Padre Renato: uma estátua em tamanho real.

renatoRecentemente, no Pátio da Matriz, saboreando algumas espigas de milho verde, bati um alongado papo com o amigo Pedro Queiroz. Como todos sabem, Pedro é bom de papo. Com ele se conversa de tudo. De parto de raposa à explosão nuclear.

Muito bem, foi através dele que tomei conhecimento que na próxima semana – exatamente no dia 12 – ocorrerá uma bonita homenagem ao Monsenhor Renato da Cunha Cavalcanti – mais conhecido por Padre Renato.

Em uma das extremidades da Praça Dom Luis de Brito, próxima à Igreja Matriz de Santo Antão, será erigido um monumento com a imagem (em tamanho real) do Padre Renato. Como bom paroquiano, admirador e liderado do Padre Renato, o amigo advogado Pedro Queiroz redigiu um texto para homenageá-lo. No monumento, por uma questão de espaço, será exposto,  apenas,  parte do texto abaixo. Segue, portanto, em primeira mão, a bonita homenagem prestada ao Padre Renato pelo amigo Pedro Queiroz.

Homenagem Honorífica ao Monsenhor RENATO DA CUNHA CAVALCANTI, após uma tragetória exemplar de 52 anos, à frente desta Paróquia de Santo Antão, nestas paragens tão cheias de brasilidade, onde nunca se põe, no sentimento do povo vitoriense, o sol libertário do monte das tabocas e, aqui, nestas mesmas terras, cobertas como ontem, pelo verde dos canaviais em que uma roda d’agua marcava, em compassos de riqueza, o apogeu do engenho banguê, escutando o lamento triste do negro cativo, o batuque nostálgico das senzalas, com que se houve com elevação e dignidade, desde o dia 31 de março de 1963, data de sua chegada, até o seu falecimento, em 02 de maio de 2015.

Familiares, amigos e o povo vitoriense, através desta escrita, de autoria do Dr. Pedro Queiroz, além do Poder Executivo Municipal, representado pelo Prefeito Elias Lira, adotam esta ato de reconhecimento à personalidade e ao caráter sem jaça de quem soube ser, verdadeiramente, PADRE na absoluta extensão de sua etimologia, tornando-se oferta de sacrifício e aceitação de desafio, trabalho e respeito, exemplo de consagração integral à vida sacerdotal, servo absoluto de DEUS, filho exemplar, irmão generoso, amigo fiel, pai edificante de toda a comunidade, personalidade e conduta retilíneas, sinceridade e honradez nas 24 horas do dia. Padre Renato, além de evangelizador, resgatou para o nosso município a notável vida cristã de Santo Antão, o nosso padroeiro, quando pesquisou e escreveu, com detalhes, a vida do santo do deserto. O jurista, dentro do seu universo, consegue clarear o direito da pessoa; o médico, fiel aos conceitos sempre revisáveis da ciência, prescreve ao cliente o remédio para o seu corpo; o engenheiro, de acordo com o progresso da técnica, poderá abrir novas estradas para maior facilidade dos homens. O sacerdote porém proclamará a qualquer hora, em qualquer parte da terra o seu direito na eternidade; indicar-lhe-á o remédio para a alma e construirá a grande estrada que o levará à Divindade. Veni, vidi, vici – vim, vi e venci – poderá dizer o Monsenhor Renato, que não foi homem pântano, pelo contrário, foi homem trigo, como bem assinala o Evangelho de São João (12-24) “em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto,” pois quem está a serviço de DEUS, da Pátria, da Ciência e das Letras, não há aposentadoria nem tem remate, enquanto se vive. O apóstolo Paulo deve ter reservado, também, para o Monsenhor Renato, suas reflexões: “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” Vitória de Santo Antão, 12 de janeiro de 2016.

Pedro Queiroz

Reunião da ABTV: tudo pronto para a 5ª Feijoada da ABTV

IMG_4345Na noite de ontem  (05) a Diretoria Executiva da ABTV – Associação dos Blocos de Trio da Vitória – promoveu mais uma reunião em sua sede, localizada no bairro do Livramento. Na ocasião, entre outras coisas, foram realizados os últimos ajustes relacionados ao evento intitulado: 5ª FEIJOADA DA ABTV. A entidade carnavalesca prestará  cinco homenagens.

Carnaval 2016

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Batendo papo no pátio da Matriz, um amigo sapecou-me: e aí Pedoca, o que espera do carnaval? Será animado?

-Claro que será, respondi de supetão.

Repito, será ótimo. Perdemos cantor, perdemos vigário, perdemos escritoras. Uns mais que outros ligados aos festejos momescos, mas nada que anuvie nossa alegria e nossa capacidade de fazer carnaval. O vitoriense não precisa do poder público para brincar; aliás, quanto mais organizado, pior fica. Mais, tem mais: quanto maior a inflação, o desemprego e a esculhambação política, mais “nós brinca”. Este ano tudo é mais: mais confetes, mais serpentinas, mais fantasias, mais PITÚ, mais mulheres/homens, mais músicas, mais alegria. Faremos, com certeza, um carnaval melhor que aqueles da época dos nossos pais e avós, melhor do que o do ano passado e inferior a 2017. Estamos vivos, coloquemos os clarins e as orquestras para tocarem, os atabaques, surdos e pandeiros para retumbarem e vamos festejar o Rei Momo.

Sábado, já teremos o É TESÃO dando seu primeiro berro na cascatinha do Daniel e a ABTV pulando na Gamela. Participe, depois não venha choramingar: “o carnaval foi fraco”…

Pedro Ferrer

Momento Cultural: ÁRIA – por José Tavares de Miranda

tavares

Numa noite assim
de vento gelado a almas mortas

maus presságios e calafrios
foi-se a donzela.

Numa noite assim
sem esperança de aurora

nem sombra de lua
foi-se a donzela.

Foi a donzela
para nunca mais.

Onde se esconde
sua mantilha de rendas?

Sua grinalda de rosas
onde estará?

Seu coração magoado
de ilusão pulsa ainda?

Em que terra crua
seu cabelo é guardado,

Numa noite assim
de estrelas comidas

em ginete de fogo
seu amado passou

três assovios à porta
e sua amada levou

e em três passos de espera
a sua vida sugou.

Em três passos de espera.

(em TAMPA DE CANASTRA)

José Tavares de Miranda, vitoriense nascido a 16 de novembro de 1919, filho do Prof. André Tavares de Miranda. Fez os primeiros estudos na Vitória, sob os cuidados do seu genitor, e transferiu-se para o Recife, onde teve grande atuação na imprensa. Mudando-se para São Paulo, ali concluiu o seu curso de Direito (iniciado na Faculdade de Direito do Recife) na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, em 1939. Escritor, jornalista e poeta. Teve vários livros publicados inclusive de poesias, sendo estes últimos reunidos em um só volume: TAMPA DE CANASTRA. Faleceu em São Paulo (Capital) a 20 de agosto de 1992.

PÉ DE PITANGA

Debruçado sobre o muro aqui de casa, um pé de pitanga vigia a rua. Mulheres que vêm de bairros distantes passam, de braços dados, a admirá-lo.

– Êi, Maria, vê quanta pitanga!

As pitangas, suspensas no ar, parecem se balançar de vaidade, olhando para lá e para cá.

– Menina, e tem de toda cor!

Alguns pinguços também já as admiraram, lambendo os beiços, ébrios de desejo.

– Isso dá um tira-gosto arretado!

Sinto-me contente com tamanha dádiva. A eugenia uniflora, que dá em quintais, empertigada no canto do muro do meu terraço. Sei que a drupa globosa é comum na Mata Atlântica brasileira e na Ilha da Madeira em Portugal. Ao sol vesperal, parecem mimos caídos do céu, esses novelos de cálcio coloridos d’aquém e d’além mar.
Bem sei que alguns a futucam com um pau, no intuito de fazer um ponche, chupar minhas pitangas. Nem por isso vou “chorar as pitangas”, me aperrear, ficar me lamuriando. Aliás, lembra-me a célebre reflexão do revolucionário francês Babeuf: Os frutos da terra pertencem a todos, e a terra, a ninguém.

Sou um homem feliz, porque, em meio à struggle for life (luta pela vida), tenho tempo de parar para observar minhas pitangas e produzir esta crônica.

Mimoso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Maestro Ulisses: grande contribuição ao secular carnaval da Vitória.

cd-4-foto-54Por ocasião de uma reunião promovida pelo Lions Clube, Núcleo Zito Mariano, ocorrida meses atrás, no Prédio da Associação Comercial, fiquei sabendo de algumas histórias ocorridas em nossa cidade, lá nas décadas de 60/70.

IMG_9392Pois bem, para os vitorienses com  um pouco mais de  cinquenta anos e que participaram ativamente do nosso grandioso carnaval, o nome do Maestro Ulisses lhe é bastante familiar. Professo Ulisses, como assim também era conhecido, marcou época aqui na nossa cidade. Natural da cidade de Belo Jardim, durante mais de uma década, o Maestro Ulisses, juntamente com seus  músicos, se configurou como verdadeira atração  nas festas MOMESCAS Vitoriense.

Os senhores Valdir e João Torres, ambos também filhos naturais da cidade de Belo Jardim, pertenceram ao esquadrão musical do Maestro Ulisses. Contou-me Valdir, hoje tem sessenta e cinco anos, que os carnavais da Vitória nunca saíram da sua cabeça: “tocar em Vitória era a melhor festa para nós”, disse ele.

Nosso bate papo carnavalesco começou quando ele perguntou-me sobre o Hotel Fortunato. Disse ele: “fiquei hospedado muito vezes ali. Saia lá  de Belo Jardim  de trem para passar os quatro dias  tocando  no carnaval daqui”.

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Disse-me ele que naquele tempo quando a orquestra do Maestro Ulisses tocou, pela primeira vez,   a música “Jesus Cristo”, do Rei Roberto Carlos, em ritmo de frevo, em plena folia, foi o maior comentário por parte da comunidade católica da cidade.  Disseram: “QUE FALTA DE RESPEITO COM JESUS.”

Também falou Valdir que certa vez, um pessoal da PITÚ – não soube dizer os nomes – chegou na hora do almoço no Hotel Fortunato com um disco de vinil (compacto) contendo um jingle da Pitú e pediram ao Maestro Ulisses para tocar na apresentação de rua da orquestra. Professor Ulisses, com toda sua calma e humildade disse assim: “deixe eu escutar“. Depois colocou um pouco de suspense: ” é… vamos vê se dá para fazer!”. Após o almoço, fez a partitura para todos os instrumentos, promoveu um pequeno ensaio e fez o maior sucesso na apresentação da noite.

Portanto, eis ai, alguns “recortes” da marcante contribuição do Maestro Ulisses ao carnaval da Vitória. Particularmente, não lembro dele atuando mas, certa vez, em um  carnaval fui apresentado a ele na casa do meu Tio Romildo Mariano, que aliás, era um grande fã e reconhecedor da importância do seu trabalho para o Carnaval da Vitória. Sendo assim, fica aqui esse pequeno registro de gratidão ao Maestro Ulisses pela sua ímpar contribuição ao nosso secular carnaval.

No próximo sábado já tem carnaval.

Faijoada ABTV 2016Em função do “apertado” calendário carnavalesco de 2016 o tradicional evento intitulado (5ª) Feijoada da ABTV será realizado mais cedo. Mas, independente de qualquer coisa a festa manterá o modelo e o sucesso dos anos anteriores.

O  peculiar encontro carnavalesco, entre outras coisas, tem como objetivo reunir os diretores de agremiações carnavalescas da cidade, homenagear pessoas que contribuíram e que ainda contribuem com nosso secular carnaval e dá, de cera forma, o PONTA PÉ OFICIAL DA FOLIA DE MOMO NA REPÚBLICA DA CACHAÇA. Portanto, vamos participar!!!

SERVIÇO

5ª Feijoada da ABTV
Restaurante Gamela de Ouro
Próximo sábado –  09 de janeiro
A partir das 11h
Preço da pulseira/ingresso – R$ 15,00 – com diretores de blocos – kiko Petiscaria – Galema de Ouro
Obs: Direito a Feijoada.

Pitú lança 6 milhões de latinhas especiais de Carnaval

PITÚ Lata Carnaval 2016 3D (4)Os amantes da combinação “cachaça e Carnaval” já podem dar o pontapé inicial na folia garantindo a lata momesca da Pitú. A empresa colocou em circulação no comércio de toda a região Nordeste seis milhões de unidades de 350 ml da cachaça tradicional com layout especial de Carnaval. A ilustração foi inspirada na alegria dos músicos que compõem as tradicionais orquestras de frevo, com notas musicais, partituras e instrumentos de metal, além das cores vivas que caracterizam a efervescência do período carnavalesco. A criação foi desenvolvida pela agência Extra Comunicação.

MOMENTO CULTURAL: Entre a Cruz e a Espada – por Severina Andrade de Moura

severina moura

Eu sofro porque sou balança
equilíbrio entre o cheio e o vazio.
Paredão onde acham confiança
homens de bem, mulheres de brio.

Ouço de lá e de cá os desabafos.
Fico no meio, entre a cruz e a espada.
Não quero destruir jamais, os laços
que se criaram em longas caminhadas.

Às vezes sou mal interpretada.
Que importa! Jesus também o foi
Quero ser útil em toda minha estrada

E quando eu me for, quero que digam
nela eu tive uma grande aliada
e se esquecer de mim jamais consigam.

Profª Severina Andrade de Moura, nasceu em Vitória de Santo Antão. Foram seus pais: José Elias dos Santos e Doralice Andrade dos Santos. Viúva de Severino Gonçalves de Moura, com quem se casou em 1962. Fez o curso Pedagógico no Colégio N. S. da Graça. Lecionou em Glória do Goitá e Carpina. Concluiu Licenciatura Plena em Letras em Caruaru (1976). Pós-graduação em Língua Portuguesa na Univ. Católica (1982). Ensinou em várias escolas estaduais e municipais na Vitória e ensina atualmente na Escola Agrotécnica e na Faculdade de Formação da Vitória de Santo Antão. Poetisa por vocação. Colabora na imprensa loca.