Momento Cultural: Arrepios – por GUSTAVO FERRER CARNEIRO

Gustavo Ferrer Carneiro

Despercebidos

E inocentes

Lá vem os arrepios

Mexer com a alma da gente

Outra vez as sensações

A vontade de um carinho

Mais profundo

De um beijo guardado

De saudade do mundo

Que vivemos conscientemente

E que fica para sempre em nossas lembranças

Entre sussurros, recordo momentos

E não me arrependo

De atos ou fatos vividos

Mesmo que loucos ou transgredidos

Pois meu corpo em sintonia

Agradece ao teu em constante harmonia

E talvez por pura teimosia

Não paro de te amar

E de sentir tua falta

Não tenho pressa

Tenho calma

Quero conhecer não só teu corpo

Mas tua alma

Para isso, te imploro,

Me beija, teu beijo é um presente

Que adoro

E o teu abraço

Deixa meu corpo ardente

Te amando sem cansaço

Um beijo amado

Que vai subindo e vai descendo

Desliza no meio das nádegas

Sobe pelas costas

Até encontrar tua nuca

Teus cabelos afastando

Tuas orelhas volteando

Arrepiando e buscando

Teus lábios entreabertos

Com essa sede de viver

Aguenta, coração

Experimenta a sedução

Tenta e atenta

Nessa total imensidão

Abusa

Elambuza

Tiro a roupa

Te deixo louca

Sua

Suor salgado

Sal impregnado

Tua pele na minha

Minha carne na tua

Em meus lábios

Me matas a sede

Na fonte dos teus prazeres

Sede de meu tesão

Pura transgressão

Teu sexo

No meu sexo

Infringindo preconceitos

Ou regras

Braços e abraços

Bocas e línguas

Desejos hostis

Deixa correr

Deixa rolar

Na cama ou na lama

Na vontade de te amar

Vamos

Agora a sempre

Amar pensando no mundo

Um você e eu, juntos

Um gozo que seja profundo

No amor em um corpo único…

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 19).

Fragmentos de mim mesmo

sosigenes-bittencourt

Sou um amante da vida nos seus múltiplos aspectos. Aproveito tudo. A tragédia, por exemplo, tem me servido muito na criação de minha arte.

Descobri, através do meu semelhante, que vim ao mundo para fazer graça e viver das graças.

O riso é excepcionalmente benéfico à saúde.

Gosto tanto de mulher que não saberia dizer o quanto nem o que viria em segundo lugar.

Não me casei ainda por causa das outras, mas não me considero imune ao matrimônio.

Não sou gastador nem pirangueiro, mas considero que mais vale um prazer do que cem contos de réis.

Sobre Deus, penso como Camões: “O que é Deus ninguém entende, que a tanto o pensamento humano não se estende.”

Sosígenes Bittencourt

Doce Mel – Edu & Maraial

eduOuça a música Doce Mel, de autoria do compositor Edu Luppa, música que foi consagrada pela banda Calypson.

[wpaudio url=”http://www.blogdopilako.com.br/wp/wp-content/uploads/02-DOCE-MEL-PART.-JOELMA-E-CHIMBINHA.mp3″ text=”Doce Mel – Edu & Maraial – participação de Joelma e Chibinha (Calypso)- ” dl=”http://www.blogdopilako.com.br/wp/wp-content/uploads/02-DOCE-MEL-PART.-JOELMA-E-CHIMBINHA.mp3″]

Aldenisio Tavares

CineClube Avalovara

Anunciamos a vocês nossa sessão de Novembro – dia 26/11, uma parceria com o Instituto Histórico e Geográfico da Vitória de Santo Antão (IHGVSA), que estará promovendo entre os dias 24 e 29/11 a 5ª edição da Semana da Consciência Negra.

Os filmes escolhidos para esta sessão são os curtas-metragens “DEUS” (Vinícius Silva, 2016) e “NADA” (Gabriel Martins, 2017), ambos com uma linda trajetória no Brasil e no mundo. “DEUS” | Conheci Deus Ela É Uma Mulher Negra (2016)mescla documentário e ficção, história de uma mãe negra que batalha para criar o filho, sozinha, na periferia de São Paulo. O filme foi realizado por meio de uma campanha de financiamento coletivo, tendo grande repercussão antes mesmo de ter sido lançado. Agora ele está em circulação pelos cineclubes do Brasil, e nós teremos a honra de exibi-lo.

“NADA” (2017) conta a história de Bia, uma jovem que acaba de completar 18 anos e, com o fim de ano e a chegada do ENEM, está sendo pressionada para decidir qual curso ela vai se inscrever. Bia, no entanto, não quer fazer nada. “NADA” é estrelado por Clara Lima, a happer mineira Clarinha (17 anos), responsável também por parte da trilha sonora do curta. O filme foi exibido na Mostra Quinzena dos Realizadores, dentro do Festival Internacional de Cinema de Cannes, este ano, e nos foi cedido pelo próprio diretor.

Todas as pessoas estão convidadas para que participem não só da nossa sessão, mas também das outras ações do evento, que é completamente gratuito e com certificado de participação pela UFPE. Vocês podem conferir logo abaixo a programação completa.

O Cineclube Avalovara tem apoio do Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão (IHGVSA) e da Federação Pernambucana de Cineclubes (FEPEC).

PROGRAMAÇÃO
24/11 (sex), às 19h – Palestra com Adalberto Cândido – filho do líder negro da Revolta da Chibata – João Cândido (homenageado do evento).
Tema: História, Tradição e Memória como forma de resistência na diversidade étnica e cultural no Brasil atual.

26/11 (dom), às 17h – Sessão do Cineclube Avalovara, com exibição dos curtas-metragens “DEUS” (Vinícius Silva, 2016) e “NADA” (Gabriel Martins, 2017), e debate pós filme.

27/11 (seg), às 19h – Mesa redonda com os mestres Amâncio, Queixada e Courisco.
Tema: A Capoeira como instrumento de inclusão escolar e cidadania.

28/11 (ter), às 19h – Palestra com o antropólogo congolês Kabengele Munanga.
Tema: Estratégias e políticas de discriminação racial na educação brasileira, desafios e perspectivas da Lei 10.639/03, 14 anos depois.

29/11 (qua), às 19h – Palestra com o líder quilombola José Carlos, da comunidade de Castainho – Garanhuns.
Tema: Comunidades Quilombolas em Pernambuco – Memória e Resistência no século XXI.

SERVIÇO
Cineclube Avalovara Especial Consciência Negra
Classificação indicativa: Livre
Data e hora: 26/11/2017 (dom), às 17h
Local: Silogeu do IHGVSA
Entrada Franca

Momento Cultural: Amar – por João do Livramento

garanhuns 003-1

Não afirme o que é o amor

Nada diga e nada fale

Se você ainda vive

É melhor então que cale

 

Se está vivo não sentiu

O perfume da ilusão

Embebido no amor

Exalado na paixão

 

A quem indaga o que é o amor

Não preciso responder

Mostro apenas uma flor

Todas nascem pra morrer

 

Ah, essa morte é enganadora

E de amor tem apelido

Cabelos longos, corpo belo

Escondido num vestido

 

Me enganou o coração

Me enganou o pensamento

Quando achei que estava vivo

Já morrera há muito tempo

 

Mas se nascesse novamente

Ao início eu voltaria

Sem amor não sei viver

E assim amando morreria.

 

João do Livramento.

Momento Cultural: Anoiteceres – (crônica) – Por Sosigenes Bittencourt

Anoitece em Vitória. Anoiteço em Vitória. Sou figura noturnal, viajante do ocaso, sonhador como o crepúsculo vespertino, morto de saudade como o final. De olhos vendados, conheço o cheiro dos bairros, dos becos, do meio do mato de minha cidade natal. O cheiro de fumaça, de migau, de chuva. Sou todo olfato e lembrança. Conheço os trejeitos do meu lugar, os cabelos perfumados, os enxerimentos, o flerte e o gozo. Minha cidade é todinha uma mulher. Chamar-se-ia Vitória das Marias, Maria das Vitórias, tal como é.

Anoitece em Vitória. Anoiteço em Vitória. Saio para passear, impregnado dos prazeres noturnos, das eras do meu tempo, que me viciam e me saciam. Minha cidade muda todo dia, mas não muda o meu sentimento, o fascínio elaborado pela memória, como quem ama o que odeia e odeia o que ama, num jogo de perde e ganha.

Anoitece em Vitória. Sobretudo, anoiteço em Vitória. Enlouqueço em Vitória. Porque ninguém entende o que em nós nem conseguimos explicar. Vitória, meu berço e minha tumba. Minha alma noctívaga vai enredando sua história. O acaso me espreita, a surpresa me seduz, sua bruma, sua luz. Alucinações e desejos, rimas em ‘ina’, adrenalina, serotonina, dopamina. Ah! Vitória, dos meus idos e vindas de menino, minha menina!

Sosigenes Bittencourt