EU E O AMIGO PAULO LIMA – por Sosígenes Bittencourt.

Eu e o amigo Paulo Lima na Feijoada da ABTV, em 2015. Dois amigos sem inimigo nenhum. Dois estudantes do tempo da tabuada e o lápis com borracha. Dois ex-alunos do Colégio Municipal 3 de Agosto, tutelados pela disciplina moral do bacharel Mário Bezerra da Silva, no tempo da palmatória e dos argumentos de Matemática. Duas testemunhas dos Carnavais das alegorias, neblina de confetes e corrupio de serpentinas, cloreto de etila condicionado em lança-perfume, da estridência de clarins e as disputas de orquestras de frevo na Praça Duque de Caxias.
Reminiscências e evoé!
Sosígenes Bittencourt

CASO PLUVIOSO – por Sosígenes Bittencourt.


Esta tromba d’água diluviana ressuscita-me o Caso Pluvioso, do poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. A chuva me irritava. Até que um dia descobri que Maria é que chovia. A chuva era Maria. E cada pingo de Maria ensopava o meu domingo. Chuvadeira Maria, chuvadonha, chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!

Chuvarada de Palmas e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

FALECIMENTO DE CARLOS ASSIS – por Sosígenes Bittencourt.


A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver. Agora, amigo Carlos Assis, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és. E segue-se um mistério profundo, nunca mais retornaremos a este mundo.

Até breve! Requiescat in pace!

Sosígenes Bittencourt

Professor Sosígenes: além da nova regra ortográfica…….

Outro dia, de passagem pela “Principal do Cajá”, como é chamada popularmente a Rua Doutor José Rufino Bezerra Cavalcanti, na farmácia da esquina, encontrei-me com o professor, pensador e poeta antonense Sosígenes Bittencourt. O tom foi o de sempre, ou seja: simpático, elegante, bem-humorado e com o tempo do mundo todo para conversar.

Certa vez, com toda intimidade e admiração que nutro pelo mestre das letras, após ler uma das suas crônicas nas redes sociais, caí na besteira de fazer-lhe uma ligação telefônica, no sentido do “enquadramento” ortográfico.

Achando que estava “abafando”, cometei sobre o pontual “erro” na sua postagem, dizendo-lhe que escrevia (aquilo) de outra forma. Serenamente, ele disse que, de acordo com as novas regras, eu estava certíssimo. Questionado, então, ele arrematou: “o problema é que o erro que você está vendo surgiu exatamente por conta da nova regra”.

Nesse contexto, deu-me uma explicação “no modo” categoria máxima, realçando, inclusive, os motivos pelos quais as regras são alteradas (algo que eu desconhecia). Ao final, em tom gozado, complementou: “continue escrevendo de acordo com a nova regra, até porque imagino que você NÃO irá conseguir explicar tudo isso que acabei de dizer”.

Resumo da ópera: eu só não digo que não deveria ter ligado,  porque aprendi alguma coisa. E aprender, convenhamos, nunca é demais……………

CONVERSANDO BESTEIRA – por Sosígenes Bittencourt.

Um dia, eu voltava de Caruaru, de manhãzinha, depois de uma noitada com duas amiguinhas e haver adormecido no Hotel Continental, quando percebi que dirigia por outra estrada. Aí, interpelei um matuto: – Aqui, vai pra onde?
Aí, o matuto: – Vai pra Campina Grande!
Aí, eu engrenei uma marcha a ré e fui procurar Encruzilhada, uma cidadezinha do tamanho de uma encruzilhada. Lá, eu comi uma carne de sol com macaxeira tão gostosa que me danei a conversar besteira. Uma delas foi assim: – Você sabe por que a mulher do burro é uma besta?
Aí, as meninas: – Sei não, mestre.
Aí, eu: – Porque, quanto mais burro, mais besta ela fica.
Abestalhado abraço!

Sosígenes Bittencourt

PASSA O DIA DE FINADOS – por Sosígenes Bittencourt.

Passa o Dia de Finados. Finda o Dia de Finados.
E ninguém vê finados. Porque finados findaram,
não têm hora, dia, tempo, mais nada…
Passa o Dia de Finados.
tão rápido quanto fora a vida dos finados.
Ninguém desejaria que os finados voltassem
ao mundo para findar outra vez.
Já nos basta morrer uma vez.
Porque só os finados estão livres da morte.
Sobretudo, do medo da morte.
Seria suprema malvadeza do destino nos impor
mais de um fim, embora morra nossa infância,
nossa adolescência, nossa mocidade
e sigamos vivos, vivos até o derradeiro fim.
Passa o Dia de Finados.
E perpassam os finados que conhecemos.
Parece até que os vemos.
De preferência, sorrindo. O mesmo jeito,
a mesma voz, os trejeitos, o figurino.
Nós é que ficamos tão diferentes. Talvez,
nem soubéssemos conversar com os finados,
como antigamente.

Sosígenes Bittencourt

PARA O DIA DA POESIA – por Sosígenes Bittencourt.

A poesia está no mundo, esperando ser escrita. Quando a beleza que há no mundo apresenta-se ao poeta, o resultado é a revelação da poesia através do poema.
O dom é a visão, sentido no coração, e a técnica é a arte.
Sobre dom e arte, convém relembrar. Quando perguntaram a Miguel Ângelo, como ele havia feito aquele anjo de mármore, respondeu: – Eu vi o anjo com o dom e retirei-o com a arte.
Já, no sertão pernambucano, quando perguntaram a um artesão, como ele fazia aqueles macaquinhos de madeira tão perfeitos, explicou: – Eu retiro tudo que é madeira e deixo só o que é macaco.
Sosígenes Bittencourt

FALECIMENTO DE JAIR CARNEIRO – por Sosígenes Bittencourt.


Não sei se Jair faleceu confiando no futuro do Brasil. Porque sempre lhe dizia: Jair, o Brasil é o país do futuro (distante), morreremos (antes). Jair era político de dar discurso no meio da rua sem palanque armado nem microfone apontado. Lembro-me como amigo, porque falava bem de mim na minha ausência. Daí, minha sincera e humilde homenagem.

Agora, Jair Carneiro, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és. E segue-se um mistério profundo, nunca mais retornaremos a este mundo.
Até breve! Requiescat in pace!

Sosígenes Bittencourt

RESENHA ESPORTIVA – por Sosígenes Bittencourt.

RESENHA ESPORTIVA – Operário 0 x 0 Sport

Esse time do Sport é bom de defesa, mas o ataque é intrigado com o gol. É um ataque cardíaco. O Sport não tem um time de futebol, tem um bando de jogadores. Cada um corre para um lado, e ninguém sabe para onde vai. Fosse, eu, o presidente do Sport, levaria o plantel a um cartório, para oficializar o divórcio. Arengam pela bola, mas não casam. Desentrosado abraço!

Sosígenes Bittencourt

PENSANDO MESMO – por Sosígenes Bittencourt.


Eu sempre imagino que precisamos de dois profissionais antes de mais nada: um Psicólogo e um Professor de Língua Portuguesa. O Psicólogo para nos revelar nossos transtornos psicológicos, e um Professor de Língua Portuguesa para nos ensinar a ler e escrever. Infelizmente, estamos nas mãos de transtornos que desconhecemos e sem saber se estamos lendo e escrevendo corretamente. Sobre mim mesmo, eu vejo poesia em tudo, por isso ando pelo cantinho da calçada. Porém, é o único transtorno do qual não desejo me curar.

Sosígenes Bittencourt

FALECIMENTO DE CLAUDINHO – por Sosígenes Bittencourt.


Claudinho era filho de finado Rochinha, da Farmácia. Eu o tratava, como merecia, em homenagem a seu pai: Claudinho, o menino de Eulâmpio Valois da Rocha. Claudinho era simples, disciplinado, simpático sem afetação, uma cópia do pai – gente de antigamente – um pequeno gentleman.

A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.

Agora, amigo Claudinho, és detentor de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és. E segue-se um mistério profundo, nunca mais retornaremos a este mundo.
Até breve! Requiescat in pace!

Sosígenes Bittencourt

UM INESQUECÍVEL PRESENTE – por Sosígenes Bittencourt.

A vida é dureza e fantasia, remédio para tristeza é alegria. Se possível fosse extrair ultrassonografia de minh’alma, ver-se-ia a felicidade, ao receber este mimoso presente, de sabor, tom e gosto lusitano, confeccionado por Almeida Garret, o seu Romanceiro, de 1843, já arquivado no relicário do meu coração. A dádiva me foi concedida pela gentileza do casal Paulinho Lima e Dra. Ana Regina, esses amorosíssimos meninos do meu tempo. Permitam-me, portanto, praticar a Virtude da Gratidão: palmas, ovação e muito obrigado!

Sosígenes Bittencourt

 

FALECIMENTO DE PROFESSORA DAMARIZ (Há um ano) – por Sosígenes Bittencourt

Convivi com minha mãe durante 65 anos, sem jamais haver morado noutro lugar. Onde convivemos sempre foi o nosso lar. O seu falecimento não cabe numa crônica, não se resumiria num compêndio. Por isto, guardei uma oração, a vida inteira, para espelhar o que sinto neste instante: Eu sei que a morte é bem maior do que a vida, mas é preciso entender que o amor é bem maior do que a morte.
A vida é feita de tempo e daquilo que fazemos com o tempo que temos. Ademais, morreremos. Contudo, uma vez vivos no mundo, não tem mais jeito, o jeito que tem é viver.
Agora, minha mãe, amiga e mestra, Damariz Pereira Bittencourt, és detentora de um segredo só a ti revelado. Um dia, fostes como nós somos; um dia, seremos como tu és. E segue-se um mistério profundo, nunca mais retornaremos a este mundo
Até breve! Requiescat in pace!
Sosígenes Bittencourt