O Reino Fungi – parte 01

Foto: divulgação

Nas praças (Vitória ainda tem praças?), nas esquinas e bares, onde dois ou mais se encontrarem, o imaginário Reino de Seráfia, é tema de conversa. No embalo e ritmo da novela resolvi fazer uma viagem por um reino bastante especial, o Reino Fungi. Não pense o leitor, menos avisado, que estou embarcando para a China ou para a Tailândia, onde esbarramos com os Fu Manchus, os Kung Fus, os Fumagallis ou Fumaganges, personagens valentes e cruéis, de olhos repuxados que chispam fogo e cólera. No reino ao qual me destino, os habitantes são minúsculos. Minúsculos mas cruéis. Pequenos e metidos a besta. A maldade deles é inversamente proporcional ao tamanho. Só de vê-los perco a respiração. Só em senti-los coça-me o nariz e lacrimeja-me os olhos.

Para viajar ao Reino Fungi e entrar em contato com seus habitantes embrenhei-me entre as quebradiças e empalidecidas páginas de um velho exemplar da Gazeta de Victoria. Eles estavam lá, aos milhões, talvez aos bilhões. Entre as linhas, dentro de cada letra, nas dobras das páginas, eles me espreitavam, aguardando o momento certo para o ataque. Muni-me de máscaras, e antes de ingressar no fatídico reino peguei de um espanador e de uma flanela e os ataquei com presteza. O embate foi cruento e forte. Menor não foi o prazer da aventura e de novas descobertas.

A entrada escolhida para adentrar ao reino foi um velho exemplar do jornal “Gazeta de Victoria”, setembro de 1921. A matéria é um típico exemplo de tentativa de cerceamento da liberdade de imprensa. Naquele mês, naquele ano, estava sendo lançado o citado hebdomadário cujo diretor era o senhor Manoel de Holanda Cavalcanti.

Atchim!, atchim, atchim. Os fungos iniciaram seus ataques. Vou fazer uma pausa, vou engolir um antialérgico.

Continua….

Pedro Ferrer

3 pensou em “O Reino Fungi – parte 01

  1. “No reino ao qual me destino, os habitantes são minúsculos. Minúsculos mas cruéis.”

    Que injustiça… Se pesquisar a fundo, verá que o Reino Fungi em sua maioria em nada são cruéis e sim muito benéficos a manutenção da vida.

  2. Pingback: O Reino Fungi – parte 02 |

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