Motoristas, Abanadores e Vassouras, juntos, no Carnaval do Sport!!!

Exibindo a faixa de Bicampeão, encontramos, no domingo (21), por ocasião do “Carnaval do Sport”, uma trinca de amigos,  contentes e alegres.  Ozias Valentim, Silvio Gouveia e Joel Neto, atém de serem autênticos torcedores do Leão da Ilha são, também,  foliões antonenses vinculados (sentimentalmente) aos três grandes clubes carnavalescos da nossa terra. Clube dos Motoristas (Ozias), Clube Abanadores (Silvio) e Clube Vassouras (Joel)……

 

EU TENHO SÉRIOS POEMAS MENTAIS – por Sosigenes Bittencourt.


Vejo poesia em tudo, por isso ando pelo cantinho da calçada.

A diferença entre os efeitos da poesia e a embriaguez é que o poeta conhece o caminho da volta.
A diferença entre o louco e o que fala sozinho é que o louco repete.
A diferença entre o poeta e quem gosta de poesia é que o poeta fuxica a poesia.
A diferença é que os diferentes são sempre a minoria, e a maioria considera-se normal.
O pintor Salvador Dali dizia: A diferença entre um louco e eu é que eu não sou louco.
Contudo, só há algo igual entre os homens: todos são diferentes.

Sosigenes Bittencourt

Título pernambucano de número 44 – Festa do Sport em Vitória!!!

Comemorando o  título estadual pela quadragésima quarta vez, a torcida antonense do Sport Clube do Recife, no domingo (21), ganhou as ruas para fazer “barulho”.  Ao som de orquestra de frevo, grupo de pagode e trio elétrico, tanto na concentração quantos nas ruas, o clima foi de euforia.

Nossas  lentes registraram a passagem da “festa” pelo Pátio da Matriz. Torcedores de todas as gerações marcaram presença. Registramos, também, o emblemático vibrador rubro-negro “Seu” Manoel da Sorveria Peixe. Parabéns   a todos…..Pelo Sport Tudo!!!

FALECIMENTO DE PROFESSORA REGINA – por Sosígenes Bittencourt.

Estão se esvaindo do mundo as professoras do meu tempo, da Era do Silêncio, da autoridade com gentileza, do elo sentimental entre o mestre e o aluno. Portanto, é movido por este sentimento, que nos despedimos de professora Regina.
A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos, no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.
Agora, professora Regina, és detentora de um segredo só a ti revelado. Um dia, foste como nós somos; um dia, seremos como tu és.
Até breve, Requiescat in Pace!
Sosígenes Bittencourt

Professora Regina – minha primeira professora!!!

Através dos grupos de WhatsApp tomei conhecimento do falecimento da Professora Regina. Nos últimos anos, sempre estava “esbarrando” com ela pelo Pátio da Matriz, sobretudo,  logo nas primeiras horas da manhã, por ocasião de nossas respectivas atividades físicas – eu correndo, ela caminhando.

Regina foi a minha primeira professora. Encaminhou-me às primeiras letras. Juntamente como minhas irmãs mais novas – as gêmeas Alzira e Laura – estudei lá, na sua “escola”,  no  início da década de 1970.

Já com os meus 56 anos emplacados, ainda guardo muitas lembranças desse tempo. Recreio no Pátio da Matriz, festas de “São João” da escola,  realizadas  no Clube Abanadores “O Leão”, aulas de catecismo e etc. Tudo isso  disponíveis à consultas,  arquivadas nas pastas da minha  memória.

Há quase dez anos, por ocasião do meu ingresso, na qualidade de acadêmico,   na AVLAC – Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência – em ato religioso, realizado na Igreja  Matriz de Santo Antão, fiz questão de agradece-la  e registrar o momento, dizendo, à época, que se conseguia,  com certa desenvoltura, transmitir meus pensamentos através da escrita, deveria  lembrar que quando adentrei, pela primeira vez, na Escola Externato Sagrado Coração de Jesus,  nem sabia juntar o “B” com “A”.,

Portanto, com pesar, registro o falecimento da professora Regina – minha primeira professora!!!

 

19 de abril: Dia dos Povos Indígenas – por @historia_em_retalhos.

Desde a aprovação da Lei n.° 14.402/2022, não se deve mais utilizar a expressão “Dia do Índio”.

Mas, por quê ?

Isso porque o termo “índio”, além de reforçar um estereótipo de que todos os povos indígenas são iguais, reforça uma ideia de que são seres do passado ou selvagens.

O estereótipo do ‘índio’, em verdade, alimenta a discriminação, que, por sua vez, instiga a violência física e o esbulho de suas terras.

Isso pode parecer mero preciosíssimo ou algo superficial, mas não é.

A expressão indígena, lado outro, que significa ‘originário’, ou ‘nativo de um local específico’, valoriza a diversidade de culturas que há em todos os povos originários das Américas.

Viva o Dia dos Povos Indígenas ou Originários!

Na foto, a obra “Guerreiro Azteca”, de Paulo Costa, talhada em madeira de jaqueira.

Paulo Costa é um artista de Olinda/PE, cujo atelier fica na Rua Prudente de Moraes, no Carmo.
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O PENSADOR – por Sosígenes Bittencourt.


De Millôr Fernandes: Quando Deus criou o homem, os animais não caíram na risada por questão de respeito.
De Sêneca: Tão idiota é crer em tudo, como não crer em nada.
De Guimarães Rosa: Viver é muito perigoso.
De José Simão: Terceira Idade é quando a gente bota os óculos para ouvir o rádio.
De La Rochefoucauld: A paixão tem intervalos, mas a vaidade nunca nos deixa descansar.
De Coco Chanel: Não é a aparência, é a essência. Não é o dinheiro, é a educação. Não é a roupa, é a classe.
Reflexivo abraço!

Sosígenes Bittencourt

CONCURSO LITERÁRIO – Osman Lins

PARTICIPE DO CONCURSO E GANHE PRÊMIOS E CERTIFICADOS

 CONCURSO LITERÁRIO PROMOVIDO PELO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO E PELA ACADEMIA VITORIENSE DE LETRAS, ARTES E CIÊNCIA.

De 1 de março a 15 de junho DE 2024.

As entidades acima promovem um Concurso Literário, em homenagem ao centenário do nascimento do escritor antonense Osman Lins. O concurso tem por finalidade homenagear o preclaro escritor e estimular a arte literária em Vitória de Santo Antão.

REGULAMENTO:

1º – Para se inscrever, o trabalho deve ser encaminhado para o Instituto ou Academia em três vias. As vias, devem ser colocados em envelope grande e identificado apenas por pseudônimo, escolhido pelo concorrente. As inscrições deverão ser feitas no período de 01 de março a 15 de junho do corrente ano, impreterivelmente. Serão indeferidos os trabalhos postados ou entregues após a data limite.

Parágrafo único – O concorrente que se identificar será automaticamente desclassificado. Deverá constar apenas o pseudônimo.

2º – As inscrições, que são gratuitas, poderão ser feitas no Instituto Histórico e Geográfico ou na Academia, localizados à Rua Imperial no bairro da Matriz.

3º – Junto ao trabalho inscrito deve ser anexado em envelope pequeno lacrado, a ficha de inscrição, devidamente preenchida, contendo todos os dados solicitados, sendo: nome completo, idade, número do documento de identidade (RG), CPF, endereço completo, telefone para contato, e-mail e pseudônimo usado.

4º – O participante que não preencher corretamente a ficha de inscrição, conforme os artigos 1º e 3º, estará automaticamente desclassificado.

5º – Os trabalhos poderão abordar um dos seguintes temas: a – aspectos da vida do Osman Lins; b- análise de um dos livros do homenageado; c- importância do Osman Lins e da sua obra para Vitória de Santo Antão; d – o que diria/pensaria Osman Lins sobre Vitória de Santo Antão, caso a revisitasse nos dias atuais?  Os textos deverão ser escritos em língua portuguesa, podendo conter de uma a cinco páginas em papel tamanho ofício, digitados com espaço duplo em fonte times new roman, tamanho 12.

6º – Cada participante poderá concorrer com um só trabalho. Após a conclusão do concurso, uma via ficará no arquivo do Instituto e as demais serão incineradas.

7º – Os trabalhos serão analisados e julgados por professores e/ ou escritores qualificados para este fim, convidados pela Comissão Organizadora.

8º – A premiação será no dia 05 de julho de 2024, no Silogeu, em  horário a ser definido pela Comissão Organizadora.

9º – Haverá, além do certificado, uma premiação para os cinco primeiros trabalhos classificados:

– Primeiro lugar: R$ 1.000,00 (hum mil reais); – Segundo lugar: R$ 600,00 (seiscentos reais); – Terceiro lugar: 500,00 (quinhentos reais);- Quarto lugar: 400,00 (quatrocentos reais);- Quinto lugar: 300,00 (trezentos reais)

Parágrafo único: – Todos os inscritos receberão certificado de participação.

10º – Poderão concorrer, alunos matriculados no Ensino Fundamental 2 e no Ensino Médio, das escolas públicas e privadas, da cidade da Vitória de Santo Antão.

11º – A Comissão Julgadora guiará seu trabalho a partir dos seguintes critérios: domínio do idioma, objetividade, clareza do texto e pesquisa histórica.

12º – A Comissão Julgadora terá absoluta liberdade de avaliação, não cabendo nenhum tipo de recurso contra o resultado que vier a proclamar.

13º – Caberá à Comissão Julgadora contatar os classificados.

14º – O resultado será divulgado na imprensa antonense até o dia 30 de junho de 2024.

15º – A inscrição do concorrente implica na prévia e integral concordância com as normas do presente Edital.

16º – O material enviado no ato da inscrição não será devolvido.

17º – O descumprimento das obrigações e regras constantes do presente Edital, por qualquer participante, implicará na sua eliminação imediata.

18º – Os casos omissos serão decididos em conjunto pela Comissão Julgadora e pelas Diretorias do Instituto e da Academia.

Comissão Organizadora: Antônio Fernando do Nascimento, Pedro Ferrer de Morais e Serafim Lemos Nascimento.

Comissão Julgadora: Sócios e ou Acadêmicos: historiador Cristiano V. Barros (Pilako), professor Rafael Augusto, professora Fátima Santos.

Vitória de Santo Antão, 01 de março de 2024.

 

 

 

 

A filmagem completa do PIRRITA – homenageado da 3ª edição da Corrida da Vitória!

Dentro do planejamento e do compromisso em sempre homenagear um atleta da nossa cidade, em 2024, à 3ª Edição da Corrida e Caminhada da Vitória, o escolhido foi o  nosso  PIRRITA. De origem humilde, através do amor e à dedicação ao esporte, o mesmo  avançou na vida profissional, após várias atividades, chegando a participar da Olímpiadas, ocorridas no Brasil, especificamente na cidade do Rio de Janeiro. Abaixo, portanto, segue os quatro vídeos gravados com nosso homenageado. Veja os vídeos…

Reunião ordinária da AVLAC – Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência.

A AVLAC – Academia Vitoriense de Letras, Artes e Ciência – realizou na do domingo (14) mais uma reunião reunião ordinária, em sua sede, localizada no bairro da Matriz. Entre outros pontos da pauta, palestrou aos presentes a Imortal Leila Medeiros.

No contexto do mês (abril),   que celebra o movimento mundial de informação sobre Transtorno do Espectro Autista, Leila, que também é psicóloga clínica, realçou os avanços no diagnóstico, tratamento e leis que envolve a questão. Um bom esclarecimento!

Osman Lins:100 anos – por Marcus Prado

Não pretende sair desse artigo uma análise da obra marcadamente inovadora e plural de Osman Lins (1924–2024), as expectativas nela depositadas desde os primeiros livros e a sua presença na literatura de idioma português dos nossos dias. Ficará para outro momento a sua relação com autores estrangeiros, sua dimensão psicológica e metafísica, a sua participação no Suplemento Literário do Diário de Pernambuco, fase de Mauro Mota. Neste ano do seu centenário podemos dizer que a eternidade de Osman Lins está na sua literatura. Ele a usava como razão da sua existência comprometida com o social, como plenificação da sua vida.

Falarei do Osman obstinado, impetuoso e discreto que eu conheci na casa paterna, em Vitória de Santo Antão (Rua do Rosário, 40), a poucos metros do pátio da Matriz; na casa da tia Laura, casada com Antônio Figueiredo (Rua André Vidal de Negreiros, 36); na casa do professor José Aragão (Rua do Rosário, 300), de quem Osman Lins receberia os primeiros incentivos para o domínio da palavra e da criação literária. (Durante a sua trajetória intelectual, nas entrevistas sobre a sua formação de escritor, o nome do mestre vitoriense era sempre lembrado com carinho). Vultos humanos, aqui lembrados, ficariam para sempre na moldura das afetividades do escritor.

Desejo lembrar o Osman Lins do engenho Tomé nas divisas dos plantios de cana-de-açúcar de Glória do Goitá e Vitória de Santo Antão, perto do Monte das Tabocas. (Já era famoso nesse tempo o Maracatu Camelo Manso, do engenho Tomé). Não foi menino de engenho como José Lins do Rego, mas sabia da previsão e a hora do banguê, da lenha para o forno, da extração do caldo (a garapa); das fornalhas – onde o caldo de cana era fervido e purificado em tachos de cobre; a casa de purgar – onde o açúcar era branqueado. Todo esse equipamento do Tomé, um engenho de fogo-morto, é o mesmo ainda hoje: a casa-grande, o quarto de dormir, a cama de solteiro, a cadeira de balanço. (Fotografei tudo isso, além de outras cenas, sobre Osman Lins na sua terra natal, para uma exposição no MAC/Olinda/2012, com a curadoria de Célia Labanca).

Foi nesse engenho que viria motivar, anos depois, o esboço da famosa peça teatral Lisbela e o Prisioneiro. Conheci a “Lisbela” de verdade, uma bela mulher de cabelos louros, de tradicional família vitoriense do bairro de Santo Antão. Deram-lhe o apelido de “Martha Rocha”, a loura mais famosa do Brasil de sua época. A história real, antes de virar peça de teatro de grande sucesso e conquistar o público do cinema, aconteceu com a chegada, em Vitória, do circo Nerino. O belo trapezista apaixonou-se pela fã ao ponto de trocar o seu trapézio por outro feito com as malhas da paixão. Para que a história real virasse ficção, o namoro foi rejeitado com severas proibições pelos pais da moça.

Era um homem sem ressentimentos, cordial, simples, sabia como raros fazer amigos e cultivar amizades. Era possuidor de intensa fé e profundo amor pela literatura. A sua grande paixão foi a palavra, instrumento primordial da sua obra. Disse-me um dia, na varanda de sua casa, que seria capaz de passar uma semana inteira em busca da palavra almejada. O estilo na esteira do filão modernista ignora a pompa dos adjetivos e a terminologia pedante.

Estou sabendo que o deputado vitoriense Joaquim Lira solicitou uma sessão solene na Assembleia Legislativa para celebrar esse centenário.

Marcus Prado – jornalista

“O Salvador da Pátria” – por @historia_em_retalhos.

Uma das maiores audiências da história da teledramaturgia brasileira, a novela “O Salvador da Pátria” foi sucesso absoluto de crítica, ocupando, segundo o IBOPE, a terceira colocação entre as tramas mais assistidas da TV nacional (atrás de Tieta e Roque Santeiro).

O que pouca gente sabe, porém, é que a novela teve o seu final alterado.

Isso mesmo.

Depois de 21 anos de ditadura militar, o país, enfim, voltaria a ter eleições diretas para presidente da República naquele ano.

Em entrevista à Folha de São Paulo, anos depois, o autor Lauro César Muniz relatou que foi obrigado a modificar o final da trama, dando um destino diferente ao protagonista Sassá Mutema, interpretado por Lima Duarte.

Segundo ele, dizia-se à época que, dada a origem humilde de ambos, havia uma semelhança biográfica entre Sassá Mutema e o líder sindical Luiz Inácio Lula da Silva.

Na versão original da novela, o boia-fria analfabeto Sassá seria eleito prefeito da fictícia Tangará e, depois, tornar-se-ia presidente do Brasil.

Grupos políticos, então, pressionaram a cúpula da Rede Globo para não dar tal triunfo ao personagem.

O motivo era supostamente não beneficiar Lula na eleição contra Fernando Collor, que acabou sagrando-se vencedor.

Assim, Muniz redirecionou a abordagem do tema político para o policial, envolvendo uma organização do narcotráfico, que, ao final, seria denunciada por Sassá.

Sabias dessa?

Naquele mesmo ano, também, a Globo foi acusada de utilizar a novela “Que Rei Sou Eu?” como um instrumento de propaganda em favor do desconhecido Fernando Collor.

A telenovela apresentava o personagem Pichot como um vilão, cujas características eram induzidas para aproximarem-se, subliminarmente, da imagem do metalúrgico Lula, vale dizer, um popular, barbudo, supostamente inapto ao cargo, que chegaria ao poder para ser manipulado pelo bruxo Ravengar.

Do outro lado, estava o personagem de Jean Pierre, o mocinho, jovem, messiânico, performático, bem articulado e portador de virtudes morais de um verdadeiro “salvador da pátria”.

Definitivamente, não é de hoje que as telenovelas são instrumentos de propaganda eleitoral no Brasil.
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A História de PIRRITA – homenageado da 3ª edição da Corrida da Vitória!

Dentro do planejamento e do compromisso em sempre homenagear um atleta da nossa cidade, em 2024, à 3ª Edição da Corrida e Caminhada da Vitória, o escolhido foi o  nosso  PIRRITA. De origem humilde, através do amor e à dedicação ao esporte, o mesmo  avançou na vida profissional, após várias atividades, chegando a participar da Olímpiadas, ocorridas no Brasil, especificamente na cidade do Rio de Janeiro. Doravante, em vários vídeos, postaremos um pouco da sua história, contada por ele mesmo. Veja o vídeo

Cônego Américo Pita – por Pedro Ferrer.

Este conheci bem. Batizou-me, ouviu minhas confissões, deu-me a eucaristia pela primeira vez. Só não me casou.  Todas as quintas à tarde, íamos, eu e colegas do Ateneu, ao catecismo na Matriz. Dona Maria Aragão não abria mão dessa prática. Formava as filas na calçada do Ateneu Santo Antão, no beco do Rosário, hoje rua Osman Lins,  e tocava-nos para o templo. Meninos à direita, meninas à esquerda e o reverendo Pita, de batina preta surrada, posicionava-se no centro da nave. Era um ir e voltar contínuo. Um olho na doutrina católica e o outro na garotada.

– Quais são os pecados capitais?

Tinha medo dele. Não era eu, o único a teme-lo. Todos, inclusive os adultos temiam o velho pároco. Padre Pita ganhou fama de brabo e não foi gratuitamente. Assisti, sendo seu coroinha, o ranzinza expulsar garotas da igreja por não se trajarem adequadamente para um ambiente religioso. Certo? Errado? Para a época era certo e todos os aplaudiam por essas atitudes.

Nem tanto ao mar, nem tanto à praia, mas bem que hoje, os sacerdotes poderiam ser mais vigilantes quanto ao modo de vestir dentro dos templos. Comigo se passou um fato interessante que ilustra bem sua brabeza. Tinha eu sete ou oito anos. Conversava prazerosamente durante a missa das 8 horas, quando ele resolveu parar o ofício religioso, desceu, pegou-me pela orelha e pôs-me de joelho ao lado do altar. Os outros garotos, que participavam da algazarra, silenciaram. Morri de vergonha e mais, de medo, temendo que o acontecido chegasse ao conhecimento dos meus pais.

Voltemos ao nosso padre Pita. Nosso, porque, apesar da brabeza, era um vigário estimado e admirado. Dedicado, virtuoso e sobretudo apóstolo. Pelo seu empenho e interesse Vitória de Santo Antão ganhou a casa dos pobres e o colégio Nossa Senhora da Graça. Isso sem falar em outras conquistas tais como: construção da capela de São José na Mangueira e de Nossa Senhora do Loreto em Água Branca. Empenhado na organização da paróquia e no seu trabalho de apostolado não se descuidava dos diversos órgãos da Ação católica: JEC, JOC, Cruzada eucarística, apostolado do Sagrado Coração de Jesus, Pia União das Filhas de Maria, Vicentinos, Irmandade das Almas etc. Para congregar e atrair os jovens criou, com o padre Vasco, o Grêmio Paroquial, que organizava jogos, tertúlias e peças teatrais.

Padre Pita nasceu no dia 18 de fevereiro de 1885, em Coruripe, cidade alagoana. Aos 18 anos ingressou no Seminário de Olinda. Em 1911 foi ordenado presbítero em cerimônia presidida por dom Luís Raimundo da Silva Brito. Sua primeira missa foi celebrada na Matriz de Santo Antão que tinha como vigário seu primo, o padre Américo Vasco.

Seu empenho e seu comprometimento com a fé cristã valeu-lhe a outorga de dois títulos: Cônego Honorário da Sé de Olinda (1935) e Monsenhor (1950).

Sobre padre Pita repetiríamos as palavras escritas pelo mestre José Aragão: ”De sua fé acrisolada, de sua piedade esclarecida, do seu total devotamento ao reino de Deus em nossa terra, que ele amava como sua; de sua cooperação desinteressada a todas as instituições e iniciativas locais, resultaram, para a comunidade, benefícios incomensuráveis, razão porque os defeitos que pudesse ter, como ser humano, portanto contingente, foram superados e fartamente compensados pelas virtudes, por todos reconhecidas e proclamadas” (Revista do Instituto Histórico e Geográfico, volume 6º, página21).

Seguem outros depoimentos: – cansei em ouvir meu pai repetir, “padre Pita é um padre de verdade, homem modelar”;

– “padre Pita, podemos afirmar sem nenhum vislumbre de exagero é um dos verdadeiros ministros de Deus, é o genuíno “Alter Christus” da religião de Jesus, é o verdadeiro tipo de sacerdote católico. Padre Pita, sacerdote virtuoso, soube se impor à admiração do povo de Vitória que lhe cultua uma amizade leal”. (“A Voz Parochial, 31 de março de 1918);

– “aqui em Vitória o padre Pita deixou vestígios imorredoiros e inesquecíveis, como sacerdote virtuoso e abnegado, como amigo particular e também como jornalista primorado nas colunas deste jornal onde tem colaborado desde a fundação do mesmo até hoje”. (A ”Voz Parochial, 18 de fevereiro de 1919)

Após sessenta anos de vida sacerdotal, dedicados à pregação do Evangelho e à defesa da fé, o probo e íntegro padre entregou sua alma ao Senhor, no dia 27 de abril de 1971.  Vitória de Santo Antão cobriu-se de luto.

O Instituto Histórico e Geográfico que tem o Monsenhor Américo Pita como um dos seus cofundador, reverencia sua memória no setor do Museu Sacro, cujas principais peças partiram de seu magnânimo espírito.

– Ano Novo (Padre Américo Pita)

“Ao afloral do ano novo ainda a humanidade esfarrapada, esquálida, desgrenhada arrastando-se pelos escombros da civilização, da arte e da religião solta ainda um gemido dolente repassado de angústias. O mundo ainda é o sudário da guerra, com os corvos da miséria de garras aduncas esvoaçando crocitante por sobre o charco putrefato da humanidade.

A alma da Igreja compungida cantando a pouco o “Gloria in excelsis Deo et in terra pax homnibus”, visava talvez, o trapejar do lábaro branco da paz sobre as ruinas do mundo por entre a fumarada espessa dos semeadores da morte complemento tétrico da barbaria humana.

Cada ano que lá vem trás na sua psicologia a risonha esmeralda esperança como que sendo fonte d mil venturas no desenrolar do futuro. Oh! quimérica esperança que te transformas na rígida realidade da desilusão. Mas ah! que prossegue a marcha dos tempos e o mundo a convulsionar na guerra.

O mesmo tempo imutável partícula da eternidade no seu eterno evoluir vai escrevendo o episódio doloroso deste século de sangue que o próprio Deus com as mãos plenas de justiça esconde as suas faces para não ver a injustiça e a desobediência dos homens, ao seu “pax homnibus”. E a devastação campeia arrastando manietada a deusa sublime dos povos, a liberdade.

A liberdade irmã gêmea da paz foi banida do seu trono enquanto o despotismo tem o cetro da realeza… (“A Voz Paroquial”, 31 de janeiro de 1918).

Obs. Na época a humanidade estava em plena Primeira Guerra Mundial, 1914-1918.

Pedro Ferrer