A ceia dos cardeais e o regabofe dos leigos – por Marcus Prado.

Quando escrevi esta crônica, cardeais do mundo inteiro participavam em Roma do conclave para eleger o novo Papa. Enquanto mídias de todas as partes se voltavam para a chaminé da Capela Sistina, para dignitários da Igreja confiantes na inspiração do Divino Espírito Santo, eu tinha o foco da minha atenção, como leitor, voltado para a famosa peça teatral de Júlio Dantas (1876-1962), “A Ceia dos Cardeais”, uma obra de maior êxito da dramaturgia portuguesa, em um ato, em dísticos alexandrinos.

Foi representada pela primeira vez no antigo Teatro de D. Amélia (Lisboa), em 24 de março de 1902. Ficou conhecida no Recife, na década de 70, como um dos momentos culminantes do extinto Teatro de Amadores de Pernambuco, com os atores Reynaldo de Oliveira (1930-2022), Enéas Alvarez (1947-2011) e Renato Phaelante. (1945- ).

A peça desenvolve três concepções: no Vaticano (no pontificado de Bento XIV), na ceia, três cardeais, um francês, Cardeal Montmorency de 60 anos, um espanhol, Cardeal Rufo de 63 anos e um português, Cardeal Gonzaga de Castro, de 81 anos, através de monólogos interrompidos por frases de louvor ou de apoio revelam as aventuras amorosas que viveram na juventude. Longe estava a ficção de Júlio Dantas para a vida real do cardeal Newman, que era homossexual.

Com o padre Ambrose St. John, (1815-1875) falecido 15 anos mais novo do que Newman, estiveram juntos durante 30 anos. O cardeal sobreviveu-lhe outros 15 anos e pediu para ser enterrado no mesmo túmulo de Ambrose, a quem, segundo as suas próprias palavras, “havia amado com um amor tão forte como o de um homem por uma mulher”. (Seu biógrafo mais conhecido nega esse detalhe na vida do religioso).

A paródia é uma forma de arte que consiste em imitar e modificar uma obra original, geralmente com a intenção de provocar humor ou crítica. Ela utiliza a intertextualidade, ou seja, referência uma obra anterior, mas a altera de forma que o novo texto tenha um significado diferente, frequentemente cômico ou irônico.

Ficaram famosas as adaptações e as paródias de “A Ceia dos Cardeais” feitas em diversas épocas, não só em Portugal, no Brasil, até em idioma inglês. As crônicas e contos de Machado de Assis mobilizam um repertório de romances com capítulos curtos que parecem parodiar gêneros e favorecer a constituição de uma atmosfera heroico-cômica, como sugeriu Alfredo Bosil (1936-2021) a partir de “Memórias póstumas de Brás Cubas” e dos contos reunidos em “Papéis avulsos”.

A revista IstoÉ deu uma dica, até hoje não acolhida nos meios teatrais, para uma incrível paródia do clássico “A Ceia dos Cardeais”. Publicou uma reportagem, segundo a qual o Supremo Tribunal Federal (STF) abrira licitação para contratar empresa fornecedora de refeições para seus integrantes “e que sirva banquetes aos ilustres ministros togados e seus comensais”. Serão gastos R$ 1,1 milhão, diz a revista. Na lista de exigências do contrato, previsto para durar 12 meses, prorrogáveis por mais 60 meses, “estão pratos dignos dos melhores restaurantes do mundo, comparados aos badalados cinco estrelas do guia Michelin”. O país está cheio de motivações para novas paródias que lembram a ópera “Carmina Burana: “O Fortuna”, de Carl Orff (1895-1982).

Marcus Prado – jornalista

Artur Eugênio de Azevedo – por @historia_em_retalhos.

Em 12 de maio de 2014, era covardemente assassinado o médico Artur Eugênio de Azevedo, aos 35 anos, em Jaboatão dos Guararapes/PE.

Artur era paraibano de Campina Grande/PB, mas morava no Recife e atuava como cirurgião nos hospitais do Câncer, das Clínicas, IMIP e Português.

Na noite daquele dia 12 de maio, Artur foi arrastado por dois homens na entrada do edifício onde residia, em Boa Viagem.

O seu corpo foi encontrado com marcas de tiros na manhã seguinte, às margens da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, e o seu veículo foi localizado queimado e abandonado no bairro da Guabiraba (foto).

Com um futuro promissor e de temperamento calmo, sereno e muito benquisto, a morte de Artur causou perplexidade no meio médico e na sociedade.

Isto porque o mandante do crime foi um colega seu de trabalho.

Por supostas desavenças profissionais (jamais esclarecidas), o médico Cláudio Amaro Gomes (foto) planejou o assassinato de Artur, tendo o seu filho, Cláudio Amaro Gomes Júnior, participado da trama.

Coube a Cláudio Júnior o papel de chamar Jailson Duarte César para contratar os homens que executariam o assassinato: Lyferson Barbosa e Flávio Braz.

O mais inacreditável em toda essa história é que Cláudio Amaro, o cabeça do crime, era um médico bem sucedido.

Mestre e doutor em cirurgia, era também professor-adjunto da UFPE, tendo sido o profissional responsável pelo internamento do presidente Lula quando este passou mal no Recife em 2010.

Por que tirar a vida de um colega de profissão, jovem, idôneo, com todo um futuro profissional pela frente?

Infelizmente, este é o tipo da pergunta para a qual nós jamais teremos a resposta, visto que a mente humana é indecifrável.

Ao fim e ao cabo, Cláudio foi condenado a 27 anos de prisão e o Conselho Regional de Medicina cassou o seu diploma.

Cláudio Filho pegou 34 anos de cadeia e Lyfeson Barbosa e Jaílson Duarte foram condenados, respectivamente, a 26 e a 24 anos de prisão. Flávio Braz, o quinto envolvido, morreu em um tiroteio com a polícia.

Uma semana de paz a todos, gente.
.
.
Siga: @historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/DJjJtxgul_S/?igsh=eHJoMTNsYndkcGtv

Fernando de Noronha: esclarecimentos são necessários!!!

Distante dos acontecimentos, apenas acompanhando pela grande mídia e também por algumas postagens na internet, no que se refere aos lamentáveis fatos ocorridos na Ilha de Fernando de Noronha, em que um delegado de polícia atirou num nativo, por motivo alheio a sua profissão, na qualidade de sociedade, sigo acompanhando o desfecho dos acontecimentos.

Evidente que os procedimentos administrativos já foram acionados e certamente dentro dos prazos legais os esclarecimentos deverão ser comunicado pela imprensa.

O nativo, baleado na perna e ainda hospitalizado, já se pronunciou. Em suas palavras, sem filtro, por assim dizer, demostrou um certo espanto com a situação. Já o delegado, até o mento,  segue em silêncio. Motivo pelo qual dificulta qualquer juízo de valor sobre sua versão dos fatos. Mas curiosa foi a nota da associação dos delegados que, ao que parece, contradiz com as cenas exibidas na filmagem divulgada, até aqui.

Seria bom que, ao final das  investigações, após ouvir todos os envolvidos e sem nenhum tipo de pressão,  as autoridades viessem a público para  revelar a verdadeira motivação dos acontecimentos e evidentemente punir o e/ou os culpados.  Isso deixaria a polícia com mais credibilidade e a população mais segura.

Câmara dos Deputados: frutos duvidosos…..

Por uma questão de justiça não podemos generalizar. Na chamada floresta política existe algum  tipo  de animal que vive  na trilha da seriedade. O problema é que no resultado das ações do conjunto as  boas sementes  não florescem, não inspiram e muito menos produzem  os frutos necessários, isto é:  a sociedade sempre sai perdendo.

Obrigados a reconfigurar o número (513) de representantes (deputado federal), no sentido da ocupação das cadeiras na Câmara Federal, em função da alteração populacional nos estados,  os nossos legítimos representantes acabaram optando pela solução  mais vantajosa – para eles….

Ou seja: as 513 cadeiras, para a próxima legislatura, passarão para 531. Mudança quase imperceptível. Continua-se com os números 1, 3 e 5. Apenas foram alteradas duas  posições. Tudo pensado para confundir a informação. 513 e 531 – visualmente – é quase mesma coisa….

São por essas e outras atitudes que todos os dias a classe política vem perdendo a credibilidade e o respeito da população. Mudar a regra do jogo – em benefício próprio –, no meu modesto entendimento, apenas revela o grau de preocupação que esses parlamentares possuem em relação ao eleitorado. Ano que vem tem eleição: ao invés de 513 serão 531. Viva o Brasil!!!

Vida Passada… – Gervásio Fioravanti – por Célio Meira.

O recifense Gervásio Fioravanti Pires Ferreira nasceu em 1870, no dia 13 de fevereiro. E nos 15 anos, lendo Castro Alves e Fagundes Varela, Casemiro de Abreu e Gonçalves Dias, era, na Faculdade de Direito do Recife, o mais brilhante dos Calouros. Enfeitiçado pela tribuna, palavra fácil e faiscante, enamorado da poesia, nervoso, de maneiras cativantes, Gervásio conquistou, cedo, a admiração da mocidade do seu tempo. Bacharelou-se aos 19 anos de idade, em 89, no ano da  República, no ano em que a faculdade se cobriu de crepe, pela morte de Tobias Barreto, o mulato preclaro de Sergipe, pertencente a turma de Antônio Massa, de Tramaturgo de Azevedo, de  Frota e Vasconcelos, Maria Augusta Meira de Vasconcelos e de Alfredo Varela.

Abolicionista e republicano, ingressou Gervásio no ministério público, ocupando, de 1890 a 93, a promotoria da comarca, no Recife. Revelou, no exercício desse cargo, inteligência e honestidade. Não negou justiça a ninguém e não se curvou injunções políticas. Orador fulgurante, a quem Deus concedeu as galas da eloquência, obteve aplausos dos contemporâneos.

Aos 26 anos, em 1896, e na mesma arena em que se combateram Manuel Cícero Peregrino da Silva, Júlio Pires, Alcêdo Marcos, José Anísio Campelo e Antônio Joaquim de Albuquerque Melo, conquistou, Gervásio, a 30 de novembro daquele ano, na Faculdade, donde saíra bacharel,  a cadeira de direito criminal. Quatorze dias decorridos, vestiu a beca de professor substituto. Onze  ano mais tarde, a 14 de outubro de 1907, alcançou, do governo, a nomeação de lente catedrático.

Durante quarenta anos, fez, Gervásio, da cátedra, um santuário. Havia, na sua palavra arrebatada, e quente, doçura de apóstolo. Acolhedor, e jovial, Gervásio pareceu, sempre entre os discípulos, um companheiro mais idoso, e daí a simpatia, a admiração e a idolatra que lhe votava, com  justiça, a mocidade. Possuiu, esse Mestre amando, em elevado grau, o culto sereno da amizade. Recordava-se, por vezes, de discípulos de há quinze e vinte anos, e recompunha cenas e episódios acadêmicos, à luz prodigiosa de sua memória, e do calor de seus afetos.

Poeta admirável, da estirpe dos cantores líricos, escreveu o “Meses” e o “Horas Marianas” em cujas páginas, há, constantemente, perfume e rosa.

Fundou na Academia Pernambucana de Letras, a cadeira de José Natividade Saldanha, desditoso poeta, e secretario do governo Manuel de Carvalho Pais de Andrade, chefe, em 1824, da Confederação do Equador.

Morreu Gervásio Fioravanti, aos 66 anos de idade, na cidade do Recife. Desapareceu o amigo incomparável, o ídolo dos estudantes. Desapareceu, sorrindo, com o espírito tranquilo, o último boêmio das gerações fidalgas do passado.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

 

6 de maio e o Mestre Aragão……

No conjunto das datas marcantes,  amanhã, 06 de maio, também sublinha um recorte temporal  importante do nosso lugar.  Foi a partir de 6 de maio de 1843 que fomos condecorados com o título honorífico de “cidade”.

Quando aprofundamos à leitura e o entendimento da sequência de “vida” da nossa aldeia, iniciada com a chegada do português Diogo de Braga, em 1626, logo entenderemos que o processo de mudança, ocorrido no mês de maio de 1812, quando deixamos a condição de “Freguesia” e viramos “Vila”  foi, indiscutivelmente,  o momento que causou  mais impacto  e transformação na comunidade antonense. Diferentemente do ocorrido no bojo do 06 de maio de 1843.

Nesse contexto, na qualidade de comunidade, deixamos de “receber ordens” de Olinda e passamos, de fato, a tomar conta do nosso próprio destino. Passamos a criar nossas  leis e assim alinhavarmos  e costurarmos o futuro que,  naquela ocasião,  já se avizinhava como próspero.

Comemorar, amanhã, a passagem de mais um 6 maio (182 anos)  é importante por vários motivos: pelo simbolismo que a data carrega e também por oportunizar uma abertura de dialogo com nós mesmos (comunidade), no sentido do autoconhecimento.

A comemoração da data 6 de maio, que poderia ser esquecida como tantas outras passagens importantes da nossa história, possivelmente só entrou no “radar” da cidade  justamente por conta do  6 de maio de 1943 (centenário), pois,  naquela ocasião,   encontrava-se sentado na cadeira de prefeito um sujeito verdadeiramente sensível  aos fatos históricos e, assim sendo, cuidou em dá relevo a passagem,  promovendo um grande evento na cidade. Esse prefeito foi José Aragão. Viva o 6 de maio! Viva o Mestre Aragão!!!

Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão – por @historia_em_retalhos.

3 de maio de 2003, Ipojuca, Pernambuco.

Naquele dia, as jovens Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, ambas com 16 anos, passavam o fim de semana na casa de um amigo, na Praia de Serrambi, litoral sul de Pernambuco.

Após um passeio de lancha até o Pontal de Maracaípe, elas se separaram dos outros jovens e foram andar sozinhas pela praia.

Ao retornarem ao local, constataram que o grupo já havia retornado com a lancha para Serrambi.

Então, decidiram voltar e conseguiram uma carona até as imediações do trevo de Porto de Galinhas, onde pegariam uma condução.

Desde então, desapareceram.

Amigos procuraram, mas disseram não ter encontrado nenhuma pista.

Dez dias depois, o empresário José Vieira, pai de Tarsila, encontrou os restos mortais das adolescentes em um canavial, em Camela, distrito de Ipojuca.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil apontaram os irmãos kombeiros Marcelo José de Lira e Valfrido Lira da Silva como os responsáveis pelo crime.

Entre as provas, objetos encontrados no local do crime e na kombi de Marcelo, como fio de nailon, barbeador (da mesma marca e cor usado pelo kombeiro) e fios de cabelo que se assemelhavam aos das vítimas.

Três testemunhas afirmaram ainda terem visto as vítimas pedir carona na Praia de Porto de Galinhas.

Mas o resultado foi contestado pelo Ministério Público de Pernambuco. O então promotor de Ipojuca, Miguel Sales, falecido em 2014, pediu novas diligências três vezes, colocando em xeque as investigações, que acabaram nas mãos da Polícia Federal.

Marcelo e Valfrido Lira chegaram a ser presos, denunciados e julgados pelo crime, mas foram absolvidos em júri popular em 2010.

Em 2018, o caso transitou em julgado no Superior Tribunal de Justiça.

Mais de duas décadas depois, esta triste história segue sem esclarecimento.

Hoje, ambas estariam com 38 anos de idade.

Quem matou as adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão?

.
.Siga: @historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/DJMPrzURpRm/?igsh=YTNjdnN2cnloaXdi

Vitória: o tabuleiro político para 2026 já começou a remexer-se!!!

Em ano pré-eleitoral, bem distante da atenção da expressiva parte do eleitorado, os políticos correm para ajustar “sua respectivas pistas”, rumo ao pódio eleitoral, neste caso em tela, 2026.

Mudanças a partir de Brasília, no que se refere aos rumos partidários, por essência, espaços federativos, tem a capacidade de “remexer” o tabuleiro político na província. Exemplificando: quem estava alinhado ao campo “X” passar a ser obrigado a se abraçar com o campo diametralmente oposto.

Com efeito, Pernambuco já começou a viver esse clima. Até a chamada “janela partidária”, que só acontecerá no inicio de 2026, muitos acordos serão quebrados. Outros refeitos e muitos outros, nunca antes  imaginados, entrarão na ordem do dia.

Vitória de Santo Antão, que não se configura numa “ilha eleitoral”,  já começou a vivenciar os efeitos colaterais das decisões que tiveram  como epicentro a Capital Federal.

Por aqui, para 2026, rolará muitas imagens  novas.  Bem diferentes daquelas fotografias  de 2022. Aliás, em função das conveniências, vale sempre lembrar: na política,  não existe espaço para amadores……

Redemocratização – por @historia_em_retalhos.

Era o ano de 1981.

Naquele momento, o Brasil caminhava a passos lentos para a redemocratização do país.

Ao assumir o poder, em 1979, Figueiredo deu continuidade ao distensionamento político iniciado por Geisel, gerando inconformismo nos setores mais radicais do regime e nos órgãos de informação e repressão da ditadura, como o CIE, o SNI e o DOI-Codi.

Para estes órgãos, o fim da ditadura representaria, também, o fim de suas próprias existências e os seus membros receavam um possível revanchismo por parte da oposição democrática, caso esta assumisse o poder.

Então, a lógica era simples: era interessante para estes setores que a “esquerda” voltasse a se envolver na luta armada, de modo a justificar o acionamento de mais repressão política.

Na falta de um perigo real, valia tudo, inclusive, forjar ameaças para fundamentar uma volta à repressão e, dessa forma, dar-se maior importância aos órgãos de segurança.

Foi assim que, na noite do dia 30 de abril, durante as comemorações do Dia do Trabalhador, no Riocentro, onde se apresentavam artistas como Elba Ramalho e Gonzaguinha (foto), duas bombas foram levadas ao local, em um carro Puma GTE, com o objetivo de promover uma tragédia e imputá-la às organizações de esquerda, pondo fim ao lento processo de abertura política.

Algo inesperado, todavia, aconteceu.

Uma falha não premeditada comprometeu os planos.

Com o evento já em andamento, uma das bombas explodiu prematuramente dentro do carro onde estavam o sargento Guilherme Pereira e o capitão Wilson Machado, no estacionamento do Riocentro, matando o sargento e ferindo gravemente o capitão.

Todas as tentativas de encobrir o fracasso da operação e culpar as organizações de esquerda foram frustradas.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade concluiu que o atentado fez parte de uma ação articulada do Estado brasileiro.

Ao fim, o episódio tornou-se um marco da decadência e do esgotamento do regime militar no Brasil, que daria lugar, quatro anos mais tarde, ao restabelecimento da democracia no país.

Jamais aceitemos revisionismos históricos de ocasião.

Um povo que não conhece a sua história está fadado a repeti-la.
.
.
Siga: @historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/DJGyQLDR7zu/?igsh=MTJtZjBwdzQ3Y3BzMw%3D%3D

Vida Passada… – Osvaldo Cruz – por Célio Meira.

Na zona leste da terra paulista, naquela cidade antiga de S. Luiz de Paraitinga, onde o escritor Francisco de Assis Barbosa viu, e exaltou, “velhos sobrados coloniais no páteo da matriz”, nasceu, no ano de 1875, Osvaldo Gonçalves Cruz. Muito Jovem, aos 20 anos de idade, conquistou, no alvorecer da República, a carta de doutor em medicina. Inteligentíssimo, e estudioso, dedicou-se, com divina esperança de alcançar vitórias, à microbiologia e à anatomia patológica. E não se enganou, o intimorato bandeirante. Batalhou, corajosamente, como um guerreiro antigo, e venceu.

Osvaldo Cruz, em 1901, combatei a peste bubônica, extinguindo-a. Obteve, a esse tempo, os primeiros aplausos do governo e os agradecimentos do povo. E dois anos mais tarde, no governo de Rodrigo Alves, o preclaro paulista, o cientista Osvaldo Cruz, de 31 anos de idade, iniciou a maior, e mais luminosa batalha de sua carreira pública, atacado, de frente, a febre amarela, cheio de fé, e de energia. A luta fio tremenda. Surgiram obstáculos, guerrilhas da população, injurias, mas, o sábio, apoiado pelo poder público, não recuou da ação titânia e benfazeja. Extinguiu a febre. Saneou a capital da República.

Deve-se-lhe a fundação do Instituto de Manguinhos, hoje Osvaldo Cruz. Esse Instituto é, na América do Sul, um estabelecimento modelar, e de inestimável serviço, à causa pública. Aconselhou, ao povo, o uso da vacina contra a varíola, em 1904, e a mocidade desavisada das escolas, levou o povo a rebeldia.

Representou o Brasil, em 1907, num congresso de Higiene, em Berlim, alcançando, escreve um biografo, a medalha de ouro, oferecida pela imperatriz da Alemanha. Era essa medalha, nesse congresso doa sábios, a maior distinção. Exerceu, por algum tempo, o governo, na prefeitura de Petrópolis. E moço ainda, antes dos 40, com a cabeça “empoada precocemente pelo tempo”, na observação de Afrânio Peixoto, pertenceu à Casa dos 40 imortais, ocupando a cadeira nº 5, patrocinada por Bernardo Guimarães , e onde se sentou o doce Raimundo Correia, o poeta do “Mal Secreto”.

E, aos 45 anos, a 11 de fevereiro de 1917, morreu Osvaldo Cruz. Finou-se, nesse dia, o “marechal” da medicina brasileira, que sustentou, sem tremores, mil batalhas memoráveis nos pântanos e nos charcos de uma cidade. Nessas refregas, Osvaldo não ceifou criaturas. Destruiu “mosquitos”, para salvar uma população inteira.

Se há embaixadores, na terra, inspirados pela sabedoria divina, foi Osvaldo Cruz, um Embaixador de Deus.

Célio Meira – escritor e jornalista. 

LIVRO VIDA PASSADA…, secção diária, de notas biográficas, iniciada no dia 14 de julho de 1938, na “Folha da Manhã”, do Recife, edição das 16 horas. Reúno, neste 1º volume, as notas publicadas, no período de Janeiro a Junho deste ano. Escrevi-as, usando o pseudônimo – Lio – em estilo simples, destinada ao povo. Representam, antes de tudo, trabalho modesto de divulgação histórica. Setembro de 1939 – Célio Meira.

Experimento social com o público da 4ª Corrida da Vitória – por João Vicente Neves Baptista.

As conversas dos outros e o experimento social.

Vou começar confessando logo: tenho o terrível vício de querer ouvir as conversas dos outros. Adquiri essa curiosidade mórbida frequentando lugares onde se bebe, sem ser bebedor. Melhor explicando: embora o efeito da bebida alcoólica não me caia bem, o que me fez desistir de ser um boêmio – passo uma noite inteira com duas ou três doses de whisky bem diluído em água – eu simplesmente adoro frequentar os ambientes onde se consome a “água que o passarinho não bebe”, quais sejam, os bares, os eventos musicais e toda sorte de comemorações.

Nesses lugares, os que bebem se divertem bebendo, e tendo, uns com os outros, conversas de bêbado, aquelas que permeiam o vasto campo compreendido entre ‘parto de raposa’ e ‘atracamento de navio’, isso sem contar as confissões, os desastrosos e desnecessários sincericídios, as mentiras e as megalomanias.

Mas a minha praia é outra; eu gosto de ouvir, interpretar e me divertir com essas conversas, principalmente havidas entre pessoas que não conheço. Funciona mais ou menos assim: fingindo participar da minha roda, fico sorrindo e balançando a cabeça como quem concorda com tudo o que ali se diz, enquanto minha mente e ouvidos estão concentrados em conversas paralelas, onde se está debatendo os mais variados assuntos, sendo mais corriqueiros os singelos bate-papos sobre fatos engraçados, as fofocas bestas e aquelas indefectíveis mentiras, onde homens contam vantagens sobre, por exemplo, seu desempenho sexual. Mas também já cheguei a ouvir conversas intrigantes como a combinação para prática de um crime, revelação de um segredo irrevelável e até confissões acerca preferências sexuais bizarras e nojentas.

Mas foi aqui em Vitória de Santo Antão que ouvimos eu e Lari – minha mulher, a quem, como um traficante malvado, incuti o mesmo vício –, uma tese debatida numa roda de bêbados, na qual se afirmara com toda convicção, que o povo dessa terra era em sua maioria desonesto. Os bêbados defendiam tal absurdo com exemplos burros, generalizando atitudes de um e de outro, que na cabeça deles, serviam para comprovar tal disparate,

Intrigados, chegamos a abordar tal assunto com outras pessoas, e chegamos a ouvir quem confirmasse tal característica, o que sempre rechaçamos com a veemência de uma mãe que defende um filho de uma acusação maldosa.

Vieram a calhar recentemente, duas reportagens onde se apresentavam curiosas práticas comerciais:  uma quitanda na beira de uma estrada de terra, no interior do estado do Mato Grosso, onde um agricultor expunha frutas e hortaliças, indicando os respectivos preços e disponibilizava uma balança, uma calculadora e uma caixa de madeira contendo moedas e cédulas de baixo valor, para que o cliente escolhesse a mercadoria e ele mesmo pesasse, calculasse, pagasse o valor, e eventualmente recolhesse o próprio troco; e outra sobre idêntica prática, feita por comerciante de pedras semipreciosas, que ficavam expostas sobre um enorme tabuleiro, salvo engano no Rio Grande do Sul.

Em ambos os empreendimentos, era quase nula a ocorrência de furtos ou outras formas de desonestidades por parte dos clientes, o que de certa forma comprovava o que sempre defendemos: os desonestos compõem a exceção, uma ínfima minoria e não o contrário, como gostam de defender os maledicentes, acometidos da famosa síndrome do vira-lata, que é aquela estranha e nociva mania de denegrir a imagem do seu próprio povo, com a convicção de que a grama do vizinho é e sempre será mais verde que a sua.

Então tivemos a ideia de replicar as práticas desses comerciantes aqui na nossa cidade, e escolhemos a 4ª corrida da Vitória como palco do experimento. Na véspera do evento, fomos à praça do Livramento, escolher o local onde colocaríamos, pelo preço de R$ 4,00, cocos verdes, gelados e já preparados pelo nosso habilidoso caseiro para serem facilmente abertos, disponibilizaríamos canudos, um fura-coco, um caixa com moedas e cédulas pequenas para troco e um ‘QR code’ para pagamento via pix. Lá estando, avistamos o organizador do evento, o famoso jornalista e historiador Pilako, de quem nos aproximamos, nos apresentamos, e quem não só nos ouviu com toda atenção, como ficou entusiasmado com a nossa iniciativa, e com enorme simpatia e prestatividade deu suas sugestões e indicou um local para instalarmos nosso quiosque – construído horas antes do evento, por mim mesmo, utilizando madeira de descarte encontrada pelas ruas e ferramentas de hobby.

As 4:45 da manhã, do domingo 27/04, atrasados e sob os justos protestos do nosso novo amigo, a quem havíamos prometido chegar as 3, nos encontrávamos montando o quiosque, encimado por uma placa improvisada onde se lia: “a verdadeira honestidade acontece quando ninguém está olhando”, o nome da barraca, “PEGUE & PAGUE”, e outras sinalizações indicando as instruções, o valor, o QR CODE, e ainda a seguinte advertência: “sorria, você está sendo filmado pela sua consciência”.

Às 5:20, tudo montado, nos afastamos e deixamos o baile seguir. E qual o foi o resultado? Às 8:35, os 80 cocos se venderam sós. E o melhor: não só inexistiu um único caso de desonestidade, como o valor arrecadado foi superior aos R$ 320,00 que seriam resultantes dos 80 cocos a R$ 4,00 cada, o que atribuímos a eventual não recolhimento dos trocos pelos clientes.

Confirmada nossa tese com muita alegria, decidimos, eu e Lari, repetir a empreitada nos próximos eventos e escolher alguma entidade para receber o valor arrecadado, como forma de agradecimento a essa maravilhosa cidade onde acreditamos que a esmagadora maioria da população é de pessoas honestas e dignas, e onde desde 2016, sem titubear, escolhi para viver até o fim da vida.

João Vicente Neves Baptista, ou Joca, 46, é advogado com 20 anos de experiência, integrante da quarta geração de um tradicional escritório de advocacia centenário, iniciado pelo seu bisavô, sediado em Recife e atuante na área de direito empresarial. É casado há 6 anos com Larissa Arruda, 26, empresária e futura nutricionista, com quem reside no Sítio Palmeira Imperial, pequena propriedade rural na região de Terra Preta, onde o casal comercialmente cria peixes, porcos e carneiros e cultiva plantas e árvores exóticas.

Voltando às atividades e rotineiras….

E foi com o som do canto dos pássaros que aprontamos a estrutura de 4ª Edição da Corrida e Caminhada da Vitória. Hoje, segunda-feira (28), seguimos operando, no sentido do fechamento do evento.

Promover eventos não é  tarefa das mais fáceis, sobretudo quando estamos falando de evento na rua, com um dinamismo e uma movimentação própria. Mas, ao final, deu tudo certo!

Voltando às atividades  rotineiras….

Revolução dos Cravos – por @historia_em_retalhos.

“Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim”

“Tanto Mar”, canção de 1978, foi gravada por Chico Buarque em homenagem à Revolução dos Cravos, movimento armado que pôs fim ao regime fascista salazarista, no dia 25 de abril de 1974, em Portugal. 🇵🇹

O período da história portuguesa conhecido como “salazarismo” teve o seu início em 1933, com a ascensão ao poder de Antônio de Oliveira Salazar.

Inspirado no fascismo italiano, Salazar estabeleceu um regime autoritário-ditatorial, pautado na censura, repressão, exílios e guerras coloniais.

Em 1968, Salazar sofreu um derrame e foi substituído por Marcello Caetano, que prosseguiu com a política autoritária.

O isolamento político, a decadência econômica e os desgastes com as guerras coloniais foram o pano de fundo para a formação de um movimento de resistência ao salazarismo.

Em 09.09.73, surge o MFA – Movimento das Forças Armadas, em oposição à ditadura, o qual, no ano seguinte, reúne-se e decide derrubar o governo de Caetano.

Em 25 de abril, às 00h:20min, a transmissão pelo rádio da música “Grândola Vila Morena” foi a senha utilizada para anunciar o início das operações militares, deflagrando a rebelião.

E qual a razão do nome “cravos”?

Em verdade, a revolta aconteceu praticamente sem resistência.

Caetano rendera-se no mesmo dia, seguindo para o exílio no Rio de Janeiro.

Diante disso, a população saiu às ruas para comemorar, entregando flores de cravos aos soldados, que as colocavam nos canos de seus fuzis, tornando, assim, a flor símbolo e nome da Revolução.

As principais conquistas do 25 de abril podem ser resumidas nos chamados “3 D’s”:

– Democratizar,

– Descolonizar e

– Desenvolver.

O reconhecimento da independência de Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Angola foi um reflexo direto do movimento.

Para a nossa alegria, o perfume dos cravos portugueses atravessou o Atlântico e também chegou no Brasil, influenciando no processo de redemocratização do país e, mais tarde, na promulgação da Carta Cidadã de 1988…

Dedico este retalho de hoje à memória de dona Fátima Azevedo.
.
.
@historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/DI3XqBQxbVZ/?igsh=bWp5c242M3kwY2tt

4ª Corrida da Vitória: Rock In Roll na dose certa!

Prepare-se para um domingo de pura vibração, emoção e superação!
A 4ª Edição da Corrida  e Caminhada da Vitória  vem aí. E dessa vez, com uma energia ainda mais poderosa!

Além do esporte, vai ter rock’n roll de primeira  com a galera incrível do @projetorockclube,  mandando ver no som e levantando a vibe!

Anota aí:
Domingo, 27 de abril 
Corre, caminha, vibra e curte muito rock com a gente!

Posto Indígena Guido Marliére – por @historia_em_retalhos.

Em 1969, a ditadura militar brasileira mandou construir no antigo Posto Indígena Guido Marliére, no município de Resplendor/MG, um presídio só para indígenas: o Reformatório Agrícola Krenak.

Para lá, passou a enviar indígenas acusados de “causar problemas”, sem nenhuma acusação formal ou direito de defesa.

Era um autêntico regime de exceção, inexistindo garantias processuais, tipos penais ou sentenças definidas.

Segundo relatório da Comissão da Verdade de Minas Gerais, o Reformatório Krenak recebia indígenas de todo o país e dizia “reeducá-los”, mas, na verdade, funcionava como uma prisão para aqueles acusados de vadiagem ou que resistiam às expulsões de suas terras.

Comandado por um militar, o Capitão Manoel Pinheiro, o reformatório era um espaço de violações de direitos humanos, trabalhos forçados, torturas e terror.

Os indígenas que cometessem faltas eram brutalmente reprimidos e punições como chicotadas e confinamento em solitárias eram frequentemente aplicadas.

A proibição de falar o seu próprio idioma também era uma regra no reformatório.

Proibindo os Krenak de falarem a sua própria língua, buscava-se, em verdade, o apagamento gradual de sua identidade cultural, no processo denominado de genocídio cultural.

A negação de identidade dos indígenas foi uma estratégia muito utilizada no Brasil por fazendeiros.

Primeiro, negava-se a sua identidade cultural.

Depois, alegava-se a extinção daquele povo, para, por fim, tomarem-se as suas terras.

Um outro detalhe é que a detenção não tinha prazo definido, durando o tempo que os militares julgassem adequado.

Por isso, muitos sustentam que os indígenas estavam em um verdadeiro campo de concentração, em um regime jurídico paralelo.

Em 1972, o Reformatório Krenak foi fechado em Resplendor, sendo todos os presos transferidos para a Fazenda Guarani, em Carmésia/MG.

Em 02.04.2024, a Comissão de Anistia concedeu a 1.ª reparação coletiva da história do Brasil ao povo Krenak.

Ao final da análise, o presidente da Comissão, Eneá de Stutz, ajoelhou-se e pediu desculpas aos indígenas em nome do Estado brasileiro.

Perdão, povo Krenak.

Lembrar para nunca mais repetir.
.
.
Siga: @historia_em_retalhos

4º Edição da Corrida e Caminhada da Vitória: o dia “D” tá chegando….

E no feriado de ontem (21) teve  alinhamento com parte da equipe da organização da 4º Corrida e Caminhada da Vitória. A contagem regressiva já começou…

O evento, que congregará 1000 atletas, já se configura num do mais importantes movimentos do esporte amador da Vitória de Santo Antão e de cidades circunvizinhas.

Anota aí:
📅 27 de abril de 2025
📍 Vitória de Santo Antão
🛣️ Percurso de 7 km

Prepara o tênis, aquece o corpo e vem com a gente fazer história mais uma vez!
Vai ser lindo demais!

HOUVE UM TEMPO, LEMBRO BEM DELE…. – por Lucivanio Jatobá.

Em que a Semana Santa era um período de extrema tristeza, pois trazia à tona o sofrimento e o assassinato de Jesus Cristo. A partir da Quarta-feira Santa, e sobretudo entre a Quinta e a Sexta-feira ( santas), as rádios de Pernambuco, sem exceção, só tocavam musica clássica até a meia noite do Sábado de Aleluia.

As igrejas católicas ficavam sombrias, com os santos e santas envolvidos por um tecido roxo. Havia ainda pelas ruas das cidades a Procissão do Senhor Morto, uma procissão muito triste, que era iniciada por um som ritmado de uma matraca. Os sinos das igrejas ficavam tocando incessantemente, emitindo um som fúnebre.

Agora, vive-se um tempo de absoluta indiferença ao sofrimento e ao absurdo assassinato de Jesus Cristo. Um feriado prolongado permanece. E é usado para se tomar cachaça, ouvir “bregas” imorais e etc e tal… Sinceramente, deveria ser abolido o feriadão da Semana Santa. Os verdadeiros cristãos fariam as suas orações em igrejas ou praças públicas. Lembrariam da Paixão de Cristo. Feriado agora para quê, mesmo? Para alimentar o quê, mesmo? A fé? Que fé?

Lucivanio Jatobá

Corrida da Vitória – entrega dos kits….

ATENÇÃO, ATLETAS!
A Retirada do Kit da 4ª Corrida da Vitória está chegando! Confira todos os detalhes para garantir o seu:

📍 Local:
Loja Joelma Sports

📌 Endereço:
Rua Doutor Aluísio de Melo Xavier, 75 – Centro
Vitória de Santo Antão – PE

🗓 Dias e horários de entrega:
* Quinta-feira (24/04) – ⏰ das 9h às 17h
* Sexta-feira (25/04) – ⏰ das 9h às 17h
* Sábado (26/04) – ⏰ das 9h às 12h

⚠️ Importante:
* Levar CPF e comprovante de inscrição
* Para retirar o kit de outro atleta, é necessário apresentar cópia da inscrição e dos documentos pessoais
* 🚫 Não haverá entrega de kits no dia do evento!

Desejamos a todos uma excelente prova!
BOA PROVA!
Vamos com tudo!

Organização

São João – Por Célio Meira (em 1977)

Crônica publicada na Revista do Instituto Histórico e Geografico da Vitória de Santo Antão – Vol. 7º – em 1977.

SÃO JOÃO – Meu pai, falecido há 30 anos, gostava da festa de Santo Antônio. Adorava festejos de São João. Era devoto fervoroso de taumaturgo de Lisboa de Pádua, que pregara os peixes. Acendia velas no santuário, nas noites de 23 e 24 de junho, iluminando a estampa colorida de Batista.

Parece que estou a vê-lo, quando era menino, no quintal de nossa casa, na rua do Meio, ensinando-me a fazer fogueira de barrica. Enchia-se uma barrica velha de lenha seca e ateava-se fogo com papeis embebidos em álcool ou querosene. Subiam as labaredas, ouviam-se estálidos da lenha, e, decorrido pouco tempo, tudo era braseiro. Retirávamos tições, e quando a cinza os cobria, nós os soprávamos, a plenos pulmões, até que o fogo se tornasse vermelho.

Começava, então, o brinquedo de fogos. Acendiam-se as “estrelinhas”, queimavam-se os “mosquitos” e besouros “quebra-canela”, soltavam-se, com a mão a tremer, “pistolas” de quatro e cinco “balas”, “rodinhas” presas com um alfinete numa flecha, “chuveiros de ouro e prata” e “cartas” de traques debaixo de latas e panelas. Riscavam-se caraduras encarnado e verde e ajeitava-se a subida de balões de papel, para que, aos caprichos do vento, eles cabeceassem, sem destino, dentro da alvoroçada noite sanjoanesca. Nas ruas e nas praças prosseguiam, fagulhantes, batalhas de busca-pés. Chegavam, amortecidos, na cidade, estrondos de bacamartes, disparados nas propriedades agrícolas.

Nestes últimos tempos, no São João da minha terra, depois de olhar fogueiras sem mamoeiro “macho”, sem cordões de bandeiras de papel; de conversar com meia dúzia de pessoas do meu tempo de rapaz, e de espiar gente moça e desconhecida a dançar, nos clubes, procuro repousar o espírito, nas horas de silêncio. E na meditação, parece que estou ouvindo, a descer de mundos siderais, a voz amada do meu pai:

 – Está muito diferente o São João da nossa terra. Já não existe a casa onde, no quintal, fazíamos fogueira de barrica. Não maldigas os tempos novos: são passagens renovadas da vida, são as leis divinas na evolução do mundo.

Célio Meira – escritor. 

Zuleika Angel Jones – por @historia_em_retalhos.

Esta é Zuleika Angel Jones, estilista brasileira que ganhou fama internacional por sua costura, ficando conhecida como Zuzu Angel.

No ano de 1971, o Brasil vivia o ciclo chamado “Anos de Chumbo” e a vida de Zuzu sofreu uma reviravolta.

O seu filho Stuart foi sequestrado e nunca mais visto.

Zuzu recebeu o relato de pessoas que viram a prisão, tortura e morte de Stuart e passou a denunciar no exterior as circunstâncias do assassinato de seu filho.

Usou da projeção alcançada por seus desfiles para fazer com que as denúncias chegassem à imprensa estrangeira, contribuindo para o desgaste da ditadura nacional.

A partir de 1975, começou a ser mais monitorada e a receber ameaças de morte.

Cerca de um ano depois, em 14 de abril de 1976, Zuzu faleceu, aos 53 anos, vítima de acidente automobilístico.

A versão oficial foi a de que o carro teria saído da pista e batido no viaduto, tudo confirmado pelo médico, à época.

Chegou-se a divulgar que a estilista teria ingerido bebida alcoólica, havia dormido ao volante ou que o carro teria problemas mecânicos.

A partir da análise no corpo de Zuzu, em 1996, e da reunião de testemunhos importantes, como o de Lourdes Lemos, que comprovou a revisão de seu veículo, bem assim o de Marcos Pires, que viu o acidente da janela de seu apartamento, as coisas começaram a mudar.

Uma das principais provas foi produzida pela CNV, no depoimento do ex-delegado Cláudio Guerra, no qual o agente identificou a presença do coronel do Exército Freddie Perdigão e afirmou ter ouvido do próprio Perdigão que ele havia participado do atentado que vitimou Zuzu.

Na verdade, o carro de Zuzu foi encurralado na saída do túnel Dois Irmãos, o que provocou a colisão contra a proteção do viaduto, fazendo com que o automóvel despencasse do barranco.

Pouco antes de falecer, a estilista enviou uma carta ao amigo Chico Buarque, na qual dizia:

“Se eu aparecer morta por acidente, ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

Chico enviou 60 cópias dessa carta à imprensa, mas nada foi publicado.

Fica a certeza: a pior das violências será sempre aquela praticada pelo próprio Estado.

#ditaduranuncamais
.
.
Siga: @historia_em_retalhos

https://www.instagram.com/p/DIbC_g5xoia/?igsh=MXIzaGE4YXMydzVoZg%3D%3D