No tempo de eu menino – Doce Japonês – por Sosígenes Bittencourt.

Uma vez minha mãe disse a minha irmã que comida de rua era porcaria. Quando o doce japonês passou na porta de casa, minha irmã pediu a minha mãe: – Mamãe, compra porcaria pra mim.

Comi muito as cocadas de dona Isabel, algodão de açúcar, pirulito, cavaco, chupei picolé de mangaba. Eu comia essas guloseimas populares, escondido, porque mamãe não queria que eu degustasse comida de rua. Foi quando aprendi que tudo que dá medo e é proibido excita o desejo.

Hoje, porcaria que eu conheço é comida industrializada e preservada na base do conservante. Tá ligado?

Sosígenes Bittencourt

Cícero Santos e o seu Livro “A VITÓRIA DO ROCK” – as três gerações – 1983/2017

Através de uma publicação pela internet (facebook), messes atrás,  tomei conhecimento da data ( 30 de novembro) do lançamento do livro “ A Vitória do Rock” – as gerações – 1983/2017 – por Cícero Santos. Sem conhecer o autor pessoalmente, até então, de imediato fiz contato para manifestar minha vontade em comprar o opúsculo. Curiosidades pontuais: interesse na história local de um tema (rock) pouco – ou quase nada –  explorado na historiografia antonense.

Assim sendo, dias atrás, o próprio autor – Cícero Santos – esteve na redação do blog para concluirmos a operação. Não me canso de repetir: lançar livro numa cidade em que não tem sequer uma livraria,  configura-se em tarefa hercúlea. Na ocasião, disse-lhe que  iria ler e, oportunamente, registraria  nas páginas do nosso jornal eletrônico uma pequena resenha.

Como todo roqueiro que se preza o escritor,  Cícero Santos, através das páginas do seu livro – A Vitória de Rock – transpira sentimento pela causa. Mesmo de maneira simples e objetiva, Cícero dialoga na linguagem universal do rock roll fazendo, em certos momentos, comparações curiosas entre os difíceis momentos vividos pelos grupos locais com cenas dos primeiros passos das bandas que viraram verdadeiras lendas mundiais, o que demonstra amplo conhecimento da matéria.

No que se refere à cronologia dos fatos e grupos antonenses que abraçaram a causa do rock  – surgimento, encerramento, participação de eventos e etc –  ele situa o leitor no tempo,  dividindo a narrativa em “três gerações” e, ao mesmo tempo, assumindo o papel de comentarista dos fatos que, de certa forma,  influenciaram tais movimentos.

Sintonizado com as mudanças tecnológicas planetárias o rock, na terra de Santo Antão, ao longo dessas quatro décadas de atuação, na visão do Cícero, é frontalmente impactado com as mudanças no acesso às informações, antes restritas. No que se refere à pesquisa propriamente dita dificilmente o autor teria êxito se não fosse um deles (roqueiro e artista da cena).

Portanto, para todos aqueles que se interessam pelo gênero musical sem fronteira (rock roll) recomendo o livro do amigo Cícero Santos, até porque, em muitos momentos do livro o leitor haverá de “se encontrar” em alguns momentos por ele cravado como importantes no surgimento  do Rock Roll na  Vitória de Santo Antão. Parabéns, mais uma vez,  ao Cícero Santos!!!!

Rivaldo e Cornelio: no mesmo dia – iguais e diferentes!!!

Amigos “das antigas”,  Rivaldo e Cornelio, comemoram data natalícia no mesmo dia, isto é: 10 de novembro. Até o último domingo, eu não sabia. Nos dois encontramos pelo uma coisa igual e uma tremenda diferença: convergem na paixão pelo carnaval, mas quando o assunto é futebol pernambucano se colocam  diametralmente opostos. Um é torcedor do Tricolor do Arruda e o outro do Leão da Ilha!!

Momento Cultural: Martha de Holanda.

Espasmo… Vertigem do sétimo sentido do sol,
nos braços da terra…
Espasmo… O silêncio desvirginizando o tempo
no leito das horas…
Espasmo… A orgia da vida, na bacanal da morte…

Meu amor! Espasmo…
O meu beijo na tua boca…
Meu amor! Espasmo…
O teu beijo na minha boca…

Espasmo… A noite estava, com as estrelas,
arrumando o céu, para receber o dia.
O luar veraneava, longe, levando a sua bagagem de luz
E as ventanias passavam, correndo, para assistir ao
parto prematuro da primeira aurora.
E eu me desfiz dentro de mim…

Espasmo… A natureza parecia enxugar o seu vestido
cor de ouro debruado de azul, hemoptise do poente.
As nuvens voltavam, cansadas do trabalho das trajectórias,
a tomavam a rua das trevas.
Os pássaros acabavam de dar o seu último concerto do dia
na ribalta dos espaços, e recolhiam-se felizes nos bastidores
das folhas.
E eu me procurei em ti…
Espasmo… As raízes entregavam-se à terra,
para a eterna renovação dela mesma.
Os elementos tocavam-se na confusão das origens,
O éter, na elasticidade, dobrava-se
volatizando-se por todo o universo.
E, eu, te senti em mim.

Martha de Holanda

Charles Darwin e sua Teoria – Sosígenes Bittencourt.

Na realidade, Charles Darwin não dizia que o homem veio de um macaco, mas dizia que o homem e o macaco vieram de um mesmo animal. Quer dizer, com o tempo o homem foi ficando homem, e o macaco foi ficando macaco.

Que tal imaginar Charles Darwin, se houvesse uma complicação na sua teoria?

Segundo Ariano Suassuna, se o macaco viver milhões de anos, jamais terá capacidade de fazer um pegador de roupas. Ariano já anda com um pegador de roupas na pasta, admiradíssimo com a geringonça inventada pelo homem.

Não dá para entender perfeitamente certas macaquices intelectuais.

Sosígenes Bittencourt

Fotografia: um momento congelado para a eternidade!!!

Próxima de completar duzentos anos – 1826 – a fotografia ainda continua impressionando!  Se antes permaneceu restrita – apenas disponível aos poucos grupos abastados financeiramente -,   hoje, graças às câmeras digitais,  o seu livre trânsito no “mundo virtual” tornou-se  tão popular quanto beber água em um copo de barro.

Como tudo que é impressionante, a fotografia continua suscitando debates. Alguns críticos não as consideram arte, outros, sim! Mas o mais interessante do registro fotográfico, na minha ótica, são as inferências que cada agente (contemplador) poderá fazer –  dependendo do seu nível de conhecimento da imagem refletida.  Para cada flash, um novo universo de possibilidades…

Assim sendo, fica por conta do livre arbítrio, aliado à capacidade inventiva de cada internauta, imaginar o que se passava na cabeça de cada um desses jovens que foram “congelados”, juntos, nesse rápido e casual instante, do último domingo (10), no Pátio da Matriz.

Detalhes: todos são estudantes do 2º ano do ensino médio, do Colégio Diogo de Braga. Outra dica:  haviam acabado de concluir a segunda prova do Enem,  que fizeram para acumular experiências……Da esquerda para direita, eis os nomes dos “congelados”: Mighuel Montenegro, Leonardo José, Alyne Larissa, Luísa Sandrelly, Marcos Emanuel, Wagner Emanoel, Manuella Siqueira, Carolina Alves, Gabriel de Melo, Caio Tavares e Thiago José.

“Corriola da Matriz” prestigiou o “Primeiro Festival de Forró de Pé Serra do Recife”!!

No sentido de prestigiar o “Primeiro Festival de Forró Pé de Serra do Recife”, realizado no Mercado Público da Encruzilhada, no último sábado (09), partiu da Vitória de Santo Antão uma “Missão Cultural” formada por integrantes do grupo intitulado “Corriola da Matriz”.

Por lá, como não poderia deixar de ser, encontramos pessoas de todas as tendências. Grupos musicais do gênero mais representativo do nosso Nordeste,  de várias cidades e até de outros estados, se revezaram no palco. Boa comida, bebida gelada, encontros e reencontros marcaram mais uma “Missão Cultural”.

Momento Cultural: Meu pecado – Henrique de Holanda.

Eu não posso saber qual o pecado
que, irrefletido, cometi; suponho
seja, talvez, porque te fosse dado
meu coração, – a essência do meu sonho..

Se amar é crime, eu vou ser condenado
e toda culpa, em tuas mãos, eu ponho.
– Quem já te pode ver sem ter amado?!…
Quanto é lindo o pecado a que me exponho!

Se tens alma e tens sangue, como eu tenho;
se acreditas em Deus, dizer-te venho,
– Que pecas, tens amor, és sonhadora…

Deus deu a todos coração igual.
Se eu amo, sofres desse mesmo mal.
– O teu pecado é o meu, – és pecadora!

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 22).

O AZAR DE SHOKO E O FIM DO MUNDO – por Sosígenes Bittencourt.

Desde que vim ao mundo que eu ouço dizer que o mundo vai se acabar, e eu me acabando.

Um dos profetas do fim do mundo chama-se Shoko Asahara, um cidadão condenado à Pena de Morte, no Japão, mais parecido com um truculento assassino do que um profeta divino. Azar de Shoko, que o mundo não acaba no mal desejado, e ele termina assassinado.

Shoko diz que o mundo irá se acabar numa Terceira Guerra Mundial. Ou seja, Asahara vive azarando o mundo. Esquece-se de que já estamos em guerra desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Porém, apressado para comprovar seu desejo, espalhou um gás tóxico num metrô, em Tóquio, em março de 1995, que matou 13 pessoas, deixando outras centenas marcadas para o resto dos dias.

Meio doido, Shoko chocou o mundo ao revelar-se a mistura de Jesus e Buda, simultaneamente, numa salada em que envolve um representante de uma religião teológica e um ícone de uma religião sapiencial.

No mundo, ninguém aceita a seita de Shoko, a Aum Shinrikyo, chamada Verdade Suprema, por causa de sua maldade extrema.

Apesar de pensarem que a seita de Shoko havia murchado no Japão, ela infla-se agora na Rússia e em Montenegro, aterrorizando novamente o mundo.

No mundo, há muitos “shokos” desejando o fim do mundo. Mas, só não acabam com o mundo porque o mundo não deixa.

Desde que vim ao mundo que eu ouço dizer que o mundo vai se acabar, e eu me acabando.

Escatológico abraço!

Sosígenes Bittencourt