Momento Cultural: Abandono – por GUSTAVO FERRER CARNEIRO

Gustavo Ferrer Carneiro

Abandono
De sã consciência
E mesmo sem pedir clemência
Caio na tristeza e no sono

Saio, mas não me arrependo
Dessa chama imortal
Sofro, mas compreendo
Essa situação complicada
Continuarei minha jornada
Te acompanhando e te vendo

Por ti amando e torcendo
Por sucesso em tua carreira
Pois somente dessa maneira
Vou aliviar minha dor
E mesmo sem sentir teu sabor
Tão gostoso de menina faceira
Para sempre expressarei meu amor
Que há de brilhar a vida inteira

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 13).

Momento Cultural: Vitória, princesa matuta! – por Henrique de Holanda

Henrique de Holanda Cavalcanti (3)

VITÓRIA,
minha terra!…
Princesa original
da família real
de Pernambuco!
Toda essa burguesia que se encerra
dentro de ti, dentro de tua gente,
vem do Brasil caduco,
deste velhinho doente,
burguês e visionário.
No seu progresso cívico e moral,
a burguesia é um mal hereditário
Não há preservativo p’ra esse mal.

VITÓRIA,
minha princesa matuta,
garotinha “mignon”, vaidosa e linda,
repetindo, contente,
a grande história de Tabocas;
gloriosa na luta,
p’ra aquele que não a conhece ainda.
Olho o teu céu…
este teu céu bonito,
a boina azul, presente do Infinito;
para a tua cabeça de criatura,
dona da formosura,
amena e singular;
dos dias de sol quente
e da noite dolente
de luar…

Cidadezinha elegante, bem nutrida,
sagaz, insinuante, bem vestida…
tuas florestas de árvores viçosas
nos mostram bem que a natureza quis
aos vestidinhos verdes,
muito lindos,
especialmente vindos
do atelier mais “chic” de Paris…

Vitória linda,
extremamente minha!
De ti, me veio a vida
e, mais ainda,
uma infância de risos e inocência.
– O b-a bá, cantado…
as resingas constantes do recreio,
o Catecismo onde encontrei a essência
mais preciosa desse meu passado!
O meu passado…
….dos cavalos de pau pela Rua do Meio
do gamelo no ar, do peão de ponteira,
do fandango, do anzol, das cavalgadas,
do desafio ao sol, apostando carreira,
dos barcos de papel nas enxurradas!…

Terra sentimental!
Eu ainda te escuto
na voz emocional de Siá Tomásia!…
Siá Tomásia…
a mãe preta que Deus mandou p’ra mim,
as histórias mais lindas me contava
e me embalava, assim:

“Bichinhos do mato, tinô,
anda de gibão, tinô,
pezinho calçado, tinô,
outro no chão, tinô.”

Vitória dos meus dias,
onde bendigo as minhas incertezas,
onde minh’alma se compraz com a dor!
tu me embalas nas tuas alegrias,
para divinizar minhas tritezas,
terra do meu amor!

Vitória,
calçadinha de lírios e verbenas,
é a choupana rústica da glória
onde reside a grei dessas morenas
que lá do céu mandada
quis, p’ra Vitória,
o poético esplendor
de inspirar muito amor
e de ser sempre amada!

Vitória!
Um cofre de guardar ventura.
A menina gentil, boa e inocente,
inteligente e pura,
virgemzinha “da silva”…
e essa gente
essa gente ruim só abre a boca
para falar do “flirt”
Ah! que ideia louca!
Que história!
Mas que povo patife!
Da princesa Vitória
Com o príncipe Recife.

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 17 a 20).

Momento Cultural: Pátria Amada – por João do LivramentO

garanhuns 003-1

Desde o grito do Ipiranga

Tua perfídia é absurda

Não ouvistes nosso brado

Oh pátria minha estais surda

 

O sol não brilha nesse instante

Absoluta é a escuridão

Povo heroico vive a margem

Desprezado da nação

 

Nosso hino brasileiro

É a mais bela poesia

Mas pra dizer que és mãe gentil

Tenho que usar de hipocrisia

 

A teus risonhos e impávidos

Corruptos e corruptores

Alimentas “no teu seio”

Com mais ternura

Com “mais amores”

 

Pois que este brado seja agora

Clava forte e retumbante

Um grito grave

E que de tua liberdade

Sem igualdade

Ó pátria amada

Nos salve! Salve!

 

João do Livramento.

Momento Cultural: FORÇAS E ELEMENTOS DA NATUREZA – por MELCHISEDEC

MelchisedecToda manifestação da vida, vibra num mesmo diapasão, tão harmonicamente afinado que faz soar em cada “eon” (período de tempo), uma verdadeira sinfonia das esferas. A maior ou menor quantidade de vibração é a manifestação das Energias Primárias.

A raiz de todas essas Energias Cósmicas que se polarizam no mundo de maneira dupla, chama-se Oceano Universal de Energia Vida. Essas Energias emanam do sol e se manifestam em três formas: Luz Primordial, Poder Ígneo e Base Energética Vital do mundo físico.

Cada uma dessas forças se manifesta em todos os planos do Sistema Solar. Elas permanecem distintas e nenhuma delas, em nosso plano, pode ser transformada na outra.

 

ELEMENTOS DA NATUREZA – São os princípios básicos de todas as substâncias que constituem os veículos da vida no Reino da Natureza.

Água – Constituída do elemento químico H²O.

Ar – Constituído do elemento químico .

Fogo – Constituído do elemento químico CO².

Terra – Constituído do elemento químico CL e CA.

Todos esses elementos são regidos por forças sutis.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – Pág. 51)

Momento Cultural: APRENDIZ DE MIM – por Valdinete Moura

Este é meu mundo encantado
no qual você também pode entrar.

Então meu mundo passa a ser nosso.

E, levados pela imaginação poderemos ir
a qualquer lugar
dentro ou fora de nós.
Não conhecemos limites.

Porque Eu sou Eu e
Você seja lá quem for é a
Pessoa mais importante do Mundo
porque é com você que estou agora.

do livro “Voz Interior”.

Maria Valdinete de Moura Lima, filha de Manoel Severino de Lima e de Lindalva de Moura Lima, nasceu em Vitória de Santo Antão. Bacharela e Licenciada em Letras. Professora de Português da Faculdade de Formação de Professores da Vitória de Santo Antão. Poetisa e contista, tem um livro publicado VOZ INTERIOR – 1986. Tem vários prêmios, entre os quais: José Cândido de Carvalho, contos: Jeová Bittencourt, contos, menção honrosa (Araguari, MG). Concursos promovidos pelo “Timbaúba Jornal”, contos e poesia. É membro da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência.

Momento Cultural: Amar – por João do Livramento

garanhuns 003-1

Não afirme o que é o amor

Nada diga e nada fale

Se você ainda vive

É melhor então que cale

 

Se está vivo não sentiu

O perfume da ilusão

Embebido no amor

Exalado na paixão

 

A quem indaga o que é o amor

Não preciso responder

Mostro apenas uma flor

Todas nascem pra morrer

 

Ah, essa morte é enganadora

E de amor tem apelido

Cabelos longos, corpo belo

Escondido num vestido

 

Me enganou o coração

Me enganou o pensamento

Quando achei que estava vivo

Já morrera há muito tempo

 

Mas se nascesse novamente

Ao início eu voltaria

Sem amor não sei viver

E assim amando morreria.

 

João do Livramento.

Momento Cultural: Faceirice Precoce – por ALBERTINA MACIEL DE LAGOS

Profª Albertina Maciel de Lagos

– Escutem: (mostrando cinco dedos)

Hoje completo cinco aninhos!…

E o meu nome?… todos o conhecem.

Vou pronunciá-lo: – Daciana!…

Lindo!… que melodia dimana!

E quanto a minha pequena – grande personalidade,

Vou (modéstia à parte), descrevê-la:

– Tenho a beleza da flor

e já, de imponente sultana

é o meu todo encantador!

Tenho uma boa mãezinha,

um painho carinhoso,

manos, avós, tiazinhas…

quanto o meu lar é ditoso!

– Duas estrelas, os meus olhos,

dois mundos, dois paraísos…

Da vida, entre os abrolhos,

fulguram os meus sorrisos (olhando o próprio tamanho):

Reparem como estou crescendo!…

No colégio vou entrar

para ir logo aprendendo

a ler, escrever e contar!

Passem bem

Tchau!

(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 52).

Momento Cultural: LEI DE HARMONIA – Por MELCHISEDEC

MelchisedecÉ a lei fundamental da vida, sobre a qual repousam todas as outras Leis. Ela manifesta-se no princípio da Ordem, na presença de uma sequência regular e seguimentos de coisas no Universo. A unidade da Lei de Harmonia Universal é fundamental na vida do Universo. A unidade de Lei de Harmonia Universal é fundamental na vida do Universo. Ela se manifesta e se afirma na veracidade dos graus de constância, na multiplicidade das energias-vidas na sequência de formas da substância, como imperativo para que haja equilíbrio dinâmico emanante em toda evolução cósmica.

Os períodos da vida cósmica em toda sua manifestação, isto é, em todo movimento vibratório, ondulatório, etc, tem sua origem na Lei de Harmonia Universal, quando a existência está na Essência Indiferenciada, no Absoluto Repouso, e na existência do movimento de atividade.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 10).

Momento Cultural: Êxtase – Corina de Holanda

Corina de Holanda

Escancaro a janela de meus sonhos

E me debruço sobre o mundo, rindo,

Ao ver que até nos pantanais medonhos

Estrelas se refletem, traduzindo

A presença de Deus em tudo… Brindo

Então, com meus cantares mais risonhos,

O esplendor dessa lua que, surgindo

Enche de luz recantos tão tristonhos…

E já nem sei onde demore a vista:

Se no infinito azul, em que artista

Faz das estrelas trono da beleza,

Ou se na terra, mares e montanhas,

Rios, vales, florestas… Que tamanhas

Maravilhas pôs Deus na Natureza!

Agosto de 1972

MOMENTO CULTURAL: CONTRADIÇÃO – por Aluísio José de Vasconcelos Xavier

Aluízio José

Na cidade, a iluminação frenética
do Salvador, a chegada anunciava
e contrastando com tal paisagem estética
na calçada um pobre negro agonizava.

Era a figura doente de uma criança
filha de um erro, fruto de um pecado
e nos olhos tristes de seu corpo nu, gelado
não se via nenhum fio de esperança.

Aproxima-se dele um maltrapilho.
Toma-o nos braços como a um filho
retirando-o daquele leito de cimento.

Meia-noite, então, anuncia o sino.
E nesta hora exata do Nascimento
morreu, à míngua, mais um Jesus-Menino.

Aluísio José de Vasconcelos Xavier, filho de Aloísio de Melo Xavier e de Eunice de Vasconcelos Xavier, nasceu no dia 7 de agosto de 1948. Formado em Direito, exerce sua profissão no Foro do Recife onde reside. Foi Secretário para Assuntos Jurídicos da Prefeitura do Recife. Professor universitário. Poeta de grandes méritos

Momento Cultural: Lenda – por Corina de Holanda

Corina de Holanda

Contam que a Virgem Maria

Que é Deus a jardineira,

Planejou no céu, um dia,

Uma festa brasileira

Na celestial floreira

Já muitas flores havia…

Porém, a Virgem, queria

Por mais uma… E a maneira,

Foi dizer para os Arcanjos:

“Mandem à terra dois anjos.

Mas, quero flor sem espinho”.

Então dois Anjos desceram,

E entre os jasmins escolheram

E levaram – Socôrrinho.

1970

(Entre o Céu e a Terra – Corina de Holanda – pág. 44).

Momento Cultural: Imortais – João de Livramento

garanhuns 003-1

 

Sois imortais em sentimentos

Tanto os vossos como alheios

Emoções bem expressadas

Difundidas em nosso meio

 

Cultural eternidade

Garantistes em nossa história

Ao ingressardes nessa casa

A mais nobre da Vitória

 

Dos grilhões da ignorância

Nos libertam vossas penas

Alforria concedida

Na beleza de um poema

 

Vossas artes são tão belas

Que nos invadem o coração

Pois só existe liberdade

Expressada na emoção

 

Da ciência sois benefício

Herdeiros de Prometeu

Entregaste entendimento

A quem nunca concebeu

 

Esta casa é abastada

Com talentos de valor

Graças a Mechisedec

Nosso mestre fundador
João do Livramento.

Momento Cultural: APENAS SEU HERÓI – por Heitor Luiz Carneiro Acioli

MEU JEITO - Em versos e prosas - HEITOR LUIZ CARNEIRO ACIOLI

Minha querida, sei que não sou nenhum super herói, não possuo a força, a velocidade e a resistência do super-homem, tampouco sei usar habilidades sobrenaturais como as do professor astro. Também não posso ficar fixo em lugares impossíveis, nem lançar teias pelos meus dedos como o homem aranha. Não posso me transformar como o marciano a liga da justiça, mas espero que me permitas ser não o super-herói, mas apenas seu herói.

(Meus Jeito em Versos e Prosas –
Heitor Luiz Carneiro Acioli – pág. 04).

Momento Cultural: Vitória – por João do Livramento.

garanhuns 003-1

Me diz por favor Vitória, será que fostes
tu mesma que geraste, em tuas próprias
entranhas estes filhos tão ingratos, que
não enxergam teu verdadeiro valor.
O que fizeste para merecer tal sorte?

Vitoriosa fostes “sempre”, em um passado
não tão remoto, mas que alarga-se por descaso.
A tua verdadeira vocação, sempre foi de
vanguarda, seguindo os passos da tua pátria
Pernambuco, que sendo leão aqui foi coroado.

Moribunda necessitas sem demora, que um
“Soro cultural” seja injetado em teus filhos
Caçula, Para adiante ter “Vitória” garantida,
Mas não estás de um todo esquecida, ainda
Tens guardiões de tua história que relutam
Incansáveis para manter teu nome vivo.

Ajuntem-se então os filhos teus que ainda
Reconhecem o verdadeiro sentido do teu
Nome, antes que o antônimo a ele prevaleça.

João do Livramento.

Momento Cultural: PARABÉNS AOS PEDREIROS – por Severina Moura

severina moura
Aos pedreiros construtores do progresso
Que debaixo de sol e chuvas vão
Ao trabalho da obra do universo
Para ganhar cada dia o seu pão
Pão dos filhos, da esposa, da família
Que alegres o recebem em união.

Suas mãos calejadas pela pá
Construindo ângulos e paralelas
Dos esquadros as perpendiculares
Retas, curvas e inclinadas.
Dos transferidores sem mazelas.
Calculando volumes matemáticos
Das portas, áreas e janelas.

Esses homens que nem sabem quanto valem
Seus serviços, se bem feitos valem ouro
Se uma aresta não for bem construída
É um desastre, no final um desadoro
E o dono da obra sai perdendo,
Dinheiro, sossego e decoro.

Parabéns a vocês, caros pedreiros,
Que para o dono fazem essa construção
Se orgulhem de tudo o que fazem
Com dosagem certa, e com paixão
Quem ama o que faz, não se arrepende
Porque Deus lhe dá sempre proteção.

Profª Severina Andrade de Moura, nasceu em Vitória de Santo Antão. Foram seus pais: José Elias dos Santos e Doralice Andrade dos Santos. Viúva de Severino Gonçalves de Moura, com quem se casou em 1962. Fez o curso Pedagógico no Colégio N. S. da Graça. Lecionou em Glória do Goitá e Carpina. Concluiu Licenciatura Plena em Letras em Caruaru (1976). Pós-graduação em Língua Portuguesa na Univ. Católica (1982). Ensinou em várias escolas estaduais e municipais na Vitória e ensina atualmente na Escola Agrotécnica e na Faculdade de Formação da Vitória de Santo Antão. Poetisa por vocação. Colabora na imprensa local.

Momento Cultural: IMAGENS EFLÚVICAS – por ADJANE COSTA DUTRA

Adjane Costa Dutra

O vento balouça sã nas imagens espectrais…

E de um ponto magistral, afliguram-se as imagens:

eflúvicas e labirintais.

Projeto-me nas figuras obtusas das linhas espectrais.

Avultam-se na sinonímia: os espectros balouçadamente sãos…

Magistralmente reflexiono-me nas imagens…

Cosmologicamente projeto-me nas imagens espectrais

cosmométricas.

Balouçadamente o vento sopra nas imagens figuradas de um

ponto espectral, do espelho, do tempo.

(TAPETE CÓSMICO – ADJANE COSTA DUTRA – 1995 – pág. 26).

MOMENTO CULTURAL: Entre a Cruz e a Espada – por Severina Andrade de Moura

severina moura

Eu sofro porque sou balança
equilíbrio entre o cheio e o vazio.
Paredão onde acham confiança
homens de bem, mulheres de brio.

Ouço de lá e de cá os desabafos.
Fico no meio, entre a cruz e a espada.
Não quero destruir jamais, os laços
que se criaram em longas caminhadas.

Às vezes sou mal interpretada.
Que importa! Jesus também o foi
Quero ser útil em toda minha estrada

E quando eu me for, quero que digam
nela eu tive uma grande aliada
e se esquecer de mim jamais consigam.

Profª Severina Andrade de Moura, nasceu em Vitória de Santo Antão. Foram seus pais: José Elias dos Santos e Doralice Andrade dos Santos. Viúva de Severino Gonçalves de Moura, com quem se casou em 1962. Fez o curso Pedagógico no Colégio N. S. da Graça. Lecionou em Glória do Goitá e Carpina. Concluiu Licenciatura Plena em Letras em Caruaru (1976). Pós-graduação em Língua Portuguesa na Univ. Católica (1982). Ensinou em várias escolas estaduais e municipais na Vitória e ensina atualmente na Escola Agrotécnica e na Faculdade de Formação da Vitória de Santo Antão. Poetisa por vocação. Colabora na imprensa loca.