Momento Cultural: RODOPIO – por Valdinete Moura.

Na roda da vida
eu danço gigante
querendo encontrar.

Quem dera ser ave
com ossos e asas
podendo voar.

Quem sabe sereia
pele e escamas
pra te namorar?

Ou então pensamento
de luz ou saudade
e muito sonhar.

Melhor ser eu mesma
com nervos e alma
tentando acertar.

Maria Valdinete de Moura Lima, filha de Manoel Severino de Lima e de Lindalva de Moura Lima, nasceu em Vitória de Santo Antão. Bacharela e Licenciada em Letras. Professora de Português da Faculdade de Formação de Professores da Vitória de Santo Antão. Poetisa e contista, tem um livro publicado VOZ INTERIOR – 1986. Tem vários prêmios, entre os quais: José Cândido de Carvalho, contos: Jeová Bittencourt, contos, menção honrosa (Araguari, MG). Concursos promovidos pelo “Timbaúba Jornal”, contos e poesia. É membro da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência.

Momento Cultural: ABANDONO – por ADJANE COSTA DUTRA.

Buscam-me em cada encruzilhada.

É meu abandono na carnificina humana.

A lei do uso desuso tornou-me um intruso.

Sou gente, não carnificina humana.

Nesse açougue da espera os instintos animalescos

são atendidos, mas eu gente, NÃO.

Porque o abandono é como aquele bêbado que cai em cada

esquina, a criança órfã que chora no abandono de todas

as coisas.

 

(TAPETE CÓSMICO – ADJANE COSTA DUTRA – pág. 53).

Momento Cultural: Magistério – por João do Livramento.

Verdadeira é a nação

Que educa suas crianças

Pois nas mãos do professor

É renovada essa esperança

Pra formar um engenheiro

Ou até mesmo aviador

Se quiseres ser dentista

Tens que ter um professor

Só se faz qualquer doutor

Ensinando desde o início

Não importa a profissão

É dependente deste ofício

Das profissões é a maior

Um sacerdócio sem batina

Dedicado a muitas vidas

Sendo a luz que ilumina

Todo dia um ensinamento

A cada aula uma lição

Deus proteja todos eles

Que abraçaram esta missão

O magistério é divino

Se exercido com amor

Obrigado a todos mestres

Obrigado professor!

João do Livramento.

Momento Cultural: Perto do mar, anoitecia… por Célio Meira.

Perto do mar, anoitecia…

Corria o mês de novembro,

– Era Dia da Bandeira,

fomos ver a lua cheia,

ao lado da ribanceira.

Depois, descemos. Na praia,

ficamos a reparar:

– Havia esteira de prata,

nas águas mansas do mar.

Ali, olhando o mar, a lua,

recebemos a lição:

– Jesus Cristo está presente,

na glória da criação.

(migalhas de poesia – Célio Meira – pág. 25).

MOMENTO CULTURAL: ANTE UM QUADRO FELIZ – por Corina de Holanda.

Eu bem sei que no gozo da ventura,
é difícil lembrar
esse calix tão cheio de amargura,
que uma mãe quando baixa à sepultura
faz o filho esgotar.

Eu também, como tu, fui descuidada,
e junto à minha mãe,
vivi sempre feliz, sem pensar nada
do filho que a não tem.

Hoje eu não possuo e tenho a mágoa
morando dentro em mim
tenho sempre os olhos rasos d’água
diante d’um quadro assim…

E peço: ó, tu que tens para aquecer-te,
os carinhos de mãe!…
Com ela te oculta onde não chegue a ver-te
o olhar de quem não tem!

Arquivo da Família

Momento Cultural: OLHOS BIZARROS – por Teixeira de Albuquerque.

Olhos de feiticeira, olhos de graça,
olhos encomendados no Japão,
olhos de grilo, de mulher brejeira,
olhos de luz, de sombra, de ilusão.

Olhos de sol, de sol ou de fogueira?
olhos de rosa, de interrogação
olhos de urtiga, olhos de laranjeira,
olhos de queimar cheios de emoção.

Os meus sonhos, em vós, cantam a Gueixa
e pensam em compor uma sonata
cheia de amor, de idílios e de queixa

De vossa dona que é a vossa nata,
– deixa-me repousar um pouco, deixa,
à sombra dessa, pálpebra que mata.

“O LIDADOR” 29.V.1926

José Teixeira de Albuquerque, nasceu na fazenda Porteiras, Vitória de Santo Antão aos 23 de agosto de 1892. Seus pais: Luiz Antonio de Albuquerque e Dontila Teixeira de Albuquerque. Estudou medicina na Faculdade da Bahia, porém desistiu do estudo no 3º ano. Casou em segundas núpcias com a conterrânea Marta de Holanda, também poetisa e escritora. Publicou o livro de versos MINHA CASTÁLIA e colaborou em várias revistas e jornais; tanto da Vitória como do Recife. Foi funcionário do Arquivo da Diretoria das Obras Públicas do Estado,com competência e zelo. Faleceu no Recife, no dia 2 de outubro de 1948. Não deixou filhos. Sua morte foi muito sentida entre os intelectuais, que não se cansaram de elogiar sua prosa e seus versos.

Momento Cultural: Cérebro – por Henrique de Holanda.

 

Na mocidade,

a razão quase sempre se encandeia,

tornando a vida uma mera ingenuidade.

O cérebro da humana criatura

– quem é moço concebe

ser uma taça de ilusões bem cheia

que o coração segura e a alma bebe.

Mas, a velhice vem

fermentando a bebida outrora pura…

e o coração, que forças já não tem,

vendo a alma fugir, derrama a taça,

que ao se precipitar de grande altura

no chão se despedaça…

 

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 25).

MOMENTO CULTURAL: Estou Quase me Entregando – STEPHEM BELTRÃO‏.

Estou quase me entregando
Saindo do banheiro de toalha
Caminhando de cueca pela casa
Tomando café em copo
Fazendo barba com navalha.

Achando que ciúme é amor
Trocando cega por surda
Levando tapa e achando graça
Achando que pasto é pastor
Andando descalço na praça.

Dormindo com chupeta
Usando meias listradas
Tomando banho com paletó
Confiando no fim do mundo
Bebendo cerveja na calçada.

Invejando os defeitos dos outros
Jogando no Pernambuco dá Sorte
Trocando a noite pelo dia
Roubando doce da boca de criança
Achando que está chovendo pra cima
Acreditando que tristeza é alegria.

Momento Cultural: JÁ QUE TE FIZ SOFRER – por Heitor Luis Carneiro Acioli.

Que crueldade fiz a ti! É imperdoável o que te fiz. Mas “minha fada”, não me deixe! Prometo os sete mares velejar para pôr um fim naquilo que te faz sofrer. Se te fiz algo errado, perdão e volta pra mim! Vou até o fim do mundo pra me redimir contigo.

Se quiseres que eu extinga minha vida, farei sem problemas, afinal é o mínimo que posso fazer, já que te fiz sofrer.

(Meu jeito em versos e prosas – Heitor Luis Carneiro Acioli – pág. 03).

Momento Cultural: PARA MINHA NETINHA – Por Diva Holanda.

Plim Plim! Parece conto de fadas ou mesmo boato infundado mas, o que é fato é verdade e não pode ser contestado: Diva vai ser vovó ela que parecia querer ver em Mano um menino de repente o viu crescer. Cresceu deu nova vida a quem não foi programada mas que será com certeza das filhas a mais amada. Nascendo em tempo tão ruim onde não se tem esperança, estou apostando em você minha doce e terna criança. De você vou ser vovó de fadas vou lhe falar vou cantar mesmo sem voz lindas canções de ninar. E a vovó que daria bolões de feijão e amor, que hoje é da guarda você vai levar uma flor. E no seu mundo encantado com baleias navegando, sem guerra e sem fuzis você vai crescendo pesando: Que Drumond não morreu nunca Que Deus é bom e perdoa, Que a vida já é história De um pensamento que voa.

Dra. Diva de Holanda Bastos, vitoriense, filha de Manoel de Holanda Cavalcanti e de Noêmia de Andrade de H. Cavalcanti. Professora universitária e odontóloga. Oradora do “Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão”. Pertence a uma família de poetas, não poderia deixar de versejar, o que faz com muita graça e beleza.

Momento Cultural: E lá estava ele (poesia) – Por Elmo Freitas

Impedido de mergulhar nas suas próprias dores
Sufocado com suas próprias palavras
Febril com seus próprios medos
Sórdido com seu próprio eu
Perdido nas sombras dos dias
Acalentado pelo silêncio da noite
Aprisionado no tempo
Contemplado com a ilusão
Embriagado com a lua
Soterrado com a solidão
Entorpecido com o silêncio
Mergulhado na aflição.

Elmo Freitas – Poeta do “Os Confundidos”

Momento Cultural: A última esperança – por Henrique de Holanda.

Lá, pelas quebradas do meu coração,
onde o eco de todas as tristezas
vive a gemer…
foge, dolentemente,
uma caravana inteira de olusão…
Do meu peito por sobre as asperezas
e sem nada temer,
ficou uma esperança unicamente…
Nela a minha ventura se condensa;
ao seu lado, sereno, hei de seguir;
em si, as minhas máguas se sumiram…
Ela toda, a grande indiferença
que me anima a sorrir
das outras esperanças que partiram!…
Ao lado dela, pelos mais caminhos,
da vida, pelas trilhas sinuosas,
seguirei, a calcar muitos espinhos,
como se fosse andando sobre rosas…

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 13).

Momento Cultural: Quando – por Stephem Beltrão.

Quando você pensa que estou triste

Estou alegre

Quando você pensa que estou mal

Estou bem

Quando você pensa que estou perdido

Estou no rumo

Quando você pensa que estou dormindo

Estou acordado

Quando você pensa que estou só

Estou acompanhado

Quando você pensa que estou embriagado

Estou sóbrio

Quando você pensa que estou caído

Estou erguido.

Enquanto você achar que estou quebrado

Prosseguirei inteiro

Enquanto você achar que sou apagado

Serei acesso

Enquanto você achar que vivo doente

Estarei sadio

Enquanto você achar que fico preso

Serei libertado

Enquanto você achar que ando sofrendo

Permanecerei feliz

Enquanto você achar que ando chorando

Seguirei sorrindo

Enquanto você achar que já morri

Continuarei vivo.

Momento Cultural – Célio Meira.

Vejo, de minhas janelas,
três coqueiros, que beleza!
parecem três sentinelas,
no Templo da Natureza.

Bençãos de Deus! Ano Novo!
Sossego, Luz e Bonança;
– Não perca, amigo, na vida,
a semente da esperança.

Um dia, vi uma estrada
algumas rosas de luz…
ouvindo, do Alto, esta voz:
– por aqui passou Jesus.

O avarento, sem bondade,
vive pobre na riqueza,
e quando chega o seu fim
morre rico na pobreza.

Os que passam pelo mundo,
sem amor, sem alegria,
são fugitivos da Fé,
numa triste romaria.

Célio Meira

De “Migalhas de Poesia”

(do livro: ANTOLOGIA DA POESIA VITORIENSE – Júlio Siqueira – 1843-1993  ANO DO SESQUICENTENÁRIO DA VITÓRIA – PÁG 55)

Momento Cultural: INERTIA – por ADJANE COSTA DUTRA

Adjane Costa Dutra (2)
Nas imagens dos sons inertes…

Inertia, inactivity, sloth.

Inércia dos sonhos coloridos…

Nas folhas brancas ao léu…

Momentos perdidos,

inércia desse vento nas paragens do tempo

de INTERROGAÇÕES ???????

Pára-tempo, tempo-pára.

Para, pára, o que não paro.

Inércia nos sons, nos sonhos coloridos,

Nas paragens desse tempo inertemente perdido…

(TAPETE CÓSMICO – ADJANE COSTA DUTRA – 1995 – pág. 25).

Momento Cultural: Cérebro – por Henrique de Holanda

Henrique-de-Holanda-Cavalcanti-3

Na mocidade,

a razão quase sempre se encandeia,

tornando a vida uma mera ingenuidade.

O cérebro da humana criatura

– quem é moço concebe

ser uma taça de ilusões bem cheia

que o coração segura e a alma bebe.

Mas, a velhice vem

fermentando a bebida outrora pura…

e o coração, que forças já não tem,

vendo a alma fugir, derrama a taça,

que ao se precipitar de grande altura

no chão se despedaça…

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 25).

Momento Cultural: ÁRVORE AMIGA – por José Teixeira de Albuquerque

texeira

Ei-la aqui derrubada! Esta árvore que outrora
era o ponto melhor dos ninhos da floresta,
vivendo a proclamar a beleza da flora
altaneira, copuda e ramalhuda e erecta.

Farfalhando – acordava os pássaros na aurora
protetora – abrigava os pássaros na sesta…
Então eles cantavam uma canção sonora
uma canção de amor, de gratidão, de festa!

Mas um verme a roer-lhe as fibrosas entranhas
deu-lhe dores cruéis, estúpidas, tamanhas
fazendo-a vacilar… esmorecer e cair…

de pássaros deixando a procissão chorosa!
– José de Barros foi como esta árvore frondosa
deixou Vitória toda enlutada a carpir.

“O LIDADOR” 24.VI.1926

José Teixeira de Albuquerque, nasceu na fazenda Porteiras, Vitória de Santo Antão aos 23 de agosto de 1892. Seus pais: Luiz Antonio de Albuquerque e Dontila Teixeira de Albuquerque. Estudou medicina na Faculdade da Bahia, porém desistiu do estudo no 3º ano. Casou em segundas núpcias com a conterrânea Marta de Holanda, também poetisa e escritora. Publicou o livro de versos MINHA CASTÁLIA e colaborou em várias revistas e jornais; tanto da Vitória como do Recife. Foi funcionário do Arquivo da Diretoria das Obras Públicas do Estado,com competência e zelo. Faleceu no Recife, no dia 2 de outubro de 1948. Não deixou filhos. Sua morte foi muito sentida entre os intelectuais, que não se cansaram de elogiar sua prosa e seus versos.

Momento Cultural: Magistério – por João do Livramento

garanhuns 003-1

Verdadeira é a nação

Que educa suas crianças

Pois nas mãos do professor

É renovada essa esperança

Pra formar um engenheiro

Ou até mesmo aviador

Se quiseres ser dentista

Tens que ter um professor

Só se faz qualquer doutor

Ensinando desde o início

Não importa a profissão

É dependente deste ofício

Das profissões é a maior

Um sacerdócio sem batina

Dedicado a muitas vidas

Sendo a luz que ilumina

Todo dia um ensinamento

A cada aula uma lição

Deus proteja todos eles

Que abraçaram esta missão

O magistério é divino

Se exercido com amor

Obrigado a todos mestres

Obrigado professor!

João do Livramento.