SOBRE A BREVIDADE DA VIDA – por Sosígenes Bittencourt.

O ser humano é um animal sem solução. Todo ser humano tem um livro escrito na memória que vai folheando, folheando… Às vezes, desprende um aroma. É o passado intrometendo-se na vida da gente, o passado sempre presente.

A brevidade da vida relembra o poeta romano Horácio (65 – 8 a.C.), agoniado com a fugacidade do tempo: Eheu! fugaces labuntur anni!: Ai de nós! os anos correm céleres.
Tudo que nos mantém vivos, nos mata. Sem o oxigênio, morreríamos; por causa do oxigênio, morreremos. Sem colesterol, morreríamos; por causa do colesterol, morreremos.

Se não comêssemos, morreríamos; porque comemos, morreremos. Tudo que nos faz viver corrói a vida. Tudo que auxilia na vida, auxilia na morte. Por isso, é preciso esquecer a brevidade da vida e usufruir da preciosidade do tempo. Ninguém tem obrigação de pensar na morte, aquilo que só acontecerá uma vez na sua vida. Portanto, contra a contrariedade de pensar na morte, a liberdade de não pensá-la.

Efêmero abraço!
Sosígenes Bittencourt

 

REVISTA FRAGMENTOS Ano XXXVIII (1987-2025) – por Sosígenes Bittencourt.

1) Assaltantes põem revólver em duas idosas na Silva Jardim. Nem tudo para os moradores da Silva Jardim são flores.

2) A paixão é uma maldade: quando junta, arenga; quando separa, sente saudade.

3) Dançar, para mim, é uma harmonia neurodinâmica, sistêmica, funcional,
um desafio à gravitação universal.

 

Sosígenes Bittencourt.

 

PARA O DIA DO NORDESTINO – por Sosígenes Bittencourt.

Imagino Ariano Suassuna entrando no céu.
Surge Uma Mulher Vestida de Sol e pergunta: – Ariano, você sabia que morreu?
E o artesão do Auto da Compadecida: – E quem foi que nasceu pra não morrer?
Um escritor não tem que ser necessariamente triste. Ariano não o era. Era um visionário de alegrias. Difícil saber onde terminava o homem e começava o poeta. Sua arte se confundia com o seu dia a dia. Nunca vi alguém dizer que, uma vez perguntado, desejaria renascer um dia.
O escritor vive escrevendo.
O escritor morre escrevendo.
Até quando dorme, sonha escrevendo.
Um olho aberto e outro fechado,
uma folha de papel e uma caneta ao lado.
Assim, anda vivendo,
Assim, vive andando,
meio acordado, meio sonhando.

Sosígenes Bittencourt

PRIMEIRO ATO – por Sosígenes Bittencourt.

Manhã cedinho, ponho-me a lidar com as palavras. Leio desde quando não sabia ler e escrevo desde quando não sabia escrever. Ver é natural. Ler é intelectual. Penso, logo escrevo. Escrevo, logo sou lido. Sou lido, logo existo. Ensinar, para mim, é uma forma de conviver, minha escola é o mundo. Eu não faço poesia de propósito, faço poesia quando a beleza passa. Eu não sou egoísta, por isso conto a poesia pra todo mundo.

Sosígenes Bittencourt

A EXPOSIÇÃO DE QUADROS DE ZÓZIMO FERREIRA – por Sosígenes Bittencourt.

Espetáculo memorabilíssimo de Setembro de 2021, em Vitória de Santo Antão, foi a Exposição de Zózimo Ferreira, no Clube Abanadores O Leão, com direito a teatralização do maior ator da Paixão de Cristo no palco da cidade, com direito à melhor execução musical já protagonizada pela Orquestra Avalovara, uma brilhante homenagem ao escritor vitoriense Osmar Lins.

Só o gentleman Zózimo Ferreira poderia nos proporcionar noite tão inesquecível, com sua vocação religiosa, sua catolicidade, na revelação de quadros tão irretocavelmente perfeitos da encenação do Gólgota, da Via Crucis do Salvador no berço da heroína Mariana Amália. Lembrava-me, pelo contentamento, a maravilhosa peça musical de Sebastian Bach, em sua magnífica composição Jesus, Alegria dos Homens.

Palmas, e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

 

MINIBIOGRAFIA – por Sosígenes Bittencourt.


Ensinar, para mim, é uma forma de conviver.
minha escola é o mundo.
Estudar, para mim, é uma forma de conviver,
minha escola é o mundo.
Sou professor no que ensino;
no que estudo, sou aluno.
Sou filho de professora Damariz,
meio gente, meio pó de giz.
Fazer poesia é destino,
sou poeta desde menino.
Porém, sou poeta trabalhado,
o meu dom é divino,
mas o estudo é sagrado.

Sosígenes Bittencourt

HONRARIA EM PARELHAS, RIO GRANDE DO NORTE- por Sosígenes Bittencourt

Honraria, reconhecida de todo coração, vem de Parelhas, Rio Grande do Norte, para Pernambuco, em Vitória de Santo Antão.
São netos, bisnetos e tataranetos, da Família Bittencourt, abismados com as homenagens concedidas ao professor Felipe Bittencourt, em quadro emoldurado à frente de desfile do Educandário Felipe Bittencourt. O cidadão era formado em Ciências e Letras, habilíssimo na inteligência de ambos hemisférios cerebrais: o das matemáticas e línguas internacionais.
Portanto, pelo brilhante legado, reconhecido por familiares encantados, Palmas e muito Obrigado!
Sosígenes Bittencourt

EU, A BICO DE CANETA, RETRATADO POR ALMIR BRITO – 1975 – por Sosígenes Bittencourt.

Uma recordação do tempo da boemia saudável, quando podíamos retornar do Baixo Meretrício, de madrugada, camisa no ombro, a assobiar, baforando um cigarro “à lá” Humpfrey Bogart.
Medo, só de alma do outro mundo, no tempo em que menino não portava arma de fogo, não pitava “cannabis sativa”, nem namorava nu.
O pintor, escultor, violonista e poliglota Almir Brito, no entorno do Grupo Escolar Pedro Ribeiro, anda vivo, no mundo, para contar.
Boêmio abraço!
Sosígenes Bittencourt

MINHA PRIMA SEMÍRAMIS – por Sosígenes Bittencourt,


Esta é minha prima Semíramis por volta dos 10 anos de idade. Era o tempo em fase de lapidação, o tempo artesão. A mim, não me parecia uma beleza brasileira; antes, uma escandinava, uma beleza setentrional, nórdica, talvez.

O meu tio Sócrates, familiarmente conhecido como Tuxa, tinha crises, justificadas, de ciúme. Daqui, pareço vislumbrar o seu sorriso de afirmação no limbo do horizonte eterno.

A beleza não é uma invenção humana, a beleza existe.

Sosígenes Bittencourt

FALECIMENTO DE LUIS FERNANDO VERÍSSIMO – por Sosígenes Bittencourt.

 

A melhor forma de homenagear o recém-falecido escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo, filho do famoso escritor Érico Veríssimo, é espalhando algumas frases de sua brilhante imaginação irônica e humorística.

Eu conheço duas, por exemplo, que as remodelei. Ei-las: A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final.
Eu digo assim: Filhos, você faz o rascunho. Quem pinta o desenho é o tempo.

Outra frase dele muito sofisticada é: Eu desconfio que a única pessoa livre é a que não tem medo do ridículo.
Eu deduzo assim: Quando alguém me acha ridículo, eu digo que é o preço de minha liberdade.
Quando eu vejo um grande filho imitar um grande pai, eu me lembro de uma frase do tempo de eu menino: Filho de gato é gatinho e, de gato maracajá, é pintadinho.
Requiescat in Pace!

26/09/1936-30/08/2025

Sosígenes Bittencourt

 

 

DISTRAÇÃO DA TERCEIRA IDADE EM VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – por Sosígenes Bittencourt.


O restinho de uma geração que tinha limites e não sabia o que era depressão. Hoje, os adolescentes fazem sexo na casa dos pais e estão se tratando com psiquiatra.
A diferença entre a Pornografia e o Erotismo é que a pornografia é o nu sem explicação, e o erotismo é o nu na imaginação.

Sosígenes Bittencourt

26 ANOS DA MORTE DE DOM HELDER CÂMARA – por Sosígenes Bittencourt.


(27/08/1999 – 27/08/2025)

Dom Helder Câmara não foi um cidadão milenar, posto que morreu em Agosto de 1999; milenares, somos nós, que contemplamos a aurora do Terceiro Milênio.
Eis, portanto, algumas frases que resumem o pensamento e postura religiosa do arcebispo emérito de Olinda e Recife, filho de Fortaleza e fortalecido na Terra dos Altos Coqueiros.
1) O verdadeiro Cristianismo rejeita a ideia de que os pobres devem atribuir a sua pobreza à vontade de Deus.

2) Sempre que procura defender os sem-vez e sem-voz, a Igreja é acusada de fazer política.

3) Quando alimentei os pobres, chamaram-me de santo; quando perguntei por que havia pobre no mundo, chamaram-me de comunista.

Sosígenes Bittencourt

INSCRIÇÕES TUMULARES – por Sosígenes Bittencourt.

Beberrão de whisky: Envelhecido em caixão de carvalho.
Médico: Eu sabia que a morte era um caso sem remédio.
Espírita: Volto já!
Ecologista: Entrei em extinção.
Funcionário público: É no túmulo ao lado.
Garanhão: Rígido, como sempre.
Drogado: Enfim, pó.
Hipocondríaco : Eu não disse que estava doente?!
Humorista: Isso não tem a menor graça.
Jangadeiro diabético: Foi doce morrer no mar.
Arqueólogo: Enfim, fóssil.
Judeu: Quem ficou na loja?
Brother: Fui!
Delegado: Circulando! Circulando!
Pessimista: Aposto que está fazendo o maior frio.
Alcoólatra: Enfim, sóbrio.
Internauta: www.aquijaz.com.br
Gargalhado abraço!

Sosígenes Bittencourt

GARI CATADO MORTO – por Sosígenes Bittencourt.


Marido de delegada mata gari, no trânsito, em Belo Horizonte. O gari catava lixo e foi recolhido como resíduo humano. O marido da delegada andava solto na buraqueira e reciclou o gari em caveira. Lembra-me o brocardo latino: Quid faciant leges ubi sola pecunia regnat?

Que valem as leis onde só impera o dinheiro?

Sosígenes Bittencourt