MÁRIO DE FARIAS CASTRO – por Pedro Ferrer

Estatura mediana baixa. Sempre de paletó, predominantemente cinza. Essa é a imagem que dele guardo quando de casa saia para a igreja da Matriz.

Mário de Farias Castro, o grande cruzado da “Casa dos Pobres”, era filho de Francisco de Farias Castro e de Maria Júlia de Farias Castro. Seu pai, juiz de direito, ao aposentar-se fixou residência em Gravatá, onde, no dia 26 de agosto de 1901, nasceu aquele que seria o grande baluarte da nossa “Casa dos Pobres”. Aos 15 anos, com a morte do pai, mudou-se para o Recife, onde concluiu o curso secundário. Ingressou, em seguida, na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se no dia 18 de dezembro de 1924. No ano seguinte foi nomeado promotor da Comarca de Belém do Cabrobó, sendo logo em seguida transferido para a Comarca do Jaboatão. Em março de 1928, sendo promotor de Bezerros, contraiu núpcias com a senhorita Maria Belkiss de Holanda Cavalcanti, antonense, filha do dr. Nestor de Holanda Cavalcanti. As núpcias foram oficializadas pelo padre José Lamartine Correia de Lyra, vigário de Piedade. No ano de 1929 vamos encontrá-lo como promotor da Comarca dos Barreiros. Em 1930, com a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, foi, por perseguição política, demitido do cargo de promotor, pelo interventor federal em Pernambuco, dr. Carlos de Lima Cavalcanti, demissão decorrente de sua manifesta simpatia pelo partido Integralista, do qual era membro e que tinha como líder o dr. Plínio Salgado, inimigo político de Getúlio Vargas. Era uma época de repressão, na qual a democracia e a liberdade eram amordaçadas

Dr. Mário Castro não baixou a cabeça. Passou a residir em Vitória de Santo Antão e reabriu sua banca de advogado, pautando-se sempre pelos nobres valores do cristianismo: justiça e caridade. Mais tarde, impulsionado pelos seus elevados sentimentos de amor ao próximo lançou, como presidente da União dos Moços Católicos, a ideia, logo acolhida pelo padre Américo Pita e por toda a sociedade antonense, de fundar a Casa dos Pobres que se tornou a razão primeira de sua vida.

Assim sendo dedicou-se de corpo e alma ao elevado ideal. Paralelamente construiu 40 casas, cujos alugueis foram destinados à manutenção do abrigo dos velhos abandonados, ao mesmo tempo em que se dedicava sem trégua às atividades forenses e sociais. Em 1950 participou da fundação do Instituto Histórico e Geográfico do qual foi orador durante vários anos. Dele partiu a iniciativa de doar, ao Instituto, a histórica mesa usada pela Família Imperial, quando de sua passagem pela nossa cidade.

Mário Castro não deixou filhos. Vítima do diabetes, doença com a qual conviveu por mais de trinta anos, faleceu no dia 18 de fevereiro de 1967, na idade de 66 anos. O grande instituidor e mantenedor da “Casa dos Pobres” legou às futuras gerações um extraordinário exemplo de amor ao próximo.

Pedro Humberto Ferrer de Moraes. 

-Fonte bibliográfica:

-Revista do Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo antão, volume VIII, página 57, 1982.

-Transmissões orais e conhecimento direto do biografado.

– “A Voz Parochial”, periódico da Matriz de Santo Antão.

O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.

De Vinicius de Moraes: Tenho os olhos cansados de olhar para o além.
De Luiz Caldas: Toda menina que enjoa da boneca é sinal que o amor já chegou no coração.
De Guillaume Guizot: Quando a Política penetra no recinto dos Tribunais, a Justiça retira-se por outra porta.
De Inácio de Loyola: Ora, como se tudo dependesse de Deus, e trabalha, como se tudo dependesse de ti.
De Pitigrilli: Nasce-se incendiário e acaba-se bombeiro.
Reflexivo abraço!

Sosígenes Bittencourt

 

“PC Farias” – por @historia_em_retalhos.

Este é Paulo César Cavalcante Farias, o “PC Farias”.

PC era um empresário alagoano bem sucedido que ganhou projeção nacional ao ser o tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência da República em 1989.

Foi acusado de ser o articulador de um esquema de corrupção conhecido como “esquema PC”, o qual redundaria no impeachment de Collor em 1992.

Ele seria o testa de ferro do esquema que movimentara mais de um bilhão de dólares dos cofres públicos, com a conivência do presidente.

Sua morte, em 1996, até hoje, é obscura.

Em julho de 1993, PC decidiu fugir do Brasil em um bimotor acompanhado do piloto Jorge Bandeira, seu sócio.

A rota de fuga começou por Ibimirim (PE), com escalas em Bom Jesus da Lapa (BA), Dourados (MS) e Assunção (PY), até chegar a Buenos Aires (ARG).

Em novembro, é preso em Bangcoc, na Tailândia, sendo condenado, no ano seguinte, a sete anos de prisão por falsidade ideológica.

Em liberdade a partir de 1995, uma grande surpresa choca o país na madrugada do dia 23 de junho de 1996: os corpos de PC Farias e de sua namorada Suzana Marcolino são encontrados mortos na casa de praia de Guaxuma, em Maceió.

O que aconteceu com PC Farias?

A versão oficial aponta para um crime passional.

Segundo o legista Badan Palhares, Suzana matou PC e suicidou-se em seguida.

Já para o médico-legista George Sanguinetti e o perito criminal Ricardo Molina o casal teria sido assassinado.

Irresignado com a versão oficial, o promotor Luis Vasconcelos continuou com as investigações e levantou a hipótese da presença de uma outra pessoa na cena do crime, denunciando os quatro ex-seguranças de PC.

Todos foram pronunciados, porém absolvidos em júri popular ocorrido em 2013.

Um detalhe: o irmão de PC, o então dep. federal Augusto Farias, e a sua namorada Milena, passaram a noite com o casal, mas saíram antes do momento do crime.

Augusto e Milena nunca foram levados a julgamento, por requerimento da PGR.

Até hoje, a pergunta: quem matou PC Farias❓

PC era uma caixa viva de informações, capaz de dinamitar até a mais sofisticada cúpula de poder.

A quem interessar, recomendo “As duas mortes de PC Farias”, de Luis Costa Pinto. 📚
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7ª Festa da Saudade – já estamos reservando mesas e camarotes!!!

Chegando para sua 7ª edição, já com data, local, horário e atração musical definidos, a Festa da Saudade já se configura num tradicional encontro dançante da  nossa República das Tabocas.

Voltada para um público  mais maduro e  qualificado –  no sentido do gosto musical –  a referida festa social congrega, principalmente, pessoas que gostam de dançar.

Na qualidade de principal atração musical, a internacional Orquestra Super Oara dispensa qualquer apresentação. O evento irá acontecer no sábado, 17 de agosto,  no Clube Abanadores “O Leão”, a partir das 21h.

Veja um pequeno da vídeo da última edição (6ª):

https://youtube.com/shorts/GS9VzHxF8gQ?si=MWesQBbSuOaZKndm

Serviço:

Evento: 7ª Festa da Saudade

Dia: 17 de agosto 

Horário: 21h

Local: Clube Abanadores ” O Leão”

Reservas de Mesa e Camarotes: 9.9192.5094 (Pilako).

Obs: não haverá venda de ingresso individual. 

O Riacho do Navio – por @historia_em_retalhos,

Esta grande pedra no lado direito da foto é a “Pedra do Navio”, localizada na Fazenda Algodões, em Floresta-PE.

Tal formação rochosa em formato de uma embarcação situa-se no leito do riacho que leva o seu nome, o famoso “Riacho do Navio”, que inspirou a canção de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, gravada em 1955.

O sempre cantado e festejado “Riacho do Navio”, de curso temporário, é um afluente do Rio Pajeú, encontrando-se com ele a 4km ao sul de Floresta/PE.

Mais adiante, na divisa entre Floresta e Itacuruba/PE, o Pajeú derrama as suas águas no São Francisco, que segue o seu curso até desaguar no Oceano Atlântico.

José de Sousa Dantas Filho foi um dos maiores parceiros do Rei do Baião e nasceu em Carnaíba/PE.

Porém, os seus pais tinham uma fazenda no município de Betânia/PE, que era cortada pelo Riacho do Navio, servindo-lhe de inspiração para criar a canção homônima.

Em verdade, esta obra-prima do cancioneiro popular revela a enorme sensibilidade do genial Zé Dantas.

De forma metaforizada, a música propõe a filosofia de voltar para o simples, quando sugere que “se fosse um peixe” trocaria a imensidão do mar pela simplicidade do Riacho do Navio.

Ao ir “direitinho pro Riacho do Navio”, teria vida singela, para ver o seu “Brejinho” (nome da fazenda de seus pais), onde encontraria a passarada, as caçadas, as pegas-de-boi etc.

Se observarmos, o tal peixe de Dantas transcende a figura do seu criador.

Este peixe corajoso e lutador representa bem o homem do campo, sertanejo sofrido, que, na contramão do fluxo migratório, ou seja, “ao contrário do rio”, guarda no fundo da sua alma o desejo de retornar ao seu torrão natal, “saindo lá do mar, pro Riacho do Navio”, “sem rádio e sem notícias das terras civilizadas”.

Que linda poesia popular.

Salvem Zé Dantas e o Rei do Baião.

Um bom São João pra todo mundo, gente.
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PITÚ garante a resenha junina com loja física em Caruaru.

“Boutique da Resenha” está com produtos além da cachaça, como camisas, shoulders bags, bonés e kits caipirinha até o final de junho

A PITÚ, cachaçaria genuinamente de Vitória de Santo Antão, Zona da Mata de Pernambuco, mantém a tradição de incentivar os festejos da cultura popular e marca presença no maior São João do mundo com loja física em Caruaru, no Agreste do Estado. O espaço temporário “Boutique da Resenha” fica em frente ao terraço gastronômico, na Praça Giacomo Mastroianni, seguindo o calendário de shows do Pátio do Forró até o final de junho. Neste fim de semana de São João, a loja funciona até a segunda-feira (24/06), e no próximo, durante as festas de São Pedro, até o domingo (30/06).

A loja da PITÚ na capital do forró está com produtos que vão além da cachaça, como camisas, shoulders bags, bonés e kits caipirinha. “A PITÚ tem uma legião de fãs que, além de apreciarem a bebida, se identificam com o DNA da ‘resenha’ que imprimimos nos nossos produtos. A loja em Caruaru é mais uma oportunidade de estarmos perto do nosso público espalhando o ‘estilo pituzeiro’. Convido todo mundo que for curtir as festas juninas em Caruaru a nos fazer uma visita!”, chama Eduarda Ferrer, gerente de marketing da cachaçaria pernambucana.

SAIBA MAIS SOBRE A PITÚ –Uma das maiores indústrias de aguardente do Brasil, a PITÚ engarrafa e comercializa milhões de litros por ano. É a cachaça mais consumida nas regiões Norte e Nordeste, a vice-líder do País. A PITÚ está em sua quarta geração de gestores e mantém investimentos contínuos em inovação tecnológica, programas de sustentabilidade e ações de marketing, que garantem a qualidade do produto e refletem no posicionamento da marca diante do segmento.

A cachaça pernambucana se mantém entre as 20 marcas de bebidas destiladas mais produzidas no mundo. Na Europa, a PITÚ comanda o mercado e tem a Alemanha como o país líder em consumo. Outros países do Velho Continente, também importantes para a marca, são:  Áustria, Grécia, Espanha, Suíça e Bélgica. Nos demais continentes a PITÚ também está presente em alguns países, como: Argentina, Canadá, África do Sul, Estados Unidos, México.

A PITÚ é uma aguardente de cana pura, transparente, de sabor marcante e teor alcoólico de 40%. O produto é comercializado em garrafas retornáveis de 600 ml, garrafas de 965 ml e latas de alumínio com 350 ml, 473 ml, 710 ml.

Assessoria.

 

 

SÃO JOÃO NO TEMPO DE EU MENINO – por Sosígenes Bittencourt.

Lembro-me do São João das ruas sem calçamento. O mundo parecia um terreiro só. As mulheres cruzavam as pernas, enfiavam as saias entre as coxas, para ralar o milho e o coco, enquanto os homens plantavam o machado nos toros de madeira para fazer as fogueiras. À tardinha, a panela virava uma lagoa de caldo amarelo onde fervia o maná das comezainas juninas. A meninada ensaiava o jeito de ser homem e mulher. De chapéu de palha, bigode a carvão e camisa quadriculada, era quando podíamos chegar mais perto das meninas sem levar carão nem experimentar a sensação de pecado. O coração se alegrava quando sonhávamos com a liberdade de adultos que teríamos um dia. Batia uma gostosíssima impressão de que estávamos bem próximos de fazer o que não podíamos fazer. Os ensaios de quadrilha relembravam a tristeza do último dia. Pois um ano durava uma eternidade, as horas eram calmas, podíamos acompanhar a réstia do sol e contar estrelas. Pamonha, canjica e pé de moleque eram tarefas de dona de casa prendada, de quem o marido se gabava. Tudo era simples e barato, ninguém enricava com a festa. A novidade era a radiola portátil, e os conjuntos eram pobres de tecnologia, mas os instrumentos ricos de som e harmonia, manuseados com habilidade e gosto, na execução do repertório da festa do milho. Quando São Pedro se ia, ficava um aroma de saudade na fumaça das derradeiras fogueiras e no espocar dos últimos fogos.

Sosígenes Bittencourt

Eleições 2024: movimentações curiosas……

Em recente pronunciamento  na tribuna da casa, o   atual presidente da ALEPE, deputado Álvaro Porto, cobrou, de maneira firme, igualdade no tratamento pelo Palácio do Campo das Princesas, no que se refere à liberação dos recursos vinculados às chamadas emendas parlamentares.

Ainda no  contexto do pronunciamento, Porto realçou que 18 deputados – todos da oposição – haviam sido “esquecidos”…

Sobre este mesmo assunto, um determinado órgão da imprensa da capital relacionou uma lista com os nomes dos  deputados contemplados e seus respectivos valores.

Em valores financeiros, na segunda posição da lista,  o  deputado Aglailson Victor aparece bem na fita. Isto é: foi prestigiado pela governadora com o valor de R$ 2.100.000,00 (dois milhões e cem mil reais).

Atual representante dos “Querálvares” no parlamento pernambucano, Victor, que já se lançou pré-candidato a prefeito da Vitória e carrega no seu DNA político uma relação histórica com os lideres do PSB estadual, ao que me consta,  não seria propriamente um deputado aliado do Palácio, mas nesse episódio foi tratado, digamos assim, como uma pessoa especial.

Sabemos, também,  que na política não existe espaço vazio,  muito menos tem nos seus elencos “atores” abestalhados…..

Será que a governadora Raquel Lyra, magoada com o atual prefeito da Vitória, Paulo Roberto, por haver, ele, “pulado fora do seu barco” já começou abrir sua caixa de ferramenta de vingança?

Aliás, é bom que se diga: o prefeito Paulo Roberto continua devendo uma explicação pública pela sua mudança de posicionamento politico  no cenário estadual.

O processo para eleições municipais segue se afunilando…….

“Faz de conta” – por @historia_em_retalhos.

O ano era 1947 e o pequenino Chico Buarque tinha apenas três anos de idade.

Naquele ano, o grande Sivuca compôs no Recife a melodia do que viria a ser “João e Maria”, mas só entregou a música para Chico colocar uma letra 30 anos depois no Rio de Janeiro.

Começava a ganhar forma uma das mais belas valsinhas brasileiras de todos os tempos.

Pois bem.

Motivado pelo fato de que, em 1947, tinha apenas três anos, Chico resolveu fazer uma letra baseada em uma conversa de crianças.

Reparem que é uma obra que evoca a nostalgia e a simplicidade da infância, contrastando-a com a complexidade da vida adulta.

O herói, o “faz de conta”, a noiva do cowboy, o rei, o bedel, o juiz…

Misturando os tempos verbais, como faria uma criança, a letra decreta que a única lei era que todos fossem obrigatoriamente felizes.

Linda demais, não é?

Agora, um detalhe que poucos sabem: quando entregou a fita cassete a Chico, Sivuca escondeu que havia enviado a mesma melodia para um letrista famoso no Recife, Rui de Moraes e Silva.

Foi assim que Rui compôs “Amanhecendo”, gravada na voz de Nadja Maria, com a mesma melodia que Chico “letraria” 30 anos depois.

É também uma bela canção!

“João e Maria” e “Amanhecendo”: os dois frutos que a melodia de Sivuca colheu!

Boa quinta-feira pra todo mundo, gente!
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Vida Passada… – Euclides da Cunha – por Célio Meira

Na fazenda da saudade, encravada em Santa Rita do Rio Negro, povoado do município de Cantagalo, Estado do Rio de Janeiro, nasceu, a 20 de janeiro de 1868, Euclides Pimentel da Cunha. Era órfão de mãe, aos três anos, essa criança, que trazia, nas mãos, se é verdade a quiromancia, as linhas da glória e da tragédia. Partiu, a esse tempo, para Teresópolis, e aos 6 anos, corria, feliz, às margens do Paraíba do Sul, em São Fidélis, onde aprendeu a ler, “sob a direção, escreve Lacerda Filho, brilhante escritor sergipano, de um vago professor caldeira”.

Em 1879, mais ou menos, era, Euclides, aluno interno no Colégio Vieira Menêses, donde passou o Vitório da Costa, e depois para o Anglo-Brasileiro, terminando o curso no colégio Aquino, onde ouviu a palavra guiadora, e arrebatada, de Benjamin Cosntant. E antes dos 20 anos vestiu, na Escola Militar, a túnica de soldado. Era um rapaz tímido, nervoso e taciturno.

Agitava a alma do país, em 88, a questão militar. Dizia-se que o governo mudaria a Escola, da Praia Vermelha, para Angra dos Reis. Conspiraram os estudantes. Pregou-se a indisciplina. E anunciada a visita de Tomás José Coêlho de Almeida, ministro da guerra, do gabinete de João Alfredo, formaram as companhias dos cadetes. Fugiram os rebeldes ao compromisso.  Um dos estudantes, porém, conta Afranio Peixoto, deu “alguns passos à frente”, e tentando quebrar o sabre, amolgou a lamina inteira”, e o atirou ao chão, exclamando:

– Infames! A mocidade livre cortejando um ministro da monarquia!

Desligado da Escola, Euclides partiu, a 15 de novembro de 1889, “a pé, de São Cristovão” e foi reunir-se aos antigos companheiros, envergando uma farda emprestada , na epopeia da Republica. Reingressou no Exército. Floriano Peixoto o promoveu, em 92, a 1º tenente. E, em 93, na revolta armada, num ambiente de terror e de incertezas, defendeu, Euclides, a bandeira da legalidade. Reformou-se em 96.

Acompanhou, no ano seguinte, o marechal Bitencourt, na campanha de Canudos. Forâ, a convite de Júlio Mesquita, o correspondente do Estado de São Paulo. E regressando dos sertões da Baia, foi reconstruir uma ponte, em São José do Rio Pardo. Escreveu Os Sertões, numa barraca, na sua oficina de trabalho.

Alcançou, Euclides da Cunha, em 1909, num concurso notável, no Colégio Pedro II, a cadeira de lógica. Farias de Brito foi classificado em 1º lugar e Euclides, ao segundo.  E nesse ano, dando, apenas, dez aulas, um sobrinho que lhe roubou a honra conjugal, lhe tirou a vida. Morreu o autor do Perú versus Bolívia e do Contrastes e Confrontos, aos 41 anos de idade. Euclides da Cunha, no julgamento de Artur Mota, “era um bom, um justo, um honesto e corajoso, isto é um homem de caráter íntegro e indomável, e , um dia , ele , o poeta do Ondas, o “caboclo, jagunço manso”, retratou-se neste verso:

– “Misto de celta, de tapuia e grego.”

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

Os políticos da Vitória conversam com Deus?

Nossa espécie já evolui bastante. Desde os tempos da caverna até os dias atuais, sob o ponto de vista da vida em sociedade, estamos em contínuo melhoramento. Mas acredito que ainda não alcançamos um determinado estágio que nos permita  desvendar alguns mistérios: a vida e a morte são duas grandes incógnitas que, pelo menos aos meus olhos, fornece-nos  um claro atestado de pequenez coletiva….

Evidente que há outras correntes de pensamentos. Existem  até os que operam, hoje, à vista ou em suaves parcelas,  “espaços”  lá no firmamento e, diga-se de passagem,  com clientela  bastante satisfeita (100% de aprovação), até porque  não houve, até hoje, nenhum  comprador  aparecendo  para reclamar do negócio realizado.

Pois bem, enquanto os “negócios para o céu” andam bem, no nosso “mundo político” o que não falta é eleitor dizendo que foi engando pelos políticos que prometeram entregas no curto prazo (4 anos), mas chegam  ao final do prazo contratado  (gestão) e nada muda.

Na cidade pernambucana do Sertão do Moxotó, Arcoverde, o prefeito de lá, recentemente, jogou a toalha. Diz à imprensa que o mesmo, ao longo do seu mandato (2021/2024), angariou uma rejeição de 80% na cidade. Resumo da ópera: semana passada anunciou que não disputará a reeleição no ano em curso.

Já na “Terra da Sulanca”, Santa Cruz do Capibaribe, o atual prefeito, também segundo informações da imprensa,  com boa avaliação e com todas as condições de renovar o seu mandato, anunciou haver recebido uma mensagem divina lhe orientando não disputar o próximo pleito. E atenderá ao chamamento celestial. 

Não disputar um pleito por não reunir condições favoráveis é algo relativamente comum, não chegar a ser uma novidade na política. Mas estando o gestor “com mão na taça” e desistir por uma orientação divina, convenhamos,  é algo bastante inusitado na política brasileira.

Para  concluir essas despretensiosas linhas, quero jogar um pouco de luz no cenário antonense. Por aqui, temos muitos atores políticos que se apresentam como pessoas sintonizadas com o Criador Supremo. Aliás políticos “amiguinhos” de todas as crenças. Ou seja: eles carregam o andor da Igreja Católica, se ajoelham nos Templos Protestantes, dançam nos Terreiros e até são simpáticos e cortês com os  Espiritas, mas dos nossos políticos – com uma disputa ganha na mão -, sinceramente,  qual atenderia uma mensagem divina de não disputar? 

Essa ficou difícil de responder………..?

BRASIL 3, JAPÃO 0, E O PITACO DE MAINHA – por Sosígenes Bittencourt.

(Há 11 anos – 16 de junho de 2013)

Quando terminou o jogo entre Brasil e Japão, minha genitora, que era enjicada com futebol, saiu-se com essa: – O Brasil joga amanhã com quem?
Aí, papai: – Com ninguém, menina, nenhum time joga dois dias em seguida.
Aí, mainha: – Então, amanhã, eu não vou para o fogão. Está tudo errado. Esses caras trabalham um dia na semana para ganhar uma fortuna, e eu trabalho todo dia sem remuneração?
Fotografia: Simônides Bittencourt, profa. Damariz e titia Ricardina

Sosígenes Bittencourt