Momento Cultural: A Alvorada – por Gustavo Carneiro.

O sol se descortinava na praia
Brilhando em meus olhos
Caminho só
Ar imóvel, quente
Vento assobiando ardente
Com o som da minha respiração
Um monte de pensamentos
Um toque agudo sibilante
Suspirando com prazer
O nascer de um novo dia
Uma alvorada arredia
De momentos de introspecção

Um aroma gostoso de terra molhada
Ou maresia,
Um delicada lua ornamentando o amanhecer
Em uma fantasmagórica poesia,
Plenitude
O vento zunindo
Um sentimento de dignidade
Uma visão do encanto
Insondável graça no rosto
No perplexo momento
Da percepção da vida.

O que ele diz
estará dentro do seu peito
Todo tempo
Para sempre…

Seja longe, seja perto
Não sabemos o exato, o correto
Para tudo tem um tempo

Mas quando será esse tempo certo?

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 14).

Momento Cultural: Assunção da Virgem – por Corina de Holanda.

Deve ter sido pela madrugada:
– Em torno da modesta sepultura,
Daquela dentre as puras a mais pura,
Anjos, em graciosa revoada,

Como a medir, de céu, a imensa altura,
Vão de estrelas formando a linda escada
Por onde subiria a Imaculada…
– Jamais se viu tão régia iluminada.

(Se Deus é o Autor de tão custosa tela…).
Rasga a morte seus véus! Eis que esplendente,
Surge Maria, a quem Gabriel conduz.

Astros se apagam diante da mais bela…
E todo o Céu saúda alegremente,
A que trouxe em seu seio a própria Luz.

1969

(Entre o céu e a Terra – 1972 – Corina de Holanda – pág. 33).

Momento Cultural: Brincadeira de Esconder por Henrique de Holanda.

Com vontade de brincar,
essas travessas meninas,
que trelam no teu olhar,
correram. (Vê, que traquinas!)
ao encontro dos meus olhos….
Nenhuma pensou em ter
escolhidos dois abrolhos
p’ra brincar de se esconder.

E além das tais “buliçosas,”
que nasceram pra brincar,
deixaram mais duas rosas
de tuas faces saltar…
E de amor pela escalada,
fugidas, muito em segredo,
ei-las com a rapaziada,
para animar o brinquedo.

– Do teu semblante, o viver;
teu sorriso, teu carinho,
tua voz, bem doce e calma,
…p’ra brincar de se esconder…
E deixei tudo, tudinho,
esconder-ser na minh’alma.
P’ra torná-los mais seguros,
fechei-os com a chave de ouro
da mais dourada ilusão,
nos recôncavos escuros
que transformaste em tesouro,
bem aqui, no coração.

Fugir do meu peito, agora,
deseja o bando inocente…
A chave, tenho-a perdida!
Minha ilusão foi-se embora!

E ficaste eternamente
fechada na minha vida.

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 6 e 7).

Momento Cultural: Boca Doce – Por Stephem Beltrão.

Quando eu penso em você
Não me conheço
A minha boca fica doce
Querendo beijo

Quando eu falo com você
Aí não tem jeito
Tudo vira brincadeira
É só desejo

Pode ser de noite
Pode ser de dia
Toda hora é hora
Tudo é alegria

Pode ser janeiro
Março ou fevereiro
De segunda a sexta-feira
É amor o ano inteiro

Stephem Beltrão – escritor e poeta. 

Momento Cultural: PARA MINHA NETINHA – Por Diva Holanda.

Plim Plim! Parece conto de fadas
ou mesmo boato infundado
mas, o que é fato é verdade
e não pode ser contestado:

Diva vai ser vovó
ela que parecia querer
ver em Mano um menino
de repente o viu crescer.

Cresceu deu nova vida
a quem não foi programada
mas que será com certeza
das filhas a mais amada.

Nascendo em tempo tão ruim
onde não se tem esperança,
estou apostando em você
minha doce e terna criança.

De você vou ser vovó
de fadas vou lhe falar
vou cantar mesmo sem voz
lindas canções de ninar.

E a vovó que daria
bolões de feijão e amor,
que hoje é da guarda
você vai levar uma flor.

E no seu mundo encantado
com baleias navegando,
sem guerra e sem fuzis
você vai crescendo pesando:

Que Drumond não morreu nunca
Que Deus é bom e perdoa,
Que a vida já é história
De um pensamento que voa.

Dra. Diva de Holanda Bastos

Momento Cultural: MEUS AMIGOS – Heitor Luiz Carneiro Acioli.

Meus amigos, pessoas que me confortam e me levam para um lugar melhor. Amigos são pessoas que considero como irmãos. Amigo é aquela pessoa que podemos contar nossos problemas sem nos preocuparmos. O único ponto negativo é que um dia os amigos se separam. Meu desejo, não, meu pedido, melhor falando, é que sejamos amigos para sempre.

(Meu jeito em Versos e Prosas – Heitor Luiz Carneiro Acioli – pág. 02).

Momento Cultural: NOSTRA TARDE – por ADJANE COSTA DUTRA.

Nostra tarde que do meu alento te procuro,

que dos dúlcidos alentos mil beijos…

De Extenuante o meu escrínio peito,

e na alvorada de mil flores,

e no estiloante inverno as flores murchavam e

balbuciavam num só grito, de gritar amor.

Que na tarde Nostra ver-te ao meu lado a contemplar

a tarde que passa como nuvens escuras e como a estrelar no

universo, a estrela que reluz,

teu brilho na cor da luz.

Quero cintilar em todo alvorecer e venho te chamar, amor,

na tarde Nostra.

E das estribeiras na presilha do teu cavalgar,

Eu venho gritar, amor, hei de te buscar: nos vales, mares,

na crosta terrestre ou na órbita celeste,

e na tua distância, eu me porei no vento,

mas hei de te amar,

numa tarde Nostra em que venho te buscar.

(TAPETE CÓSMICO – ADJANE COSTA DUTRA – pág. 56).

Momento Cultural: ESPAÇO – por MELCHISEDEC.

Para nós, seres humanos, o nosso espaço no cosmos, começou a três milhões e quatro centos mil anos, porém, só a trinta mil anos, começamos a entender onde vivíamos e o que éramos.

Conquistamos o fogo, iniciamos plantio das sementes, aprendemos lidar com os animais, aplicamos nosso primitivo talento para criar os instrumentos de trabalho, usando a pedra, depois descobrimos o ferro e o bronze que permitiam um avanço significativo na nossa arte de fazer as coisas.

Com o ajuntamento das pessoas, formamos as tribos, as comunidades agrícolas que foram evoluindo até a formação das cidades.

Nesse vasto espaço cósmico, a nossa memória parece confinada no estreito lugar do planeta em que vivemos. Pouco a pouco vamos aparecendo em forma de escritos históricos para dizer à posteridade o que fomos, o que somos e o que seremos.

Hoje, todas as pessoas de quem ouvimos falar, viveram e lutaram em algum ponto deste planeta.

Todos os reis, sábios, nobres e plebeus, batalhas, guerras, migrações, invenções, tudo que há nos livros, sobre a história do homem, aconteceu aqui.

Dentro desse imenso espaço do universo de onde emergimos, somos um legado de vinte bilhões de anos de evolução cósmica.

Agora vemos nosso planeta à beira da destruição. As máquinas mortíferas inventadas pelo homem para sua própria destruição. É a inversão de valores.

A maldade tomou conta do coração do homem. Agora temos que melhorar a vida na terra e conhecermos o universo que nos criou, sem desperdiçar nossa herança de vinte bilhões de anos numa autodestruição insensata.

O que acontecer no próximo milênio, dependerá do que fazemos aqui a agora, usando a nossa inteligência e a nossa vontade para salvar o planeta.

Lembremos que: “há mais coisas entre o céu e a terra de que supõe vã filosofia”.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 61).

Jesus Cristo – por João do Livramento.

Para falar de Jesus Cristo

Nós precisamos entender

Que ele sofreu todo calvário

Pra nossa alma não perecer

Esta dívida da humanidade

Eu e você é quem produz

A cada dia nós pregamos

Jesus Cristo em nossa cruz

As cusparadas em sua face

São proferidas por rejeição

A filosofia do jesus homem

Que não adentra o coração

Gananciosos o esbofeteiam

E o açoitam todos mesquinhos

Cada aborto é o que terce

Sua coroa de espinhos

É flagelado pelos corruptos

E por mentirosos caluniado

Os violentos com suas lanças

Sempre o atingem abrindo o lado

No indigente as suas sedes

Com amargor são saciadas

Porém se a sede for de justiça

As suas pernas serão quebradas

Só cessará tal sofrimento

Se a humanidade compreender

Que quando fere seu semelhante

A Jesus Cristo faz padecer

João do Livramento.

Momento Cultural: Cérebro – por Henrique de Holanda.

Na mocidade,

a razão quase sempre se encandeia,

tornando a vida uma mera ingenuidade.

O cérebro da humana criatura

– quem é moço concebe

ser uma taça de ilusões bem cheia

que o coração segura e a alma bebe.

Mas, a velhice vem

fermentando a bebida outrora pura…

e o coração, que forças já não tem,

vendo a alma fugir, derrama a taça,

que ao se precipitar de grande altura

no chão se despedaça…

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 25).

MOMENTO CULTURAL: Estou Quase me Entregando – STEPHEM BELTRÃO‏.

Estou quase me entregando
Saindo do banheiro de toalha
Caminhando de cueca pela casa
Tomando café em copo
Fazendo barba com navalha.

Achando que ciúme é amor
Trocando cega por surda
Levando tapa e achando graça
Achando que pasto é pastor
Andando descalço na praça.

Dormindo com chupeta
Usando meias listradas
Tomando banho com paletó
Confiando no fim do mundo
Bebendo cerveja na calçada.

Invejando os defeitos dos outros
Jogando no Pernambuco dá Sorte
Trocando a noite pelo dia
Roubando doce da boca de criança
Achando que está chovendo pra cima
Acreditando que tristeza é alegria.

Momento Cultural: AI DE MIM E MEU POVO – por Egídio Timóteo Correia.

Vê nas paredes dos muros
Dizeres ou pichações,
Isso mostra que meu povo
Carece de educação.
Vê o barulho nas ruas
Fazendo poluição,
Isso mostra que meu povo
Não tem boa educação.
A violência presente
Enlutando a nação,
Matar por qualquer besteira
É falta de educação.
O lixo jogado nas ruas
Pelo próprio cidadão
É triste saber que o povo
É pobre de educação.
Velhos, crianças, mulheres,
Sem a devida atenção
Sinal que devemos todos
Ter melhor educação.
Nossos líderes e governantes
Envolvem-se em corrupção
Quando nos falta a moral
Ta faltando educação
O que faz o meu Brasil tão rico
Não ser a grande nação?
Só há uma explicação:
Riqueza só não basta

Tem que haver educação.

Egidio T. Correia é poeta.

Fim de Semana Cultural: SONETO DO DESEJO (Poema) – por Luciene Freitas

E foi observando em um espelho alheio
Que vi a imagem, desejada, que não tive.
Busquei por tantas eras consolo, esteio,
Equilíbrio para uma alma, em declive.
Vi naquela figura de santa, tão formosa
Olhos ternos, profundos, infinitos de doçura.
Dos meus vazios o medo, da vida desditosa
O fim, em fortaleza de travas tão seguras.
A mulher ausente, o desconsolado pranto
O desespero, nas noites de busca, traduz
Eu era sombra sussurrando amor, tanto!
Firmes passos, compassados, me induz
A rever a figura, recoberta por um manto,
Esboço difuso, desmanchando-se na luz!

Luciene Freitas é Escritora vitoriense, autora de dezenas de livros,
entre adultos e infantis.

Momento Cultural: Exaltação – por ALBERTINA MACIEL DE LAGOS.

À grandeza simples de um Soldado Imortal. Dedicado, ainda, aos meus ex-alunos convocados para as fileiras do nosso glorioso Exército Nacional através do seu estágio no Tiro de Guerra local.

Ante o mundo triste, ameaçado
pela guerra – terrível apreensão!
O Brasil, olhando o seu Passado
Ressalta de Caxias, a ação,

o valor, que em São Paulo é provado,
Minas, Uruguai e Maranhão,
Rio Grande do Sul, e, confirmado,
no Paraguai em dura repressão!

Ó Glória do Exército Brasileiro!
– Caxias, és o intrépido guerreiro
de Itororó, Valentinas, Avaí…

Deste exemplo, ó mocidade escuta
a voz a te dizer: – “Trabalha e luta
pela Pátria que tanto enalteci!”

(SILENTE QUIETUDE – ALBERTINA MACIEL DE LAGOS – pág. 33).

Momento Cultural: LEI DE JUSTIÇA – por MELCHISEDEC.

No transcurso das existências, o Ser Humano desenvolve muitas qualidades boas e más. As boas são registradas no Corpo Causal, as más são gravadas nos veículos inferiores. A Lei da Justiça dá como herança cada Ser Humano, o fruto das suas próprias ações. Os efeitos das más ações se esgotam necessariamente nos planos inferiores, porque suas vibrações pertencem a matéria desses planos e não podem ser registradas no Corpo Causal. Por conseguinte, sua energia se atualiza por completo em seu próprio nível e se relaciona com a vida astral e física do Ser Humano, o que ocorre na presente existência ou nas vindouras.

Uma boa ação ou um bom pensamento produz também efeitos benéficos nos planos inferiores, porém, é no Corpo Causal que seu efeito se torna permanente e elevado, com poderosa influência na evolução do Ser Humano.

Toda vez que o Ego reencarna, encontra-se frente ao mal, até que consiga vencê-lo, eliminando dos seus corpos inferiores todos os resquícios do mal.

(VERDADES FUNDAMENTAIS – MELCHISEDEC – pág. 14).

Momento Cultural: Meu pecado – por Henrique de Holanda.

Eu não posso saber qual o pecado

que, irrefletido, cometi; suponho

seja, talvez, porque te fosse dado

meu coração, – a essência do meu sonho..

Se amar é crime, eu vou ser condenado

e toda culpa, em tuas  mãos, eu ponho.

– Quem já te pode ver sem ter amado?!…

Quanto é lindo o pecado a que me exponho!

Se tens alma e tens sangue, como eu tenho;

se acreditas em Deus, dizer-te venho,

– Que pecas, tens amor, és sonhadora…

Deus deu a todos coração igual.

Se eu amo, sofres desse mesmo mal.

– O teu pecado é o meu, – és pecadora!

(Muitas rosas sobre o chão – Henrique de Holanda – pág. 22).

Momento Cultural: ÁRIA – por José Tavares de Miranda.

Numa noite assim
de vento gelado a almas mortas

maus presságios e calafrios
foi-se a donzela.

Numa noite assim
sem esperança de aurora

nem sombra de lua
foi-se a donzela.

Foi a donzela
para nunca mais.

Onde se esconde
sua mantilha de rendas?

Sua grinalda de rosas
onde estará?

Seu coração magoado
de ilusão pulsa ainda?

Em que terra crua
seu cabelo é guardado,

Numa noite assim
de estrelas comidas

em ginete de fogo
seu amado passou

três assovios à porta
e sua amada levou

e em três passos de espera
a sua vida sugou.

Em três passos de espera.

(em TAMPA DE CANASTRA)

José Tavares de Miranda, vitoriense nascido a 16 de novembro de 1919, filho do Prof. André Tavares de Miranda. Fez os primeiros estudos na Vitória, sob os cuidados do seu genitor, e transferiu-se para o Recife, onde teve grande atuação na imprensa. Mudando-se para São Paulo, ali concluiu o seu curso de Direito (iniciado na Faculdade de Direito do Recife) na Faculdade de Direito do Largo S. Francisco, em 1939. Escritor, jornalista e poeta. Teve vários livros publicados inclusive de poesias, sendo estes últimos reunidos em um só volume: TAMPA DE CANASTRA. Faleceu em São Paulo (Capital) a 20 de agosto de 1992.

Momento Cultural: Menino Triste – por Stephem Beltrão.

Para onde correres sempre serás
aquele menino!
Sempre acharás o vazio.
Verás, nas inquietudes tuas,
disformes ações, aceleradas, cruas.
Tens morrido e nascido todas as noites,
menino triste!
Como a dor cresceste nas passagens das coisas Algo flutua na crença que te torna magia.
Atirado nos congestionamentos do ser,
ganhaste a ti.
Tudo mais sobrou,
para contar as mágoas, que incomodaram
a tua agonia íntima dos sentimentos.
Curado das lágrimas do rosto, de sofrimentos
escondidos, quase rudes,
hoje sempre sorri, mas não choras mais.
O menino, que sempre se esconde
das coisas do mundo, se podou.

Momento Cultural: Beijo proibido – por GUSTAVO FERRER CARNEIRO.

A força do poder

Ou não poder

A dúvida do não querer

Querendo…

Um simples aperto de mão

Fascinação abstrata

Mera ilusão caricata

Provocando certo arrepio

Coração chegando na boca

O corpo sentindo frio

A pele de pulso branco,

Indefeso

Cútis macia, membro ileso

Magro e azulado

Latejando sob o polegar

Em outro lugar

Mais profundo

Mais secreto

Impossível de ser alcançado…

Frustração exacerbada

Perto bastante para ser tocada,

Sentida e enxergada

Com perfume exalante

Um olhar excitante

Que só desperta desejo

Traz a ânsia de um beijo

Beijo roubado

Beijo querido

Beijo de carinho e paixão

Beijo com fervor

Quase adoração

Beijo de amor

Com gosto de veludo

Beijo concebido

Acima de tudo

Beijo desejado

Beijo proibido

(MOSAICO DE REFLEXÕES – GUSTAVO FERRER CARNEIRO – pág. 29).