A imaginação viaja, morcegando para-choque de caminhão.

O camarada arrumou uma mulher de vida fácil, colocou na boleia do caminhão e danou-se a desfilar pela cidade. A mãe ficou indignada. Quanto mais ela reclamava, menos o camarada ouvia, apaixonado pela sujeita.

Um dia, em total respeito a sua genitora, resolveu mudar a advertência do para-choque do caminhão: MÃE, TENHA DISTÂNCIA.

Sosígenes Bittencourt

ABORTO, OPINIÃO E PODER – por Sosígenes Bittencourt.

É função de quem LÊ e ESCREVE, sobretudo quando publica o que escreve, facilitar, pedagogicamente, para a compreensão do LEITOR.

Por exemplo, o ABORTO é matéria que pode, evidentemente, ouvir a opinião do Presidente da República, mas não é matéria a ser decidida pelo Presidente da República.

Quando o Supremo Tribunal Federal decide pelo aborto em fetos ANENCÉFALOS (sem cérebro) estão no uso de suas atribuições e não estão acatando nem rejeitando a opinião do Presidente da República.

O que o povo quer é que o Representante do Executivo mande no LEGISLATIVO e no JUDICIÁRIO, o que caracterizaria um rompimento com a INTERDEPENDÊNCIA de poderes e recrudesceria os anseios ditatoriais do governante. Quer dizer, o povo pode optar pelo candidato que é a FAVOR, ou CONTRA o aborto, mas não pode querer que seja matéria decidida pelo Presidente da República. Seria misturar alhos com bugalhos em detrimento de si mesmo. Compreende?

Sosígenes Bittencourt

NOSTALGIA E MELANCOLIA – por Sosígenes Bittencourt.

Os gregos designavam NOSTALGIA como a dor dos que viajam, a dor dos navegantes, de “nostós” e “algós” – viagem e dor. Ora, a nostalgia é a saudade que dói, mas a recordação de um prazer, a lembrança daquilo que se distanciou. Diferente da MELANCOLIA, que é a saudade que dói, mas uma recordação daquilo que poderia ter sido e não foi. Melancolia significa “tristeza”, “melané” “kholé” – “bile” “negra”, da qual originava-se a “dor”, produzida pelo baço. É uma imaginação e uma desilusão.

Ora, um encontro, em setembro, reunirá amigos da geração dos anos 60. Nosso encontro pode gerar NOSTALGIA, uma saudade de algo que efetivamente aconteceu, e uma MELANCOLIA, algo que deixou de acontecer.

Contudo, essas dores poderão ser suavizadas pela poesia que as envolverá. E da dor, brotará a beleza. O poeta alemão Wolghang Goethe dizia: Faz da tua dor um poema, e ela será suavizada.

Sosígenes Bittencourt

HOMENAGEM A DILSON LIRA – por Sosígenes Bittencourt.

Essa história de homenagear Dilson Lira é uma invenção arretada. E não custa parabenizar a Academia Vitoriense de Letras que promoveu Recital em sua memória. Se lá onde estiver, puder me ler, estará sorrindo, como sempre sorriu com minhas expressões.

Faz pouco tempo, eu ia atravessando a Avenida Mariana Amália, com o poeta Dilson Lira, quando ele parou no meio do trânsito e disse que havia sonhado com a Constelação de Eridanus, o Rio Celeste. Aí, eu, conduzindo-o pelo braço, relembrei: Nós somos do tempo que havia tempo de acompanhar a réstia do sol e contar estrelas.

Eu dizia a Dilson que não era muito chegado a CASAMENTO nem SEPULTAMENTO, talvez pela semelhança que enxergava entre as cerimônias. E ele botava pra rir.

Geralmente, lá na padaria, onde comia pão com bolo e chupava caramelo de café.

Aí, eu comentava: “Dilson, você vai viver muito porque não come e vai morrer porque não come.” E ele botava pra rir.

Mas, Dilson não deu asas ao Mal de Alzheimer, decorou todas as poesias que confeccionou. E, falando-lhe sobre ser poeta, eu o homenageava com meus versos, a saber:

Essa história de ser poeta é dom.
Um bom dom.
O poeta não faz poesia com as flores,
com o mar,
com o céu,
sem a intenção de que você
habite sua poesia.
Ou seja,
sinta o aroma das flores,
a imensidão do mar,
o mistério do infinito.

Sosígenes Bittencourt

NAVEGANDO PELO FACEBOOK – por Sosígenes Bittencourt.

Navegava pelo Facebook, quando vi uma postagem que curti e comentei. A pergunta era a seguinte: Hoje no Brasil, qual a profissão mais promissora?

Responderam de tudo: parlamentar, beneficiário do Bolsa-Família, vereador, traficante, locutor, técnico do Sport Club do Recife, ladrão, coveiro, o diabo a quatro…

Ao que respondi: A profissão mais promissora é toda aquela que lhe conceda o sossego de dormir em paz. É melhor comer pão com manteiga sem tornozeleira eletrônica do que desfilar a bordo de camburão com dinheiro bloqueado nas Ilhas Cayman.

Sosígenes Bittencourt

No tempo de eu menino – Doce Japonês – por Sosígenes Bittencourt.

Uma vez minha mãe disse a minha irmã que comida de rua era porcaria. Quando o doce japonês passou na porta de casa, minha irmã pediu a minha mãe: – Mamãe, compra porcaria pra mim.

Comi muito as cocadas de dona Isabel, algodão de açúcar, pirulito, cavaco, chupei picolé de mangaba. Eu comia essas guloseimas populares, escondido, porque mamãe não queria que eu degustasse comida de rua. Foi quando aprendi que tudo que dá medo e é proibido excita o desejo.

Hoje, porcaria que eu conheço é comida industrializada e preservada na base do conservante. Tá ligado?

Sosígenes Bittencourt

Charles Darwin e sua Teoria – Sosígenes Bittencourt.

Na realidade, Charles Darwin não dizia que o homem veio de um macaco, mas dizia que o homem e o macaco vieram de um mesmo animal. Quer dizer, com o tempo o homem foi ficando homem, e o macaco foi ficando macaco.

Que tal imaginar Charles Darwin, se houvesse uma complicação na sua teoria?

Segundo Ariano Suassuna, se o macaco viver milhões de anos, jamais terá capacidade de fazer um pegador de roupas. Ariano já anda com um pegador de roupas na pasta, admiradíssimo com a geringonça inventada pelo homem.

Não dá para entender perfeitamente certas macaquices intelectuais.

Sosígenes Bittencourt

O AZAR DE SHOKO E O FIM DO MUNDO – por Sosígenes Bittencourt.

Desde que vim ao mundo que eu ouço dizer que o mundo vai se acabar, e eu me acabando.

Um dos profetas do fim do mundo chama-se Shoko Asahara, um cidadão condenado à Pena de Morte, no Japão, mais parecido com um truculento assassino do que um profeta divino. Azar de Shoko, que o mundo não acaba no mal desejado, e ele termina assassinado.

Shoko diz que o mundo irá se acabar numa Terceira Guerra Mundial. Ou seja, Asahara vive azarando o mundo. Esquece-se de que já estamos em guerra desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Porém, apressado para comprovar seu desejo, espalhou um gás tóxico num metrô, em Tóquio, em março de 1995, que matou 13 pessoas, deixando outras centenas marcadas para o resto dos dias.

Meio doido, Shoko chocou o mundo ao revelar-se a mistura de Jesus e Buda, simultaneamente, numa salada em que envolve um representante de uma religião teológica e um ícone de uma religião sapiencial.

No mundo, ninguém aceita a seita de Shoko, a Aum Shinrikyo, chamada Verdade Suprema, por causa de sua maldade extrema.

Apesar de pensarem que a seita de Shoko havia murchado no Japão, ela infla-se agora na Rússia e em Montenegro, aterrorizando novamente o mundo.

No mundo, há muitos “shokos” desejando o fim do mundo. Mas, só não acabam com o mundo porque o mundo não deixa.

Desde que vim ao mundo que eu ouço dizer que o mundo vai se acabar, e eu me acabando.

Escatológico abraço!

Sosígenes Bittencourt

UMA SALVA DE ARROTOS – por Sosígenes Bittencourt

A Coca-Cola que me viciou, no tempo de eu menino, já não encanta as novas gerações. Hoje, é uma bomba de ácido fosfórico engarrafado. E não é mais produzida a partir da noz de cola, é um xarope efervescente. Mesmo assim, eu ainda me penduro numa mamadeira de Coca-Cola.

Uma salva de arrotos para elas!

Sosígenes Bittencourt

Se Deus é por nós, quem pode ser contra nós?

Mas, para tanto, é preciso saber fazer bom uso da VONTADE PERMISSIVA de Deus. Ou seja, Deus nos permite fazer escolhas e arcar com consequências. Por isso, não nos abandonou, dando-nos DISCERNIMENTO para avaliar o BEM e o MAL. Não há controle remoto monitorando nosso destino, o que você é faz a sua história.

Sosígenes Bittencourt

AMOR E PAIXÃO – por Sosígenes Bittencourt.

Se você se casa para fazer o outro feliz, você ama; quando você se casa para o outro fazer você feliz, você está apaixonado. A paixão é cega e egoísta. Você vê no outro o que o outro não é e exige o que ele não pode dar. Daí, você se torna escravo de um sentimento que pode levá-lo a grande sofrimento. Paixão é para quem tem juízo. O amor começa numa grande amizade, e a paixão termina numa grande separação.

Paixão é para quem impõe limites. Paixão sem rédea é trem descarrilhado. O limite preserva a paixão, o descomedimento (segundo os gregos: a HYBRIS) obriga à desistência ou provoca rejeição. Difícil é domá-la, já que o apaixonado é PASSIVO na relação. O apaixonado é um PACIENTE, não é ele que apaixona, é ele que se apaixona.

O psiquiatra Rubens Coura diz que “Paixão é doença e merece tratamento”. Já o teatrólogo Nelson Rodrigues dizia que “Sem paixão, não dá nem pra chupar picolé”. E um Autor Desconhecido disse que “Amor sem paixão é triste. Paixão sem amor é horrível.”

Penso que o homem é carente de explicação, e não saber o que está acontecendo consigo mesmo é sempre um inferno interior. Não sei se serviria a advertência da entrada do templo de Delfos que inspirou o filósofo Sócrates: CONHECE-TE A TI MESMO.

Sosígenes Bittencourt

A Esperança – por Sosígenes Bittencourt.

No batente da garagem, há dias, há uma esperança. Apesar de imóvel, a esperança vive, a esperança não morre. Eu fui dormir, pensando na esperança. Eu acordei, procurando a esperança.

Eu pensava que a esperança havia ido embora. Porém, a esperança permanecia ali, verde como a esperança.

Vieram algumas pessoas, falavam alto, nem se ligaram na esperança. Não sabem o que perderam em não usufruir a esperança.

A esperança é uma poesia, pousada, há dias, num batente aqui de casa. Ninguém se agonia, ninguém tem medo da esperança.

A esperança, se um dia vier a ir embora, estará aqui sua lembrança.

Sosígenes Bittencourt

Conselho para menino saindo para a escola – por Sosígenes Bittencourt.

Cuidado com COLEGA. Colega é ao lado, amigo é do lado. Colega é destino, ele aparece ao seu lado sem escolha. Amigo, você identifica.

Cuidado com BURACO. Principalmente, os menores. Buraco dá vontade de futucar, desperta curiosidade. Por causa de buraquinho, muita gente afundou num abismo.

Cuidado com A BOCA. Não bote a boca em nada antes de cheirar. Deus colocou o nariz acima da boca e o cérebro por trás para fiscalizar. E, antes de cheirar, olhe direitinho. Às vezes, a coisa é bem bonitinha, mas está deteriorada ou é veneno.

Cuidado com DINHEIRO, ele compra coisas, mas não compra respeito. Depois, segundo aquele escritor gaúcho bem engraçado, chamado Luís Fernando Veríssimo: Economia é melhor do que dívida.

Cuidado com O QUE VOCÊ NÃO SABE. Seja humilde, faça pergunta. Os filósofos são como as crianças, eles perguntam. Sabedoria é melhor do que conhecimento. Conhecimento é cultura, Sabedoria é inteligência.

Sosígenes Bittencourt

Verdades e Mentiras – por Sosígenes Bittencourt.

Às vezes, é melhor ouvir uma mentira que faça rir, do que uma verdade que faça chorar. Já nos basta A MORTE como incontestável verdade. Todos nós nascemos sem pedir e morremos sem querer.

Há pessoas que escolhem a verdade exatamente porque magoa. Escolhem-na a dizer uma mentira que servisse de bálsamo para uma dor. É mentira?

Sosígenes Bittencourt

Quarteto de homossexuais no tempo do ronca – por Sosígenes Bittencourt.

Avelon, Vavá, Nildo e Brigite (da esquerda para a direita). 

Isso foi no tempo que se podia vaiar homossexual. No entanto, ninguém matava homossexual. O termo homofobia não havia nascido, e a turma que transava de costas vivia mais sossegada.

O mundo era outro mundo, pois o ódio não se traduzia necessariamente em agressão física e homicídio. As pessoas não dispunham de tanta informação quanto hoje, mas eram mais pacatas, mais tementes a Deus. O trabalho era glorificado, os ricos trabalhavam mais do que os pobres. Hoje, o pobre quer ser rico às custas do crime.

Quem mata homossexual, não é homofóbico nem heterossexual, é ASSASSINO. Quem mata homossexual, mata um idoso, mata uma criança, mata um negro, um branco. É preciso focar no aspecto substantivo do crime e não perder tempo com o rito processual, que é “a mais excelente das tragédias”, como concluía Platão (428-348 a. C.)

Brigite era o mais conhecido, o mais saliente e festejado dos homossexuais. Vi-o vaiado, nas ruas, diversas vezes. Contudo, ouvi dizer que quem o deformou, de uma surra, foi o próprio irmão. Brigite me parecia um animal sem maldade e me despertava uma certa misericórdia. Talvez, pela rígida educação que tive, orientado a respeitar as pessoas.

Sosígenes Bittencourt

A imaginação viaja, morcegando para-choque de caminhão.

O camarada arrumou uma mulher de vida fácil, colocou na boleia do caminhão e danou-se a desfilar pela cidade. A mãe ficou indignada. Quanto mais ela reclamava, menos o camarada ouvia, apaixonado pela sujeita.

Um dia, em total respeito a sua genitora, resolveu mudar a advertência do para-choque do caminhão: MÃE, TENHA DISTÂNCIA.

Sosígenes Bittencourt

A MÚSICA E MINHAS EMOÇÕES – por Sosígenes Bittencourt.

O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) deduzira: Sem a música, a vida seria um erro.

Depois, chamam-me de hiperbólico quando descrevo minhas emoções musicais. Quando a dosagem é exagerada, é natural que o efeito seja um exagero.

O filósofo francês Voltaire (1694-1778) já apregoava: Tudo que entra pelo ouvido vai direto ao coração.

Não foi, em vão, que a mitologia personificou a música na deusa Euterpe, cuja etimologia resume-se em “a doadora de prazer”. E eu não quero me curar de nada que me dá prazer.

Sosígenes Bittencourt

Mistérios de Bordéu – por Sosígenes Bittencourt.

De coisas bizarras que já vi, as experimentadas pelo repórter da Record, em Bordéu, foram campeãs. E olha que eu já vi índio comer formiga viva e papa de carne de macaco.

Bordéu é uma ilha asiática que fica dividida entre a Indonésia e a Malásia. Coincidentemente, ao chegar em Bordéu, o chefe da tribo havia falecido. Segue-se, portanto, um período de festividades pelo seu falecimento. O defunto fica sendo velado, enquanto apodrece, e é proibido filmar o seu sepultamento. Ninguém pode vê-los chorando nessa hora.
Se você não acredita, o repórter bebeu água de embrião de bicho e vinho de arroz no fundo de um crânio humano. Na água de embrião havia até um morcego mergulhado. O odor era insuportável, tendo o visitante que bebê-la, com os dedos em forma de pegador no nariz.

O que de melhor havia na ilha eram os Orangotangos. Dóceis e familiares, o repórter revelou que os animais mantêm uma relação sexual por ano. Tendo 12 vezes mais força do que o homem, vivem em média 35 anos, chegando a pesar 140 quilos. Millôr Fernandes disse que “Quando Deus criou o homem, os animais não caíram na gargalhada por questão de respeito.
Misterioso abraço!

Sosígenes Bittencourt

Crise financeira e ilusões – por Sosígenes Bittencourt.

Quando eu ouço falar em crise financeira, só penso numa série de palestras que tratam de 3 ilusões extremamente eufóricas, mas que exigem limites: a paixão, o dinheiro e o poder. Observe o ensaio sobre as palestras, resumido por Renato Janine Ribeiro:

Vamos falar de pelo menos três ilusões: uma foi a dos valores vazios, que a crise depreciou, ao preço de inúmeras falências; outra é a do amor-paixão, que nos faz atribuir todas as perfeições a uma pessoa que, obviamente, não pode ser tanta coisa assim; e a ilusão do poder, que nos engana sobre os outros: quem manda sente vaidade, quem o cerca o bajula. Ora, nosso mundo não consegue um entusiasmo que não seja eufórico. Mas um entusiasmo assim é ilusório. É possível viver sem ilusões? Penso que não é mais esta a questão, e sim: É necessário viver com menos ilusões.

Mas, sobre a questão financeira, em rápidas pinceladas, Renato fala sobre “como que menos é mais e como que mais é menos”. E vira-se para a plateia, assegurando que muitos dos que ali estão, estariam gastando muito mais do que o necessário para sobreviver. Depois, que era preciso certas perdas, certos prejuízos, para uma retomada de vida mais consistente, onde o menos seria mais, depois que o mais passou a ser menos. Isso não só serve para a Europa, que vive uma crise, considerada por Delfim Neto como antiga, mas para as pessoas de um modo geral.

Econômico abraço!

Sosígenes Bittencourt