Capital porque gera o Homicídio.

Sosígenes Bittencourt

ÍNDIO E CARA-PÁLIDA – Sosígenes Bittencourt.

Por que será que os índios não batem em criança? Ora, porque os índios não enganam as crianças. Logo, as crianças não têm como desobedecê-los, pois não há duas atitudes, dois comportamentos incompatíveis a serem seguidos. Também não bate em criança, temendo ser abandonado por ela. Cara-pálida não precisa castigar para ser abandonado.

O índio não lambuza o rio, porque o rio é um deus. Cara-pálida polui o rio porque não crê em Deus.

Sosígenes Bittencourt.

CRISE PRISIONAL E MEDO – Sosígenes Bittencourt.

Se você perguntasse que sentimento deveria nos provocar a realidade dos presídios brasileiros, eu diria “medo”. Óbvio. Ora, se os presos não têm segurança nos presídios, que segurança temos nas ruas, ou mesmo dentro de nossas residências. O único lugar onde não deveria haver crime era onde os criminosos pagam pena por crime. A lógica é implacável. Do ponto de vista jurídico e estatal, trata-se de uma aberração. Agora, imagine se todos os meliantes estivessem nos presídios? No Brasil, há uma mesma quantidade de criminosos perambulando pelas ruas, indo a missa, comemorando aniversário e trocando soco em teatro de futebol.

Por outro lado, superpopulação carcerária também é agravada pela falta de assistência jurídica aos detentos. Há detentos que cumpriram pena e estão engaiolados, fumante de maconha preso como traficante e ladrão de galinha sem ser julgado. Depois, reclama-se da expansão dos Comandos do Crime, que se alastra, com a cooptação de novos soldados para os seus exércitos, cuja conversão pode ser sacramentada dentro dos próprios presídios. Ou você se filia a um deles, ou não terá segurança, se é que filiar-se lhe assegura a preservação da vida.

Todas as medidas que devem ser tomadas são conhecidas, mas há meio século deveriam ter sido tomadas. Porém, preocupação com preso só quem sente é a mãe do condenado. Político não quer saber de preso matando preso, preso matando policial nem policial eliminando criminoso, investir no combate a esta guerra intestina não lhe rende dividendo eleito. Aliás, se o fizer de mau jeito pode até custar-lhe a vida.

Enfim, é proibido traficar droga no Brasil? É proibido roubar no Brasil? No papel é, mas nas mentes, não. Pois, trafica-se droga e rouba-se nos presídios. Às vezes, no Congresso Nacional.

Sosígenes Bittencourt

LOUCO DA BOA LOUCURA – Sosígenes Bittencourt.

Eu sempre tive essa mania de escrever. Até que, em 1987, eu passei a escrever para ser lido. Ou seja, antes, eu escrevia para não esquecer ou não ter que me lembrar do que estava pensando. Na realidade, a gente escreve quando valoriza o que pensa, quando não quer esquecer o pensamento. Mas, depois, eu achei que não tinha graça eu escrever só para mim e resolvi escrever para todo mundo. Ninguém deve negar sua arte ou suas verdades, suas descobertas, até para submetê-las à análise dos semelhantes. Talvez, seja uma imprudência escrever para ser lido, mas talvez seja uma imprudência morrer abraçado com suas verdades sem discuti-las. E, aí, quando começaram a me chamar de maluco, fiquei entusiasmado. Era sinal de que eu estava vencendo o medo de ser sincero e despertando curiosidade sobre minhas maluquices. Ninguém é imune a maluquices. Ora, eu estava enlouquecendo da boa loucura. Há quem colecione galo de briga e ninguém diz nada. Ademais, ninguém consegue se destacar sem uma pitada de loucura. O que dizia o filósofo Aristóteles, trezentos anos antes de Cristo ?

Sosígenes Bittencourt

UM DIA, EM CUMBUCO, NO CEARÁ.

Um dia, eu fui bater na praia de Cumbuco, no Ceará.

Havia passeio de Bugre, dunas, o céu bem pertinho do mar. Eu vi gente a cavalo, senti cheirinho de fumo de rolo, vi paraquedista bailando no ar. Parecia uma comunhão entre as zonas rural e urbana na orla marítima do Ceará.

Foi em Cumbuco que eu vi a morena mais linda do mundo. Fantasiada de índio, vendendo umas castanhas do tamanho de um caju. Morena avermelhada, carnadura torneada e carinha de menina. Fiquei tão abestalhado que terminei confeccionando a seguinte revelação: Eu já não me sinto uma FORTALEZA, nem sei o que CEARÁ de mim.

Já de volta, acomodado no avião, sobrenadando um acolchoado de nuvens sob a luz solar, vinha matutando: que coisas tão lindas, eu vim de Pernambuco vê na praia de Cumbuco, aqui no Ceará. E supliquei à aeromoça: – Moça, me dê uma bebidinha quente para eu sonhar.

À saída, a mesma aeromoça me perguntou: – O senhor fez boa viagem?

Ao que, meio sonhando, respondi: – Viajando com você, acima das nuvens, eu me senti do céu pra lá.

Sosígenes Bittencourt

MINHA FANTASIA – Sosígenes Bittencourt.

A minha fantasia é original e não me custa um tostão.
Estou fantasiado de coroa, e o alfaiate é o tempo.
Embora, sem neto, posso ser o avô das meninas,
sobretudo das solteironas casadoiras e das separadas esperançosas.
A música que canto, nos ambientes por onde passo,
é a modinha de finado Capiba, MODELOS DE VERÃO.
Quanta mulher bonita
tem aqui neste salão
parece até desfile
de modelos de verão
até as viuvinhas
do artista James Dean
vieram incorporadas
hoje a noite está pra mim!
Eu daqui não saio,
eu não vou embora,
tanta mulher bonita
e minha mãe sem nora.

 Sosígenes Bittencourt.

A MENTE E O CORAÇÃO – Sosígenes Bittencourt.

Se você sentir uma pontada no coração, preste atenção. Ele deve estar desapontado com o que você está pensando.

Pensar é muito rápido, por isso você deve parar para pensar no que está pensando.

O coração não ama, ele é o termômetro do amor. A mente é que ama.

Ódio e inveja são lixos mentais, seja gari de suas emoções, higienizando sua mente.
O poeta não faz poesia com as estrelas, ele quer que você vá habitar as estrelas. Por isso, ele dá polimento no céu para seduzir o inquilino. Pense nisso e vá ser feliz. Infeliz do homem que trabalha para ser feliz no domingo. Felicidade não tem hora marcada. Felicidade é agora.

Sosígenes Bittencourt

PARABENIZANDO OS TAURINOS.

Elemento: Terra
Regente: Vênus
Verbo: Eu tenho

Seu símbolo é um TOURO. Forma com Virgem e Capricórnio a triplicidade dos signos da Terra. Com pequenas variações nas datas dependendo do ano, os taurinos são as pessoas nascidas entre 21 de Abril e 20 de Maio.

Palavras chaves que definem o Taurino: Escrupuloso, Determinado, Paciente, Amoroso, Materialista, Teimoso, Argumentador.

Conselho que eu daria aos taurinos: A paciência é a maior das virtudes, porque não há virtude sem paciência.

Sosígenes Bittencourt

PÉ DE PITANGA – Sosígenes Bittencourt.

Debruçado sobre o muro aqui de casa, um pé de pitanga vigia a rua. Mulheres que vêm de bairros distantes passam, de braços dados, a admirá-lo.

– Êi, Maria, vê quanta pitanga!

As pitangas, suspensas no ar, parecem se balançar de vaidade, olhando para lá e para cá.

– Menina, e tem de toda cor!

Alguns pinguços também já as admiraram, lambendo os beiços, ébrios de desejo.

– Isso dá um tira-gosto arretado!

Sinto-me contente com tamanha dádiva. A eugenia uniflora, que dá em quintais, empertigada no canto do muro do meu terraço. Sei que a drupa globosa é comum na Mata Atlântica brasileira e na Ilha da Madeira em Portugal. Ao sol vesperal, parecem mimos caídos do céu, esses novelos de cálcio coloridos d’aquém e d’além mar.
Bem sei que alguns a futucam com um pau, no intuito de fazer um ponche, chupar minhas pitangas. Nem por isso vou “chorar as pitangas”, me aperrear, ficar me lamuriando. Aliás, lembra-me a célebre reflexão do revolucionário francês Babeuf: Os frutos da terra pertencem a todos, e a terra, a ninguém.

Sou um homem feliz, porque, em meio à struggle for life (luta pela vida), tenho tempo de parar para observar minhas pitangas e produzir esta crônica.

Mimoso abraço!

Sosígenes Bittencourt

A MÚSICA E MINHAS EMOÇÕES.

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) deduzira: Sem a música, a vida seria um erro.

Depois, chamam-me de hiperbólico quando descrevo minhas emoções musicais. Quando a dosagem é exagerada, é natural que o efeito seja um exagero.

O filósofo francês Voltaire (1694-1778) já apregoava: Tudo que entra pelo ouvido vai direto ao coração.

Não foi, em vão, que a mitologia personificou a música na deusaEuterpe, cuja etimologia resume-se em “a doadora de prazer”. E eu não quero me curar de nada que me dá prazer.

Sosígenes Bittencourt