Momento Cultural: ESPAÇO – por MELCHISEDEC

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Para nós, seres humanos, o nosso espaço no cosmos, começou a três milhões e quatro centos mil anos, porém, só a trinta mil anos, começamos a entender onde vivíamos e o que éramos.

Conquistamos o fogo, iniciamos plantio das sementes, aprendemos lidar com os animais, aplicamos nosso primitivo talento para criar os instrumentos de trabalho, usando a pedra, depois descobrimos o ferro e o bronze que permitiam um avanço significativo na nossa arte de fazer as coisas.

Com o ajuntamento das pessoas, formamos as tribos, as comunidades agrícolas que foram evoluindo até a formação das cidades.

Nesse vasto espaço cósmico, a nossa memória parece confinada no estreito lugar do planeta em que vivemos. Pouco a pouco vamos aparecendo em forma de escritos históricos para dizer à posteridade o que fomos, o que somos e o que seremos.

Hoje, todas as pessoas de quem ouvimos falar, viveram e lutaram em algum ponto deste planeta.

Todos os reis, sábios, nobres e plebeus, batalhas, guerras, migrações, invenções, tudo que há nos livros, sobre a história do homem, aconteceu aqui.

Dentro desse imenso espaço do universo de onde emergimos, somos um legado de vinte bilhões de anos de evolução cósmica.

Agora vemos nosso planeta à beira da destruição. As máquinas mortíferas inventadas pelo homem para sua própria destruição. É a inversão de valores.

A maldade tomou conta do coração do homem. Agora temos que melhorar a vida na terra e conhecermos o universo que nos criou, sem desperdiçar nossa herança de vinte bilhões de anos numa autodestruição insensata.

O que acontecer no próximo milênio, dependerá do que fazemos aqui a agora, usando a nossa inteligência e a nossa vontade para salvar o planeta.

Lembremos que: “há mais coisas entre o céu e a terra de que supõe vã filosofia”.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 61).

Momento Cultural: Meu pecado – Henrique de Holanda

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Eu não posso saber qual o pecado
que, irrefletido, cometi; suponho
seja, talvez, porque te fosse dado
meu coração, – a essência do meu sonho..

Se amar é crime, eu vou ser condenado
e toda culpa, em tuas mãos, eu ponho.
– Quem já te pode ver sem ter amado?!…
Quanto é lindo o pecado a que me exponho!

Se tens alma e tens sangue, como eu tenho;
se acreditas em Deus, dizer-te venho,
– Que pecas, tens amor, és sonhadora…

Deus deu a todos coração igual.
Se eu amo, sofres desse mesmo mal.
– O teu pecado é o meu, – és pecadora!

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 22).

Momento Cultural: LEI DE PERIODICIDADE OU CICLOS – por MELCHISEDEC

MelchisedecÉ a Lei que regula a sucessão periódica na manifestação cósmica e os grandes ciclos da vida, da morte dos átomos, dos astros e dos seres. É ela que faz o movimento de pulsação da Natureza e a respiração universal. Foi através da observação dos períodos onde determinados acontecimentos sempre se repetem, que começaram partindo de uma rotação infinitamente grande, efetuando assim sua revolução em torno de se mesmo e dentro de outra.

Os ciclos perpétuos de tempo recomeçam constantemente de modo periódico e inteligente no espaço e na eternidade. Há ciclos de matéria e há ciclos de evolução espiritual, e há também ciclos de raças, de nações e de indivíduos. Há um objetivo em cada ato importante da Natureza e todos os seus atos são cíclicos e periódicos. Assim é que observamos na história uma alteração regular de fluxo e refluxo na maré do progresso humano. Os grandes reinos e impérios deste mundo, depois de atingirem o ponto culminante do seu desenvolvimento, passam a descer, de acordo com a mesma Lei que os fez subir, até que, tendo chegado ao ponto inferior, a humanidade novamente se afirma e sobe outra vez, para alcançar, graças a essa Lei de progresso ascendente, uma altura maior que aquela, cujo ponto onde havia anteriormente descido. Mas, esses ciclos-rodas que se engrenam em outras rodas não incluem de uma só vez e ao mesmo tempo toda a humanidade.

O grande ciclo abrange o progresso da humanidade desde o aparecimento do homem primordial de forma etérea até a libertação do homem da matéria que o envolve, prosseguindo no seu curso ascendente, para recolher-se ao atingir o ponto culminante da Ronda.

Os grandes ciclos de raças, que incluem por igual todas as nações e tribos pertencentes àquela raça especial, mas, dentro deles há ciclos menores de nação e povo, que seguem seu próprio curso sem dependerem uns dos outros.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 10 e 11).

Momento Cultural: Assunção da Virgem – por Corina de Holanda

Corina de Holanda

Deve ter sido pela madrugada:
– Em torno da modesta sepultura,
Daquela dentre as puras a mais pura,
Anjos, em graciosa revoada,

Como a medir, de céu, a imensa altura,
Vão de estrelas formando a linda escada
Por onde subiria a Imaculada…
– Jamais se viu tão régia iluminada.

(Se Deus é o Autor de tão custosa tela…).
Rasga a morte seus véus! Eis que esplendente,
Surge Maria, a quem Gabriel conduz.

Astros se apagam diante da mais bela…
E todo o Céu saúda alegremente,
A que trouxe em seu seio a própria Luz.

1969

(Entre o céu e a Terra – 1972 – Corina de Holanda – pág. 33).

Momento Cultural: Nesse café recifence (poesia) – por Rildo de Deus

No tempo que eu era elfo
e não sentia cheiro da morte,
comia flor e semente,
nozes, muitas nozes

Bebia néctar nas flores,
vivia na luz do sol
QUENTE
Topei certa vez com uma vampiro
Que me achou pelo rastro
de meu sangue ardente
Bebeu-me a vida
Depois limpou a boca
como se limpa precedendo a lapada
do quartinho de aguardente

Gula vampiresca,
estupidez de ignorantes
No meu corpo só corria ambrosia
Comida de deuses

Ela caiu envenenada
Melhor que tivesse me engolido,
como fazem com os bois,
as serpentes.
Fomos amaldiçoados,
mesmo assim, eu inocente
Aqueles dente afiado
me tirou o sangue ardente

Já era, eu imortal,
elfo só tem precedente
Vampiro é tipo fino
Pena que come gente

Entre os vampiros
me considerarão pária.
Entre os elfos
eu caminhava pueril.
Era um ser do dia,
beijava girassóis,
Imortal, ser como um rio,
Pincel, pincéis, rouxinóis
Considerado entre eles
não é o que foi transformado
Mas, o que se tornou, por si;
Nobre, bonito, inteligente
A primeira noite que passei acordado,
foi por causa que me cresciam os dentes;
caninos felinos,
Unicúspides, alvo, crescentes

Grito, pro sol quando ele nasce:
Não me mate!
Me salve! Me salve! Me Salve!
Mãe foi quem desceu
logo, seu nome é Aurora
Só olhava e dizia:
Se afaste!, se afaste!, afaste!

Tu eis filho meu,
por Eu eis amado
Você agora é notívago
do escuro faça seu reinado
Nas trevas tem luz,
você precisa encontrar
Espelho não tem, ali não procure
Primário e secundário, reflexo você já perdeu

Seja feliz meu filho,
todo mudou e você cresceu
Agora eis vampiro
Vá embora, vá embora
Já amanheceu.

Rildo de Deus é Escritor e Estudante de Filosofia da UFPE

Momento Cultural: Amar – por João do Livramento

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Não afirme o que é o amor

Nada diga e nada fale

Se você ainda vive

É melhor então que cale

 

Se está vivo não sentiu

O perfume da ilusão

Embebido no amor

Exalado na paixão

 

A quem indaga o que é o amor

Não preciso responder

Mostro apenas uma flor

Todas nascem pra morrer

 

Ah, essa morte é enganadora

E de amor tem apelido

Cabelos longos, corpo belo

Escondido num vestido

 

Me enganou o coração

Me enganou o pensamento

Quando achei que estava vivo

Já morrera há muito tempo

 

Mas se nascesse novamente

Ao início eu voltaria

Sem amor não sei viver

E assim amando morreria.

 

João do Livramento.

Momento Cultural: Ante o Tabernáculo – Por Corina de Holanda

Corina de Holanda

Contemplando a prisão arquibendita

Onde se oculta o Augusto Sacramento

Pleno de amor meu coração palpita,

Da terra afasto, inteiro, o pensamento.

 

Insondável mistério! A infinita

Majestade de um Deus, no isolamento,

Nas estreitezas dum sacrário habita…

Terno Jesus! Quão grande é o meu tormento,

 

Em pensar que não sou como devêra!

– eu quisera, meu Deus, que, como a cera

Que arde feliz tão perto do hostiário,

 

Meu coração em puro amor ardesse

E à chama desse amor, se derretesse,

Se consumisse à vista do sacrário.

1925.

 

(Entre o Céu e a Terra – Corina de Holanda – pág. 42).

Fim de Semana Cultural:
Soneto Sem Essência (Soneto) – Por Ubirajara Carneiro da Cunha

Ao ser que se oculta atrás da porta,
Jamais aberta a venda de passagem,
Da linguagem em que a verdade aborta,
Não busques se não estás na outra margem.

Do rio em cada curva detém o seu curso
Para embarcar os incautos candidatos ao ideal,
Que, não disponho nem de bússula e um recurso,
Desesperam com as absurdas respostas do real.

Pois o dia cruel e inclemente te espera
Com a luz bastarda e órfã da essência
Para fazer dos teus sonhos uma quimera.

Daí recolher-me a tudo que acena
Apenas com as rudes mãos da existência,
Pois, sem ser, o ser não vale a pena.

Ubirajara Carneiro da Cunha é Advogado, poeta e escritor vitoriense.

Momento Cultural: Perto do mar, anoitecia… por Célio Meira.

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Perto do mar, anoitecia…

Corria o mês de novembro,

– Era Dia da Bandeira,

fomos ver a lua cheia,

ao lado da ribanceira.

Depois, descemos. Na praia,

ficamos a reparar:

– Havia esteira de prata,

nas águas mansas do mar.

Ali, olhando o mar, a lua,

recebemos a lição:

– Jesus Cristo está presente,

na glória da criação.

(migalhas de poesia – Célio Meira – pág. 25).

Momento Cultural: Lágrimas Fenomenais – por ALBERTINA MACIEL DE LAGOS

Profª Albertina Maciel de Lagos

No ofegante caminhar de minha vida,
nesta luta constante
de cair e levantar,
mas… sempre sonhando
ou, mais forte, e meditar…
eis, que, um dia,
de chofre, deparei;
junto a uma cruz carcomida
da deserta estrada,
ao solo exposta, abandonada
coberta de poeira
a sorrir para mim,
macabramente,
– uma caveira!

Como se fora por um raio, então ferida,
fiquei, assaz apavorada,
e, contra o medo reagindo,
resolvi apanhar
aquela carcassa inerte, fria,
assim, exclamando:
– Caveira, és bem um espelho
onde se vê, em cinzas refletida,
a humana vaidade, vã e fementida!
E, elevando o crânio à altura dos meus olhos,
mais estarrecida fiquei
quando notei
algo fenomenal:
– das óbritas enormes, vazias,
corriam a cintilar,
dua lágrimas fugidias
como que irisadas,
a zombar da morte,
da escura
e triste sepultura!

Entre a coragem e o medo, perguntei:
– Que!… uma caveira inda a chorar?!…
E, no recesso do meu peito,
uma voz intensa, aguda
como o trovão, logo ecoou:
– É que ela (coitada)! ainda chora
um Amor sublime, puro,
que o mundo ignora
e que, na terra lhe ficou!

(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS).

MOMENTO CULTURAL: Estou Quase me Entregando – STEPHEM BELTRÃO‏

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Estou quase me entregando
Saindo do banheiro de toalha
Caminhando de cueca pela casa
Tomando café em copo
Fazendo barba com navalha.

Achando que ciúme é amor
Trocando cega por surda
Levando tapa e achando graça
Achando que pasto é pastor
Andando descalço na praça.

Dormindo com chupeta
Usando meias listradas
Tomando banho com paletó
Confiando no fim do mundo
Bebendo cerveja na calçada.

Invejando os defeitos dos outros
Jogando no Pernambuco dá Sorte
Trocando a noite pelo dia
Roubando doce da boca de criança
Achando que está chovendo pra cima
Acreditando que tristeza é alegria.

Momento Cultural: Quando – por Stephem Beltrão

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Quando você pensa que estou triste

Estou alegre

Quando você pensa que estou mal

Estou bem

Quando você pensa que estou perdido

Estou no rumo

Quando você pensa que estou dormindo

Estou acordado

Quando você pensa que estou só

Estou acompanhado

Quando você pensa que estou embriagado

Estou sóbrio

Quando você pensa que estou caído

Estou erguido.

Enquanto você achar que estou quebrado

Prosseguirei inteiro

Enquanto você achar que sou apagado

Serei acesso

Enquanto você achar que vivo doente

Estarei sadio

Enquanto você achar que fico preso

Serei libertado

Enquanto você achar que ando sofrendo

Permanecerei feliz

Enquanto você achar que ando chorando

Seguirei sorrindo

Enquanto você achar que já morri

Continuarei vivo.

Momento Cultural: Postal Litúrgico – por Corina de Holanda

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Terra:
Parcela das Maravilhas
Que a Deus aprouve criar,
Mais que os outros astros brilhas,
Como eucarístico altar.

Cruz:
Quando em meus dias sombrios,
Enche a taça de amargor,
Corro a teus braços vazios,
Mesmo assim, flor de bonança –
À Dor lanço desafios
E digo com todo amor:
“Ave, única esperança!”

Eucaristia:
…Fora de Vós tudo é tristeza e treva
Por vossa graça, o pecador se eleva
E com os Anjos se põe em harmonia…
Tudo quanto fizeste me enternece,
Mas, ó Jesus, aos olhos me aparece,
Mais sublime que tudo, a Eucaristia!

1970

(Entre o céu e a Terra – Corina de Holanda – 1972 – pág. 26)

Momento Cultural: Ao som dos Clarins – por GUSTAVO FERRER CARNEIRO

Gustavo Ferrer Carneiro

Uma batalha????

De um lado homens da palha

Rosa na boca

Óculos escuros

Fardão ricamente bordado

Entorpecido de cachaça

Caminhando sob sol escaldante

Repique de chocalhos

Desfilando sua majestada em lanças

Na batida de um baque virado

 

Do outro lado

Um exército de séquitos

Roupa de mescla

Lanço vermelho no pescoço

Sandália de couro

Bacamartes em punho

8 polegadas na cintura

Armados até os dentes

Ao som de oito baixos

Zabumba e triângulo

Repicando ao pé de uma serra

 

Descendo o morro,

Um grupo de caboclinhos

Com seus penachos coloridos

Pés descalços

Estalos de arcos

Num batuque ensurdecedor

 

Negros cantam

As som dos tambores silenciosos (???)

Evocando ancestrais africanos

Afoxés mágicos

Entidades desconhecidas

 

A cavalaria avança

Cavalos marinhos, caluas e ursos

Papangus gritando

Repique de Castanholas?

A La ursa quer dinheiro

Quem não der é pirangueiro

Um galo gigante canta a beira do rio

Acordando menestréis e boêmios

Rebuscando amores perdidos

 

O som dos clarins

Inunda essa magia

Buscando uma energia

Não se sabe de onde

Exaltando toda a paixão e “frevor”

 

Esse “Frevor”

Espora afiada sobre a tristeza

Batuque incansável

Sob um corpo cansado

Entretanto incontrolável

Sem conseguir segurar

Arrastando multidões

Cegas levadas por um instinto

 

É a Síntese da alma

De um povo que acredita

Que a cultura supera barreiras

Vencendo toda e qualquer batalha

 

É Pernambuco no coração

Um Brasil inundado de emoção

Nessa batalha cultural

Oh quarta-feira ingrata,

É carnaval…

 

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 22 e 23).

Momento Cultural: A última esperança – por Henrique de Holanda

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Lá, pelas quebradas do meu coração,
onde o eco de todas as tristezas
vive a gemer…
foge, dolentemente,
uma caravana inteira de olusão…
Do meu peito por sobre as asperezas
e sem nada temer,
ficou uma esperança unicamente…
Nela a minha ventura se condensa;
ao seu lado, sereno, hei de seguir;
em si, as minhas máguas se sumiram…
Ela toda, a grande indiferença
que me anima a sorrir
das outras esperanças que partiram!…
Ao lado dela, pelos mais caminhos,
da vida, pelas trilhas sinuosas,
seguirei, a calcar muitos espinhos,
como se fosse andando sobre rosas…

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 13).