(Comentário):
– Véspera de São João! Uma fogueira a crepitar
e, num coração de jovem, algo algo a vibrar:
– O Balão da Esperança!… ele quer subir
para ao Santo, um recado transmitir
– E a moça, a Zefinha, saíra mui faceira,
os oratórios a visitar da vila inteira,
e, na casa de “sea Rita”, perto do altar
alguém lhe dirige um expressivo olhar
– Quem?… (indagam):
– O Maneco, fio do Antão Frimino
que dela gosta derna de minino.
(Enquanto, lá fora, em torno da fogueira, o povo canta):
– “Capelinha de melão
é de São João;
é de cravo, é de rosa,
e de magiricão!
(Zefinha deixando o falatório,
bem pertinho, chega do oratório,
e, na singeleza de um pedido
diz, assim, do Santo, no ouvido:
– Iscuta, meu Sanjão, do teu artá
eu levo, bem contente, essa fulô,
pru mode, amenhã, la fora, eu jogá,
e o nome sabê do meu amo!
– Eu ispero prô ano qui vem (se Deus quizé)
istá nôrva ou (mió ainda), casadinha.
Qui não demore não, meu Santo, tenho fé
mai… eu ti peço, pru tudo, uma precinha! Amém.
(E o Maneco que tudo observara,
uma resolução então tomara.
Não querendo parte fazer da brincadeira,
sai, pensando na “surpresa” que pretende causar a eleita
do seu coração)
(Zefinha, por sua vez, deixa também, o ambiente festivo
e, lá, no seu quarto, entre duvidosa e confiante, aguarda
o desfecho da sua advinhação:
– Pensando na “fulo” Zefinha não dormira!
e, quando, do Batista, o dia então surgira,
eis que, “um moço bunito” então passou
e, vendo a rosa, logo a apanhou.
De Zefinha se aproxima acanhado…
tosse, pigarra e, reanimado,
diz a moça que, feliz, enrubeceu:
– Dia!… um presente, Sanjão mandou prá eu!…
essa rosa vremeia, arrepara… a mais lindra fulo
pru mode te ofertá, Zefinha, meu amo!
(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 43 e 44).