Investir na Educação ou Construir mais presídios?

“A educação abre as portas para os outros direitos e a violência não vem pela pobreza, vem pela desigualdade”, são dois axiomas irrefutáveis, que nos são repetidos e transmitidos diariamente através de livros, revistas, jornais etc.  Estas considerações são provenientes de um interessante e preocupante artigo publicado no “Jornal do Commercio” do dia 27 de novembro. O governo federal gasta mais de R$ 40 mil por ano com cada preso de um presídio federal e R$ 15 mil, no mesmo período, com um aluno universitário, o que corresponde a um terço da importância gasta com um detento. A nível estadual a coisa é mais grave, para cada preso, o governo de um estado gasta a média de R$ 21 mil reais,  nove vezes mais do que o gasto por um aluno do ensino médio, R$ 2.300 reais. Para os analistas o contraste dos investimentos explícita dois problemas no encaminhamento dessas áreas no Brasil: o baixo valor investido na educação e a ineficiência do gasto com o sistema prisional.

O papel da educação na formação da nossa infância e da nossa adolescência é relevante e sobejamente conhecido, todavia restringe-se ao papel e às decisões de gabinetes. Nossos governantes não a levam a sério. Valeria lembrar um imperador que esteve na “ Victoria”, no ano de 1859, e que nos arroubos do seu patriotismo exclamava, que abrir uma escola, é fechar um presídio. Cento e cinquenta e dois anos depois, os iluminados especialistas e pesquisadores da educação nesse país, não resolveram o único problema do país, que é a educação.

“A educação do povo é o nosso primeiro problema nacional; primeiro, porque o mais urgente; primeiro porque solve todos os outros; primeiro porque, resolvido, colocará o Brasil a par das nações mais cultas, dando-lhe proventos e honrarias e lhe afiançando a prosperidade e a segurança; e, se assim faz-se o primeiro, na verdade se torna o único”. (dr. Miguel Couto, médico e pesquisador, julho de 1927).  

Pedro Ferrer

Só o prefeito quer bar…

Aproxima-se o dia da reinauguração da praça da Matriz. No computo geral tudo parece ir bem, entretanto um ponto destoa, os bares ou quiosques, como querem alguns. A estes foi dada mais importância que aos moradores do entorno da praça.

Conversei com Selma, autora do projeto e com Joel responsável pela obra, ambos foram enfáticos em afirmarem que eram e são contra a construção dos quiosques. Para eles a praça não precisava de bares. Manifestaram esta opinião ao prefeito Elias Lira que fez ouvido de mercador. Toda cidade necessita de bares, seus moradores precisam ter um local para bebericar e jogar conversas fora. A praça com certeza não precisa.

Pedro Ferrer

Rapida crônica sobre a Cavalgada

No último dia 20, dois dias após a festa do Instituto, o empresário Pilako não deixou que arrefecessem os tamborins e disparou sua já famosa cavalgada. Casquilhos e vaidosos os cavaleiros exibiam e fustigavam suas montarias. Às 12 horas, após farto e vigoroso café/almoço, regado a PITÚ, saíram todos a cavalgar sob o escaldante sol de verão. Às 16 horas, encobertos de poeiras, chispavam no horizonte, anunciando o retorno. A trote, estava o cortejo de volta. Suculenta feijoada e muita Pitú aguardavam os famintos e sedentos cavaleiros. Das montarias, nem é bom falar. Chegaram numa pândega, verdadeiros pangarés.

Pedro Ferrer

Carta à querida Nicole

Querida Nicole,
Temos novidades sobre o ensino superior no Brasil.

Ministério da Educação divulgou, no dia 17 do corrente, na grande imprensa, o resultado da avaliação efetuada nas entidades de ensino superior do estado. Além das estatais foram avaliadas 65 entidades particulares em Pernambuco. Entre estas, 29 corresponderam à expectativa do Ministério. Numa escala que vai de 1 a 5, duas escolas particulares no estado (Faculdade Pernambucana de Saúde e Damas da Instrução Cristã), obtiveram nota 4, mesmo conceito obtido pela UFPE, UFRPE e UPE. As outras 27 particulares obtiveram média 3. Na análise do Ministério as escolas que não atingem média 3 são consideradas insatisfatórias e estão passivas de punições.

A FACOL, nessa última avalição, deu um salto de qualidade obtendo nota 3. De parabéns seus dirigentes, especialmente doutor Paulo Roberto e professor Péricles Austregésilo. O biólogo Péricles, conheço-o de longa data, é um profissional apaixonado, lúcido e experiente.

Queria mais dados. Corri ao site do MEC, para ver a nota da FAINTVISA. Deparei-me com uma lista de quase 2000 escolas e cursos avaliados. Não consegui encontrar a FAINTVISA nessa longa lista. Ausente na listagem ou desatenção na minha busca?

Interessa-me saber a nota da FAINTVISA, pois sou ligado a ela desde sua origem. Fui seu primeiro professor de Biologia no curso de Ciências. Torço pelo sucesso da escola, a qual está ligada aos meus cinquenta anos de magistério.

Pedro Ferrer

Postura

O “Informativo a Voz”, órgão independente e informativo de novembro, publicado por membros da Igreja Assembleia de Deus, em seu editorial, comenta e analisa o Código de Postura Municipal. Sem desdouro, critica o ex-prefeito José Aglaílson, com justiça, por não ter respeitado o espaço público, ter permitido invasões de calçadas, praças e até de ruas, como se o atual prefeito Elias Lira não tivesse também cometido os mesmos desatinos. Com brados de derrisão sentei-me à beira da calçada e meditei  horas a fio sobre a falta de imparcialidade. Votei em Elias, quem me conhece sabe disso, sou membro da equipe do seu governo, participei da elaboração do seu plano de trabalho e desdobrei-me na campanha, todavia não posso esconder que Elias e Aglaílson são, administrativamente, irmãos gêmeos. Ao conspecto da posteridade os dois receberão a mesma sentença, para isto serve a imprensa livre e independente.

Pedro Ferrer

Sobre a Academia

Academia – Culturalmente, o mês de novembro foi bem positivo. Lá, pelas bandas da Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência, a professora Severina Moura, sem dissimulação, voltou a ocupar a presidência da casa. Posso dizer sem desdouro que faço fé na “gordinha” do bairro São João Batista. Realmente, a Academia está precisando dá uma volta por cima. Meditabundo aguardei sua tomada de posse. Os acadêmicos não estão ainda imbuídos, da importância  da  Academia.

Com ideias fulgurantes em seu discurso, a professora Severina Moura arrostou e prometeu sacudir o sodalício da rua Imperial.

Pedro Ferrer

Sim, sim… Não, não!

Não fui ao Reino Fungi. Sem querer querendo fui remexer em minha correspondência  e deparei-me com  essa pérola de depoimento que cai bem no momento atual de nossa política.

Momento que antecede as eleições e momento da desenfreada corrida dos nossos coerentes políticos que mudam de partidos, como se muda de uma camisa.

Foi escrito pelo professor da UFPE, Lucivânio Jatobá, que viveu sua infância e adolescência na Vitória de Santo Antão.

Estimados Amigos,

Na próxima sexta-feira, dia 30 de janeiro de 2009,no Teatro Silogeu, em Vitória de Santo Antão, às 20 h,  estará sendo lançado o livro   “José Augusto Ferrer- Sim, sim, não, não,” escrito pelo prof. Pedro Ferrer, da UFPE. O livro trata  da vida e da trajetória política do deputado e ex-prefeito do município, sr. José Augusto Ferrer.

Tive a satisfação de ter conhecido “Zé Augusto” , ainda nos anos 60.  Fomos quase vizinhos. Na Prefeitura,  Zé Augusto notabilizou-se por ter exercido o mandato de Prefeito de uma maneira singular: o cuidado excessivo, até,  com a coisa pública. Esse  era tão intenso que no final de cada ano do mandato sobravam recursos, pois o Prefeito tratava a Prefeitura como se fosse a sua casa e fazia cortes em despesas significativos. Nada de despesas inúteis!  Muitas vezes, Zé Augusto saía varrendo a rua bem cedinho, sobretudo na Praça do Anjo, para economizar com pagamentos extras de funcionários.  Foi o melhor exemplo de político que odiava a corrupção e a farra dos gastos.  Quem viveu em Vitória, nos anos 60, durante a sua gestão, mesmo sendo inimigo político dele, dirá que foi  ( e é ) um homem honestíssimo.  Pessoas como Zé Augusto encontram-se em extinção. São objeto de estudo e salientam-se , no mar do corrupção, como ilhas de exceção. Deveria haver no IBAMA uma política de preservação desse tipo de “Bicho-Homem”, sobretudo agora em que é raro o político que age como agia aquele “matuto esclarecido” de Santo Antão da Mata.

Um abraço, Lucivânio Jatobá

Pedro Ferrer

Braga drink´s. – Eu também quero!

Hoje não vou ao Reino Fungi. Ficarei na República da Cachaça.

Tarde de sábado. Tarde pachorrenta. Ideal para uma boa leitura. É o que estou fazendo, lendo o “Jornal da Vitória” do nosso amigo Edalvo. De frente, leio na primeira página: doutores locais se unem e abrem um serviço de Tomografia Computadorizada.  Fantástico! Vitória cresce também na área da saúde. Outra boa nova, professor  Edmo Neves, homem de postura, assume a presidência do conceituado clube de serviço, Rotary. Parabéns. Quantas notícias boas. Com euforia e avidez vou folheando as páginas e digerindo velozmente as notícias. Eis que, na quarta página, deparo-me com uma ingrata reportagem: inauguração do Recanto Universitário. Não era para mim, nenhuma novidade, a reforma do bar do Gena. Circulo sempre por lá. Todavia nunca pensei que tamanha agressão a um logradouro público tivesse o apoio de tantos e de todos. Senti enjôo e vontade de vomitar as letrinhas. O jornal faz um clamor exagerado e dedica página inteira a um investimento socialmente capenga e que devia merecer a repulsa da imprensa. O caro Edalvo esqueceu qual a função e o destino de uma praça?

Falo de teimoso. A maioria o deseja. Alguns parentes do ilustre professor, que dá nome à praça, querem-no,  autoridades religiosas, civis e da segurança também o querem e o  apoiam.

Fazer o quê!

Não desejava, mas aguardava um dia o bar do Gena  fechar. Tudo tem um  fim e o tal bar marchava para isto. Com seu desaparecimento, ressurgiria, aí eu desejava, a praça Luís Boaventura. Praça  florida, charmosa, com bancos, fonte e tudo  mais que caracteriza uma praça, como ele sempre desejou. Tenho certeza que Lula Andrade ficaria muito mais contente com uma praça, do que com o “palácio de cristal” que invade e agride uma área que é do povo.

Cansado e revoltado tirei um cochilo. Eis que senti puxarem-me a borda da camisa. Virei-me e não vi ninguém, porém uma voz suave me segredou  ao ouvido:

­ Cala a boca Pedro Ferrer, tu não te emendas? Quem tu pensas que és? Cala-te, estás pregando em um deserto habitado por surdos. Estás com inveja? Vai lá, filho da mãe e abre tu um bar semelhante,  na praça Diogo de Braga.

­ Gostei da ideia. Acho que posso, tenho os mesmos direitos daqueles que já estão estabelecidos, pois sou cidadão brasileiro, tenho CPF, pago meus impostos e contribuo para a prosperidade da cidade. Vou procurar nossos zelosos gestores. Quero meu espaço para abrir um bar porreta.  Braga drink´s.

Pedro Ferrer

Fotos: Jornal da Vitória

O Veneno das Mulheres

 

“O Veneno das mulheres”. Com este título, o Lidador, no início da década de trinta, exatamente, no dia 14 de janeiro de 1933, publicava, em sua primeira página, o resultado de  uma pesquisa, vindo da Áustria. Essa pesquisa estabelecia, melhor diria, tentava estabelecer uma base científica, sobre uma escabrosa mentira contra o sexo feminino. Velha mentira que remontava ao tempo de Moisés. O Levítico, um dos livros do Antigo Testamento, trata com detalhes sobre o tema e estabelece até normas de comportamento. A mulher, de acordo com o artigo, secretaria no período menstrual, um hormônio capaz de prejudicar o comportamento e a fisiologia dos que a cercavam. Essa afirmação foi proferida por um cientista austríaco, Schick, que deduziu através de suas pesquisas que as mulheres durante a menstruação secretavam um hormônio, o menotoxina. O dito cujo hormônio tinha efeitos espantosos sobre a fermentação e sobre os seres vivos, vegetais e animais.  Uma mulher, que menstruada estivesse, a bater a massa de um pão  ou de um bolo, não conseguia fazer a massa crescer. O menotoxina inibia a ação do fermento. As flores desvaneciam-se e até mesmo  os animais sofriam modificações em sua fisiologia. Essa teoria, da ação negativa do menotoxina impregnou-se no subconsciente popular e foi incorporado à nossa cultura. Hoje, sabemos  que tudo isto é falso, não passa de crendice e superstição.

Lendo este artigo rememorei o dia em que o destilador do  engenho Cacimbas não me permitiu ingressar na destilaria com algumas amigas. Na ocasião não entendi a razão da proibição. Queixei-me ao meu pai da decisão do destilador. Para mim era um absurdo ele impedir nosso ingresso na destilaria. Meu pai ponderou que uma, entre elas,  poderia estar no período menstrual e a fermentação estaria comprometida.  Infelizmente, esse conceito permanece ainda hoje no meio rural. Um vaqueiro da fazenda  Teju não  fazia tratamento, nem nenhuma outra intervenção no gado, quando sua mulher menstruava. Dormindo ao seu lado, sentia-se contaminado.

Pedro Ferrer

Volto hoje para dar sequência à minha viagem ao reino Fungi.

Minha coluna no blog ficou parada uns dias. Envolvi-me com a reabertura do museu do Instituto e as festividades do dia 3 de agosto. A solenidade ocorrida no solar do Imperador foi , de acordo com os presentes e os entendidos, simplesmente extraordinária.

Volto hoje para dar sequência à minha viagem ao reino Fungi.

Lembre-se, caro leitor, que o redator da Voz Parochial, senhor Tirelli, atacou o diretor da Gazeta, senhor Manoel de Holanda Cavalcanti.

O leitor pense, é preciso pensar. Verá como esse tema  é pertinente.

O senhor Manoel de Holanda Cavalcanti, diretor da Gazeta de Victória não se fez de rogado e revidou aos ataques da Voz Parochial com veemência. Em uma longa matéria, com inteligência e sabedoria, arrumou as ideias e deu um puxão de orelhas no senhor Tirelli.  Ainda por cima, clamou o apoio do padre Américo Vasco, vigário na época, da matriz de Santo Antão.

Na verdade, havia nos redatores da Voz Parochial, uma manifesta má vontade. A independência e liberdade de imprensa causavam preocupação aos carolas e ratos de sacristia que primavam pela intolerância. Teimavam em afirmar que os católicos não devem ler, nem também podem ler livros ou outros, senão os autorizados e revistos pelos competentes membros da igreja católica apostólica romana” .

A falta de tolerância e de doçura destoavam do espírito evangélico que prega a paz e a conciliação.

Livra-nos Senhor de todo tipo de opressão e de intolerância.

Coincidência ou não, o redator chefe do nosso blog relembrou,  no dia 2 do corrente, o vendaval ou ciclone de 40 km que teve a proeza de jogar por terra a torre da TV Vitória, canal 58. A intolerância contra a liberdade de expressão continua, em pleno século XXI. Livra-nos Senhor. (Leia o texto A derrota do povo de vitoria)

O professor Ivan Lemosnovitch, velho conhecido nosso, nascido na Rússia e professor universitário não titubeou e acrescentou:

“esse senhor Manoel de Holanda Cavalcanti, ainda jovem, com certeza não tinha trinta anos, que teve a coragem de bater de frente seu truão e bucéfalo crítico, defendendo a liberdade de imprensa, devia ser um cara da porra. Será que esse seu bom DNA foi transmitido originalmente ou será que sofreu mutações”?

Veja o texto:
A derrota do povo de vitoria

O Reino Fungi – parte 02

"Coronelzinho se coroa rei de Seráfia à força." - Foto: divulgação - Rede Globo

Recomendamos a leitura da primeira parte deste artigo, para que haja compreensão. Clique aqui.

Escrevia, terça-feira (26), sobre minha viagem ao Reino Fungi. Relembro que nele penetrei através de um exemplar do jornal Gazeta de Victória. Volto, hoje, bem municiado contra os fungos.

Abri o arquivo do nosso Instituto e retirei um exemplar da Gazeta, o número 2, ano 1921.  Deparei-me na primeira página com uma rinha entre esta e a Voz Parochial, o órgão de comunicação e divulgação da matriz de Santo Antão.

Quando do lançamento da Gazeta, seus responsáveis afirmaram, ser o hebdomadário um órgão independente e “livre de opinião”. E foi justamente esse “livre de opinião”, que gerou uma celeuma na época, 1921, seguida de uma troca de correspondências cheias de farpas.

O senhor Tirelle Junior, redator da “Voz Parochial”,  não se agradou da proposta da Gazeta e partiu de encontro  a tal “livre opinião”:

“Um jornal de livre opinião, meu filho, não se concebe porque nós católicos devemos ter medo de taes folhas que são de caráter neutro. Accende uma vela a Deus e outra ao Diabo. Sou católico e como tal devo pautar a vida e as minas acções, do contrário passarei por um embusteiro”.

O senhor Tirelli não perdoava a postura da Gazeta e conclamava os católicos a não lançarem os olhos sobre suas páginas. Apelava o missivista para o “bom senso” dos católicos, (fanáticos tem bom senso?) , que  deveriam se cautelar contra tais folhas.  A confreira, a Voz Parochial, continuava:

“um órgão feito para as dissoluções de costumes, um órgão de rebeldias (por ser independente) e mais ainda: sem moralidade e compustura e assim por isso mesmo, ao injusto pensar dos bons confrades, um órgão incapaz de ter ingresso no seio da grande família vitoriense”.

O Index Librorvm Prohibithorvm estava em pleno vigor. O Índice, em bom português, era uma lista dos livros proibidos aos católicos, criada pela igreja para proteger e prevenir seus fieis das ideias renovadoras e da corrupção. Já pensaram: o vigário era quem determinava o que o cidadão podia ou não podia ler. Se pelo menos fosse sugestivo e o verbo empregado fosse devia, seria menos autoritário.  Devia seria menos proibitivo. Esse ranço, contra novas ideias e ou ideias contrárias, foi sempre uma marca registrada dos fanáticos: comunistas, nazistas, integralistas e outros istas mais.

Observem os caros leitores, que quatrocentos anos depois da instalação da Inquisição, na nossa pequenina Santo Antão, a censura inquisitória ressurgia e tentava sufocar um órgão independente e livre. Hoje, vez ou outra, nossos gestores maiores, ex-presidente Lula,  por exemplo, investem contra a liberdade de imprensa. A imprensa livre os incomoda, tal qual incomodava na década de 20 do século passado ao senhor Terelli. Esse Blog, do qual participo com orgulho, tem como propósito a defesa e a recuperação da nossa cidade e tem como lema “livre opinião”.

Novo ataque dos minúsculos habitantes da Gazeta. Novos espirros e mais uma crise de falta de ar, mas voltarei. Amanhã investirei contra esses nanicos microscópicos e trarei a tiracolo meu amigo,  o professor Ivan Lemosnovitch.

Pedro Ferrer

O Reino Fungi – parte 01

Foto: divulgação

Nas praças (Vitória ainda tem praças?), nas esquinas e bares, onde dois ou mais se encontrarem, o imaginário Reino de Seráfia, é tema de conversa. No embalo e ritmo da novela resolvi fazer uma viagem por um reino bastante especial, o Reino Fungi. Não pense o leitor, menos avisado, que estou embarcando para a China ou para a Tailândia, onde esbarramos com os Fu Manchus, os Kung Fus, os Fumagallis ou Fumaganges, personagens valentes e cruéis, de olhos repuxados que chispam fogo e cólera. No reino ao qual me destino, os habitantes são minúsculos. Minúsculos mas cruéis. Pequenos e metidos a besta. A maldade deles é inversamente proporcional ao tamanho. Só de vê-los perco a respiração. Só em senti-los coça-me o nariz e lacrimeja-me os olhos.

Para viajar ao Reino Fungi e entrar em contato com seus habitantes embrenhei-me entre as quebradiças e empalidecidas páginas de um velho exemplar da Gazeta de Victoria. Eles estavam lá, aos milhões, talvez aos bilhões. Entre as linhas, dentro de cada letra, nas dobras das páginas, eles me espreitavam, aguardando o momento certo para o ataque. Muni-me de máscaras, e antes de ingressar no fatídico reino peguei de um espanador e de uma flanela e os ataquei com presteza. O embate foi cruento e forte. Menor não foi o prazer da aventura e de novas descobertas.

A entrada escolhida para adentrar ao reino foi um velho exemplar do jornal “Gazeta de Victoria”, setembro de 1921. A matéria é um típico exemplo de tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa. Naquele mês, naquele ano, estava sendo lançado o citado hebdomadário cujo diretor era o senhor Manoel de Holanda Cavalcanti.

Atchim!, atchim, atchim. Os fungos iniciaram seus ataques. Vou fazer uma pausa, vou engolir um antialérgico.

Continua….

Pedro Ferrer

Nossa Senhora do Carmo

Foto: Acervo do IHGVSA

Amanhã, 16 de julho, os católicos romanos festejam a Virgem do Monte Carmelo, também conhecida por Nossa Senhora do Carmo. O monte Carmelo é uma conhecida elevação localizada em Israel e está ligado ao profeta Elias. Os católicos romanos interpretam uma visão tida pelo profeta Elias (I Reis, 18, 20-45) como uma pré-figuração de Nossa Senhora, daí ser considerado como “participante” ou idealizador da obra carmelita.

No ano de 1155, cristãos, atraídos pela fama e tradição do profeta recolheram-se ao monte e passaram a levar uma vida de oração e penitência. Elias foi escolhido como o pai espiritual daqueles ascetas. Os peregrinos que passavam pela região e os visitavam começaram a chamá-los “irmãos da bem aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo”. Mais tarde foram atacados e destroçados pelos mulçumanos. Os que escaparam, fugiram para a Europa, refugiando-se principalmente na Inglaterra, onde mais tarde, na cidade de Aylesford, Nossa Senhora apareceu a Simão Stock dando-lhe o escapulário que passou a fazer parte da indumentária dos monges, naquela ocasião já uma ordem religiosa reconhecida pelo Vaticano.

O Instituto Histórico conserva uma bela imagem do século XVIII, da virgem do Carmo, que fazia parte da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e que era objeto de devoção dos escravos.

Pedro Ferrer

Sobre a reforma do Instituto. (Continuação)

Foto: divulgação

Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Os museus são conceitos e práticas em metamorfose” (Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN, MinC.)

Metamorfose foi o mote adotado. Mudar para melhor, sem perder o elo com o passado, nem com as pessoas, como bem afirma o Ministério da Cultura. Primeiro passo foi criar um setor exclusivo para a história da nossa cidade. Dentro do conceito “linha do tempo” repassamos os principais fatos da nossa extraordinária história: fundação da Vitória, Batalha das Tabocas, Guerra dos Mascates, visita da Família Imperial, Guerra do Paraguai, Hecatombe do Rosário e as Ligas Camponesas. É uma abordagem de cunho essencialmente pedagógico em que oferecemos aos visitantes, especialmente às nossas crianças e nossos adolescentes, uma visão plena do que foi e é Vitória de Santo Antão.

Pedro Ferrer

Postagem anterior:
Instituto Histórico e Geográfico reabrirá no dia 3 de Agosto.

Instituto Histórico e Geográfico reabrirá no dia 3 de Agosto.

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Reunidos no Salão Nobre da entidade, neste domingo (10),  os consócios do Instituto Histórico e Geográfico elaboraram a programação da solenidade de reabertura do museu. Há exatamente um ano, com o apoio da CHESF, era iniciada a reforma do museu e da biblioteca do Instituto.

Reforma abrangente que se baseou em um plano previamente traçado por uma comissão de historiadores e comunicadores, todos sócios da instituição. Uma reestruturação dos diversos setores e uma distribuição mais racional e moderna das peças do seu rico e diversificado acervo era um anseio dos sócios da instituição. Mais que isto, uma exigência pedagógica: mais clareza e harmonia na exposição das peças para torná-lo mais atraente para as crianças e adolescentes que visitam a casa. A aprendizagem e a formação do cidadão são as prioridades de um museu.

“Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Os museus são conceitos e práticas em metamorfose” (Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN, MinC.).

Continuaremos na próxima…

Pedro Ferrer

Cursos de Direito

A Bruxa continua varrendo, com sua maldita vassoura, os cursos de direito do
Brasil e infernizando a vida dos nossos bacharéis.

“O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), determinou a redução de 10.912 vagas de ingresso de estudantes em 136 cursos de direito que apresentaram resultado insatisfatório no conceito preliminar de curso – o índice considera, além do desempenho dos estudantes, o corpo docente, a infraestrutura e os recursos didático-pedagógicos, entre outros itens. A decisão da secretaria foi publicada nesta quinta-feira (2) no “Diário Oficial da União” e abrange cursos submetidos ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) em 2009”.

O curso de direito da  FACOL não consta da lista dos cursos que sofreram redução de vagas.

“O último Exame de Ordem da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), realizado em dezembro de 2010, reprovou 88,275% dos 106.891 bacharéis em direito inscritos. Do total, apenas 12.534 candidatos foram aprovados, de acordo com a OAB. O índice de reprovação da edição anterior já havia chegado a quase 90%. A prova é realizada pela Fundação Getulio Vargas.

Segundo a OAB, outros dados também mostram que o problema é a má qualidade de parte dos cursos de direito. Das instituições de ensino superior participantes, 81 tiveram aprovação zero, de acordo com o secretário-geral da Ordem, Marcus Vinícius Furtado Coelho. “O presidente (da OAB) vai notificar o Ministério da Educação para colocar todas elas em regime de supervisão, que pode levar ao cancelamento”, disse Coelho. O MEC registra 1.120 cursos superiores de direito no país. São cerca de 650 mil vagas, segundo a OAB”. (Globo, 4 de 7 de 2011)

Pedro Ferrer

Como é deputado?

Ex-governador de Pernambuco, Joaquim Francisco - Foto: Divulgação

Nas suas justificativas, para criar o município de Bonança, Henrique Queiroz elencou uma série de requisitos: “Bonança contém os requisitos necessários para tornar-se município devido possuir em torno 4.000 eleitores e é um dos maiores polos de pecuária de corte, fornecendo a produção de carnes e outros derivados para todas as cidades da região metropolitana e outras cidades circunvizinhas, pelo qual reúne todas as condições para tornar-se um município autônomo, pois segundo ele, além de vários estabelecimentos de comércio e serviços, conta também com elevado grau de desenvolvimento profissionalizante e excelente nível sociocultural. Elevar Bonança a categoria de município é responder ao desejo antigo de seus moradores e de sua sociedade, destacou o parlamentar.

Como é deputado? Entendi mal ou é isso mesmo? Bonança tem excelente nível sociocultural?

Misericórdia. Sai de baixo. O deputado devia ser mais parcimonioso em suas palavras.

Dissesse, bom nível, mas excelente, é demais.

Creio que, nem nossa Vitória, nem a capital do nosso estado, tenham um nível sociocultural excelente.

A respeito do tema, de se criar novos municípios, transcrevo em seguida a opinião do ex-governador Joaquim Francisco (foto) emitida no Jornal do Commercio, edição do dia 25 de junho de 2011:

* O ex-governador Joaquim Francisco anda preocupado com a possível enxurrada de novos municípios que virão por aí. Querem os “interessados” transferir o poder de criar novos municípios para as assembléias estaduais. Valha-nos Senhor Deus.

“Esse é um movimento que não considera o aspecto da independência dos municípios, até porque muitos deles ficaram mais dependentes com a emancipação (criação)”, interferiu o ex-governador, que completou: “Antes de se pensar em criar municípios por que não se faz um estudo sobre como andam os que foram criados? Orientaria o Congresso. A tendência hoje é de formação de consócios municipais e a gente vai pensar em criação”?

Pedro Ferrer
Colunista do Blog

Leia os Posts anteriores sobre o assunto:
Henrique Queiroz propõe elevar Tapera (Bonança) à categoria de município.

Bonança: continuando nossa análise sobre a criação do novo município.

Bonança: continuando nossa análise sobre a criação do novo município.

Monte das Tabocas – Foto: Extraida do Fotolog da estudante Hacsa Priscila

Essa criação poderá mexer com nosso patrimônio histórico. Na hora da demarcação dos novos limites, caso a criação se concretize, o Monte das Tabocas ficará para quem? Saberão respeitar o limite natural que é o rio Tapacurá?  

O inimigo, melhor dizer o adversário ou futuro município, tem um forte argumento, mesmo contrariando toda lógica,  para reivindicar o Monte: vocês da Vitória de Santo Antão, não dão a mínima para o importante  sítio histórico. Deixe-o com a gente, saberemos valorizá-lo e zelar por ele.

Desperta  Elias Lira, acordem vereadores e intelectuais.

Levanto essa questão para evitar embaraços no futuro.

Esperamos que o deputado, que alardeia aos quatro ventos lutar por Vitória, conserve o Monte para os vitorienses.

Pedro Ferrer
Colunista do Blog do Pilako.

Leia o primeiro Post sobre o assunto:
Henrique Queiroz propõe elevar Tapera (Bonança) à categoria de município.

DVD retrospectivo sobre história da Igreja da Matriz será lançado nesta Quinta

Igreja da Matriz de Santo Antão – Foto: Jones Pinheiro

Mais um portfólio do jornalista vitoriense Marcus Prado, o qual tem a grata satisfação de convidar para o lançamento, no próximo dia 30 de Junho (quinta-feira), às 19 horas, na Igreja Matriz de Santo Antão, nesta cidade, do DVD retrospectivo da história desse templo religioso, famoso por sua beleza arquitetônica. A iniciativa, com o apoio do Pároco Renato da Cunha Cavalcanti, comemora os 130 anos da construção do Templo.

Pedro Ferrer é colunista.

Henrique Queiroz propõe elevar Tapera (Bonança) à categoria de município.

Foto: Alepe

O parlamentar elencou uma série de atributos que favorecem a aprovação do projeto de lei que tomou o número 154/11. Entre outros, Bonança, tem 15.000 habitantes, 4.000 eleitores, posto de saúde, posto policial, abastecimento de água, estabelecimentos de ensino públicos e privados, além de ser um pólo fornecer de carne bovina para a região metropolitana.

Um amigo meu, o professor Ivan Lemosnovitch, ficou espantado como a Assembléia aceita o projeto. Pelo que me consta, afirmou o mestre, esta aprovação é uma prerrogativa da Câmara Federal.  O professor Ivan Lemosnovitch lecionou na Universidade de Sao Petersburgo, na Rússia. Está radicado no Recife, ensinando em universidades locais. O deputado quer fazer poses para os refletores ou média com a população de Bonança? O professor Lemosnovicht fez apuradas observações sobre a criação desse novo município: vai sobrecarregar o erário; mais dinheiro para as burras dos políticos.

Não mexe deputado Henrique, deixa como está, clamou o professor, que continuou em sua análise.
 
O leitor poderá estar indagando: o que tem Bonança a ver com a cultura?

Amanhã o professor Ivan abordará a questão.

Pedro Ferrer.