REFRIGERANTE MATA 180 MIL POR ANO – por Sosígenes Bittencourt.

Sem falar no detalhe. A Coca-Cola do meu tempo de menino era um refrigerante à base de NOZ DE COLA, uma pequena castanha da África Tropical, digestiva, nutritiva e estimulante, a de hoje é feita com um xarope sintetizado em laboratório e acondicionado em ampola de alumínio. Eu a chamo de BOMBA DE VENENO.

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A Busca da Felicidade – por Sosígenes Bittencourt.

O grande obstáculo em ser feliz está na busca da felicidade, é procurá-la onde não está, é buscá-la no mundo, nos seres inanimados. A felicidade está naquilo que depende de você, no abstrato, aquilo que só existe ENQUANTO você produz. Eis o segredo, eis a chave, o caminho. O amor não existe ENQUANTO você não produz. Já o mundo não depende de você para existir, ele é concreto. Portanto, o amor é a essência da felicidade. O cineasta Franco Zefirelli disse que “O homem, desde o Egito até nossos dias, é movido por dois sentimentos: A ânsia de amar e o temor da morte.

Não obstante, em que creem os religiosos? O que se lê em João, 14:27, “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

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ESTUDADO PORTUGUÊS – por Sosígenes Bittencourt.

(O verbo “SUICIDAR-SE” é um PLEONASMO?)

O verbo “suicidar-se” vem do latim sui (“a si” = pronome reflexivo) + cida (= que mata). Isso significa que “suicidar” já é “matar a si mesmo”. Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo “SE”. Ou seja, “ele suicidou” em vez de “ele SE suicidou”.

É importante lembrar que as palavras terminadas pelo elemento latino “cida” apresentam essa ideia de “matar”:
formicida – que mata formiga;
inseticida – que mata inseto;
homicida – que mata homem.

Voltando ao verbo “suicidar-se”, se observarmos o uso contemporâneo deste verbo, não restará dúvida: ninguém diz “ele suicida” ou “eles suicidaram”. O uso do pronome reflexivo “se” junto ao verbo está mais que consagrado em nosso idioma. É, na verdade, um PLEONASMO IRREVERSÍVEL.

Numa história que é contada pelo grande ator, compositor, escritor e poeta Mário Lago, do seu livro 16 Linhas Gravadas, entre outras histórias, encontra-se a do professor de Português que se mata ao descobrir a traição de sua amada esposa Adélia. Deixou escrito na sua mensagem de despedida: “ADÉLIA SUICIDOU-ME”.

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Seguro morreu de velho – por Sosígenes Bittencourt.

Há um ditado antigo que diz: Seguro morreu de velho, desconfiado ainda vive.

Eu não sei se você já foi vítima de uns telefonemas meio macabros, cantarolados por uma moça muito delicada, com a vozinha meio açucarada, que diz assim: – Alô, é o senhor Fulano de Tal?

– É, sim. Diga!

– Olha, senhor, eu estou aqui com uma notícia do seu interesse e precisava do seu CPF, por favor?

– Para que a senhorita precisa do meu CPF, posso saber?

– Para saber se o senhor é o senhor Fulano de Tal mesmo.

Outro dia, perdi as estribeiras e terminei tirando uma brincadeirinha, acreditando que “é melhor ser absolutamente ridículo que absolutamente chato”, como aconselhava Marilyn Monroe.

– Bem, madame, eu já estou até tentando me esquecer do número do meu CPF, com receio de mim mesmo. No país do Mensalão, eu não confio mais nem na minha sombra.

Tem jeito?

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Os cabarés agradecem – por Sosígenes Bittencourt.

Não dá para ouvir Bienvenido Granda sem relembrar o grande Eurípedes Waldick Soriano, baiano de Caitité, que fugiu por causa de uma confusão num clube da cidade.

Na minha opinião, Perfume de Gardênia ficou melhor na sua voz. Contam que Waldick gostava de saborear cebolinho regado a aguardente e trabalhara de engraxate.

Se o cubano Bienvenido Granda cantava nos ônibus, o nosso boêmio deve ter cantado dando polimento.

Os cabarés agradecem.

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A Acídia – por Sosígenes Bittencourt.

O contrário de quem tem força interior e Fé em Deus é aquele que sofre de um dos Pecados Capitais mais graves: a Acídia, que é a Preguiça Espiritual.

A Preguiça, como a conhecemos, é definida no mundo Capitalista como falta de coragem de fazer aquilo que deve ser feito, sinônimo de frouxidão, abatimento, depressão, negligência, indiferença. Já a Acídia é a rejeição ao mundo espiritual, que gera egoísmo e desamor. Antes de não acreditar em Deus, o acidioso não quer acreditar em Deus.

Pecado Capital é o pecado que gera pecado. Por exemplo, o Homicídio é um pecado, mas não é um Pecado Capital, porque só gera um morto. Já a Ira é Pecado Capital porque gera o Homicídio.

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A imaginação viaja, morcegando para-choque de caminhão.

O camarada arrumou uma mulher de vida fácil, colocou na boleia do caminhão e danou-se a desfilar pela cidade. A mãe ficou indignada. Quanto mais ela reclamava, menos o camarada ouvia, apaixonado pela sujeita.

Um dia, em total respeito a sua genitora, resolveu mudar a advertência do para-choque do caminhão: MÃE, TENHA DISTÂNCIA.

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ABORTO, OPINIÃO E PODER – por Sosígenes Bittencourt.

É função de quem LÊ e ESCREVE, sobretudo quando publica o que escreve, facilitar, pedagogicamente, para a compreensão do LEITOR.

Por exemplo, o ABORTO é matéria que pode, evidentemente, ouvir a opinião do Presidente da República, mas não é matéria a ser decidida pelo Presidente da República.

Quando o Supremo Tribunal Federal decide pelo aborto em fetos ANENCÉFALOS (sem cérebro) estão no uso de suas atribuições e não estão acatando nem rejeitando a opinião do Presidente da República.

O que o povo quer é que o Representante do Executivo mande no LEGISLATIVO e no JUDICIÁRIO, o que caracterizaria um rompimento com a INTERDEPENDÊNCIA de poderes e recrudesceria os anseios ditatoriais do governante. Quer dizer, o povo pode optar pelo candidato que é a FAVOR, ou CONTRA o aborto, mas não pode querer que seja matéria decidida pelo Presidente da República. Seria misturar alhos com bugalhos em detrimento de si mesmo. Compreende?

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NOSTALGIA E MELANCOLIA – por Sosígenes Bittencourt.

Os gregos designavam NOSTALGIA como a dor dos que viajam, a dor dos navegantes, de “nostós” e “algós” – viagem e dor. Ora, a nostalgia é a saudade que dói, mas a recordação de um prazer, a lembrança daquilo que se distanciou. Diferente da MELANCOLIA, que é a saudade que dói, mas uma recordação daquilo que poderia ter sido e não foi. Melancolia significa “tristeza”, “melané” “kholé” – “bile” “negra”, da qual originava-se a “dor”, produzida pelo baço. É uma imaginação e uma desilusão.

Ora, um encontro, em setembro, reunirá amigos da geração dos anos 60. Nosso encontro pode gerar NOSTALGIA, uma saudade de algo que efetivamente aconteceu, e uma MELANCOLIA, algo que deixou de acontecer.

Contudo, essas dores poderão ser suavizadas pela poesia que as envolverá. E da dor, brotará a beleza. O poeta alemão Wolghang Goethe dizia: Faz da tua dor um poema, e ela será suavizada.

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HOMENAGEM A DILSON LIRA – por Sosígenes Bittencourt.

Essa história de homenagear Dilson Lira é uma invenção arretada. E não custa parabenizar a Academia Vitoriense de Letras que promoveu Recital em sua memória. Se lá onde estiver, puder me ler, estará sorrindo, como sempre sorriu com minhas expressões.

Faz pouco tempo, eu ia atravessando a Avenida Mariana Amália, com o poeta Dilson Lira, quando ele parou no meio do trânsito e disse que havia sonhado com a Constelação de Eridanus, o Rio Celeste. Aí, eu, conduzindo-o pelo braço, relembrei: Nós somos do tempo que havia tempo de acompanhar a réstia do sol e contar estrelas.

Eu dizia a Dilson que não era muito chegado a CASAMENTO nem SEPULTAMENTO, talvez pela semelhança que enxergava entre as cerimônias. E ele botava pra rir.

Geralmente, lá na padaria, onde comia pão com bolo e chupava caramelo de café.

Aí, eu comentava: “Dilson, você vai viver muito porque não come e vai morrer porque não come.” E ele botava pra rir.

Mas, Dilson não deu asas ao Mal de Alzheimer, decorou todas as poesias que confeccionou. E, falando-lhe sobre ser poeta, eu o homenageava com meus versos, a saber:

Essa história de ser poeta é dom.
Um bom dom.
O poeta não faz poesia com as flores,
com o mar,
com o céu,
sem a intenção de que você
habite sua poesia.
Ou seja,
sinta o aroma das flores,
a imensidão do mar,
o mistério do infinito.

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NAVEGANDO PELO FACEBOOK – por Sosígenes Bittencourt.

Navegava pelo Facebook, quando vi uma postagem que curti e comentei. A pergunta era a seguinte: Hoje no Brasil, qual a profissão mais promissora?

Responderam de tudo: parlamentar, beneficiário do Bolsa-Família, vereador, traficante, locutor, técnico do Sport Club do Recife, ladrão, coveiro, o diabo a quatro…

Ao que respondi: A profissão mais promissora é toda aquela que lhe conceda o sossego de dormir em paz. É melhor comer pão com manteiga sem tornozeleira eletrônica do que desfilar a bordo de camburão com dinheiro bloqueado nas Ilhas Cayman.

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No tempo de eu menino – Doce Japonês – por Sosígenes Bittencourt.

Uma vez minha mãe disse a minha irmã que comida de rua era porcaria. Quando o doce japonês passou na porta de casa, minha irmã pediu a minha mãe: – Mamãe, compra porcaria pra mim.

Comi muito as cocadas de dona Isabel, algodão de açúcar, pirulito, cavaco, chupei picolé de mangaba. Eu comia essas guloseimas populares, escondido, porque mamãe não queria que eu degustasse comida de rua. Foi quando aprendi que tudo que dá medo e é proibido excita o desejo.

Hoje, porcaria que eu conheço é comida industrializada e preservada na base do conservante. Tá ligado?

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Charles Darwin e sua Teoria – Sosígenes Bittencourt.

Na realidade, Charles Darwin não dizia que o homem veio de um macaco, mas dizia que o homem e o macaco vieram de um mesmo animal. Quer dizer, com o tempo o homem foi ficando homem, e o macaco foi ficando macaco.

Que tal imaginar Charles Darwin, se houvesse uma complicação na sua teoria?

Segundo Ariano Suassuna, se o macaco viver milhões de anos, jamais terá capacidade de fazer um pegador de roupas. Ariano já anda com um pegador de roupas na pasta, admiradíssimo com a geringonça inventada pelo homem.

Não dá para entender perfeitamente certas macaquices intelectuais.

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O AZAR DE SHOKO E O FIM DO MUNDO – por Sosígenes Bittencourt.

Desde que vim ao mundo que eu ouço dizer que o mundo vai se acabar, e eu me acabando.

Um dos profetas do fim do mundo chama-se Shoko Asahara, um cidadão condenado à Pena de Morte, no Japão, mais parecido com um truculento assassino do que um profeta divino. Azar de Shoko, que o mundo não acaba no mal desejado, e ele termina assassinado.

Shoko diz que o mundo irá se acabar numa Terceira Guerra Mundial. Ou seja, Asahara vive azarando o mundo. Esquece-se de que já estamos em guerra desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Porém, apressado para comprovar seu desejo, espalhou um gás tóxico num metrô, em Tóquio, em março de 1995, que matou 13 pessoas, deixando outras centenas marcadas para o resto dos dias.

Meio doido, Shoko chocou o mundo ao revelar-se a mistura de Jesus e Buda, simultaneamente, numa salada em que envolve um representante de uma religião teológica e um ícone de uma religião sapiencial.

No mundo, ninguém aceita a seita de Shoko, a Aum Shinrikyo, chamada Verdade Suprema, por causa de sua maldade extrema.

Apesar de pensarem que a seita de Shoko havia murchado no Japão, ela infla-se agora na Rússia e em Montenegro, aterrorizando novamente o mundo.

No mundo, há muitos “shokos” desejando o fim do mundo. Mas, só não acabam com o mundo porque o mundo não deixa.

Desde que vim ao mundo que eu ouço dizer que o mundo vai se acabar, e eu me acabando.

Escatológico abraço!

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UMA SALVA DE ARROTOS – por Sosígenes Bittencourt

A Coca-Cola que me viciou, no tempo de eu menino, já não encanta as novas gerações. Hoje, é uma bomba de ácido fosfórico engarrafado. E não é mais produzida a partir da noz de cola, é um xarope efervescente. Mesmo assim, eu ainda me penduro numa mamadeira de Coca-Cola.

Uma salva de arrotos para elas!

Sosígenes Bittencourt

Se Deus é por nós, quem pode ser contra nós?

Mas, para tanto, é preciso saber fazer bom uso da VONTADE PERMISSIVA de Deus. Ou seja, Deus nos permite fazer escolhas e arcar com consequências. Por isso, não nos abandonou, dando-nos DISCERNIMENTO para avaliar o BEM e o MAL. Não há controle remoto monitorando nosso destino, o que você é faz a sua história.

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AMOR E PAIXÃO – por Sosígenes Bittencourt.

Se você se casa para fazer o outro feliz, você ama; quando você se casa para o outro fazer você feliz, você está apaixonado. A paixão é cega e egoísta. Você vê no outro o que o outro não é e exige o que ele não pode dar. Daí, você se torna escravo de um sentimento que pode levá-lo a grande sofrimento. Paixão é para quem tem juízo. O amor começa numa grande amizade, e a paixão termina numa grande separação.

Paixão é para quem impõe limites. Paixão sem rédea é trem descarrilhado. O limite preserva a paixão, o descomedimento (segundo os gregos: a HYBRIS) obriga à desistência ou provoca rejeição. Difícil é domá-la, já que o apaixonado é PASSIVO na relação. O apaixonado é um PACIENTE, não é ele que apaixona, é ele que se apaixona.

O psiquiatra Rubens Coura diz que “Paixão é doença e merece tratamento”. Já o teatrólogo Nelson Rodrigues dizia que “Sem paixão, não dá nem pra chupar picolé”. E um Autor Desconhecido disse que “Amor sem paixão é triste. Paixão sem amor é horrível.”

Penso que o homem é carente de explicação, e não saber o que está acontecendo consigo mesmo é sempre um inferno interior. Não sei se serviria a advertência da entrada do templo de Delfos que inspirou o filósofo Sócrates: CONHECE-TE A TI MESMO.

Sosígenes Bittencourt

A Esperança – por Sosígenes Bittencourt.

No batente da garagem, há dias, há uma esperança. Apesar de imóvel, a esperança vive, a esperança não morre. Eu fui dormir, pensando na esperança. Eu acordei, procurando a esperança.

Eu pensava que a esperança havia ido embora. Porém, a esperança permanecia ali, verde como a esperança.

Vieram algumas pessoas, falavam alto, nem se ligaram na esperança. Não sabem o que perderam em não usufruir a esperança.

A esperança é uma poesia, pousada, há dias, num batente aqui de casa. Ninguém se agonia, ninguém tem medo da esperança.

A esperança, se um dia vier a ir embora, estará aqui sua lembrança.

Sosígenes Bittencourt

Conselho para menino saindo para a escola – por Sosígenes Bittencourt.

Cuidado com COLEGA. Colega é ao lado, amigo é do lado. Colega é destino, ele aparece ao seu lado sem escolha. Amigo, você identifica.

Cuidado com BURACO. Principalmente, os menores. Buraco dá vontade de futucar, desperta curiosidade. Por causa de buraquinho, muita gente afundou num abismo.

Cuidado com A BOCA. Não bote a boca em nada antes de cheirar. Deus colocou o nariz acima da boca e o cérebro por trás para fiscalizar. E, antes de cheirar, olhe direitinho. Às vezes, a coisa é bem bonitinha, mas está deteriorada ou é veneno.

Cuidado com DINHEIRO, ele compra coisas, mas não compra respeito. Depois, segundo aquele escritor gaúcho bem engraçado, chamado Luís Fernando Veríssimo: Economia é melhor do que dívida.

Cuidado com O QUE VOCÊ NÃO SABE. Seja humilde, faça pergunta. Os filósofos são como as crianças, eles perguntam. Sabedoria é melhor do que conhecimento. Conhecimento é cultura, Sabedoria é inteligência.

Sosígenes Bittencourt