Saldanha, o João Sem Medo – por @historia_em_retalhos.

Ninguém questiona que a seleção brasileira de 1970 foi o melhor time da história das copas.

O escrete tinha Pelé, Tostão, Jairzinho etc. jogando em alto nível e com um futebol arrebatador.

Há um lado desse episódio, porém, que precisa ser enxergado: por trás daquele timaço, houve um personagem que foi intencionalmente apagado da história.

Estamos falando de João Saldanha, o principal responsável pela montagem daquele time.

Antes do torneio, a seleção não apresentava um bom futebol e surgia o receio de que não se classificaria.

Acima da média, Saldanha já era conhecido como cronista esportivo e treinador do Botafogo.

Porém, trazia algo inusitado: era um militante de esquerda e fazia oposição aberta ao regime militar.

Em 1969, o Brasil amargava o pior período da ditadura e estava sob o comando do general Médici, fã de futebol.

O convite para Saldanha treinar a seleção partiu do diretor da CBD Antônio do Passo, sem consultar o governo.

De logo, disse João:

“Meu time são 11 feras dispostas a tudo. Irão comigo até o fim. Para a glória ou para o buraco”.

Em 6 jogos, 6 vitórias nas eliminatórias.

O Brasil atropelou os adversários.

Embora no ano seguinte o desempenho tenha caído, os resultados animaram a torcida e o time estava pronto para o mundial.

Eis que se chegou a março de 1970.

A três meses da copa, a surpresa: Saldanha era demitido.

Muito se polemizou, mas todos concordavam que para a ditadura seria inadmissível ver um militante de esquerda voltar do México com a Jules Rimet nas mãos.

João não tinha medo.

No exterior, aproveitava a condição de técnico da seleção e denunciava a repressão no Brasil.

Uma das várias versões foi a de que Médici queria a convocação do atacante Dadá Maravilha.

Fato ou boato, a história chegou até ele, que deu a conhecida resposta:

“O presidente organiza o ministério, eu cuido do time”. 

Acabou substituído por Zagallo, que pouco mexeu na seleção, ficando com a glória do tricampeonato.

O gaúcho morreu em 1990, aos 73 anos, sem nunca ter o reconhecimento devido.

Pela coragem, Nelson Rodrigues o apelidou de João Sem Medo.
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Uma oportunidade para mudar de vida……

Um conjunto de situações nos impulsiona à vida sedentária.  A mais comum e “mentirosa” desculpa todos já conhecem bem: “falta de tempo”.  Com efeito, noutra ponta, através das mais diversas plataformas de comunicação, somos estimulados ao consumo dos alimentos processados (saborosos) que são desaconselhados por todos os médicos e nutricionistas.

Nesse contexto, somos obrigados a tomar uma atitude, sobretudo àquelas pessoas que já ultrapassaram a emblemática marca do meio século de vida. Praticar atividade física regularmente é algo imperativo e deve ser colocado na ordem do dia.

Aos que se enquadraram no “figurino” do texto segue a provocação em forma de desafio:  que tal, na qualidade de atleta,  participar da 2ª edição da Corrida e Caminhada da Vitória? Será que num era esse “empurrão” que estava lhe faltando?

Pois bem, anote e “salve a data”:  domingo,  23 de abril (2023) em nossa cidade. Um programa para toda família….

Vamosimbora!!!

Carlos Chagas – por @historia_em_retalhos.

Em 08 de novembro de 1934, morria no Rio de Janeiro o grande cientista, biólogo, médico sanitarista, infectologista e bacteriologista brasileiro Carlos Chagas, responsável pela descoberta do protozoário causador da Doença de Chagas.

Em tempos de negação à ciência, este médico por vocação merece todas as homenagens.

Na foto, Chagas aparece ao lado de Albert Einstein em visita deste ao Brasil em abril de 1925.

Diz-se que Chagas não ganhou o Prêmio Nobel de Medicina porque fora sabotado por seus próprios colegas brasileiros.

Uma grande injustiça da história.

Chagas é um exemplo para os médicos brasileiros.

Até hoje, foi o único cientista a descrever completamente o ciclo de uma doença.
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Somos todos antonenses……….

Em um determinado ponto da linha do tempo dos quase 400 anos que separa à chegada do português Diogo de Braga em nossas terras – por força de uma Lei federal –, na qualidade de cidade, fomos obrigados a mudar de nome. Isso ocorreu em entre os anos de 1943/1944. Naquela ocasião, entre outras sugestões, apareceu o “Vitrice”.

Pois bem, não inadvertidamente faço uso da expressão “antonense” para representar o coletivo de pessoas que nasceram ou que residem em nossa circunscrição territorial, aquilo que chamamos de gentílico.  Oficialmente ainda somos “vitorienses”. Ressaltemos, contudo, que ajustes históricos sempre serão necessários. Faz parte da dinâmica das pesquisas.

Por ocasião das produções do nosso quadro “Corrida Com História”, em que estamos a realçar e sublinhar fatos e vultos locais, a palavra “antonense” começou a ser divulgada também na linguagem falada, motivo pelo qual aumentou e muito às indagações e questionamentos de pessoas das mais diversas tendências, por assim dizer.

Com a toda boa vontade do mundo respondo a todos, inclusive, dando-lhe as devidas explicações. Aliás já estou pensando em produzir um vídeo – dentro do “Corrida Com História” – só para falar desse tema. Vamos em frente…..

Dom Hélder e o topless – por historia_em_retalhos.

Certa feita, tentaram envolver Dom Hélder Câmara em uma situação polêmica.

O jornalista Chico Maria fazia um programa de entrevistas na TV Cabo Branco e dirigiu ao arcebispo a seguinte pergunta:

“Dom Hélder, o que o senhor acha do topless?”

Na sua imensa sabedoria, respondeu o Dom da Paz:

“Meu filho, eu estou preocupado com quem não tem roupa para usar. Mas quem tem e quer tirar eu não me importo”.

Um tapa no falso moralismo.

Que falta nos faz!

Um domingo de paz a todos! 🙏🏼
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Dedico este retalho à querida amiga @dilimendes.
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FLORA DE OLIVEIRA LIMA – Marcus Prado.

DETALHE DO JARDIM DA CASA GRANDE DO ENGENHO CACHOEIRINHA DE PROPRIEDADE De JAIME BLTRÃO.

Essa casa tem uma ilustre história a ser contada pelo jornalista MARCUS PRADO no seu DICIONÁRIO ONOMÁSTICO E PAISAGÍSTICO DA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO. Nela viveu uma das mais ilustres damas de Pernambuco do passado, dona FLORA DE OLIVEIRA LIMA, casada com o diplomata e famoso historiador e IMORTAL DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, OLIVEIRA LIMA. Nesta casa , ele escreveu parte de sua obra-prima DOM JOÃO VI NO BRASIL (foto, inédita, de Marcus Prado).

O que a Argentina fez com os seus negros? – por historia_em_retalhos.

Esse tema sempre me intrigou muito.

Não entendia porque o país vizinho, que também passou pelo flagelo perverso da escravidão, tinha uma população negra tão reduzida.

Só para se ter uma ideia: no século 18, a participação negra chegou a ser de 30% da população argentina.

Hoje, gira em torno de 4 a 6%.

Há razões históricas, que, pelo absurdo, lembram de alguma forma o processo de desaparecimento dos índios nos EUA.

Tudo começou com a abolição da escravidão, em 1853.

Tal qual no Brasil, os negros foram entregues à própria sorte, caindo no esquecimento e abandono.

Morando em guetos, cortiços e favelas, sem higiene, a população negra passou a ser presa fácil das grandes epidemias, como cólera e febre amarela.

Muitos sucumbiram nesse período.

Um outro fator (cruel e covarde) também pesou bastante: a maciça exposição dos negros nas linhas de frente das guerras, como “buchas de canhão”.

Com os grandes embates nas guerras da independência, na Guerra do Paraguai e em outros conflitos, o governo criou diversos batalhões constituídos apenas por afro-argentinos, com promessas de dias melhores, que nunca chegaram.

Esses batalhões não recebiam as mesmas instruções e treinamentos, partiam para o fronte e eram simplesmente dizimados.

Some-se a esse processo de aniquilamento o forte estímulo, a partir de 1850, à imigração da mão de obra branca europeia (principalmente italianos e espanhóis), a qual gozava de prestígio e tinha os seus direitos civis e trabalhistas reconhecidos.

Estigmatizados e sob a vigência de uma clara política de branqueamento, os afro-argentinos foram, aos poucos, desaparecendo.

Uma curiosidade: paradoxalmente, o maior símbolo da cultura argentina, o Tango, tem origem africana.

O ritmo fazia parte das cerimônias escravas conhecidas como “tangós”.

Há o ditado que diz que “os argentinos são italianos que falam espanhol e que pensam que são ingleses”.

De fato, tem o seu fundo de verdade.

Este retalho está longe de exaurir o tema, mas explica, em certa medida, porque a Argentina ainda é um país reconhecidamente racista.
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PASSA O DIA DE FINADOS – por Sosígenes Bittencourt.

Passa o Dia de Finados. Finda o Dia de Finados.
E ninguém vê finados. Porque finados findaram,
não têm hora, dia, tempo, mais nada…
Passa o Dia de Finados.
tão rápido quanto fora a vida dos finados.
Ninguém desejaria que os finados voltassem
ao mundo para findar outra vez.
Já nos basta morrer uma vez.
Porque só os finados estão livres da morte.
Sobretudo, do medo da morte.
Seria suprema malvadeza do destino nos impor
mais de um fim, embora morra nossa infância,
nossa adolescência, nossa mocidade
e sigamos vivos, vivos até o derradeiro fim.
Passa o Dia de Finados.
E perpassam os finados que conhecemos.
Parece até que os vemos.
De preferência, sorrindo. O mesmo jeito,
a mesma voz, os trejeitos, o figurino.
Nós é que ficamos tão diferentes. Talvez,
nem soubéssemos conversar com os finados,
como antigamente.

Sosígenes Bittencourt

GUERRA DOS MASCATES – embate político militar ente os senhores de Engenhos (habitantes de Olinda) X comerciantes portugueses (habitantes do Recife).


O movimento no seu bojo pretendia tornar Pernambuco uma República. Pereira da Costa, grande historiador, em “Anais Pernambucanos”, vol. 5 assim descrevia o sentimento que ia no coração dos pernambucanos. “O projeto de independência era coisa certa e combinada entre Bernardo Vieira de Melo e o mestre de campo João Freitas da Cunha, e ao qual se achavam associados o capitão-mor de Santo Antão, Pedro Ribeiro da Silva, o capitão André Dias de Figueiredo e seu irmão o dr. José Tavares de Holanda e contando eles com a principal nobreza pernambucana”.

No dia 17 de outubro o governador da Província, Sebastião de Castro e Caldas, foi emboscado no centro do Recife, na rua da Água Verde, próximo ao Pátio de São Pedro. Infelizmente, para os pernambucanos, o tirano sobreviveu aos ferimentos. Impulsionado pelo sentimento de vingança e sabendo que os autores dos disparos eram familiares do Pedro Ribeiro e que eles tinham fugido para a Freguesia de Santo Antão, ordenou ao corpo da guarda da Freguesia que prendesse o Pedro Ribeiro e seus comparsas.

No dia 3 de novembro, após rápidas escaramuças, Pedro Ribeiro da Silva resistiu à prisão e de quebra prendeu seus perseguidores. Formou um grupo armado e partiu para o Recife com o objetivo de depor o Governador. Era o início da “Guerra dos Mascates” De Santo Antão ecoava o grito de liberdade. Às tropas do capitão mor Pedro Ribeiro somaram-se outras vindas da zona da mata. Amedrontado com a presença dos bravos mazombos, Sebastião de Castro e Caldas fugiu para Salvador.

Em cartas escritas posteriormente de Salvador-Bahia, para onde fugira, Sebastião de Castro e Caldas responsabilizava Pedro Ribeiro e parentes pelo atentado que sofrera: “que os principais amotinadores, além dos ditos conjurados, repartidos pelas Freguesias, foram, na de Santo Antão, onde teve princípio, o Capitão-mor dela, Pedro Ribeiro e seus cunhados…” O sentimento nativista, germinado no Monte das Tabocas,
consolidava-se com a Guerra dos Mascates.

Com ânimo e patriotismo as tropas comandadas por Pedro Ribeiro e outros capitães, ao som de tambores, invadiram, no dia 9, o Recife. Grande confusão invadiu as hostes dos mascates, que entregues à própria sorte fugiram atônitos e desesperados. Senhores da situação, os pernambucanos destruíram primeiramente o pelourinho. Em seguida, libertaram todos os prisioneiros, tanto os políticos, como os comuns e arriaram a bandeira de Portugal do cimo do palácio das Torres.

A primeira ação administrativa foi destituir todos os portugueses que ocupavam cargos públicos. Assegurada a posse da vila do Recife, continuaram triunfantes, em marcha para Olinda. Grande destaque teve o capitão-mor Pedro Ribeiro da Silva, que entrou triunfante na capital da Província, onde foi efusivamente recebido, sob aplausos e gritos de alegria. Senhores da “Marim dos Caetés”, restava reunirem-se, para deliberarem sobre a nova forma de governo e outras medidas cabíveis.

Observação: mais detalhes sobre a Guerra dos Mascates e sobre o capitão mor Pedro Ribeiro da Silva podem ser colhidos em livro à venda no Instituto Histórico pelo preço de R$ 40,00.

Instituto Histórico e Geográfico da Vitória 

 

Capela de São Sebastião – 79 anos – Corrida Com História.

Inaugurado em 9 de maio de 1875, o nosso “campo santo”, até o início da administração do prefeito Coronel Sebastião Carneiro de Cunha (1937/1942) era chamado por “Cemitério Público”. Após algumas intervenções, no sentido do melhoramento da sua estrutura, recebeu o mesmo o nome de Cemitério de São Sebastião. Em ato contínuo, em 02 de novembro de 1943, inaugurou o prefeito José Aragão a capela no cemitério com o mesmo nome.

Lembremos, contudo, que “rezava” no seu primeiro estatuto que a referida capela – quando edificada – deveria ser dedicada à Nossa Senhora da Boa Morte. Inclusive, a base da mesma já havia sido começada ainda no século XIX.

Nesse contexto, de maneira bastante abreviada, no dia dedicado aos mortos (Finados), nos propomos a  contar  um pouco da história do Cemitério São Sebastião, através das lentes do nosso projeto histórico/esportivo que atende pelo simpático nome de “Corrida Com História”.

Vídeo aqui:

https://youtube.com/shorts/i_olgRlVRBw?feature=share

 

A primeira mulher a governar Pernambuco? – por historia_em_retalhos.

Será Raquel Lyra (PSDB) a primeira mulher a governar Pernambuco?

Resposta: depende.

Se considerarmos a ascensão ao cargo pela via democrática, pelo voto direto, sim.

É um fato inédito.

Todavia, há uma importante personagem da história que assumiu o comando da capitania de Pernambuco, no século 16: Brites de Albuquerque (Beatriz de Albuquerque), esposa do donatário Duarte Coelho.

Ela foi considerada a primeira governante das Américas e uma das responsáveis pela prosperidade na capitania pernambucana.

Ao todo, foram cerca de 30 anos à frente do governo de Pernambuco.

Desejamos boa sorte à futura governadora @raquellyraoficial e que atentemos a este importante registro, em observância à história.

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Vitória nas urnas: Lula e Raquel…..

Rachado ao meio, politicamente falando, o eleitorado brasileiro compareceu às urnas no último domingo (30) para eleger o presidente e mais 12 governadores pelo 2º turno das eleições 2022. Sem maiores transtornos ou problemas que merecessem destaque pela grande mídia nacional, horas depois do pleito, a chapa encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, por pequena margem de votos (a menor da histórica sob o regime da chamada “Nova República”) foi consagrada a vencedora.

Muito antes do início do processo eleitoral (propriamente dito),  em função das muitas declarações do presidente Jair Bolsonaro (candidato à reeleição), no que se refere ao  modelo de apuração – urnas eletrônicas – já havia um clima de conflito anunciado, caso o mesmo não lograsse êxito eleitoral.  Vale lembrar que o próprio Jair Bolsonaro, em pleitos passados, já fora eleito e reeleitos várias vezes por esse mesmo sistema.

Jogando o jogo democrático dentro das “quatro linhas” –  expressão muita usada pelo atual presidente da república – o candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, cumpriu agenda de vencedor, ou seja: fez o discurso da vitória para imprensa e foi para rua comemorar com os seus eleitores – Avenida Paulista – São Paulo.

Em Pernambuco a governadora eleita, a ex-prefeita da cidade de Caruaru, Raquel Lyra, já teve a sua vitória “ratificada” pela adversária, ao enviar mensagem de “boa sorte”. Nesse pleito (2022), na “terra dos altos coqueiros”, ressaltemos que as mulheres quebraram alguns tabus. A primeira senadora eleita, Teresa Leitão e a primeira govenadora da nossa história republicana.

No regime democrático o respeito ao processo é a regra número um. Não que estejamos navegando em um “barco perfeito”, mas esse foi o “combinado” ao qual todos se submeteram e aceitaram, na medida que “vestiram suas respectivas camisas”, antes de do apito inicial.

Assim sendo, apesar de todo acirramento e divisão dos últimos anos, ocorrido nos quatro cantos do País, esperamos que a serenidade prevaleça, no sentido de voltarmos ao eixo da história, sem sobressaltos ou aventuras inconsequentes.