Pedro Ferrer: “mesmo longe da terrinha”

Mesmo longe da terrinha,  remeto-lhe esta foto histórica das obras da Praça da Restauração. Na foto,  o prefeito Manoel de Holanda (chapéu e terno escuro ) inspeciona os trabalhos,  acompanhado de auxiliares. Ano de 1953. A praça seria inaugurada em janeiro de 1954,  ocasião em que se festejou o TRICENTENÁRIO da RESTAURAÇÃO PERNAMBUCANA. Vamos lembrar aos antonenses que o nome da praça é PRAÇA DA RESTAURAÇÃO e que o réptil JACARÉ,  infeliz e antigo inquilino do tanque,  já partiu para outra.

Pedro Ferrer – acervo família Holanda Cavalcanti (foto). 

Professora Odorina Gonçalves de Moura: breve relato do doutor Fernando Moura…

Recentemente fui procurado pelo professor e amigo Leandro, no sentido de  colher informações sobre o histórico da pessoa que empresta o seu nome à escola em que ele leciona, uma vez, que,   segundo ele, por lá, as informações são elementares.

Não obstante ser conhecedor de algumas informações sobre a professora Odorina Gonçalves de Moura, até porque a sua família era próxima da família do meu pai, para contemplar a carência e à necessidade do amigo Leandro,  fui obrigado a recorrer ao doutor Fernando Moura –  sobrinho da referida professora.

 De pronto e com toda boa vontade do mundo o doutor enviou-me informações que certamente irá suprir as necessidades. Segue:

Tia Dorita, a mais nova das irmãs Moura, foi professora atuante em nosso município por quase 30 anos, contribuindo para a formação educacional de várias gerações  de vitorienses. Formou-se em pedagogia em uma das primeiras turmas do Colégio Nossa Senhora da Graça  (Damas) e logo em seguida passou a lecionar. Inicialmente, durante 08 anos, na zona rural, na Fazenda “Miringabas”, pertencente ao Sr. Figueiredo (sogro de Sr. Joel de Cândido e avô de Sr. Elmo). Posteriormente, ainda na mesma propriedade, mas na parte pertencente ao ex-vereador, Elias Gomes de Freitas (“Elias de Miringaba”).

E seguida, foi transferida para a área urbana, onde exerceu, por vários anos,  o seu mister em uma escola localizada no Borges. Finalmente, concluiu as suas atividades de magistério na escola mínima “São João Batista”, localizada na “Capelinha São João Batista”, por ela construída com recursos próprios  (seu pai (Zito Mariano) fez a doação de uma bela imagem de Nossa Senhora para a Capelinha, inaugurada em 1960), onde exercia também a função  de Diretora. Dentre alguns dos seus alunos,  na Capelinha, no momento, lembro de alguns:  Carlos Peres, Etiene, Alemão…….Faleceu em setembro de 1994, aos 65 anos de idade.

Em razão dos relevantes serviços por ela,  efetivamente prestados à educação do nosso município,  após o seu falecimento, o Prefeito do Município  (na época,  Sr. Elias Lira), por indicação da sua Secretária de Educação,  Profa. Lourdinha Álvares,  resolveu homenageá-la com a aposição do seu nome em um Grupo Rural, localizado no Lagoa Queimada, próximo ao  Distrito de Pirituba. Espero ter contribuído para os esclarecimentos do histórico pretendido. Abraços!”

Jose Fernando Moura – advogado e sobrinho da professora Odorina Gonçalves de Moura.

O Tempo Voa Documento: foi sempre assim…

Revirando nossos  arquivos encontramos  um “desabafo” do senhor Luis Nascimento, em artigo escrito para a Revista do Instituto Histórico, em função  das comemorações do centenário da imprensa na nossa cidade (1866 – 1966),  que bem  reflete o sentimento daqueles que fizeram e que continuam fazendo  imprensa na Vitória de Santo Antão. Vale a apena ler:

PERCALÇOS E IDEALISMO

A imprensa vitoriense sofreu, desde 1866, todos os percalços, dificuldades e inglórias inerentes à espécie. Viveram seus periodistas, por outro lado, os momentos culminantes da criação do jornal e da enunciação de ideias e programas, junto ao desejo de ser útil a comunidade, de consertar os erros do mundo e apontar os caminhos certos.

Continuaram eles, neste século, a amar e a sofrer, teimosamente, jungidos a um ideal, à missão de informar, de aparecer, de transmitir um pensamento, um verso, uma página literária.

Ultrapassou a casa dos trinta o número de publicações da grande família da imprensa dadas à circulação, de 1866 a 1899, na Vitória de Santo Antão. No cômputo geral dos cem anos hoje completados, subiram a mais de 170, de todos os gêneros, de vida intensa ou efêmera, fazendo surgir jornalista a granel, muitos deles perdendo o título rapidamente, outros altanando-se no conceito da imprensa regional ou nacional.

Esta terra de tantas tradições históricas tem, indubitavelmente, a primasia da imprensa no interior do Estado, uma primasia que honra Pernambuco, do mesmo modo que a imprensa de Pernambuco honra o Brasil.

Luis Nascimento
Originalmente publicado na REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – VOL. I – 1968.

Nestor de Holanda Cavalcanti Neto – por Pedro Ferrer

Nasceu na Vitória de Santo Antão, no ano de 1921. Desde cedo mostrou pendores para as letras. Era neto do Nestor de Holanda Cavalcanti, farmacêutico, estabelecido na atual João Cleofas. Ficou órfão ainda criança. Sua genitora ficou residindo algum tempo na casa dos sogros. Logo partiu para o Recife, levando em sua companhia o casal de filhos. Foram residir na rua do Sossego, bairro da Boa Vista. Mais tarde ele escreveria um romance cognominado: “Sossego, rua da revolução”.

Na capital trabalhou na imprensa, escreveu peças, poesias e compôs inúmeras músicas em parceria com Nelson Ferreira, Levino Ferreira, Luís Gonzaga. Aos 19 anos partiu para o Rio de Janeiro. Sua veia de escritor abriu-lhe as portas de revistas, jornais, rádios, teatros e finalmente TV.

Trabalhou em inúmeros jornais. Foi redator de rádios e TV. Escreveu muitas peças para teatro de revistas e compôs centenas de músicas. Entre seus parceiros citaria: Ary Barroso, Dolores Duran, Lamartine Babo, Ismael Neto, Haroldo Lobo. Suas crônicas prendiam-se muito a fatos ocorridos no Rio de Janeiro e na sua terra natal. Merecidamente ganhou o título de Cidadão do Estado da Guanabara. Nessa época seu livro, “A ignorância ao alcance de todos”, vendeu 120 mil exemplares, valendo-lhe o título de  escritor de maior venda no Brasil, na década de 1960. Nestor morreu jovem, no dia 30 de novembro de 1970, com apenas 49 anos. Jorge Amado, o famoso escritor baiano, resumiu em três linhas a importância, o valor e a originalidade de Nestor de Holanda: “Com Nestor de Holanda estamos longe de todo formalismo sem sentido com que certos escritores buscam esconder a inutilidade de sua voz. Nestor é um homem do seu tempo e do seu povo”.

Recomendo ao leitor seu livro “O decúbito da mulher morta”. História ocorrida na nossa cidade.

Finalizo transcrevendo algumas palavras escritas por Rachel de Queiroz, escritora cearense, primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, por ocasião da sua morte: ““Contista e, acima de tudo, cronista, esse pernambucano de Vitória de Santo Antão assimilou melhor do que ninguém a alma e a graça do carioca, sua irreverência, seu humor desabusado, sua mordente sátira, entremeada de momentos de enternecimento e romantismo. Curioso é que conseguiu figurar assim entre os mais “cariocas” dos cronistas desta cidade do Rio, sem por um instante imolar sua condição de homem vindo do Norte, parte daquela frente migratória anunciada por Manuel Bandeira em “São os do Norte que vêm”. O carioquíssimo “Sargento Iolando” jamais esqueceu ou sonegou o menino de Vitória, suas lembranças, saudades, e pontos de vista. A simbiose de ambos foi o milagre do talento – talento era coisa que não faltava a esse que nós choramos tão cedo, partido muito antes do seu tempo natural, quando ainda teria tanto para dar ao jornalismo, nas letras, na vida.”

A história da fundação da “Girafa”- por Dryton Bandeira.

Ávidos por algo diferenciado e motivador para brincar o carnaval de 1950, um grupo de “corrioleiros” (amigos), teve a inusitada ideia de “roubar” a girafa alegórica usada como símbolo do Armazém Nordeste – A Girafa Tecidos (casa comercial situada na Praça da Bandeira). Discretamente a missão foi cumprida com sucesso, e o produto do ilícito sorrateiramente recolhido à Oficina Atômica, de propriedade de Zé Palito.

Reunião marcada, corriola reunida, bebidas servidas, discursos proferidos: estava fundada a Troça Carnavalesca Mista A Girafa. Oficialmente a data da fundação é 16/01/1950, como consta em Ata lavrada à época.

A primeira Diretoria ficou assim constituída:

– Presidente: José Mesquita de Freitas (Zezinho Mesquita);
– Vice-Presidente: José Augusto Férrer;
– Secretário: José Jacinto;
– Diretor Geral: José Celestino de Andrade (Zé Palito);
– Orador: Mauro Paes Barreto;
– Tesoureiro: Aluízio Férrer;
– Diretor Musical: Paulo Férrer;
– Fiscais: João Carneiro (Doido) e Hugo Costa;
– Diretor Artístico: Nivaldo Varela;
– Porta-Estandarte: Wilson Coelho (O Bruto);
– Comissão de Recepção: Donato Carneiro, José Pedro Gomes, Eliel Tavares, José Vieira (Zequinha), Rubens Costa e João Peixe.

Após o carnaval, sanadas as arestas geradas por conta de “roubo” do animal símbolo de Armazém Nordeste, ficou devidamente acordado entre as partes que a alegoria em questão, seria emprestada anualmente pela referida loja e posteriormente devolvida em perfeito estado de conservação. Anos após, a diretoria mandou confeccionar sua própria Girafa, símbolo maior e marca-registrada dos girafistas até os dias atuais. Vale enfatizar que a Girafa é a única agremiação da cidade a participar de todos os carnavais desde sua fundação.

Durante anos e já na condição de Clube, abnegados foliões conduziram os destinos da folia girafista e suas alegorias foram montadas em diversos locais da cidade, até que me 1986 foi concluída a construção do um moderno e amplo barracão, localizado à Rua Eurico Valois (Estrada Nova). O citado barracão não foi festivamente inaugurado, em face do falecimento de Dona Jura. Tão girafista quanto seu marido,  Mané Mizura.

As apresentações ocorriam nas manhãs de domingo e terça-feira de carnaval, saindo da Praça Félix Barreto, no Bairro do Livramento. Acordes do famoso hino e gigantesca queima de fogos sinalizavam o início de mais um desfile. Clarins anunciavam a presença do Clube na ruas da cidade e o abre-alas era composto do animal símbolo e de foliões devidamente caracterizados de Girafa. Belas e criativas fantasias compunham as alegorias, geralmente inspiradas em temas infantis. Transcorridas alguma horas, o percurso era alegremente cumprido. Novo show pirotécnico, frevo e muita confraternização, fechavam com risos e lágrimas mais um dia de exaltação à Girafa.

Três estandartes saíram às ruas da cidade durante mais de cinco décadas de existência. Inúmeras orquestras animaram os girafistas. Dentre elas: A Venenosa, 3 de Agosto e a do Maestro Seminha de Limoeiro. O hino oficial é: Exaltação à Girafa, composto por Guga Férrer (letra) e Sérgio Patury (música), gravado na voz de Babuska Valença.

Pesquisa e Texto – Dryton Bandeira

História da fundação da agremiação carnavalesca “A TURMA DA CALCINHA”

A TURMA DA CALCINHA

Criado na década de 80, precisamente em 1983, um dia Sábado, uma semana antes do Sábado de Zé Pereira, uma turma de amigos que trabalhava no comercio, Indústria, Colégio e Bancos, tais como: H. Morais, Aliança de Ouro, Mizura, Casas Pernambucanas, Pitú, Bradesco, Banorte e Banco do Brasil, em uma brincadeira debaixo de um Pé de Fícus, na Trav. São Vicente no bairro do Cajá, inaugurava a Barraca do AMARAL “em memoria”.

Inauguração essa  que  recebeu a  contribuição de todos. Minha participação foi doação do tira gosto, uma caldeirada de 100 guaiamuns de cocô, outros com bebidas etc.

Pois bem, na noite anterior (sexta)  alguns integrantes da comemoração haviam passado a noite no baixo Meretriz e subtraído algumas calcinhas das profissionais do sexo que ali trabalhavam. Depois de umas e outras, alguns componentes, já calibrados, resolveram  pendura as calcinhas furtadas no pé de fícus.

Aquela cena despertou curiosidade em algumas pessoas que por ali passavam,  principalmente quem gostava de toma “água que passarinho não bebe”. Compramos alguns  sacos de maizena e farinha de trigo e começamos o tradicional  mela-mela. Foi um dia inesquecível a inauguração  da “Barraca do Amaral”.

Conclusão:

No sábado posterior, o chamado Sábado de Zé Pereira, alguns amigos que estavam na inauguração da barraca do Amaral, já calibrados, resolveram sair pelas ruas do comércio da Vitória tocando zabumba, triangulo e pandeiro, todos com uma calcinha na cabeça contando músicas carnavalescas. Sendo assim, estava fundado, definitivamente, A TURMA DA CALCINHA, que sobreviveu durante 14 anos com recursos próprios. Em 1991 chegou a grava uma faixa do LP “VITÓRIA, CARNAVAL E FREVO”.

 

Atenciosamente,

SEVERINO ROBERTO SILVA.

MIZURA: O Folião das Mil Faces!!

Não há idade para se brincar o carnaval. Desde suas origens, ele aguça, aviva e renova as energias de todas gerações. Pai, filho, neto e bisneto. Não tem idade. Festa irreverente, de som de orquestra, carro alegórico e folião avexado com frevo no pé. Folião é assim: não tem hora pra chegar. Sai de manhã e só volta na manhã seguinte, e quando volta. Mas sempre acaba ficando para mais um bloco, nas ruas subindo e descendo ladeiras. Cansado, mas feliz, cochila algumas horas e depois de um banho já estava novo para outra folia. Assim foi o Manoel José de Souza, ou como todos o conhecem: Mizurao folião das mil faces.

Não dá para falar de carnaval em Vitória de Santo Antão sem lembrar desse grande folião; Mizura já é ícone do carnaval vitoriense, destacou-se utilizando apenas de sua criatividade, irreverência e grande alegria, mas não é pra menos! Ele veio ao mundo em meio a folia, em 12 de fevereiro de 1933. Já nasceu ouvindo frevo.

Cultivou sementes carnavalescas nos clubes “A Girafa”, “O Camelo”, “ETzão”, e sua grande paixão “A Taboquinhas”, entre outros clubes que passaram por suas mãos.

Deixava ansiedade: Qual será a fantasia de hoje?” – perguntavam-se as pessoas nas ruas da cidade. A cada dia de carnaval ele saia com uma fantasia diferente demonstrando sua criatividade e amor à folia carnavalescas. Ora,  era um grande morcego, ora um bebezinho e outra vez foi até anjo (que por sinal foi destaque em um dos carnavais do Recife). Foram dezenas de fantasias,  confeccionadas por sua esposa e até por ele mesmo.

Em 2000, para homenagear seus amigos foliões já falecidos, fundou o “Bloco da Solidão”, que saia pelas ruas da cidade com um carro de propaganda e um cordão de isolamento, onde apenas ele ficava no centro. Saia pelas ruas com muita alegria, parando em cada residência do amigo folião falecido homenageando cada um, a família do folião seguia o bloco, mas apenas ele ficava no cordão. Era o “Bloco da Solidão” que passava pelas ruas da cidade com o som anunciando os membros do clube, todos eram ele mesmo; do presidente-fundador ao porta-estandarte.

Mas o “Bloco da Solidão” chegou a seu fim com pouco tempo de vida; uma grave doença se apoderou do seu fundador deixando-o inabilitado para a folia. Passou alguns anos doente, chegando a falecer nos últimos dias de 2005.

Vitória de Santo Antão perdeu um inesquecível folião, talvez o último dos grandes foliões de época. Foram mais de cinqüenta anos de carnaval. E para cada dia de carnaval uma nova fantasia. E para cada fantasia uma nova alegria que ficava registrada no sorriso das pessoas que lhe esperavam nas ruas da Vitória.

O Carnaval da Vitória há muito está de luto. Ele nunca será o mesmo sem o grande folião que foi Mizura.

Fica aqui, esta simples homenagem.

O Tempo Voa Documento Especial: Reminiscências natalinas – Por Prof. José Aragão (1999)

Dos natais de minha infância, recordo, enternecido, dispostos em ordem, através do velho Pátio da Matriz, nesse tempo coberto de capim e outros arbustos silvestres: o carrossel, cheio de cadeiras e cavalinhos, movido à mão, ao som de melodias tocadas por uma caixa de música; as barracas de prendas de José Menezes e do José Viana, com cadeiras em torno dos armarinhos onde ficavam os objetos a ser sorteados entre os compradores de bilhetinhos feitos à mão; os bares improvisados, com mesas e cadeiras espalhadas em torno da praça; os botecos onde se vendiam quinquilharias, miudezas e brinquedos infantis; os tabuleiros dispostos em fila com bolos, alfenins e confeitos, tendo ao lado um pote com água fria para os fregueses; os presépios e os pastoris.

A iluminação era feita por bicos de latas de carbureto, pendurados em postes de madeira. Nas barracas e na frente de Matriz, lâmpadas a álcool.

De caibros fincados no chão, sustentando folhas de coqueiro, partiam os cordões de bandeirinhas multicores, feitas de papel de seda, circundando e cruzando toda a área da festa.

Por todos os becos, ruas e travessas convergiam ao pátio levas de matutos que acorriam à cidade para ouvir a Missa do Galo.

Rapazes e moças, em grupos, contornavam a praça, discreteando amável e respeitosamente sobre trivialidades próprias de sua idade, usufruindo o prazer natura de mentes jovens e sonhadoras em melífluos encontros.

As crianças, levadas pelas mãos dos pais, visitavam as várias estâncias de pura e inocente alegria, dispostas no vasto pátio, mais interessadas em ver os presépios e montar num dos cavalinhos do carrossel.

No centro, em coreto improvisado, a Banda Musical executava peças do seu repertório: dobrados, valsas, chorinhos, marchas etc.

Dos presépios, lembro-me do armado pelo sacristão da freguesia, Benjamim Bezerra, numa casinhola situada na esquina da rua Silva Jardim com a chamada “Vila Maria”, residência do vigário.

Pastoril famoso foi o organizado pela professora Amélia Coelho com as suas alunas, meninas-moças das mais destacadas famílias vitorienses, o qual se exibia num palanque armado ao lado direito da Matriz, arrancando aplausos delirantes das torcidas dos cordões azul e encarnado.

E assim, entre os devaneios da juventude, a euforia natural da matutada que vinha à cidade ostentando as vestimentas da festa, e a cordialidade reinante entre as famílias, vivia-se o espírito do Natal em sua essência.

À meia-noite, o sino grande da Matriz tocava badaladas, a princípio, pausadas e, logo, apressadas, anunciando o início da Missa.

No altar em frente à porta central do templo, sobre a calçada, celebrava o sacerdote a Missa do Galo, ouvida com unção religiosa, tendo como ponto alto o canto do Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade.

Repetia-se unissonamente a mensagem angélica, anunciando aos pastores o nascimento do Menino-Deus.

Quantas suaves reminiscências desses Natais que vivi, embevecido pela grandeza e sublimidade do sagrado mistério da Encarnação do Filho de Deus, nascendo numa pobre manjedoura para redimir a humanidade, e fascinado pela singela beleza das comemorações ternas e pias desse grande evento! 

Prof. José Aragão
Texto publicado na Gazeta do Agreste,
 Dezembro / 1999.

Tempo Voa Documento – PERCALÇOS E IDEALISMO – Luis Nascimento.

Revirando meus arquivos encontrei um “desabafo” de senhor Luis Nascimento,  em artigo escrito para a Revista do Instituto Histórico,  por ocasião das comemorações do Centenário da Imprensa local (1866 – 1966),  que bem reflete o sentimento daqueles que fizeram e faz imprensa na nossa Vitória de Santo Antão. Vale a apena ler:

PERCALÇOS E IDEALISMO

A imprensa vitoriense sofreu, desde 1866, todos os percalços, dificuldades e inglórias inerentes à espécie. Viveram seus periodistas, por outro lado, os momentos culminantes da criação do jornal e da enunciação de ideias e programas, junto ao desejo de ser útil a comunidade, de consertar os erros do mundo e apontar os caminhos certos.

Continuaram eles, neste século, a amar e a sofrer, teimosamente, jungidos a um ideal, à missão de informar, de aparecer, de transmitir um pensamento, um verso, uma página literária.

Ultrapassou a casa dos trinta o número de publicações da grande família da imprensa dadas à circulação, de 1866 a 1899, na Vitória de Santo Antão. No cômputo geral dos cem anos hoje completados, subiram a mais de 170, de todos os gêneros, de vida intensa ou efêmera, fazendo surgir jornalista a granel, muitos deles perdendo o título rapidamente, outros altanando-se no conceito da imprensa regional ou nacional.

Esta terra de tantas tradições históricas tem, indubitavelmente, a primazia da imprensa no interior do Estado, uma primazia que honra Pernambuco, do mesmo modo que a imprensa de Pernambuco honra o Brasil.

Luis Nascimento
Originalmente publicado na REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO – 1968.

Os nossos jardins – José Aragão – 1946

Nada concorre mais para o embelezamento de uma cidade do que os jardins públicos, os parques e a arborização.

Emprestam eles ao aspecto monótono das construções cores variadas, formando contrastes interessantes com a aridez das nossas artérias, constituídas, em grande parte, de prédios de arquitetura rudimentar e pobre, sem maior beleza.

O jardim é um oásis artificial em pleno centro urbano, recanto ameno cuja paisagem alegre e poética satisfaz ao espírito cansado do labor quotidiano, valendo como refrigério e lenitivo.

Por isso é que as praças ajardinadas são o ponto preferido pela população, nos momentos de folga, para descanso e passeio.

Temos, apenas, três praças com jardins e canteirinhos: a do Leão Coroado, Diogo Braga e a Dom Luiz de Brito, mais conhecida como Praça da Matriz. Dessas, apenas o jardim da última apresenta aspecto agradável, muito embora sem flores, que são o mais belo ornamento, não porque não as produza, mas porque são colhidas tão logo desabrocham, o que é para lamentar. O jardim da Praça Leão Coroado, que já oferece aspecto bem interessante, e os canteirinhos da Pracinha do Braga estão em decadência, à míngua de cuidados.

Queremos crer que o ilustre Chefe do Executivo Municipal, tão zeloso do bem público e do progresso da cidade, voltará em breve as suas vistas para esses logradouros e os entregará a mãos zelosas e hábeis, que poderão transformá-los rapidamente.

Não nos falta água para a conservação dos nossos jardins. Faltam jardineiros.

Decerto, não tardarão eles a aparecer por determinação do governo municipal.

José Aragão
Editorial do Jornal O Vitoriense de 02 de Fevereiro de 1946.

Tempo Voa Documento: Um dos maiores times que já existiu em Vitória, o Sport.

Pilako este é um dos maiores times que já existiu em Vitória o Sport praticamente não disputava campeonatos locais e sim formado pelos melhores jogadores da cidade para enfrentar equipes de fora seu grande presidente foi José da Costa que teve seu nome homenageado pelos desportistas vitorienses colocando seu nome no Campo do Dique que passou a ser chamado Estádio José da Costa, onde hoje se realiza o campeonato amador local.

Alguns jogadores desta foto são conhecidos outros não citarei aqueles que conheço de pé da esquerda para direita o terceiro Fernando de Marron, Miro Caboclo, Gilson Lemos e Ruitá agachados  só conheço o segundo que os amantes do futebol da epoca dizem ser o melhor goleiro que já existiu em Vitória.

Abraços,

Joel Neto

O MUNICÍPIO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO ENCERRA O CARNAVAL DE 2018 COM ALTA NA ECONOMIA LOCAL E RECORDE DE TURISTAS.

Sinônimo de sucesso, a ACTV – Associação do Carnaval Tradicional Vitoriense em parceria com Prefeitura da Vitória de Santo Antão, comemora o sucesso do carnaval tradicional, deixando os foliões encantados com os desfiles dos carros alegóricos, fantasias luxuosas, cortejos das orquestras de frevo, apresentações dos estandartes, bonecos gigantes, bois, caluas, maracatus e bloco de fados. Nos despedirmos do Carnaval de 2018 agradecendo aos turistas e investidores pela confiança e parceria de mais um glorioso e majestoso carnaval vitoriense. Até 2019!

Apoio: 

Carnaval da Vitória: PROSPECTOS DO COELHO.

prospecComo bom folião do carnaval pernambucano, em particular o da minha terra, Vitória de Santo Antão, também me considero um “curioso” da história do nosso carnaval. Além de pesquisar nas fontes disponíveis, procuro, sempre que possível escutar histórias e fatos sobre nossa festa maior das pessoas com mais idade.

Entre algumas das pessoas que procuro ouvir, está o carnavalesco do coelho e folião de todas as agremiações, Antônio Freitas. Diferentemente da maioria das pessoas, o amigo Antônio Freitas está disponível o ano todo para falar de carnaval.

o-coelho

Outro dia, ele me disse que guardava com ele todos os PROSPECTOS do seu clube de coração, O COELHO.

Pois bem, certamente a palavra prospectos,  para os mais jovens, deve soar estranho em se tratando de festa carnavalesca, uma vez que a palavra prospecto – ao pé da letra –  significa folheto destinado a apresentar um produto comercial e distribuído com fins meramente publicitário.

É que tempos atrás, quando o carnaval da vitória tinha como força motriz as alegorias, os clubes, em seus desfiles, ofertavam as pessoas os prospectos para apresentar suas alegorias. Uma comissão se encarregava de caminhar bem a frente do carro alegórico para entregar os folhetos aos turistas e principalmente as pessoas que aguardavam o cortejo  na calçada, geralmente em frente das suas casas.

Nestas folhas impressas, invariavelmente na Tipografia J. de Deus, constava uma espécie de “breve relato” dos clubes e seus respectivos enredos, além, claro, do nome das moças que adornavam o carro alegórico e a da diretoria,  constando nome e cargo. É bem verdade, que alguns clubes também procurava simplificar, pois, naquele tempo,  já havia uma corrente em algumas diretorias  que dizia que só quem lia aquilo era o pessoa do clube rival para vê se encontrava algum erro.

Pois bem, independente de qualquer coisa, pedi ao amigo Antônio Freitas para que disponibilizasse seu arquivo para que pudesse imortaliza-lo no blog do Pilako e consequentemente no GOOGLE.

Portanto, segue abaixo o arquivo. Observe o cuidado do amigo Antônio com a história do “seu” Coelho, que no ano em  que não houve prospecto, ele fez um manuscrito explicando o contexto do desfile ou até à falta dele.

Tempo Voa Documento: Mercado de Farinha.

Hoje, na coluna TEMPO VOA DOCUMENTO, estamos postando uma matéria do Jornal A VOZ ESTUDANTIL do ano de 1979, editado pelo amigo José Edalvo, onde a mesma trás um esclarecimento acerca da polêmica em torno do nosso Mercado de Farinha, no segundo mandato do prefeito Ivo Queiroz.

avoz-estudantil--ano-1n-2A Voz Estudantil – ano 1 – número 2 – de – 08 de Novembro de 1979.

O Tempo Voa Especial – O dia em que O LEÃO foi enterrado pelo CAMELO.

Reunião da diretoria do Camelo - Foto: Acervo pessoal do blogueiro

Reunião da diretoria do Camelo – Foto: Acervo pessoal do blogueiro

Sempre que tenho oportunidade de falar, repito: “não sou velho, mas carnavalescamente falando, vivi o restinho de tudo aquilo que hoje só habita nas paredes da memória dos mais velhos”. Vivi o mela-mela, o corso, com suas “batidas”, as disputas das orquestras, os belíssimos carros alegóricos, os animados bailes de sede, os concorridos ensaios de rua na Pitú-lanches, as comissões com livro de ouro debaixo do braço e porque não dizer, entre outras coisas: o restinho da rivalidade entre LEÃO e Camelo.

Deixei, a propósito, o tema RIVALIDADE por último, para justamente, narrar um acontecimento, ocorrido na terça-feira de carnaval 1991, onde nós, “camelistas” liderado pelo então Presidente Joel Neto, protagonizamos cenas de um carnaval, cujo o “oxigênio”, era a RIVALIDADE.

Muito bem, vamos à história:

Ano de 1991, noite de terça-feira de carnaval. Ao chegar, por volta das 19h na sede do Clube Vassouras “O CAMELO”, juntei-me aos companheiros da jovem diretoria e fui logo  recebendo o recado: Joel Neto quer falar com a gente, ele tá aí com uma novidade”.

Naquela ocasião, os “coroas” do Camelo, presentes no desfile foram: Elias Ramalho, Dodó da Gamela, Berilo, Miro Caboclo e “jogando” no time intermediário (meia idade”) Joel Neto. Os mais jovens eram: Fernando, Puan, Alexandre da Gamela, Edalvo, Léo, Murilo, Mano do Cartório, Clodoaldo, Silvio de Velho da Pitú e Eu.

Pois bem, naquele ano, salve engano, estava completando uma sequência de três anos, consecutivos, sem a saída do Leão no carnaval da Vitória. Joel Neto, que gosta da “cachorrada”, aproveitando essa “turma Jovem” e empolgada, disse que só iríamos saber da novidade na casa de Miro Caboclo, localizada na Rua Imperial, quando a Orquestra do Maestro Seminha estivesse parada em frente da casa.

Durante o percurso, o nível de ansiedade da turma jovem só fez aumentar, todos se perguntavam: “que “diabo” de novidade é essa que Joel Neto tem para nos contar?”

Em certo momento, fomos convidados para entrar na casa de seu Miro, lá tomamos, cada qual, umas três lapadas de uísque, e a só assim, a tal novidade foi revelada.

Joel Neto tinha mandado confeccionar uns roupões pretos com desenhos e máscaras de caveiras e uma alegoria, para ser carregada nas mãos, onde aparecia a figura de um LEÃO, feio, fraco, e porque não dizer, quase morto.

caveiras

Assim sendo, quando saímos da casa de seu Miro, fantasiados de CAVEIRAS,  carregando nos braços, aquele LEÃO quase morto, a “galera” do Camelo foi ao delírio, o desfile ganhou uma nova empolgação. Assista o vídeo:

Após contornamos a Praça da Matriz, paramos em frente a sede do LEÃO, ao som de  machas fúnebres, fizemos o enterro simbólico do Clube Abanadores O LEÃO. Em certo momento algumas pessoas, mais empolgadas, começaram a chutar a porta do clube. Nesse instante, Joel Neto, com sua autoridade de presidente, controlou a situação.

Saímos então, “cantando vitória” no retorno a nossa sede, no bairro do Livramento e até chegar lá, o pau cantou em cima da “alegoria” do Leão quase morto.

Uma semana depois, quando passei pela calçada da casa do senhor Zé Lourenço na Matriz,  torcedor “fervoroso” do Clube Abanadores O Leão, ele disse: “filho de Zito, vem cá. Eu vi você chutando a porta do Leão, vou dize a seu pai, ele não gosta disso não”.

Bem, confesso que fiquei meio “cabreiro”. Mas, caso papai viesse a me reclamar, a resposta já estava na ponta da língua: “foi Joel que mandou”.

Pelo sim, pelo não, acho que seu Zé Lourenço falou com papai, mas como Seu Zito era  CAMELO de coração, no fundo, no fundo, acho até que ele tenha  gostado da nossa, digamos assim, transgressão carnavalesca.