Notícias da terrinha


Mesmo já passados quatro dias do ocorrido alegra-me registrar um fato e comentar o grito carnavalesco do bloco Pinguço do dr. Ozias Valentim, ocorrido sábado na Gamela de Ouro. Comecemos pelo grito de carnaval dos “bebinhos” do dr. Ozias.  Presente um bom número de vitorienses, mais do que eu esperava encontrar por lá e bem alegres. O que me leva realmente a escrever esta nota é que, por incrível que pareça, não houve nenhuma conotação política. Até me retirar da Gamela, às 14 horas, não tinha sido feita nenhuma menção a político ou a pretensos candidatos.  Tão pouco havia referências nos afrescos da Gamela e nos troféus distribuídos. Festas populares e religiosas devem evitar conotações políticas. Deixa o povo rezar e brincar livremente. Parabéns aos organizadores do grito, em especial ao dr. Ozias Valentim.

O outro acontecimento é bem interessante. Domingo pela manhã a Academia Vitoriense de Letras e Arte abriu suas portas para receber um grupo de vitorienses interessados pelas artes e letras. Foi um encontro descontraído e proveitoso. Dois momentos marcaram essa reunião da Academia: 1- a apresentação ou lançamento do belo e despretensioso livro do dr. Cleiton Nascimento. O dr. Cleiton, em boa hora e bem inspirado, resolveu editar um pequeno livro que encerra uma bela mensagem (procurem lê-lo). Na verdade a história é fruto de sua imaginação. Ele, como bom psicológico e ótimo pai, cria e conta histórias para ninar sua filhinha. “Para onde foi o grande balão laranja? ” é uma das histórias que o dr. Cleiton resolveu levar ao prelo.  A ilustração é feita pelo próprio. Os personagens, Lalinha, Dino (o cachorrinho), jacaré Dagã, a Violeta e o Arco-iris são bem expressivos.  Cores vivas, alegres e bela mensagem compõem o livro do nosso Cleiton Nascimento; 2- a palestra sobre Literatura de Cordel proferida pelo acadêmico Rafael Oliveira. Simplesmente espetacular. Saí realmente confortado da Academia. Lamento que outros companheiros tenham perdidos esses momentos inauditos e prazenteiros.  Parabéns à presidente, acadêmica Lúcia Martins, pela programação.

Pedro Ferrer

17 de janeiro

Amanhã Vitória de Santo Antão estará em festa. Mais um aniversário de sua fundação. A história da nossa cidade é deveras rica e fascinante. Rememoremos alguns fatos.

O fundador. Assegura a tradição que nosso fundador, Diogo de Braga, era originário da Ilha de Santo Antão, uma das dez ilhas que constituem a República do Cabo Verde. Este país está incrustado no oceano Atlântico, a 640 km. da costa africana. Cabo Verde, ex-colônia portuguesa, foi descoberto em 1460, um pouco antes do Brasil.

O santo. Foi um eremita que abandonou e desprezou os prazeres mundanos, refugiou-se no deserto, para se dedicar à meditação e aos pobres. Serviu de exemplo e modelo para a vida monástica. Após sua morte era invocado pelos fieis cristãos na proteção contra as feras. Época harmoniosa, apesar de algumas heresias. Os cristãos de então se congregavam em torno do mesmo altar: JESUS CRISTO. Jesus, em nome do qual já se cometeu tantos crimes. Jesus, o Filho do Homem, usado, ultrajado pelos desejos mais vis. Jesus, titulado fundador de igrejas. Ele que se considerava o último dos seres e que não tinha igreja. A igreja de Jesus é a igreja do amor. O resto é balela dos teólogos e fanáticos.

O povoado. Diogo nasceu na ilha de Santo Antão. Ele tinha mil razões para adotar o santo eremita como padroeiro do povoado que criara à margem esquerda do rio Tapacurá.

No início o povoado era conhecido como cidade do Braga. Com sua morte passou a ser chamado de Santo Antão da Mata. Na época do império passou a chamar-se Vitória, em homenagem à gloriosa batalha do Monte das Tabocas. Mais recentemente o nome do padroeiro voltou a identificar nossa cidade.

Conhecemos recentemente o professor Alcides natural da ilha de Santo Antão. Amanhã, em visita informal, d´aí não termos divulgado aos sócios do Instituto,  ele será recepcionado por um reduzido grupo de vitorienses. Ele é professor de música na universidade de Cabo Verde. Na ocasião ele nos falará sobre a ilha de Santo Antão, cantará canções caboverdianas,  projetará imagens da ilha e sobretudo, razão principal do nosso encontro, iniciaremos um contato para estabelecer uma relação entre Vitória de Santo Antão e a cidade de Porto Novo, principal cidade da ilha, onde nasceu o professor Alcides. Esperamos com esse intercâmbio enriqueça mais e mais nossa história.

Antecipo que, na solenidade de 6 de maio, ele fará uma apresentação musical no Silogeu.

Litoral norte da ilha de Santo Antão

Litoral norte da ilha de Santo Antão

santo-antaoPedro Ferrer

Dr. José Rufino Bezerra Cavalcanti

dr.jose-rufino-bezerra

Primeiro vitoriense a ocupar o Palácio do Campo das Princesas. Tomou posse no governo do Estado, exatamente no ano de 1919, o mês era dezembro. Naquele momento sua saúde já estava combalida. Mesmo enfermiço ele enfrentou com denodo os sérios problemas de instabilidade social que assolava Pernambuco. Acentue-se que ele chegou ao posto de governador através do voto direto¹. José Rufino sucedeu ao marechal Manoel Borba (1915/1919), “que deixara o poder onde fora o centro de todos os ódios.” ² Manoel Borba deixou um rastro de rancor e desarmonia na sociedade e na política pernambucanas. Pacificar o estado foi a primeira medida do novo governador que lançou o plano “Paz e Concórdia”. Com muita paciência e diálogo, conseguiu unir as três facções políticas: os rosistas, os dantistas e os borbistas3.

 A um convite de seu Zé
 ninguém resiste ou discorda;
 e, no fim desse banzé,
 a paz foi feita “com corda”4

 Algo curioso e estranho aconteceu nas eleições de 1919, quando os pernambucanos foram convocados para escolher o novo governador. Uma série de aborrecimentos e vexames atingiram a população vitoriense. Esse fato merece ser tratado com um pouco mais de detalhes. Próximo à eleição, o prefeito da Vitória, na época, coronel Antônio de Melo Verçosa, que era seu velho amigo, resolveu inabilmente apoiar um dos candidatos da oposição, o Barão de Suassuna. Dr. José Rufino venceu a eleição em todos os municípios pernambucanos, perdendo apenas em sua terra natal e em Escada.  Essa imprudência ou talvez inexperiência, do coronel Antônio de Melo Verçosa, bateu forte nos sentimentos do dr. José Rufino, deixando-o triste e revoltado. O nefasto resultado das urnas na Vitória provocou-lhe a ira e o deixou transtornado a ponto de abandonar sua terra natal ao destempero de seus seguidores. O coronel Antônio de Melo Verçosa ficou sem apoio e sem condição de administrar o município. Eram dois galos de boa rinha que não cediam. O inditoso ano de 1920 decorreu em um clima de insegurança e desordem, na República das Tabocas. Tumultos, agressões, perseguições faziam o dia a dia dos vitorienses. Como sempre acontece nesses casos, prevaleceu a lei do mais forte. Pressionado e sem condições de bem administrar a cidade, Melo Verçosa, aconselhado por amigos e correligionários, renunciou.

Se o prefeito foi inepto ao apoiar o Barão de Suassuna, muito mais o foi, nosso governador, ao dar as costas para seu torrão natal. Falhou em sua missão de líder e condutor político maior do estado prejudicando a população indefesa. Ele que havia proposto a “Paz e a Concórdia” não devia guardar nem alimentar ressentimentos contra Melo Verçosa. Uma questão política que se transformou em capricho pessoal coletivo e que só prejuízos trouxe à República da Cachaça. É lamentável que um político de sua estepe, empresário de grande porte e sucesso, que conseguira congregar as principais correntes políticas do Estado, tenha se prendido a quinquilharias domésticas. Uma nódoa que empana seu magnificente currículo.

Com a renúncia de Melo Verçosa, de seu vice e dos conselheiros, nova eleição foi marcada para o dia 20 de março de 1921. Para concorrer ao pleito, Dr. José Rufino indicou João Cleofas de Oliveira, um jovem engenheiro de 22 anos, que saiu como candidato único. Surgia, pela mão do dr. José Rufino, uma nova liderança na arena política vitoriense. O empresário, João de Albuquerque Álvares, amigo e partidário do dr. João Cleofas, confidenciou-nos que seu amigo lhe havia narrado uma conversa ocorrida entre ele e o governador. Na ocasião o dr. José Rufino afirmara: meu jovem, vá em frente, você tem tudo para ser um grande político.

O rico empresário e poderoso político nasceu no engenho Serra, no dia 16 de agosto de 1865. Seus pais, José Rufino Bezerra Cavalcanti e  Maria Januária de Barros Lima zelaram pelos seus estudos desde a mais tenra idade.  Estudou o primário na Vitória, seguindo logo após para o Recife onde cursou humanidade. Aos 21 anos diplomou-se em direito pela Faculdade de Direito do Recife.

Surgiu para a política em 1890 quando foi nomeado presidente da Primeira Intendência na cidade da Vitória5. Ao tomar posse o jovem doutor José Rufino alertava seus pares “que só tinha por égide o bem público e um vasto programa de economias”. A partir d’aí sua carreira política foi pontilhada de sucessos: deputado estadual e federal em diversas legislaturas, senador, ministro da Indústria e Comércio e ministro da Agricultura no governo do presidente Wenceslau Brás. No pleito de 1919 bateu dois adversários, o Barão de Suassuna e Dantas Barreto, na disputa para o governo do estado de Pernambuco.

Eleito governador, desenvolveu, de acordo com seus biógrafos, uma política de paz no Estado, tentando conciliar e aproximar as classes produtoras e os comerciantes. Outro destaque do seu governo foi o empenho em prol do equilíbrio orçamentário. Em parceria com o prefeito do Recife, inovou, criando um sistema de capacitação de recursos através do qual a população emprestava ao governo e recebia em parcelas, com juros. Com esses recursos eles calçaram ruas, abriram avenidas, reformularam praças, fizeram obras de saneamento etc.

Em maio de 1921 sua precária saúde o obrigou a embarcar para Europa em busca de tratamento. Seu afastamento do governo, sempre, pelo mesmo motivo, ocorreu outras vezes. A imprensa opositora prognosticava constantemente sua renúncia, o que não aconteceu. Sua frágil saúde era motivo constante de preocupação para seus correligionários, visto que os primeiros frutos de sua administração começavam a surgir.

Seu combalido estado de saúde foi se agravando. Afastado do governo, morreu no dia 27 de março de 1922, de ataque cardíaco, com 57 anos de idade, em seu palacete no bairro do Tejipió, sem ter concluído as démarches, já iniciadas, para escolha do seu sucessor. Em vida foi casado com Hercília Pereira de Araújo com quem teve onze filhos, um deles, José Bezerra Filho, também vitoriense, foi prefeito do Cabo e deputado estadual.

Se sua vida política foi um sucesso, a profissional não ficou por menos. Na vida acadêmica obteve dois diplomas: engenheiro agrônomo e advogado. Como engenheiro atuou na Estrada de Ferro Central e na Estrada de Ferro do Sul. Mas como não poderia ser diferente, foi na indústria açucareira, seguindo a tradição familiar, que ele se destacou. De rendeiro do engenho Trapiche no Cabo tornou-se um grande usineiro transformando-o em uma usina, Usina José Rufino, em homenagem ao avô e ao pai. José Bezerra foi o principal acionista da Companhia de Melhoramentos de Pernambuco tendo construído uma estrada de ferro ligando a usina Cucau à cidade de Barreiros6. Seu vasto patrimônio incluía os engenhos Barbalho, Malinote, Malakof, Mataripe, Novo, Pirapama, São João, São Pedro e Santo Inácio.

Notas:
1 – A eleição foi disputada por três candidatos: José Rufino, Henrique Marques de Holanda Cavalcanti, o Barão de Suassuna e o marechal Emídio Dantas Barreto. Em todo o Estado Dantas Barreto obteve apenas 7.000 votos, contra os 25.000 dados a José Rufino.
2- Gayoso, Armando – A verdadeira verdade – Livraria Universal, Recife, 1925, página 17.
Armando Gayoso: ex-oficial de Gabinete do governador José Rufino e ex-vice presidente da Câmara dos Deputados (1919-1922).
3- Havia três grandes líderes políticos no Estado: Rosa e Silva, Dantas Barreto e Manoel Borba.
4- Lemos Filho – Clã do Açúcar (Recife 1911/1934) – Livraria São José, Rio de Janeiro, 1960, página. O autor da quadra faz o trocadilho de “concórdia com corda”.
5- Com o advento da República as Câmaras Municipais de Vereadores foram substituídas pelos Conselhos de Intendência, constituídos por três membros.
6- A Companhia de Melhoramentos de Pernambuco tinha por centro a Usina Cucau, edificada no município de Rio Formoso. Muitas figuras ilustres, tais como os governadores José Rufino e Manoel Borba, dela, faziam parte como acionistas.

Observação: recentemente foi sugerido por um leitor deste blog a mudança do nome da rua dr. José Rufino (Cajá) para Avenida Monte (ou Batalha) das Tabocas. Creio que o nome de dr. José Rufino, pelo que ele representou na política e na história vitorienses, não deveria ser retirado. Poder-se-ia usar os dois nomes: dr. José Rufino permaneceria e iria até a ponte que antecede o templo católico e a feira. A partir da ponte seria avenida Monte ou Batalha das Tabocas. Fica a sugestão. 

Pedro Ferrer

Diário de Viagem – Notícias do Velho Mundo: Silva Jardim e o Vesúvio

N+ípolis e vesuvio 013

Pilako, ainda bem, que tu falaste em dar-me uma gratificação quando do meu retorno. O assunto de hoje falará da terrinha, a República das Tabocas. Primeiro devo reparar uma grossa injustiça cometida contra a administração da cidade de Nápoles. Grossa em parte por que a falha, dela, permanece. Fui dá uma volta pelo lado  sul da cidade e fiquei deslumbrado com a beleza e a limpeza dos prédios e das ruas, isto sem falar das belas paisagens. Maravilhosa a vista do Vesúvio, observada do lado oposto, da baia. A sujeira referida anteriormente prende-se ao lado antigo e histórico da cidade. Por falar no Dilúvio passei um dia em Pompeia, uma das cidades, soterrada pelo vulcão. Após a visita achei importante conhecer o carrasco das cidades de Herculano e Pompeia. Subi a encosta do vulcão a pé, uns trinta a quarenta minutos. Contemplei detalhadamente sua cratera, gigantesca cratera a qual exala rolos de fumaça constantemente. Internamente permanece ativo. Recordei-me  do Silva Jardim. Sim, Pilako, o Silva Jardim tão ligado à sua infância, como não dizer à sua vida, já que você mora em uma rua que carrega seu nome.

Pois bem, Silva Jardim, grande estadista brasileiro, intelectual de renome, orador eloquente,  inimigo da monarquia, em sua curta atividade política, tentou e conseguiu, escaldar e fritar o imperador dom Pedro II. Ele foi um dos artífices da proclamação da república. Com o novo regime ele esperava uma posição de destaque, mas qual o quê, os militares deram-lhe uma cotovelada. Desgostoso partiu para uma viagem de recreio pela Europa. No seu roteiro constava o monte Vesúvio. Na época o vulcão estava agitado e Silva Jardim foi aconselhado a não subir até à cratera. Imprudentemente o grande estatista resolveu galgar o monte. Aproximou-se demasiadamente da cratera e terminou caindo dentro do vulcão, sendo escaldado e fritado pelas ferventes lavas. Quem com o ferro fere, com o ferro será ferido, diz o adágio popular.

Pedro Ferrer

Diário de Viagem: Notícias do velho mundo (em Nápoles)

napoles

Uma rua de Nápoles, centro da cidade.

Pilako é um patrão chato, duro e exigente. Mas tem o direito de sê-lo, pois paga bem e dobrado.

Recentemente deu-me um aumento significativo. Ele exige e só deseja notas que se refiram à terrinha. Hoje eu ia falar do homenageado da rua Silva Jardim, na matriz, porém chegando à Nápoles, com duas quebradas de olhos, deu me um estralo na cabeça. Pilako você fala de barriga cheia, reclama porque é chato e teimoso. Quer ver sujeira, lixo amontoado, trânsito desorganizado, invasão de calçada e poluição sonora?

Venha para Nápoles. Ela destoa de todas as outras cidades europeias. Será que nossos gestores não fizeram um curso ou estágio por aqui. Alegrai-vos vitorienses, Nápoles é bem mais suja e desorganizada que nossa Vitória de Santo Antão.

Mas por que se espelhar no errado, se há tantos bons exemplos, aí mesmo no Brasil e em Pernambuco a serem seguidos?

Pilako, só estão faltando os bichos. A única espécie solta e espalhada pelas ruas, é o BICHO HOMEM.

Pedro Ferrer

Diário de Viagem: Notícias do velho mundo

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Quando viajamos a passeio ou a negócio devemos observar os hábitos, os costumes, o portar dos habitantes dos locais visitados. Justamente o que faço nesta minha rápida estadia por algumas cidades da Itália. Tenho observado sobretudo os museus e o trato da coisa pública. Levo alguns subsídios para nosso  Instituto. Para a cidade, teria, mas de que vale uma rede armada …………. Pilako que o diga.

Vamos comentar um fato que não diz respeito à Vitória de Santo Antão, mas que é bem interessante. Sai de Milão para Florença, a pérola da Renascença. Chegando às portas de Florença resolvi mudar o roteiro e segui para Pisa. Lembrei-me que na catedral de Pisa tinha um candelabro, que eu já vira anos atrás. Desejei rever esta peça. Dirá o caro leitor, que bobagem! Parece realmente, à primeira vista, uma grande  bobagem. Este candelabro serviu como experimento ao famoso cientista Galileu Galilei. Aquele que concluiu, após estudos, e teve a ousadia de afirmar, contrariando todos, que o sol era o centro do  nosso sistema planetário. Um dia, Galileu, que era cientista, mas não era ateu, foi à catedral orar. Na penumbra, ainda a mesma, enquanto meditava,  observou o candelabro que oscilava. Analisou detalhadamente o movimento e tirou suas dúvidas sobre a teoria, que estava elaborando, sobre o movimento pendular. Transportei-me,  500 anos atrás, e fiquei  imaginando Galileu,  observando o oscilar daquele  candelabro. No êxtase, fui violentamente acordado pelo pipocar de dezenas de “flashs” de turistas incautos que desavisadamente, com certeza, não conheciam a importância daquele candelabro que tanto contribuiu para as conclusões do preclaro cientista. Turistas que saem tão vazios quanto entraram. Fotografei o famoso candelabro e repasso sua imagem aos meus caros conterrâneos.

Pedro Ferrer

Diário de Viagem: Notícias do velho mundo

Milano primeiro dia 004

Estou em Milano. Viagem excelente. Conhecemos a bela catedral estilo Gótico Flamboyant.

Milano primeiro dia 002

Amanha seguiremos para Roma onde ficaremos 4 dias. O restante de Milano fica para o retorno quando for tomar o avião de regresso.

Viajou no mesmo avião comigo, Recife-São Paulo, o Fernando Bezerra Coelho. Falei-lhe da importância do titulo que ele estava recebendo. Perguntei sobre a candidatura ao governo. Ele foi reticente mas disse que a estratégia está sendo costurada.

Enviarei mais fotos.

Abraço e até a volta.

Pedro Ferrer

Cônego Pedro de Souza Leão

padre

Nascido em Ipojuca, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de janeiro de 1917, era filho de Pedro de Souza Leão e de Minervina de Souza Leão. Aos 19 anos sentiu o chamado de Deus e ingressou no Seminário de Olinda. Completada sua formação eclesiástica foi ordenado, no dia de Todos os Santos de 1947, por sua Reverendíssima, o Arcebispo de Olinda-Recife, dom Miguel de Lima Valverde. Sua primeira celebração eucarística teve lugar na sua terra natal, no Distrito de Nossa Senhora do Ó, no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Mal raiou o ano novo, no dia 5 de janeiro, foi empossado vigário cooperador da Vitória de Santo Antão e capelão do Colégio Nossa Senhora da Graça.

Em 1949 foi transferido para Glória do Goitá assumindo a direção da Paróquia de Nossa Senhora da Glória, onde exerceu seu apostolado com amor e dedicação até julho de 1959. Nos dez anos à frente da paróquia realizou importantes obras tais como: construção da nova igreja matriz, da escola Paroquial de Menores e do ginásio Dom Miguel de Lima Valverde. A edificação deste educandário foi um marco na educação do município, visto ser o primeiro educandário de primeiro grau. Tão frutífera administração fez o povo da Glória do Goitá elegê-lo prefeito. Exerceu seu mandato, 1958/1962, com dedicação e seriedade, pautado em princípios éticos e morais. Em janeiro de 1962 voltou à Vitória de Santo Antão, assumindo mais uma vez, a capela do Colégio N. S. da Graça. Em agosto, do mesmo ano, foi convocado por Dom Carlos Coelho, Arcebispo de Olinda e Recife, para dirigir a construção do Seminário Regional do Nordeste, localizado em Camaragibe. Sua permanência à frente da construção do Seminário foi curta.

Um homem com sua competência administrativa e sua capacidade de trabalho, não podia ficar ocioso. Em 1965, o governador do estado, dr. Paulo Pessoa Guerra o nomeou diretor do Instituto Profissional de Pacas. Foram sete anos de excelente administração. Os que conheceram de perto e vivenciaram o dia a dia do Instituto de Pacas, são unânimes em afirmarem que foi a melhor de todas as administrações passada naquela casa. O Instituto sofreu uma grande metamorfose: de casa de correção, transformou-se em centro de educação.

Em 1972 foi convidado pelo prefeito José Augusto Ferrer de Morais, para assumir a Secretaria de Administração, vacante, pela renúncia do jornalista João de Albuquerque Álvares.

Após longos anos, longe da vida paroquial, não da vida pastoral, pois continuou exercendo seu apostolado continuamente, o Cônego Pedro Souza Leão, assumiu a paróquia de Cavaleiro, no município do Jaboatão dos Guararapes. Paróquia grande, ocupada por uma população carente de bens materiais e espirituais. O Cônego tinha à sua frente mais um desafio. Foram quase vinte anos de apostolado e de fidelidade ao Cristo e à Igreja. Nos últimos anos de vida, cansado e com a saúde precária, ficou preso a uma cadeira de rodas. Sem perder o ânimo continuou sua missão evangélica até ao final. No dia 20 de maio de 1991 foi acolhido por Jesus Cristo na casa do Pai.

Suas exéquias, presididas por dom José Cardoso, teve lugar na matriz de Cavaleiro, por ele construída. O sepultamento foi em sua terra natal.

Recentemente, em 2013, seus restos mortais foram transladados para a Matriz de Nossa Senhora da Glória, na cidade de Glória do Goitá.

Pedro Ferrer

Toda comparação é odiosa‏

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O programa ESPAÇO PERNAMBUCO, da Rede Globo, no dia 31 de agosto, mostrou que a antiga Vila Bela, hoje cidade de Serra Talhada, no Sertão de Pernambuco, é conhecida como a TERRA DE LAMPIÃO. O município, que tem cem mil habitantes, respira a lenda e realidade do tempo do cangaço. E, apesar do progresso, Serra Talhada não diminuiu a história do passado ligada à valentia dos cabras machos sertanejos 75 anos após a morte do seu filho mais ilustre, Virgolino Ferreira, o Lampião.

E nossos bravos heróis do Monte das Tabocas por onde andam?

As causas ou razões de lutar dos cangaceiros são constantemente questionadas: certas ou erradas?  Já a causa da luta dos herois das Tabocas não são questionadas. Compete à Secretaria de Cultura trabalhar, unida aos vitorienses interessados, pela exaltação do Monte e dos protagonistas da Batalha.

Pedro Ferrer

Cônego Américo Pita

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Este conheci bem. Batizou-me, ouviu minhas confissões, deu-me a eucaristia pela primeira vez. Só não me casou.  Todas as quintas à tarde, íamos, eu e colegas do Ateneu, ao catecismo na Matriz. Dona Maria Aragão não abria mão dessa prática. Formava as filas na calçada do Ateneu Santo Antão, no beco do Rosário, hoje rua Osman Lins,  e tocava-nos para o templo. Meninos à direita, meninas à esquerda e o reverendo Pita, de batina preta surrada, posicionava-se no centro da nave. Era um ir e voltar contínuo. Um olho na doutrina católica e o outro na garotada.

– Quais são os pecados capitais?

Tinha medo dele. Não era eu, o único a teme-lo. Todos, inclusive os adultos temiam o velho pároco. Padre Pita ganhou fama de brabo e não foi gratuitamente. Assisti, sendo seu coroinha, o ranzinza expulsar garotas da igreja por não se trajarem adequadamente para um ambiente religioso. Certo? Errado? Para a época era certo e todos os aplaudiam por essas atitudes.

Nem tanto ao mar, nem tanto à praia, mas bem que hoje, os sacerdotes poderiam ser mais vigilantes quanto ao modo de vestir dentro dos templos. Comigo se passou um fato interessante que ilustra bem sua brabeza. Tinha eu sete ou oito anos. Conversava prazerosamente durante a missa das 8 horas, quando ele resolveu parar o ofício religioso, desceu, pegou-me pela orelha e pôs-me de joelho ao lado do altar. Os outros garotos, que participavam da algazarra, silenciaram. Morri de vergonha e mais, de medo, temendo que o acontecido chegasse ao conhecimento dos meus pais.

Voltemos ao nosso padre Pita. Nosso, porque, apesar da brabeza, era um vigário estimado e admirado. Dedicado, virtuoso e sobretudo apóstolo. Pelo seu empenho e interesse Vitória de Santo Antão ganhou a casa dos pobres e o colégio Nossa Senhora da Graça. Isso sem falar em outras conquistas tais como: construção da capela de São José na Mangueira e de Nossa Senhora do Loreto em Água Branca. Empenhado na organização da paróquia e no seu trabalho de apostolado não se descuidava dos diversos órgãos da Ação católica: JEC, JOC, Cruzada eucarística, apostolado do Sagrado Coração de Jesus, Pia União das Filhas de Maria, Vicentinos, Irmandade das Almas etc. Para congregar e atrair os jovens criou, com o padre Vasco, o Grêmio Paroquial, que organizava jogos, tertúlias e peças teatrais.

Padre Pita nasceu no dia 18 de fevereiro de 1885, em Coruripe, cidade alagoana. Aos 18 anos ingressou no Seminário de Olinda. Em 1911 foi ordenado presbítero em cerimônia presidida por dom Luís Raimundo da Silva Brito. Sua primeira missa foi celebrada na Matriz de Santo Antão que tinha como vigário seu primo, o padre Américo Vasco.

Seu empenho e seu comprometimento com a fé cristã valeu-lhe a outorga de dois títulos: Cônego Honorário da Sé de Olinda (1935) e Monsenhor (1950).

Sobre padre Pita repetiríamos as palavras escritas pelo mestre José Aragão: ”De sua fé acrisolada, de sua piedade esclarecida, do seu total devotamento ao reino de Deus em nossa terra, que ele amava como sua; de sua cooperação desinteressada a todas as instituições e iniciativas locais, resultaram, para a comunidade, benefícios incomensuráveis, razão porque os defeitos que pudesse ter, como ser humano, portanto contingente, foram superados e fartamente compensados pelas virtudes, por todos reconhecidas e proclamadas” (Revista do Instituto Histórico e Geográfico, volume 6º, página21).

Seguem outros depoimentos: – cansei em ouvir meu pai repetir, “padre Pita é um padre de verdade, homem modelar”;

“padre Pita, podemos afirmar sem nenhum vislumbre de exagero é um dos verdadeiros ministros de Deus, é o genuíno “Alter Christus” da religião de Jesus, é o verdadeiro tipo de sacerdote católico. Padre Pita, sacerdote virtuoso, soube se impor à admiração do povo de Vitória que lhe cultua uma amizade leal”. (“A Voz Parochial, 31 de março de 1918);

– “aqui em Vitória o padre Pita deixou vestígios imorredoiros e inesquecíveis, como sacerdote virtuoso e abnegado, como amigo particular e também como jornalista primorado nas colunas deste jornal onde tem colaborado desde a fundação do mesmo até hoje”. (A ”Voz Parochial, 18 de fevereiro de 1919)

Após sessenta anos de vida sacerdotal, dedicados à pregação do Evangelho e à defesa da fé, o probo e íntegro padre entregou sua alma ao Senhor, no dia 27 de abril de 1971.  Vitória de Santo Antão cobriu-se de luto.

O Instituto Histórico e Geográfico que tem o Monsenhor Américo Pita como um dos seus cofundador, reverencia sua memória no setor do Museu Sacro, cujas principais peças partiram de seu magnânimo espírito.

– Ano Novo (Padre Américo Pita)

“Ao afloral do ano novo ainda a humanidade esfarrapada, esquálida, desgrenhada arrastando-se pelos escombros da civilização, da arte e da religião solta ainda um gemido dolente repassado de angústias. O mundo ainda é o sudário da guerra, com os corvos da miséria de garras aduncas esvoaçando crocitante por sobre o charco putrefato da humanidade.

A alma da Igreja compungida cantando a pouco o “Gloria in excelsis Deo et in terra pax homnibus”, visava talvez, o trapejar do lábaro branco da paz sobre as ruinas do mundo por entre a fumarada espessa dos semeadores da morte complemento tétrico da barbaria humana.

Cada ano que lá vem trás na sua psicologia a risonha esmeralda esperança como que sendo fonte d mil venturas no desenrolar do futuro. Oh! quimérica esperança que te transformas na rígida realidade da desilusão. Mas ah! que prossegue a marcha dos tempos e o mundo a convulsionar na guerra.

O mesmo tempo imutável partícula da eternidade no seu eterno evoluir vai escrevendo o episódio doloroso deste século de sangue que o próprio Deus com as mãos plenas de justiça esconde as suas faces para não ver a injustiça e a desobediência dos homens, ao seu “pax homnibus”. E a devastação campeia arrastando manietada a deusa sublime dos povos, a liberdade.

A liberdade irmã gêmea da paz foi banida do seu trono enquanto o despotismo tem o cetro da realeza… (“A Voz Paroquial”, 31 de janeiro de 1918).

Obs. Na época a humanidade estava em plena Primeira Guerra Mundial, 1914-1918.

Pedro Ferrer

Problemática educacional remonta a várias décadas.

No último dia 20 do corrente mês enviei uma matéria para ser publicada no blog do Pilako, “Educação”. A mesma não foi escrita por mim. Optei por não dizer a origem na tentativa de provocar um debate e troca de informações sobre o precioso tema. A matéria foi extraída do jornal “A Voz Parochial”, hebdomadário publicado pela Matriz de Santo Antão, ano de 1922.

Observe o leitor que a preocupação com a problemática educacional remonta a várias décadas.

Obs. – os exemplares da Voz Parochial fazem parte do acervo do Instituto Histórico que está disponível aos vitorienses que desejarem realizar pesquisas sobre nosso belo e rico passado.

Pedro Ferrer

Educação

livros

O problema de educação moral e intelectual no nosso Pernambuco ainda não foi devidamente estudado e será sempre uma cousa insolúvel, porque os poderes públicos não ligam importância a esta necessidade palpitante do momento, única capaz de salvar toda bancarrota da instrução. Muito, é verdade, se tem feito para resolver tão sério problema, mas a inabilidade dos reformadores não tem feito outra coisa que adiar a solução.

Educadores bons e de reconhecida competência não nos tem faltado, porém o que é necessário na atualidade é a colaboração de todos em completa harmonia de vista, deixando de parte a torpe vingança política que tanto nos atrofia.

Entende-se por educação a ação de aperfeiçoar a natureza humana, educando o coração nas grandes cousas da vida.

A instrução que se administra ordinariamente às crianças é sempre desacompanhada da educação moral e social, irmã inseparável da intelectual. Verifica-se tudo quando dissemos, assistindo-se a saída dos alunos das escolas.

Ali vemos do modo mais patente a falta absoluta do verdadeiro ensinamento que ilustra o coração e a inteligência.

Pedro Ferrer

Antão Borges Alves.

antao-borgesNo dia 5 de novembro de 1866 surgia em nossa cidade o primeiro jornal, “O Vitoriense”. Seu criador, Antão Borges. Filho de Paulo Borges Alves e de Antônia Borges Cunha, nasceu o menino Antão em setembro de 1844. Remarque-se que Antão tinha quinze anos por ocasião da visita da Família Imperial. Essa visita marcou seu espírito.

É lugar comum os biógrafos afirmarem que seus biografados eram alunos dedicados, inteligentes, que tinham pendores pelas artes e a que a veia poética aflorava em todos seus escritos.

Com Antão Borges, não quero cair nesse lugar comum. Antão Borges provou seu amor às letras, quando ainda jovem, já casado, com apenas 22 anos, juntou uns trocados e partiu para Recife para as compras.

O que pretendia comprar aquele jovem?

Compras, nada comum, a um jovem de sua idade e de sua época, que procuraria por uma cartola, uma bengala de marfim, um broche de ouro para gravata, sapatos italianos, lenços de seda…

E que compras tão curiosas foram essas?

Uma impressora e tipos tipográficos. Seu sonho de adolescente tomava forma, imprimir um jornal. Um jornal com oficina própria, independente. A estrada de ferro ainda não existia. Tudo  transportado em lombo de burro.

No dia 5 de novembro de 1866 fazia Antão Borges circular na Vitória “O Vitoriense”. Seu pequeno jornal era um semanário noticioso e comercial, custando a assinatura anual 12 contos de reis. Em 1870 substituiu “O Vitoriense” pelo “Correio de Santo Antão” que permaneceu no prelo até 1875. No ano seguinte voltou a imprimir “O Vitoriense”. Sua edição foi interrompida com a partida de Antão Borges, em 1878, para Glória do Goitá, onde foi exercer o cargo de Tabelião Público. Quando ainda residente na Vitória ocupou uma cadeira na Câmara Municipal pelo Partido Liberal.

Na cidade da Glória do Goitá continuou sua lida jornalística. Tratou de montar sua pequena tipografia e publicou no dia 8 de fevereiro de 1879 “O Goitaense”, primeiro jornal da cidade, periódico imparcial que tinha como um dos seus objetivos alfabetizar a população. Do seu casamento com Antônia Donata teve vários filhos, entre eles o coronel Antão Borges Júnior, coletor fiscal e prefeito da Glória do Goitá nos anos 1920-1924.

Antão Borges, o bravo vitoriense, falecido em agosto de 1918, na cidade da Glória do Goitá, deixou-nos um magnífico legado. Só os iniciados na cultura vitoriense têm a sensibilidade de conhecer o extraordinário trabalho realizado por Antão Borges Alves e os benefícios à cultura vitoriense, atrelados à criação do “O Vitoriense”.

Pedro Ferrer

Professor Pedro Ferrer compartilha conosco uma importante analise sobre o ensino da Matemática.

Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia…

Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas…

Leiam o relato de uma Professora de Matemática:

Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.
Tentei explicar que ela tinha que me dar 5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.
Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que estou contando isso?
Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

5. Ensino de matemática em 2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?
( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

7. Em 2010 …:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
(Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder pois é proibido reprová-los).
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

E se um moleque resolver pichar a sala de aula e a professora fizer com que ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança.

Também jamais levante a voz com um aluno, pois isso representa voltar ao passado repressor (Ou pior: O aprendiz de meliante pode estar armado)

– Essa pergunta foi vencedora em um congresso sobre vida sustentável:

Todo mundo está ‘pensando’
em deixar um planeta melhor para nossos filhos…
Quando é que se ‘pensará’
em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”

Passe adiante!
Precisamos começar JÁ!
Ou corremos o sério risco de largarmos o mundo para um bando de analfabetos, egocêntricos, alienados e sem a menor noção de vida em sociedade e respeito a qualquer regra que seja!!!

Triste, mas é verdade. FAINTVISA encerrou os cursos de Licenciatura de História e de Biologia.

A informação procede e vem de elemento ligado à direção. Culpa da FAINTVISA? Longe de nós assim pensarmos.

Sinal dos tempos: professor do ensino médio é tratado como babá de filhinhos de pais desequilibrados, ricos ou pobres. Não há disciplina, não há hierarquia, não há respeito nos lares. A criança e o adolescente chegam à escola e querem ser paparicados. Não obedecem nem respeitam aos mestres.Pior, tem a cobertura do papai e da mamãe. Evocam os Direitos da Criança e do Adolescente. Professor não tem direito, ele se fod….., vá para pqp. E o salário? Nem falar.

Bem, nestas condições quem ainda ousa ser professor?

Como pode a FAINTIVISA manter um curso sem aluno? Ela não é instituição de caridade. Precisa ganhar para se manter, regra primária do comércio e educação tem também seu lado comercial.

Mais uma vez, fico triste. Quando criamos a FAINTVISA, pensamos em uma escola de FORMAÇÃO DE PROFESSORES. Por forças circunstanciais ela se afasta de seu objetivo primário.  As licenciaturas estão assinando seus atestados de óbitos e o único responsável é o governo, em todas suas esferas: municipal, estadual e federal.

Pedro Ferrer

ANTÃO LUIZ DE MELO

meloO engenheiro das estradas. O engenheiro das pavimentações. Este foi Antão Luiz de Melo, vitoriense, filho de José Francisco de Melo e Belarmina Maria de Melo. Nasceu o esperto garoto Antão, que carregava o nome do padroeiro,  no dia 6 de agosto de 1931. Desde cedo se destacou nos estudos. Mudou sua residência para o Recife, onde prestou vestibular para o curso de Engenharia da UFPE, diplomando-se em 1955. Da Engenharia fez seu norte e ideal de vida. Entre os vários cursos e estágios que incorporou ao seu rico currículo podemos destacar: Curso de Pavimentação no Laboratório Nacional desPonts et Chaussés, na França; Curso de solo cimento pela Associação brasileira de Cimento Portland, São Paulo; Curso de Tecnologia do asfalto: Asfalto Chevron, São Paulo; estágio em Serviços de Pavimentação no Bureau Central d´ÉtudespourlesEquipements d´OutreMer-Senegal;  estágio em Serviços de Pavimentação nos Departamentos de Estradas de rodagem dos estados do Texas, Califórnia, Novo México e Nova Jersey, USA.

Sua vida profissional se estendeu ao magistério. Sentia necessidade de transmitir às novas gerações toda sua experiência e seus conhecimentos. Assim sendo ocupou a cátedra da disciplina Estradas e Transportes na UFPE. Em sua fecunda vida acadêmica publicou mais de vinte e cinco trabalhos sobre Transportes, Engenharia Rodoviária, Engenharia Ferroviária, Geotécnica e Pavimentação. Além do magistério ocupou com destaqueoutras funções: engenheiro chefe do Núcleo do Instituto de Pesquisas Rodoviárias; engenheiro do DER-PE.; Secretário de Transportes, Energia e Comunicações do Governo de Pernambuco; Diretor-geral adjunto do Departamento de Estradas e Rodagens. Em vida obteve prêmios e foi alvo de diversas homenagens. Antão Luiz de Melo faleceu nos Estados Unidos, vítima de um ataque cardíaco, no dia 17 de setembro de 1999.“Era um sofisticado especialista em pavimentação formado na França. Na Secretaria de Transportes inovou ao pregar a simplificação dos obras e diminuição dos custos para gerar o máximo de benefícios com recursos limitados”.Graças ao seu empenho e apoiado pelo empresário José Augusto Ferrer de Morais, na época deputado estadual, obteve do governo do Estado anuência para construção da estrada Vitória de Santo Antão-Limoeiro. A “República das Tabocas” orgulha-se de tê-lo como filho.

Pedro Ferrer

A respeito de uma reportagem publicada pelo JC dia 29 de junho.

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Quinta feira, dia 27 de junho, encerrando o expediente do Instituto, eis que de chofre, surgiram duas repórteres do Jornal do Comércio, Cleide Alves e Hélia. Queriam fazer uma reportagem sobre o Sobradinho, visto denúncias que a redação recebera, sobre o abandono do histórico prédio. Indaguei-lhes: quem as teria feito? Resmonearam, desconversaram e curialmente nada disseram.

A elas só interessavam o Sobradinho e o Monte das Tabocas. Insisti para que elas primeiro visitassem nosso museu, o que fizeram com certo constrangimento, devido ao adiantado da hora. Aliás, elas nem sabiam da existência do nosso museu.

À medida que a visita acontecia, elas começaram a ficar deslumbradas e sem rebuço consideraram nosso museu como o melhor do estado. Chamou-lhes a atenção a quantidade e o arranjo das peças do acervo. Queriam saber a quem cabiam os méritos da organização. Sem titubear, respondi-lhes: uma equipe de historiadores locais.

Esta não é a primeira vez em que a distribuição das peças e a organização, diria “anatômicae fisiológica”, do nosso museu são elogiadas por pessoas versadas no assunto. Ficou mais uma vez a lição, que Vitória de Santo Antão tem material humano qualificado e preparado. Por que buscá-lo além? Pena que a reportagem, no que fala do museu, ficou muito aquém do mérito da instituição. Nosso museu merecia umas linhas e canetadas mais densas e mais objetivas. Entretanto, não era o objetivo maior da reportagem. Espero que voltem para fazer uma explanação mais completa e compacta da nossa instituição.

Sobre o Sobradinho nada a acrescentar. A reportagem diz tudo. As críticas procedem. Tombar, não tombará. Todavia o Sobradinho tem que ser recuperado integralmente. Os R$ 14.000,00 que a prefeitura promete, não são lá grande coisa, mas com parcimônia resolveremos. É o primeiro passo, a prefeitura começa a despertar. Esperamos que outros convênios venham. Lembramos que 9 dos 11 vereadores nos deram uma forte ajuda. Sócios e amigos também chegaram juntos.

Encerrada a visita ao Sobradinho pediram-me informações de como chegar ao Monte das Tabocas. Por coincidência, o professor Marcelo Hermínio, diretor de patrimônio do Instituto, chegava naquela ocasião para iniciar o expediente da tarde. Atendendo ao meu pedido ele as acompanhou ao histórico Monte. O deplorável estado do Monte é sobejamente conhecido dos vitorienses. Está estampado na reportagem. Doe-nos observar que o logradouro e seu entorno estão, mais ainda, degradados. É uma pena, é lamentável e revoltante, ver o Monte tratado dessa maneira. Observaram a placa emborcada e quebrada? Bonito, não é? Sobra para quem? Sobrou para nossa cidade. Que imagem transferimos para os interessados em nos visitar, se é que existe algum idiota iluminado, que o queira fazer?

Antes do dia 3 de agosto vamos dar umas ciscadas, umas caiadas e tudo ficará super remendado. Remendos, nada mais que remendos.

Consultem o Instituto sobre o que fazer no Monte? Que valores devem ser agregados? Aliás, corria no mandato passado, do atual prefeito, a elaboração de um projeto que estaria sendo preparado pela dra. Marina Russell Cavalcanti. Eu vi esse projeto. Achei estranho o Instituto não ser convidado para opinar. Mas, manda quem pode e obedece quem tem juízo.

Dia 23 de junho, fui à Serra Negra. Difícil toldar ou anuviar meus sentimentos de tristeza e revolta ao ver a multidão que lá afluia. Deu-me inveja.

Mesmo anuviado estou plenamente convicto que o Monte tem um potencial bem maior que Serra Negra e que o Alto do Moura. Temos uma HISTÓRIA FANTÁSTICA DE BATALHA, DE NATIVISMO, DE LIBERDADE, DE INDEPENDÊNCIA. E Serra Negra? E o Alto do Moura? No aspecto passado eles têm pouco ou nada a oferecer aos visitantes. Mas eles tem algo, que nós não temos. Tem pessoas sensíveis e interessadas no turismo, na cultura e na história dos seus municípios.

Esta história de que uma intervenção é difícil e complicada, por ser ele tombado pelo estado e pelo município, é conversa para boi dormir. Os responsáveis sabem que tudo depende de uma decisão política. Salvem o Monte? Despertem!!!!!!!!!!

Prof. Pedro Ferrer
Presidente do Instituto

PREFEITURA ESTABELECE CONVÊNIO COM O INSTITUTO HISTÓRICO.

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Com data retroativa a 3 de junho do corrente ano, a Prefeitura Municipal da Vitória de Santo Antão e o Instituto Histórico e Geográfico estabeleceram, no dia 17 de junho (ontem), convênio de “Cooperação Técnica e Financeira”. O convênio tem por objetivo o apoio financeiro às atividades culturais de interesse público, desenvolvidas pelo Instituto Histórico e Geográfico, bem como a manutenção e reformas do acervo material. Louvável o gesto do prefeito Elias Alves de Lira atendendo o que prescrevem os artigos 104 e 115 da “Lei Orgânica do Município”.

Pedro Ferrer

José de Barros de Andrade Lima.

aNão nasceu na Vitória de Santo Antão, aquele que foi o primeiro prefeito da cidade, todavia ele adotou a “República das Tabocas” como sua terra natal, dedicando-lhe todo seu potencial como profissional da medicina e como líder político e administrador público.

Membro de conceituada família pernambucana, nasceu José de Barros de Andrade Lima, na cidade de Igarassu, no dia 5 de setembro de 1853. Estudou medicina na Bahia. Ao retornar de Salvador fixou residência na Vitória de Santo Antão. Profissional competente e dedicado granjeou rápido a simpatia e a admiração dos vitorienses. Com a proclamação da República, 1889, derivou para a política, filiando-se ao partido “Autonomista”, liderado em Pernambuco pelo Barão de Lucena. Nos meses que seguiram à proclamação da República, as Câmaras Municipais foram dissolvidas. Suas atribuições passaram a ser executadas pelos “Conselhos de Intendência”. Em 1890, José de Barros, indicado pelo governador provincial, Barão de Lucena, assumiu a presidência do “Conselho de Intendência” da Vitória. Presidente desse Conselho, ele iniciou, na praça 3 de Agosto, a construção do Paço Municipal, prédio até hoje utilizado pela Câmara dos Vereadores. Em setembro de 1892 foi eleito prefeito da Vitória, na primeira eleição válida realizada no município, no regime republicano, cargo que voltou a ocupar no período de 1913/1916, em face da renúncia, em 1912, do dr. Henrique Lins Cavalcanti de Albuquerque.Sempre combatente e dinâmico, ora no governo, ora na oposição, José de Barros de Andrade Lima foi ainda vereador, (presidente da Câmara), deputado e senador estadual. Faleceu no Recife no dia 27 de abril de 1926, com a idade de 72 anos. Em vida foi casado com a senhora Dulce de Andrade Lima.

Pedro Ferrer

Antão Bibiano da Silva

Aproveitando a sugestão do internauta Antônio Maciel, vai aí uma das personalidades vitorienses que integrará nosso próximo livro: “Construtores da Vitória de Santo Antão”.

bibianoAntão Bibiano da Silva, filho de José  Francisco da Silva e de Josefa Paraguassu, natural da Vitória de Santo Antão, veio ao mundo no dia 8 de março de 1889. Ainda pequeno, já confeccionava bonecos de barros e talhava na madeira. Eram os primeiros sinais dos dotes artísticos do grande escultor vitoriense reconhecido nacionalmente. Bem cedo, por interferência do seu padrinho, o tabelião local, Leobardo Carvalho, mudou-se para o Recife. Seguiu depois para o Rio de Janeiro onde cursou a Escola Nacional de Belas Artes. Mas Bibiano não esquecia Pernambuco. No ano de 1917 voltou ao Recife para se casar com Lygia Francisca da Silva, linda mulher que se tornou sua parceira  e inspiração. Na ocasião fixou residência na rua do Lima, bairro de Santo Amaro, onde nasceu Letícia, sua única filha. Em 1922 participou de um concurso em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil, obtendo o quarto lugar, o que lhe valeu um prêmio de cinquenta contos de réis. Com esta importância viajou, acompanhado da mulher e filha, para o Rio de Janeiro onde permaneceu por um ano. Mas suas raízes estavam no Recife para onde regressou, vindo a se estabelecer na rua do Hospício, bairro da Boa Vista. Seu atelier, que era bem decorado com móveis finos e cortinas em veludo vermelho, era um ponto de atração na cidade. No dia 29 de março de 1932, reunido com um grupo de artistas locais, entre os quais Baltazar da Câmara, Murilo La Greca, Heitor Maia Filho e Henrique Elliot, resolveram fundar a escola de Belas Artes de Pernambuco. Bibiano foi escolhido para ser seu diretor. Logo após, por razões  profissionais, foi residir no Rio de Janeiro,  lá permanecendo até 1936. No ano seguinte, 1937, voltou ao Rio de Janeiro. Nessa ocasião a permanência foi bem mais longa. Apesar da boa situação financeira e do prestígio que desfrutava na Capital Federal resolveu, no ano de 1950, retornar ao Recife. Aqui chegando assumiu uma cadeira na Escola de Belas Artes da UFPE. Suas criações encontram-se espalhadas em diversas cidades brasileiras. Na Vitória de Santo Antão temos a oportunidade de ver algumas delas: o Leão Coroado, na praça da Estação; o busto de Antônio Dias Cardoso localizado na praça 3 de Agosto; o busto de Antão Borges na avenida Silva Jardim; o busto de Melo Verçosa, no Alto do Reservatório; o busto de Duque de Caxias, na praça do mesmo nome. Muitos outros trabalhos foram criados por Antão Bibiano Silva, com destaque para as esculturas que decoram o alto da fachada do Tribunal de Justiça, da capital pernambucana; o busto de José Mariano, no Poço da Panela, em Casa Forte-Recife; busto de Getúlio Vargas (Salão Nacional, RJ); busto de Eládio de Barros Carvalho (Náutico); estátua de D. Malan (Petrolina); busto de João Fernandes Vieira (Várzea-Recife); busto do escritor José Condé (Caruaru).

Pedro Ferrer