SERES INTERDEPENDENTES

O ser humano é mesmo um animal INTERdependente. Vivemos um pendurado no outro. Ninguém, no mundo, nasceu para ser INdependente nem DEpendente, mas INTERdependente.

É ilusório pensar que podemos nos amar a tal ponto que possamos dispensar o amor do outro. Não há amor que se baste a si mesmo. Porque o amor não é um sentimento para dentro de si, mas para fora de si, é uma busca do outro.

Sosígenes Bittencourt

SIGNIFICADO DE COMUNISTA

Se você perguntar a qualquer animal racional o significado da palavra “comunista”, todos saberão defini-lo, do matuto lá da roça ao sociólogo polonês Zigmunt Bauman.

Juca Chaves dizia que “Comunista é aquele que não tem nada e quer dividir com os outros.”

Como Juca Chaves era um comediante refinadamente sarcástico, irônico, eu resolvi também partilhar minha comédia. No meu entender, COMUNISTA É AQUELE QUE OFERECE TUDO DE QUE “VOCÊ” PRECISA PARA “ELE” SER FELIZ.

A ironia afia a inteligência.

Sosígenes Bittencourt

E EU NAMORANDO…

(Poeminha vesperal com uma menina bonitinha)
Ontem, eu fui ver o sol se pôr lá na serra.
E eu namorando…
Minha avó Celina dizia que o anoitecer é a hora da saudade.
E eu namorando…
A garçonete era Celina também.
E eu namorando…
Faz mais de meio século que fui dado à luz.
E eu namorando…
Desde então inspiro o ar e me inspiro com a luz.
E eu namorando
Minha amiga era tão bonitinha que juntou gente.
E eu namorando…
Tomamos whisky com salamito italiano.
E eu namorando…
A tarde foi se apagando e um lençol de estrelas forrou o infinito.
E eu namorando…
Eu não digo o nome dela pra ela não arengar comigo.
E eu namorando…
Botei pra contar história, e a macacada sorrindo.
E eu namorando…
A minha primeira namorada, eu tinha 9 anos.
E eu namorando…
Ela me ensinou pecados que eu não posso revelar.
E eu namorando…
A parteira foi comadre Emília. Hoje, é nome de rua.
E eu namorando…
Um dia minha mãe pensou que eu estava mentindo,
e eu fazia poesia.
E eu namorando…
Minha cartilha de sexo foi um livro azul do ginecologista Fritz Kahn.
E eu namorando…
Chegaram algumas meninas, o bando se dispersou.
E eu namorando…
Minha amiga me botou no colo e me levou para casa.
E eu namorando…
Eu não me casei ainda por causa das outras.
E eu namorando…
Mais vale um prazer do que cem contos de réis.
E eu namorando…
Quando acordei, estava dormindo.
E eu namorando…

Sosígenes Bittencourt

PRIMEIRO DIA DOS PAIS SEM MEU PAI

A morte do meu pai foi cercada de jovens chorando. Um pranto que demonstrava o liame sentimental que estabeleceu com seus sobrinhos, netos e bisnetos. Foi a revelação do quanto pode eternizar a memória sentimental dos amparados. Foi isto que foi, o amor doação, a vida, o sacrifício doado à busca de proteção que o amor tanto procura.

O luto ensina mais do que as festas. O luto desperta os sentimentos mais nobres da alma: a compaixão, o perdão, a solidariedade. As festas JUNTAM, mas o luto UNE. As festas promovem ALEGRIA, mas o luto desperta a AJUDA, num entrelaçamento entre dar e receber, que funda a humildade, uma virtude que ensina e engrandece o homem.

Do físico e filósofo francês Blaise Pascal, vem a síntese do sentimentalismo que desanimou e levou a vida do meu pai: A maior carência do homem é poder fazer tão pouco por aqueles que ama.
Simônides queria dar mais. Contudo, sua riqueza era dentro do coração, não no mundo. A riqueza invisível e interior do meu pai o identificava, resumida na sentença latina HOMO DOCTUS IN SE DIVITIAS SEMPER HABET (O homem instruído carrega sempre a riqueza dentro de si).

Tomara que, por influência, seja eu possuidor de alguma riqueza interior que me permita sobreviver aos desafios da existência.

Agora, meu pai, és detentor de um segredo só a ti revelado. Tu eras como nós somos, e nós seremos como tu és.

Sosígenes Bittencourt

VULTO DE MULHER

Que bom que você me promove esta felicidade, desabrochando beijos, me acariciando com delicados sussurros, poéticos murmúrios.

As mulheres me deixam com saudade da vida, sem querer morrer. Eu ainda termino nas mãos de uma mulher, saindo do celibato e revelando minhas virtudes casadoiras.

Eu não sei como traduzir o que sinto por você, acho que sua genitora, que é espírita, talvez possa dizer alguma coisa. Alguma coisa meio inexplicável, meio para além do corpo.

Eu sempre estou aqui, neste horário, estudando, em elucubração. E você olhando para mim, como se fosse uma aura, um ectoplasma, toda parapsicológica. Só não me assusto porque sei que é você. Também não tiro ximbocada, não me aproveito do seu fantasma. Tenho receio de faltar com respeito ao seu vulto.

Sosígenes Bittencourt

Pensar e Sentir

 

Sentimento é pau-mandado, depende do pensamento. O coração é o termômetro da emoção, a mente é que ama.

Pensar é tão rápido que você pensa que SENTIU e NÃO PENSOU. É preciso pensar no que se sente, mas, sobretudo, pensar no que se pensa. Pensar naquilo que se pensa é filosófico, é indagação de relação de causa e efeito.

Sosígenes Bittencourt

TRANSPARÊNCIA E ÉTICA SEM MISTIFICAÇÃO

NA SUÉCIA, JUÍZES E POLÍTICOS SÃO “CIDADÃOS COMUNS”

“A transparência nos atos judiciais do poder.” Esta é a teoria e a prática para a democracia sem arrogância, sem mentira, sem ditadura enrustida. Esta é uma ética moral, aquilo que foi ensinado e, exemplarmente, aprendido, sem mistificação.

As pessoas estão embevecidas com a LIBERDADE que pensam ter, sem a SEGURANÇA que precisavam ter. Liberdade sem segurança é loucura. (Freedom without security is madness).

Sosígenes Bittencourt

BATALHA DAS TABOCAS

Esta é a Capela erguida a Nossa Senhora de Nazaré, pela expulsão dos holandeses, em Vitória de Santo Antão, como gratidão pelo atendimento ao pedido de João Fernandes Vieira. Na hora da agonia, o batalhador rogou à Santa proteção. Depois, cumpriu a promessa, ladeado pelo sabido e corajoso Antônio Dias Cardoso.

Registro memorabilíssimo de nossos feitos heróicos foi o carreirão que os insurretos pernambucanos deram na pirataria batava, no Monte das Tabocas, a 48 km da Ribeira Marinha dos Arrecifes. Contam que foi às 13:30 h, do dia 3 de agosto de 1645, a refrega mais encarniçada, com os bravíssimos heróis pátrios emergindo da moita dos tabocais, e os holandeses margeando o rio Tapacurá. A conflagração durou a tarde toda, até que, à Hora do Ângelus, os neerlandeses deram o pira, abandonando garruchas, cadáveres e alforjes, embarafustando-se pelo breu da mata, ao coaxar dos sapos e cricrilar dos grilos, sob o céu escampo do Brasil.

Sosígenes Bittencourt

Fragmentos

Os norte-americanos estão querendo saber quantos hectares tem a Amazônia. Devem estar querendo se apossar de algum terreno aqui no Brasil.

Tudo que o norte-americano considera Patrimônio da Humanidade manifesta interesse em proteger. Por que não considera as crianças africanas um Patrimônio da Humanidade?

Sosígenes Bittencourt

SINÔNIMO DE SER HUMANO É LIMITE

Todo homem crê no limite de sua Fé, e descrê no limite de suadescrença. Portanto, ninguém crê tanto quanto crê (acredita) nem descrê tanto quanto descrê (acredita). Sinônimo de ser humano élimite. Deus não criou o homem para saber tudo nem para saber nada.

Um dia, um matuto, no limite do seu entendimento, filosofou: – O homem nasce sem saber nada, vive aprendendo e morre sem saber tudo.

O homem produziu a Penicilina e muitos pensaram que o ser humano era um deus. Imagine se tivesse criado os elementos naturais que compõem a Penicilina? O animal racional, às vezes, é espiritualmente enxerido.

Sosígenes Bittencourt

O DESEJO E A DOR

Passamos a vida, submetidos a duas experiências básicas: o desejo, que busca a satisfação, e o afeto que busca evitar a dor. Mas, como evitar a dor, se desejo é vida, e a vida impõe limite aos desejos?

A dor física é uma ruptura, algo que rompe, dói. Uma faca que nos corta a pele, um órgão doente que precisa ser extirpado. Esta dor, nós sabemos teoricamente como resolver. A dor psíquica é uma dor de amor, ou seja, algo que nos desorganiza psiquicamente. É um rompimento com algo que tínhamos ou desejamos e nos falta. É uma dor interior, que nos encarcera, e o mundo desaparece.

Sosígenes Bittencourt

MÃE, MISSA E BIRIBIRI

Mãe é uma invenção de Deus. Até quem não acredita num Ser Superior, fica desconfiado. Pode-se até analisar o caráter de um ser humano, pela maneira como trata sua mãe.

Apesar de minha genitora ser evangélica desde que veio ao mundo, fui convidado por dois católicos, no Dia das Mães, para assistir a uma missa em latim, ali no Recife. Igreja antiga, cheirando ao tempo, padre entoando latim, discurso sobre a intermediação da palavra no encontro do homem com Deus. Muito bonito. Uma hora inesquecível, um evento memorável. Principalmente, para mim, uma ovelha desacostumada a visitar a Domus Dei e ajoelhar-se para agradecer. Geralmente, nesses êxtases, o homem chora.

A viagem foi um Café Filosófico. Danei-me a falar, citando a mitologia grega, contando histórias de divindades pagãs, entusiasmado com a sabedoria dos pensadores clássicos. Discorri até sobre o Destino, oAcaso e a Ação do Homem. Talvez, um antropocentrismo meio descabido para o momento, mas um exercício mental louvabilíssimo num universo de tanta asneira e falta de reflexão em que vivemos.

Depois, demos um saltinho lá no Bairro da Torre para visitar um padre, mas não o encontramos. Conhecemos, no entanto, um cidadão que mora pertinho da Igreja, que atende pelo nome de Luiz Anselmo. Aos 65 anos, dizendo-se filho de uma senhora com 100 de idade, anda mais ligeiro do que um menino treloso. Bom de conversa e vaidoso pela longevidade de seus familiares, nos apresentou uma frutinha cítrica, de uns 5 a 8 centrímetros, creditando à mesma benefícios fitoterápicos. Diz que é biribiri. Curioso e enxerido, botei pra falar o que pensava. Quando soube que o mimo da natureza tirava ferrugem de roupa, fui logo dizendo que era antioxidante, continha vitamina C e combatia os Radicais Livres, responsáveis pelo envelhecimento precoce e doenças degenerativas. Tem jeito?

Dominus Vobiscum!

Bendito abraço!

Sosígenes Bittencourt