Folia e frevo na virada do ano em Vitória….

Com tradição secular nos festejos do Rei Momo, nossa cidade – Vitória de Santo Antão -, por iniciativa das agremiações carnavalescas “Boi Dela” e “Acorda Corno”, brindou a virada do ano com muito frevo.

 

No dia 31/12, à tarde, os diretores do “Boi Dela” começaram sua já tradicional  prévia carnavalesca. O local escolhido foi o “Lava-Jato” do amigo Roberto Tenório, diretor da referida agremiação. Por lá, o frevo reinou absoluto.

Para começar o Ano Novo com o pé na folia, os diretores do “Acorda Corno” “convocaram” os foliões para um desfile às 6h, saindo da Rua Doutor José Rufino, no bairro do Cajá. Registramos parte da passagem pelo Pátio da Matriz. A turma estava animada!

Vencemos 2023……

Chegou 2024! Com ele, um novo ciclo começa. Mas é bom que se diga que tudo permanecerá do mesmo jeito, se você não tomar a iniciativa em mudar, naquilo que é desejado. Mas também é bom que se diga, indiscutivelmente,  que vencemos mais uma etapa do eterno desafio de nos mantermos vivos,  até (nosso) o final dos tempos. Vamos em frente….

Planejamento para 2024: Corrida da Vitória – 28 de abril….

3ª Corrida e Caminhada da Vitória – 28 de abril de 2024.
Corrida 7km – Caminhada 4km – Concentração às 6h – Largada às 7h.
Troféu – Premiação Geral do 1º ao 5º colocado – masculino e feminino.
Troféu – Premiação Faixa Etária – 1º ao 5º colocado
Primeira faixa etária: até 39 anos.
Segunda faixa: dos 40 anos aos 49 anos.
Terceira faixa: dos 50 anos aos 59 anos.
Quarta faixa etária: dos 60 anos aos 69 anos.
Quinta faixa etária: dos 70 a mais.
OBS: NÃO HAVERÁ PREMIAÇÃO EM DINHEIRO!
Inscrições on-line: www.uptempo.com.br
Inscrições grupos: 81-9.9.9420.9773
Inscrição presencial: Loja Monster Suplementos – Rua Valois Correia – 96 – Matriz – Vitória.
Valor Inscrição:
Kit completo – corrida ou caminhada – R$ 85,00
Kit sem a camisa – corrida ou caminhada – R$ 70,00
1º LOTE ATÉ O DIA 29 DE FEVEREIRO.

Espetáculo nos ares – ontem e hoje…..

Por volta do meio dia de ontem, quinta-feira, 28 de dezembro – última quinta do ano de 2023 – ao deslocar-me, de carro, pelo centro da cidade, com destino ao bairro do Cajá, observei um movimento diferente no trajeto, já que costumeiramente o faço.

Das esquinas, das calçadas e dos portões, pessoas, das mais diversas idades, curiosamente e sincronicamente, levantavam sua visão na direção dos  céus. Aeronaves do tipo helicóptero, intensamente, cruzavam os ares. Só depois, circulou a informação de que se tratava de uma operação policial.

Pois bem, mesmo vivenciando tempos  (atuais) em que as mais extraordinárias imagens da vida moderna estão disponíveis,  24h, através dos celulares, o “mundo ao vivo” sempre será mais convidativo,  ao que poderíamos chamar de “espanto”.

Saindo do tempo presente e viajando ao de outrora, tendo como circunscrição espacial  os céus antonenses,   fiquei imaginando,  mesmo sem haver vivido esse espetáculo,   o alvoroço das pessoas, em solo, por ocasião dos eventos promovidos pelo nosso Aeroclube,  em que contava com várias aeronaves se deslocando,  ao mesmo tempo, em que, também, sincronicamente, paraquedistas saltavam dos aviões.

Lembremos que tudo isso aconteceu em nossas terras por volta da metade do século XX, quando  ainda, na qualidade de cidade, estávamos desfrutando das maravilhas da chegada da energia elétrica e o automóvel  ainda se configurava numa  novidade.

Em registros nos jornais da época, fala-se em público de mais de 10 mil pessoas acompanhando os eventos,  promovidos pelo nosso Aeroclube. Depois de ontem, já mais irei duvidar dessas informações……

2024 – O ano das biografias de grandes autores pernambucanos. Osman Lins será biografado – por Marcus Prado.

O ano de 2024 poderá ser, no Recife, o das biografias e páginas de memória de grandes vultos da nossa literatura, do jornalismo, das artes, da inteligência criativa. Gênero que sempre manifestou ávido interesse do grande público, as biografias e autobiografias, os chamados diários íntimos, podem contribuir não só aos estudos de história e todas as suas vertentes de pesquisa, sendo parte representativa da crônica de um tempo, panorâmica de um povo, seus costumes, sua paisagem, sua cultura.

Cito como amostra exemplar, modelo de escrita biográfica, a obra de Rüdiger Safranski (1945): “Heidegger: Um Mestre da Alemanha entre o bem e o mal”. É superlativamente a melhor biografia do autor de “Ser e Tempo”, talvez a mais importante obra filosófica do seu tempo, pela estrutura e multiplicidade de abrangências em áreas do pensamento, até na teologia. O livro de Rüdiger Safranski é um sucesso mundial que o professor gaúcho Ernildo Stein (1934) – um dos maiores especialistas em Martin Heidegger (1889-1976) na América Latina, foi aluno do biografado – apresenta para o leitor brasileiro, com a tradução da escritora Lya Luft, direto do alemão. Trata-se não só da vida e da obra do mais polemico filósofo do seu tempo, mas de grande painel intelectual da Alemanha do século vinte, no qual o pensamento heideggeriano é confrontado com o de seus contemporâneos, como Max Weber (1864-1920), Karl Jaspers (1883-1969), Edmund Husserl (1859-1938), Max Scheler (1874-1928), Ernst Cassirer (1874-1928), Ernst Jünger (1895-1998), Carl Schmitt (1888-1985), Theodor Adorno (1903-1969), Hannah Arendt (1906-1975), entre outros.

Além de dizer quase tudo (não conheço biografia que diz tudo) e revelações corajosas sobre o homem e o seu tempo, o Heidegger e seus conflitos ideológicos, políticos e amorosos com a genial Hannah Arendt (uma paixão de outono, já casado, com a genial aluna). Sem falar do homem e filósofo diante do caos (des) humano que desembocaria na tomada do poder de Hitler (1889-1945).

Estou sabendo que o sociólogo e antropólogo Roberto Mauro Cortez Motta (1940), acadêmico da APL, está preparando a biografia de Gilberto Freyre (1900-1987), que poderá ser, além de grande desafio, em mais de um volume, uma enriquecedora contribuição à vasta bibliografia do autor de “Casa-Grande & Senzala”. A antropóloga e cronista Fátima Quintas (1942) segue com a intenção de publicar pesquisas sobre fatos biográficos, inéditos, de Gilberto Freyre. A vida, as ideias do dramaturgo e escritor Ariano Suassuna (1927-2014), a sua grandiosa obra literária, base do Movimento Armorial, Ariano pintor, o seu tempo pernambucano, o imortal da ABL, tudo está no projeto do escritor e professor universitário Carlos Newton Junior (1966) para este ano. Quem foi o poeta e escritor César Leal (1924-2013), a amplitude de sua obra ensaística e poética, a influencia sobre os jovens autores do seu tempo, a chamada Geração 65, tudo isso será revelado por sua filha, a professora Virginia Leal, titular do Setor de Linguística do Departamento de Letras/UFPE, doutora em Semiótica e Linguística pela USP/Université Paris X. O escritor e autor teatral Osman Lins, que nasceu há 100 anos (1924-1978), terá biografia escrita por sua filha, a premiada jornalista Leticia Lins. A pintora Tânia Carneiro Leão (1945), terá muito a dizer no seu livro de memórias “ColeTÂNIA”. O livro promete ser a história de uma vida e de um tempo pernambucano, as grandes amizades que ela construiu ao lado do primeiro marido, o poeta Carlos Pena Filho (1928-1960), e do segundo marido, André Carneiro Leão (1927-2022). Era desses raros que tinham o segredo das grandes amizades. A jornalista Zenaide Barbosa (1954) promete revelações sobre a sua experiência profissional, durante mais de duas décadas, no comando da redação do Diario de Pernambuco. Está com a sua autobiografia quase pronta. Saberemos sobre as conquistas e desafios da jornalista líder de uma equipe de mais de 40 grandes profissionais.

Marcus Prado – jornalista. 

ACTV – dupla comemoração!!!

Em ritmo frevo e com muita Pitú, folia e animação, aconteceu, na noite de ontem (27),  na sede da ACTV – Associação dos Carnaval Tradicional da Vitória – uma dupla comemoração: confraternização dos diretores das agremiações afiliadas e os 26 anos da Orquestra Ciclone, comandada pelo Maestro Givaldo Barros. 

Em nossa cidade – Vitória de Santo Antão -, lugar em que corre sangue carnavalesco nas veias dos munícipes, a folia de momo já começou. Vale lembrar que já na virada do ano, dia 31, haverá previa carnavalesca – Acorda Corno – com previsão de amanhecer o dia, na rua, desfilando e pulando e frevo.

Vida Passada… – Manuel Arão – por Célio Meira

Célio Meira – escritor e jornalista

Na velha cidade de Afogados da Ingazeira, abençoada pelo Senhor Bom Jesus dos Remédios, nasceu, no dia 11 de janeiro de 1876, o sertanejo Manuel Arão de Oliveira Campos. Fez o curso primário, na terra natal, não escondendo, desde menino, o amor às letras literárias. Lia e decorava  sonetos celebres, e páginas de pensadores famosos, chegando, e é ele, mais tarde,  quem nos conta, “ a saber quase toda, de memória, “A Noite na Taverna” de Álvares de Azevedo. Deliciava-se em “ouvir os rábulas no júri da terra”, e redigia “ A Pátria”, jornalzinho manuscrito, e primeira tribuna livre do futuro filósofo e romancista.

Trazendo na alma a lembrança do rio Pajeú, chegou, aos 17 anos de idade, à cidade do Recife, onde começou a trabalhar, estudando e ensinando. O magistério, a imprensa e essa Estrada de Ferro, que é, hoje, a Great Western, foram as três oficinas em que Manuel Arão viveu e trabalhou, febrilmente, durante trinta e sete anos, conquistando as inúmeras vitórias do espirito, que lhe deram projeção e renome, na sociedade recifense, na literatura, na história e nas ciências.

A Gazeta da Tarde, ao tempo de Abdizio de Vasconcelos, foi a primeira trincheira de Manuel Arão. E quando, nos últimos anos do século XIX, se processou, no Recife, um grande movimento literário, batalhando, no “Diário de Pernambuco”, entre outros, João Barreto de Menezes e Artur Baia, e na Revista Contemporânea”, Teotônio Freire, França Pereira, Paulo de Arruda e o vitoriense Demóstenes de Olinda, surgiu, numa das cadeiras de redator daquele “Diário”, o jovem dos Afogados da Ingazeira. E, durante oito anos, permaneceu na estacada, aumentando, dia a dia, o brilho de sua pena e a pureza de sua linguagem.

Reuniu no livro “Ínfimas” em 1893, os versos da mocidade e no ano seguinte, com a colaboração de Ernesto de Paula Santos, publicou o “Notas Pessimistas”. Escreveu, em 97, o romance “ A Adúltera”, publicado na Bahia em 98, o “Magda”, editado no Recife. E dez anos mais tarde, entregou as livrarias o “Transfiguração”, romance, impresso em Portugal.

Colaborador efetivo da revista “Heliopolis” , manteve a secção “Notas sem Claves”. Publicou, em 1917, o “ Visão Estética” e “ A Legenda e a História na Maçonaria”, e logo depois, “ O Claustro” , o maior livro desse escritor sertanejo.

Pertenceu à Academia Pernambucana de Letras, ocupando a poltrona nº 2, de frei Antônio de Santa Maria Jaboatão, fundada por Gregório Junior, tendo a honra de sentar-se na cadeira da presidência da Casa de Carneiro Vilela.

Morreu Manuel Arão, aos 54 anos de idade, três dias depois de seu aniversário natalício. Afogados da Ingazeira deve homenagear a memória do seu ilustrado filho, o maior, talvez, no século XIX.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reuno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

Doutor Rui Ferreira: reconhecimento e condecoração…..

Na noite de ontem (26), em reunião festiva, o Rotary Clube da Vitória, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à comunidade,  homenageou,   com o “Título de Companheiro Paul Harris” – a maior Comenda do Rotary Internacional – o conceituado médico Rui Ferreira.

Especialista em mãos, o doutor Rui –  com a articulação do Rotary Clube da Vitória – já realizou duas missões humanitárias, contemplando as crianças antonenses. Vale destacar, também,  que o doutor Rui já realizou, nos quatro cantos do Mundo, mais de 100 missões humanitárias.

O incêndio mais mortal da história do Brasil – @historia_em_retalhos.

A assombrosa tragédia na Boate Kiss, em 2013, chocou o Brasil quando 242 jovens morreram vítimas de um incêndio.

O que pouco se comenta, porém, é que, cinco décadas antes, um terrível incêndio criminoso causou a morte de 503 pessoas, entre elas, 300 crianças, mais do que o dobro de vítimas da Kiss.

O fato aconteceu em 17 de dezembro de 1961, em Niterói, no Rio de Janeiro.

Naquele mês, o Gran Circus Norte-Americano chegava a Niterói, anunciando ser o maior e mais completo circo da América Latina.

A montagem do equipamento demandava bastante tempo e mão de obra, o que fez com que o dono, Danilo Stevanovich, contratasse cerca de 50 trabalhadores avulsos.

Entre eles, Adílson Marcelino Alves, o “Dequinha”, que tinha antecedentes criminais e apresentava problemas mentais.

Dequinha trabalhou apenas dois dias e foi demitido por Danilo, assim que foram descobertos os seus antecedentes criminais.

Inconformado, porém, passou a rondar as imediações do circo.

No dia da estreia, em 15 de dezembro de 1961, o circo estava lotado e Dequinha tentou entrar no espetáculo sem pagar o ingresso, sendo impedido pelo domador de elefantes Edmilson Juvêncio.

No dia seguinte, 16 de dezembro, Dequinha continuava a perambular pelas imediações e passou a provocar o arrumador Maciel Felizardo, que era apontado como o responsável por sua demissão.

Seguiu-se uma discussão e Felizardo agrediu Dequinha, que reagiu e jurou vingança.

Era a senha da tragédia.

No dia 17 de dezembro, Dequinha reuniu-se com José dos Santos, o “Pardal”, e Walter Rosa dos Santos, o “Bigode”, com o plano de atear fogo no circo.

Chegou a ser advertido, porém estava decidido: queria vingança e dizia que o dono do circo tinha uma dívida para com ele.

Com três mil pessoas na plateia, às 15h:45min, faltando apenas 20 minutos para o espetáculo terminar, começou o incêndio.

Em poucos minutos, o circo foi completamente devorado pelas chamas, porque a lona, que chegou a ser anunciada como sendo de náilon, era, na verdade, de tecido de algodão, revestido de parafina, um material altamente inflamável.

Por uma infeliz coincidência, naquele dia, a classe médica do Rio de Janeiro estava em greve e o maior hospital de Niterói estava fechado.
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Desesperada, a população arrombou as portas do hospital e os médicos foram convocados por meio do rádio.
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O presidente João Goulart deslocou-se imediatamente para Niterói.
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Sem outra alternativa, o Estádio Caio Martins foi transformado em uma oficina provisória para a construção rápida de caixões, com carpinteiros da região trabalhando dia e noite, e, pasmen, sem mais terrenos disponíveis em Niterói, foi necessário solicitar-se uma área no município vizinho de São Gonçalo para enterrar os corpos.
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Dequinha foi preso cinco dias depois, assim como os seus cúmplices “Bigode” e “Pardal”, sendo condenado a 16 anos de prisão e 6 anos de internação em manicômio judiciário.
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Onze anos depois, em 1973, ele fugiu da penitenciária e foi encontrado morto com 13 tiros no alto do morro Boa Vista, também em Niterói.
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Niterói jamais esqueceu dessa tragédia.
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Algumas curiosidades:
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– a fuga da elefanta “Samba”, paradoxalmente, acabou salvando muita gente. Com a sua força, o animal rasgou um buraco na lona, abrindo um caminho para mais pessoas passarem. Outros, porém, com menos sorte, acabaram morrendo ou tendo ossos quebrados pelo animal.
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– o saudoso palhaço Carequinha ajudou no financiamento para a construção de um cemitério em São Gonçalo para enterrar as vítimas do incêndio.
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– o pregador “Profeta Gentileza”, nome pelo qual ficou conhecido José Datrino, motorista de caminhão, afirmou que, no dia da tragédia, recebeu um chamado à vida espiritual, que o mandava abandonar o mundo material e dedicar-se apenas ao plano espiritual, decidindo, a partir daquela data, residir no exato local onde acontecera o incêndio.
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– a quem interessar, recomendo o livro “O Espetáculo Mais Triste da Terra – O incêndio do Gran Circo Norte-Americano”, de Mauro Ventura.
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A liturgia do Divino e o fausto do esplendor – por Marcus Prado.

Já dei nesta página a minha opinião sobre o sucesso das exposições de artes plásticas realizadas no Recife no final de ano de 2023: a mostra de pinturas de Luciano Pinheiro, na Arte Plural, a coletiva do Espaço Brennand, em Boa Viagem, e a exposição comemorativa dos 50 anos do movimento Armorial, de Ariano Suassuna (Museu do Estado). Deixei por último um breve comentário sobre a exposição monumental e sóbria no campo da documentação histórica, arqueológica e iconográfica: “O Tesouro dos Reis – Obras-Primas do Terra Sancta Museum”, tendo por ambiente as salas da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa). Para quem não conhece a Gulbenkian lembro que se trata de uma das mais ricas e celebradas instituições de cultura, ciências e artes da Europa, com escritórios atuantes na França e no Reino Unido.

Ali está sendo exibida, até 26 de fevereiro de 2024, parte do monumental tesouro artístico do Terra Sancta Museum (Jerusalém), composto de doações realizadas por monarcas católicos europeus a várias igrejas ao longo de 500 anos. Trata-se de um conjunto de peças, únicas no mundo, quase todas em ouro e prata, reconhecidas como Patrimônio Universal da Humanidade.

Viajou pela primeira vez de Jerusalém para Portugal, graças ao empenho da Gulbenkian, que planejou tudo, durante quase três anos, sem limites de custos. A começar pelo restauro que fez em várias peças do Museu dos Franciscanos (Jerusalém), pelo seguro milionário desse tesouro de arte e religiosidade, no tranporte e montagem do acervo (o mais alto custo na história da instituição portuguesa), à sua curadoria (composta do que há de excelente em Portugal e em Jerusalém). Um projeto ousado, sem a menor réstea de amadorismo, isto sem falar de um esquema de transportes, segurança das obras de arte que envolveu sofisticado equipamento de antirreflexos, expositores resistentes à prova de balas, além de sensores e alarmes de ultima geração. Destaco isso não só para se avaliar a grandeza dessa amostra, mas para dizer que a exposição convida, num primeiro momento, a conhecer ‘Jerusalém, centro do mundo’, mostrando a “sua importância e centralidade” nesta hora agônica e de tantos conflitos entre Israel e a Palestina, que tem deixado profundas marcas.

Há peças e documentos que deixam o visitante maravilhado pelo que apresentam num percurso de muitos séculos, desde a construção da Basílica do Santo Sepulcro, no século IV, até à ocupação otomana do território, no séc. XVI. ‘Theatrum Mundi’ é o nome de um núcleo da mostra, onde se conhecem as doações régias de vários reinados europeus aos lugares santos, como as enviadas por Filipe II de Espanha, Luís XIV de França, João V de Portugal, Carlos VII de Nápoles ou Maria Teresa de Áustria, entre outros. Há um destaque para o Evangeliário arménio, do século XV, comprado por Calouste Sarkis Gulbenkian em 1947, e oferecido à Biblioteca do Patriarcado Armênio de Jerusalém. São numerosas lâmpadas pendulares, quase todas em ouro, ou o baldaquino que acolhia uma custódia ou um crucifixo, doado por Carlos VII, rei de Nápoles. São vistas peças da Idade do Bronze à época romana, das Cruzadas aos tempos modernos, sem falar dos vestígios de uma aldeia do século I d.C. São expostos objetos sacros de forte simbolismo espiritual, que datam da Idade Média. Dentre os objetos da amostra destaca-se ainda a importantíssima inscrição “Khaire Maria”, ou seja, Ave Maria. É o atestado mais antigo do nome da Virgem Maria, de Deus a Madre (antes de 324), gravado em grego na base de uma coluna. De brilhar diante dos olhos são os cálices confeccionados por famosos ourives de séculos passados. Outro tesouro dessa amostra é o seu catálogo, com cerca de 400 páginas, com textos e imagens, uma bem cuidada edição da Gulbenkian. Fui encontrar nesse catálogo (grato aos amigos portugueses Lúcio Ferreira e José Rodrigues de Paiva) páginas que reproduzem letras capitulares e Iluminuras de encantadora beleza gráfica (séculos 13 e 14).

Marcus Prado – jornalista. 

O vice de Paulo para 2024: imposição, submissão ou gratidão?

Notícias nas mais variadas plataformas de comunicação, recentemente, alardearam que a executiva estadual pernambucana do partido político MDB – Movimento Democrático Brasileiro – realizou encontro para uma definição eleitoral, visando o pleito municipal que se avizinha – eleições municipais 2024.

Gigante no País, em Pernambuco, organicamente falando, a referida agremiação joga na 2º divisão. No último pleito estadual (2022), por exemplo, não apresentou nenhum nome à disputa majoritária e não conseguiu sequer montar uma chapa, visando um assento na ALEPE. Já para deputado federal, disputou e manteve a vaga já ocupada, , mudando apenas de nome: saiu Raul Henry, entrou Iza Arruda.

Pois bem, independente de qualquer desempenho da sigla, provincialmente, nas últimas décadas o MDB – que já foi PMDB – carregou e carrega  em si um simbolismo nacional,  que representa, entre outras coisas,  pluralidade democrática. Concretamente, possui, também, um amplo latifúndio,   quando o assunto é “tempo de televisão” que, na hora da onça beber água, convenhamos, se configura em  moeda importante em qualquer arrumação eleitoral, naquilo que chamamos de coligação partidária.

Na Vitória de Santo Antão, há muito tempo, até por uma questão histórica, iniciada pelo ex-prefeito José Augusto Ferrer de Moraes, coube ao conceituado empresário, Alexandre Ferrer, à presidência do diretório municipal,  do sempre cobiçado MDB.

No mundo próprio da política, bem distante dos olhos dos eleitores, ninguém ascende aos espaços de destaques, quer seja no campo municipal, estadual ou federal sem a segurança real do controle de uma sigla partidária.  Esse é o jogo jogado e ponto final.

Figura presente nos registros fotográficos da sigla (MDB), em Pernambuco,  e fora dele,  o atual prefeito da Vitória, Paulo Roberto Leite de Arruda, ao longo da sua carreira politica, que começou, concretamente,   lá,  em 1996, compondo a chapa com o então candidato,  Carlos Breckenfeld, já constou na lista de filiados de uma penca de partidos políticos. Mas nunca encontrou  vida fácil e guarida segura em nenhum deles.

Foi nesse contexto que, em março de 2020,  o MDB municipal –  num gesto concreto de firmeza e independência – acolheu, em ato festivo, realizado no Clube Abanadores “ O Leão”,  na qualidade de filiado, o aspirante a prefeito Paulo Roberto.

Sem menosprezar ou mesmo sem deixar de  sublinhar sua capacidade e  determinação de avançar, poderíamos dizer que foi a partir da sua entrada no MDB que Paulo começou a “virar gente” na política. Até porque, até então, nas mais de duas décadas em que militou na área,   o mesmo  sempre esteve caminhando sob a areia movediça e o terreno pantanoso partidário, controlado pelo seu líder político Elias Lira.

Eleito prefeito (2020),  ostentando o número 15, numa eleição atípica, em plena pandemia do covid-19, Paulo,  através de investimento financeiro na mídia estadual e traçando uma campanha em cima da chamada “estrutura”, em 2022, conseguiu emplacar um mandato de deputada federal para a filha. Algo que ampliou, consideravelmente,  o seu espaço no MDB pernambucano e nacional. Tudo isso, vale lembrar, teve como ponto de partida a acolhida do MDB municipal, diga-se: Alexandre Ferrer.

Nos próximos dias, estaremos adentrando em 2024, o chamado “ano eleitoral”. Não é segredo para ninguém que o atual gestor já acionou a chave da “reeleição” e encontra-se em plena pré-campanha, mesmo jurando de pé juntos que não. Aliás, segundo os “eleitores contemplados” de Paulo, o mesmo já se encontra reeleito.

E é nesse clima de “já ganhou” que as especulações, no que se refere ao vice da chapa de 2024, começaram a ganhar tonalidade. Dizem alguns, que o atual vice-prefeito, Edmo Neves, já é “carta fora do baralho”. Em matéria já postada aqui no blog, inclusive,  já elenquei minhas impressões relacionada ao descarte do Edmo. Aliás, se o Edmo estivesse na posição de prefeito e o Paulo de vice, a situação seria a mesma, até porque, os dois entendem perfeitamente o que significa a palavra  pragmatismo político.

Já para as pessoas mais próximas ao prefeito, onde tem muita gente empolgada e deslumbrada, comenta-se que Paulo deveria  ter como vice uma “pessoa de sua total confiança”. E até explicam: “é porque, se ele precisar, daqui a dois anos  ser senador  da republica não perderia o controle da gestão”.

Mas existe, também, outra corrente de pensamento, de pessoas que já foram até apelidadas “viúvas de Elias Lira”, que trabalham  com “a certeza” de que o melhor nome para compor a chapa é o do velho cacique, ou seja: do ex-prefeito Elias Lira, até porque, segundo alguns  “cientistas políticos”, se assim não for feito, Elias poderá colocar água no chopp da festa da reeleição do prefeito, ou seja:  lançando-se ou apoiando um nome para disputar o Palácio Municipal.

Analisando e fazendo a  chamada “digestão das ideias”, considerando todas essas especulações,  alerto que nunca devemos achar que eleição se ganha por antecipação. Até porque, qualquer fato novo, poderá mudar radicalmente o cenário atual. É verdade que o jogo favorece à quem está no poder, mas no pleito anterior, vale lembrar, em Vitória,  pela primeira vez,  um candidato “sentado na cadeira”,  perdeu.

No meu modesto entendimento se Paulo acolher, como vice na próxima chapa,  o ex-prefeito Elias Lira, que no jogo local representa o atraso,  numa foto “em preto e branco”,  passará o recibo, aos mais atentos, que cedeu a uma IMPOSIÇÃO.

Na hipótese de promover um(a) “auxiliar” à pop star político, apenas  revelará seu desejo de se eternizar, algo tão criticado no grupo opositor, ou seja: os vermelhinhos. Essas figuras, diga-se de passagem, que ascende pelo crivo da SUBMISSÃO, são peças que se encaixam no tabuleiro – perfeitamente –  apenas para cumprir missões “muito delicadas”. De quebra, nessa composição, Paulo revelaria uma soberba desmedida.

Para encerrar essas linhas, em que fiz um pequeno apanhado de parte dos comentários políticos que estão rolando nos encontros festivos, recreativos e também nas redes sociais,   não poderia deixar de opinar, no que seria, aos meus olhos,  nessa questão (chapa 2024) um ato de justiça, realizado pelo atua prefeito.

Se Paulo Roberto tivesse no coração e na cabeça amplo sentimento de GRATIDÃO, algo raro no meio político, enxergo que o mesmo teria de formular publicamente um convite ao Empresário Alexandre Ferrer, no sentido da composição da chapa para 2024. Aliás, ele reúne todas  qualificações possíveis para somar em qualquer chapa política/eleitoral. Se ele aceitaria ou não é uma questão que cabe exclusivamente a  ele. Mas, para fechar a ideia,  volto a dizer: Paulo Roberto só “virou gente” na politica por conta da sua filiação no MDB municipal, diga-se: Alexandre Ferrer. Segue o barco eleitoral, rumo à 2024……

O secretário de Cultura, Demétrius Lisboa, participou da reunião da ABTV.

Dentro do cronograma das reuniões ordinárias, visando o “apontamento” dos desfiles dos seus afiliados, na noite de ontem (20), a ABTV – Associação dos Blocos de Trio da Vitória – recebeu o secretário de Cultura, Turismo e Economia Criativa, Demétrius Lisboa.

Na pauta, previamente formalizada em convite,  ao secretário, a instituição elencou assuntos de interesse dos blocos, assim como do bom andamento – de maneira geral –  do carnaval antonense. .

Reclamou-se, ao passo que reivindicou-se, também,  para o efetivo melhoramento na iluminação do percurso oficial do carnaval, sobretudo na Rua Capitão Antônio Melo Verçosa. Em ato continuo, a instituição, mais uma vez, cobrou da gestão municipal uma ação enérgica, no sentido da elevação dos fios que se encontram nas vias públicas, receptoras dos desfiles dos trios elétricos,  assim como no disciplinamento geral,  pelas operadoras de internet e afins, para que não se deixem fios em alturas que venham comprometer a segurança dos artistas e demais profissionais da área.

Com relação ao percurso do carnaval e o modelo da festa (2024), o secretário Demétrius Lisboa informou que será o mesmo,  aplicado na edição carnavalesca imediatamente anterior, ou seja: os blocos que desfilam com trios terão partida e chegada acontecendo no Pátio do Livramento.

Outras questões mais foram debatidas e serão formalizadas pela instituição – ABTV – às secretarias municipais competentes. Ao final, a direção da instituição agradeceu ao secretário pela presença, esclarecimentos também pelos encaminhamentos.